(subsídios para a pequena História de Tomar, com base nas minhas notas pessoais de reuniões de trabalho realizadas entre 1982 e 2016)
O CENTRO ESCOLAR DA LINHACEIRA
As eleições europeias de 2014, tiveram lugar a 25 de maio desse ano e, como é hábito no decurso delas, os dirigentes do PS, percorreram algumas das mesas de voto, visitando as freguesias.
Foi, também nesse ano o meu caso, acompanhando pelo então adjunto do gabinete da presidência, Hugo Costa.
Num dos locais que visitámos, precisamente a Escola EB1 da Linhaceira, onde funcionava uma das mesas de voto, foi possível haver uma conversa franca de nós os dois, que estávamos na altura em funções no gabinete da presidência do Município de Tomar, com os presidente e tesoureiro da junta de freguesia Carlos Rodrigues e Fernando Ferreira, respetivamente.
O mote da conversa, além da questão das eleições em si, foi o financiamento aprovado, no âmbito de uma candidatura colocada pela ACR Linhaceira, através da ADIRN, que sendo de 200.000€, teria de ser executado ainda durante 2014, uma vez que seria o prazo limite para a execução do quadro comunitário de apoio.
A preocupação do presidente Carlos Rodrigues era a de saber se o avançar do processo, com natural e profundo endividamento da ACRLinhaceira, não poderia ter consequências terríveis para essa importante instituição da freguesia.
Os números que então se falavam para a obra, rondavam os 350.000€, mas os meus anos de experiência e dado o que conhecia do projeto, não tive duvidas que estaríamos seguramente a falar de mais de 400.000€ de obra total e disse-o.
Conversa puxa conversa e, quer eu quer o Hugo Costa, fomos ficando com a sensação que o Pavilhão da Linhaceira era a derradeira oportunidade de fazer, com financiamento, algo de significativo nesta zona do Concelho. Disse-o e mantive na conversação que entretanto tivemos, que sempre tinha tido a opinião da importância e prioridade estratégica da construção de um Centro Escolar na maior aldeia do distrito de Santarém, e que sempre discordara das prioridades dos anteriores executivos municipais de construírem antes deste Centro Escolar, o de S.Pedro e o dos Casais.
Para mim sempre fez sentido que a colocação de equipamentos fosse realizada não na área periurbana da cidade mas sim, precisamente, nos locais mais afastados desta, permitindo o desenvolvimento de novas centralidades e tornando assim o Concelho de Tomar mais inclusivo e justo. A Linhaceira cumpria, desde há muitos anos esse objetivo critério e, apenas por motivos político-partidários esteve a ser prejudicada.
Falámos disso e falámos da importância também de aproveitar o financiamento já garantido. Falámos da vergonha que seria para a junta de freguesia, para o município, para a gestão da "Mudança", protagonizada pela então recente vitória do PS na junta da Asseiceira e na Câmara (a 30/9/2013), que tal financiamento se viesse a perder. Por mais racional que pudesse ser, NUNCA ninguém perdoaria à Junta e à Câmara, mas também à direção da ACR Linhaceira, o perder a oportunidade, tão laboriosamente preparada e aprovada. Numa freguesia como a Asseiceira, um financiamento de 200 mil euros, não é coisa de somenos.
Falámos, trocámos opiniões, concluímos que acontecesse o que acontecesse, a Câmara tinha de dar suporte ao esforço da Linhaceira e a Junta tinha de apoiar a ACRLinhaceira no seu, também grande esforço, de arriscar avançar com a obra.
Avaliámos politicamente, como políticos que eramos e sabíamos que os dias seguintes iriam ser decisivos.
A 28 de maio de 2014, realizou-se no gabinete da senhora presidente da câmara, uma reunião de coordenação com os senhores vereadores do PS, a presidente, eu como chefe de gabinete e o Hugo Costa, adjunto e que viria, por renúncia da presidente Anabela, a ser daí a pouco tempo presidente do PS de Tomar, onde ficou assente, segundo as minhas notas pessoais, o seguinte:
CENTRO ESCOLAR DA LINHACEIRA
- Criação de uma parceria entre a Câmara Municipal e a Associação (ACRLinhaceira);
- Início para a construção do Centro Escolar, ser o Pavilhão multiusos da ACRLinhaceira, que tem 200.000€ de financiamento;
- Documento da Educação a justificar;
- Iniciar imediatamente o processo / caso (no sistema informático do Município).
O Hugo Costa bateu-se bem pelo que havíamos concluído, nas conversas com o Carlos e o Fernando da junta da Asseiceira.
A coordenação política, com a junta, com e na câmara, com a presidente e os vereadores, funcionou.
Tudo acabou por se concretizar e, todos ganharam.
Concluo eu que quando se trabalha em conjunto e se juntam as melhores ideias e vontades, todos ganham.
Não como hoje em que parece que muitos trabalham para perder,... Mas isso são já outras histórias,...