Façamos hoje uma pequena viagem pelo mundo do pensamento à boleia do Livro “Introdução à Maçonaria”, de António Arnaut, na sua 3ª edição, da Coimbra Editora, de 2001 (ISBN 972-32-1029-0).
Este livro, escrito por quem foi durante vários anos Grão-mestre de uma das obediências maçónicas em Portugal, o Grande Oriente Lusitano, abre-nos um pouco da janela sobre o grande segredo da maçonaria universal, descodificando-a para quem esteja mais atento à sua leitura, intrigando os mais desatentos ou leigos nestas matérias. De leitura agradável, tanto quanto as suas pouco mais de cem páginas permitem.
Quando à porta do “Templo” bate um “profano” que deseja ser admitido nos mistérios e privilégios da antiga e nobre ordem maçonica, segundo afirma o “guarda interno”, responde-lhe o “venerável” com um “como pôde ele conceder tal esperança?”, ao que o “guarda interno” responde: Porque é livre e de bons costumes! -sic
É desta forma que o livro abre e nos revela um dos seus primeiros segredos. O ser livre e de bons costumes, parece ser uma das condições ou dos segredos da augusta ordem, segundo um dos seus grãos mestres. E se ele o afirma…
Num tempo de grandes dúvidas sobre a perseverança dos Homens e das Nações, é perfeitamente expectável que a procura de algo mais, dentro e fora de nós, nos anime num caminho de descoberta. António Arnaut, também assumido “pai” do serviço nacional de saúde, fez dos princípios nobres da maçonaria universal a sua prática, na construção de um sistema em que os mais fracos eram apoiados pelo Estado e que TODOS, mas TODOS, teriam acesso aos melhores cuidados de saúde, que o País pudesse fornecer. Foi assim durante quase 40 anos. Foi! Mas rapidamente este Governo nos está a fazer lembrar, que esses valores universais, se não foram alimentados, poderão vir a ser rapidamente destruídos.
A páginas 123 do nosso Livro revisitado, António Arnaut explica ser “A Maçonaria uma instituição universal, essencialmente filantrópica, filosófica e progressiva; tendo por fim procurar a verdade, o estudo da moral e a prática da solidariedade, e trabalha para o bem da Humanidade, contribuindo para o aperfeiçoamento da organização social.” Ao lermos isso percebemos a relevância de defender a existência de extensões médicas, numa lógica de proximidade aos utentes. Deslocar os médicos e os enfermeiros e não as pessoas, “aperfeiçoando a organização social”. Espantosamente, ou talvez não, vemos nos princípios da Maçonaria universal, fragmentos da nossa vida e da organização do nosso Estado Social.
A Maçonaria “tem por princípios a tolerância mútua, o respeito dos outros e de si mesmo e a liberdade absoluta de consciência”, pode ainda ler-se, convocando-nos o autor para a antítese do desejo que temos, quando vemos muito do trabalho dos nossos país e avós em prol do serviço nacional de saúde, a ser destruído pela fobia da poupança louca, que levará a que os cuidados de saúde hospitalares e da medicina preventiva, fiquem apenas disponíveis para quem os possa pagar.
Talvez por isso o livro aponte , entre outros, como maçons ilustres Fleming, o inventor da penicilina, o Presidente americano Lincoln que aboliu a escravatura ou os compositores Beethoven e Mozart. De Portugal relembra-nos o Ministro Costa Cabral, do Sec-XIX, Alfred Keil, o compositor do Hino Nacional, os escritores Eça de Queirós, Almeida Garret, Alexandre Herculano, João de Deus ou o prémio nobel da Medicina Egas Moniz. Será você o próximo?