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18.12.17

Abrantes é mesmo a caminho de onde?

O raríssimo ex-Secretério de Estado da saúde Manuel Delgado, há cerca de um mês anunciou que as urgência médico-cirúrgicas de Abrantes seriam sempre para manter, não estando sequer previsto reforços nas de Torres Novas e Tomar. Isto, perante autarcas, deputado e presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, estrutura de que dependem estas três unidades hospitalares.

Na mesma ocasião foram anunciados mais 1,5 milhões€ de investimento na urgência da Unidade de Abrantes, a par de manutenções de pinturas e limpezas nas unidades de Tomar e Torres Novas. Naturalmente que se deseja a todos os cerca de 74mil cidadãos servidos pela unidade de Abrantes - que incluiu concelhos da Beira Baixa e do Norte Alentejano, tenham as melhores condições de acesso ás suas urgências, mercê da dispersão e rarefação populacional aí existente, onde só nos últimos cinco anos, houve uma redução de mais de 15% de habitantes. 

Situação do Plano Estratégico do CHMT - em 2011
A atual (2016) população (potencial) das áreas de influência é a seguinte:
Unidade de Tomar - 91042 (redução de 8,3% face a 2011)
Unidade de Torres Novas - 82160 (redução de 1,1% face a 2011)
Unidade de Abrantes - 73491 (redução de 15,6% face a 2011)




Naturalmente que os cidadãos residentes na área de influência da unidade de Tomar – Ourém, Tomar e Ferreira do Zêzere não querem, nem desejam que outros fiquem com menos do que ambicionam para si próprios, mas só não podem tolerar é que a garantia de acesso aos residentes de territórios sem população resulte de deslocações obrigatórias de 40-50 Km para outros de territórios com muito mais população. 
Ora, se aqui – em Tomar (91mil cidadãos abrangidos) ou Torres Novas (82mil cidadãos abrangidos) não existisse uma Unidade Hospitalar, ainda se poderia compreender, mas havendo nestas duas cidades urgências, que desde 2008 (governo PS) e muito especialmente em 2012 (governo PSD/PP), foram desqualificadas em detrimento de Abrantes, tal é de todo inaceitável. Acresce, para os doentes servidos pela unidade de Tomar, que integrada esta no Centro Hospitalar do Médio Tejo, e estando este na rede de referenciação de Lisboa – a 140 Km de distância, qualquer intervenção hospitalar diferenciada, leve a imediata deslocação para Lisboa, quando a mesma poderia ser, com enorme vantagem para o erário público e para os doentes e suas famílias, ser feito para Coimbra, a apenas 80Km da unidade de Tomar.
Por isso, mais do que nunca se justifica que em Tomar funcione uma urgência médico-cirúrgica, que sirva as populações de Tomar, Ourém e Ferreira do Zêzere, reduzindo assim pressão sobre o Centro Hospitalar de Leiria, para onde cada vez mais os doentes de Ourém se deslocam, cujo acesso é cada vez mais problemático e que possa a unidade de Tomar passar a integrar a na rede de referenciação de Coimbra.
Urgências médico-cirúrgicas em Abrantes, a servir as nossas populações, num local que não é nem a caminho de Lisboa, nem a caminho de Coimbra, é um disparate que não podem os habitantes e os nossos autarcas continuar a tolerar. Chega de gastar dinheiro público malgasto e chega de prejudicar as populações, especialmente destes concelhos – Tomar, Ourém e Ferreira do Zêzere, apenas para tentar justificar o injustificável.


*Luis Ferreira, ex-vereador da Câmara e ex-membro da comissão de acompanhamento do Hospital, da Assembleia Municipal de Tomar


Post Scriptum:

Deve ainda ser lido, como vertente de análise "histórica" a proposta submetida pelos então vereadores do PS - de que eu humildemente fazia parte, em janeiro de 2012, quando o "disparate" se agravou...