O dia de ontem , universalmente consagrado aos direitos dos trabalhadores, numa celebração de memória da luta de trabalhadoras e trabalhadores nos Estados Unidos no Sec.XIX, foi em Portugal um averdadeira balbúrdia.
Balbúrdia pelo consumo desenfreado desencadeado pela cadeia do Pingo Doce que decidiu lançar uma campanha inédita de desconto imediato de 50% do valor da fatura, em todas as compras efetuadas precisamente no dia do trabalhador. Esta cadeia, a partir do Continente, "furou" assim o acordo geral entre a generalidade do comércio, que neste dia tem por hábito estar encerrado, dando assim uma justa folga aos seus trabalhadores. Aliás, este dia e o primeiro de Janeiro, são tradicionalmente os únicos dois em que está "quase tudo" fechado.
Uma das notícias do dia a conferir: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2451028
Este apelo consumista, completamente tolo, em nada resolve a situaçºão cada vez mais complicada em que nos encontramos. Não é pelo fato de consumirmos mais, adquirindo produtos que não produzimos localmente, que melhoramos a situação de emprego nosso, dos nossos familiares e amigos. Estamos literalmente a "empobrecer" alegremente, julgando estar a viver melhor. Já pensou em voltar ao Mercado? À venda de proximidade? Esquecer a aquisição de sofisticados equipamentos "made in china" ou outro qualquer longínquo mercado?
Consumir desalmadamente, como este apelo do 1º de Maio de 2012, apenas nos recorda que o fim deste modelo de desenvolvimento está próximo. Quando os nossos meios financeiros se esgotarem, estas grandes superficies fugirão, como já está a acontecer na cidade de Santarém e ficaremos sem os momentâneos empregos aí criados e sem dinheiro.
Num País em que não se investe na criação de riqueza, mas em que se facilita e apela, apesar das dificuldades criadas todos os dias às famílias pela ditadura das finanças, a uma supressão de direitos e ao consumo mais ignóbil, estamos a destruir valor, a empobrecer e isso não é caminho. Decididamente não é mesmo caminho!