O blogue teve em 2023, 35.671 visitas; 48.603 em 2022; 117.160 (2021); 50.794 (2020); 48.799 (2019); 98.329 (2018) e 106.801 (2017) +++ e mais de 838mil desde julho/2010, tendo atingido meio milhão em 5/6/2020

18.5.12

Livros revisitados - O Fim da Fé!

Livro revitado desta semana, na habitual coluna do Jornal "O Templário"

“Comparada com os horrores da Europa medieval, ou com os horrores que subsistem em grande parte do mundo muçulmano, a influência da religião no Ocidente até parece relativamente benigna. Mas não nos deixemos iludir por tais comparações. O grau com que as ideias religiosas continuam a determinar as políticas dos Governos constitui um perigo sério para todos nós”, escreve Sam Harris, o filósofo americano que escreveu o livro desta semana.

Numa edição de 2007, da Tinta da China, com o ISBN 978-972-8955-21-2, sob o título O FIM DA FÉ, este livro é auto-considerado com o livro negro da religião, construído numa abordagem pós-11 de Setembro, onde as considerações realistas sobre a influência das religiões no mundo antigo e moderno, nos levam à pergunta: porquê e para quê? Será este o tempo em que evoluamos, finalmente, para o fim da fé?

Neste livro, a Fé é apresentada como a principal fonte da violência mundial, na medida em que é ela que lança as bases para a intolerância dogmática e que “justifica” o tratamento inumano das populações que professa, ou não professam, outros credos. “A Bíblia [O livro mais lido e vendido no mundo até hoje], tudo leva a crer, é obra de um conjunto de homens e mulheres perdidos no deserto que julgavam que a terra era plana e para quem um carrinho de mão representaria um extraordinário exemplo de tecnologia de ponta”, dispara o autor, numa provocação da irracionalidade subjacente à Fé, às religiões e aquilo que elas podem representar num mundo onde proliferam as armas e se aumentam como nunca as possibilidade de fazer mal ao próximo.

Este é um livro que não deverá ler, se partir do preconceito de que há coisas que não se discutem. Nele, também a moderação religiosa ou ateísta é igualmente contestada, pois promove a ideia de que a fé pertence exclusivamente ao foro privado e íntimo, colocando-o numa espécie de santuário inviolável, onde não há espaço para o debate público. “Mas a mim parece-me por demais evidente que as pessoas normais não podem queimar académicos geniais na praça pública só porque estes supostamente blasfemaram contra o Alcorão [em 1994 em Islamabad, um reputado Médico foi indiciado por o fazer e barbaramente assassinado pelo povo em fúria], ou celebrar a morte violenta dos seus filhos [homens-bomba suicidas, todas as semanas em algum lugar do médio oriente], a menos que acreditem em algumas coisas altamente improváveis sobre o universo. Como a maioria das religiões não possui mecanismos através dos quais as suas crenças fundamentais possam ser testadas e validadas, cada nova geração de crentes está condenada a herdar as superstições e os ódios tribais dos seus predecessores”, conclui www.sam.harris.org.

Uma, entre as muito curiosas comparações e realidades analisadas, é que “a influência da fé nas nossas leis penais tem um preço considerável. (…) quando olhamos para as nossas leis sobre drogas – melhor, para a totalidade das nossas leis contra o vício – o único princípio organizador que parece fazer sentido entre elas é que qualquer coisa que possa ofuscar radicalmente a oração e a sexualidade procriativa como fonte de prazer seja declarada ilegal. (…) as preocupações com a saúde dos cidadãos, ou com a sua produtividade, são meros pretextos neste debate, como a legalidade do álcool e dos cigarros bem comprova”.
Um livro, a que seguramente ninguém é indiferente e que vivamente recomendo a leitura, agora que estamos na época das peregrinações e a tentação a poucos minutos do nosso pé.