Façamos o seguinte exercício:
O PIB de Portugal ronda os 164.000 Milhões€(2009).
A dívida Portuguesa externa total, era em Dez2009 de 370.360 Milhões€ (mais ou menos 225% do PIB, dos quais 86% de dívida pública). Sendo que a esmagadora maioria da dívida está em prazos até 10 anos, temos que pagar todos (Estado, particulares e empresas), qualquer coisa como 37.000 Milhões€/ano (como se todos os anos pagássemos 1/10 da dívida total) ou então.... renegociar a dívida.
Ora aí é que entra o problema dos juros.
Esse montante anual, em juros a 2,5% médios (valores regulares até ao início deste ano de 2010), representava um pagamento anual de 926 Milhões€. Mas se o juro médio for de 5,5% (que é o valor médio que actualmente já se vai pagando), o pagamento anual de juros passa a ser de 2.037 Milhões€, ou seja MAIS 1.111 Milhões€ ANUAIS.
A pergunta seguinte é esta: onde se vai buscar esse dinheiro?
A resposta mais correcta e normal é: ao crescimento da riqueza do País. [Há muitas outras, mas não vamos por aí, que são ainda mais complexas]
Pois. Mas o crescimento económico este ano em Portugal, será no máximo de 1,2%, o que representa 1.975 Milhões€ de aumento de riqueza anual (Menos do que o pagamento total dos Juros, de 2.037 Milhões€)
Ou seja: 56% do aumento da riqueza do País, este ano, será "comido" pelo maior pagamento de Juros.
E em 2011?
Previsão do OE: aumento de 0,2% do PIB, ou seja, aumento de 333 Milhões€ da riqueza do País.E o aumento dos juros para o ano?
Se se mantiver a tendência de subida, não é descabido pensar que os juros médios para o ano possam ser de 6,5%, o que representaria um aumento só por essa via (de 5,5 para 6,5) de cerca de 370 Milhões€ (para 2.407 Milhões€ no total), JÁ SUPERIOR A 100% DO AUMENTO DO PIB.
MAS MAIS PREOCUPANTE AINDA:
Teriam de ser returados, da economia real - das famílias, das empresas e do estado, qq coisa como 2.500 Milhões€, o eaquivalente a cerca de 4% DE IVA ANUAL!
De facto, não há-de ser fácil!
E eu optimista me confesso: Há que fazer alguma coisa, senão vamos viver dias difíceis nos próximos anos.
A aposta está aí: FAZER MESMO ALGUMA COISA!