Não me julguem mal, mas ainda há poucos dias dizia, em círculo privado, que este não seria o ultimo PEC, uma vez que a questão dos juros externos vão muito provavelmente continuar, por imposição dos credores alemães e do benelux, muito elevados.
À medida que vão terminando os empréstimos de seis meses, de um ano, de três anos, novos têm de ser realizados a juros duas, três e mais de quatro vezes superiores aos anteriores juros. Só por este facto, vamos viver mais uma década muito difícil.
Mas leiamos o ex-Ministro Socialista, Daniel Bessa:
RECESSÃO
Daniel Bessa: "Vão ser precisos outros PECs"
por LusaHoje
A economia portuguesa vai entrar num período profundo de recessão "durante muitos anos" e "vão ser precisos outros PEC's" considerou hoje o economista Daniel Bessa.
"Vamos entrar num período profundíssimo de recessão, durante muitos anos [...] As medidas que estão tomadas vão fazer a economia entrar em recessão. Mais tarde ou mais cedo, o Estado vai perceber que as receitas não chegam e vai precisar de outro PEC", afirmou o economista, durante o debate "Outro PEC depois do PEC?", que decorre hoje na Universidade Católica, em Lisboa.
Daniel Bessa explicou que, de maio (altura do anúncio da chamada segunda versão do Programa de Estabilidade e Crescimento) até Outubro, "entrou no sistema muita despesa que não se esperava", entre as quais, despesas com juros e com os submarinos, entre outras, e que para cumprir com os compromissos assumidos com Bruxelas, o Estado vai ter de aplicar mais medidas.
"Vão ser precisos outros PEC's", sublinhou o economista, considerando que o Estado vai ter ainda de compensar insuficiências com as receitas, derivada do período de recessão que antevê.
Daniel Bessa disse ainda que o problema de finanças públicas de Portugal é apenas circunstancial e que o problema é o fraco crescimento na última década, que nesta altura "não chega para compensar o aumento dos juros pagos ao exterior".
O economista disse que "já estamos mais pobres em termos de rendimento nacional do que estávamos há dez anos", considerando que a explicação vem do facto da economia ter "crescido mal", por indução da procura interna (privada e pública), de consumo, não de investimento, e de este ter sido baseado em dívida.
Quanto à proposta de orçamento, à margem do debate, Daniel Bessa defendeu que esta proposta "é para tratar das contas públicas" e talvez "para tratar de que não falte dinheiro na tesouraria do Estado no próximo mês" para os pagamentos correntes.
"É para tentar lidar com uma situação desesperada, não tem que ver portanto com crescimento", acrescentou.
Quanto a um possível acordo entre Governo e PSD, Daniel Bessa diz que este tem de acontecer, a bem, ou a mal: "Os credores são quem manda, senão chegarem a um acordo a bem, chegarão a um acordo a mal, daqui a uns meses, com custos pesados para os portugueses".
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