O raríssimo ex-Secretério de
Estado da saúde Manuel Delgado, há cerca de um mês anunciou que as urgência
médico-cirúrgicas de Abrantes seriam sempre para manter, não estando sequer
previsto reforços nas de Torres Novas e Tomar. Isto, perante autarcas, deputado
e presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, estrutura
de que dependem estas três unidades hospitalares.
Na mesma ocasião foram
anunciados mais 1,5 milhões€ de investimento na urgência da Unidade de Abrantes,
a par de manutenções de pinturas e limpezas nas unidades de Tomar e Torres
Novas. Naturalmente que se deseja a todos os cerca de 74mil cidadãos servidos
pela unidade de Abrantes - que incluiu concelhos da Beira Baixa e do Norte
Alentejano, tenham as melhores condições de acesso ás suas urgências, mercê da
dispersão e rarefação populacional aí existente, onde só nos últimos cinco
anos, houve uma redução de mais de 15% de habitantes.
Situação do Plano Estratégico do CHMT - em 2011 |
Unidade de Tomar - 91042 (redução de 8,3% face a 2011)
Unidade de Torres Novas - 82160 (redução de 1,1% face a 2011)
Unidade de Abrantes - 73491 (redução de 15,6% face a 2011)
Naturalmente que os cidadãos
residentes na área de influência da unidade de Tomar – Ourém, Tomar e Ferreira
do Zêzere não querem, nem desejam que outros fiquem com menos do que ambicionam
para si próprios, mas só não podem tolerar é que a garantia de acesso aos
residentes de territórios sem população resulte de deslocações obrigatórias de
40-50 Km para outros de territórios com muito mais população.
Ora, se aqui – em
Tomar (91mil cidadãos abrangidos) ou Torres Novas (82mil cidadãos abrangidos)
não existisse uma Unidade Hospitalar, ainda se poderia compreender, mas havendo
nestas duas cidades urgências, que desde 2008 (governo PS) e muito
especialmente em 2012 (governo PSD/PP), foram desqualificadas em detrimento de Abrantes,
tal é de todo inaceitável. Acresce, para os doentes servidos pela unidade de
Tomar, que integrada esta no Centro Hospitalar do Médio Tejo, e estando este na
rede de referenciação de Lisboa – a 140 Km de distância, qualquer intervenção
hospitalar diferenciada, leve a imediata deslocação para Lisboa, quando a mesma
poderia ser, com enorme vantagem para o erário público e para os doentes e suas
famílias, ser feito para Coimbra, a apenas 80Km da unidade de Tomar.
Por isso, mais do que nunca
se justifica que em Tomar funcione uma urgência médico-cirúrgica, que sirva as
populações de Tomar, Ourém e Ferreira do Zêzere, reduzindo assim pressão sobre
o Centro Hospitalar de Leiria, para onde cada vez mais os doentes de Ourém se
deslocam, cujo acesso é cada vez mais problemático e que possa a unidade de
Tomar passar a integrar a na rede de referenciação de Coimbra.
Urgências médico-cirúrgicas
em Abrantes, a servir as nossas populações, num local que não é nem a caminho
de Lisboa, nem a caminho de Coimbra, é um disparate que não podem os habitantes
e os nossos autarcas continuar a tolerar. Chega de gastar dinheiro público malgasto
e chega de prejudicar as populações, especialmente destes concelhos – Tomar,
Ourém e Ferreira do Zêzere, apenas para tentar justificar o injustificável.
*Luis Ferreira,
ex-vereador da Câmara e ex-membro da comissão de acompanhamento do Hospital, da
Assembleia Municipal de Tomar
Post Scriptum:
Deve ainda ser lido, como vertente de análise "histórica" a proposta submetida pelos então vereadores do PS - de que eu humildemente fazia parte, em janeiro de 2012, quando o "disparate" se agravou...