Ano difícil este, onde tivemos o melhor e o pior possível. Se por um lado Portugal se conseguiu afirmar em vários domínios - como o desportivo com campeões europeus de atletismo, conseguiu afirmar a recuperação dos seus indicadores macro-económicos, que permitiram a que o seu Ministro das Finanças fosse chamado a presidir ao "comité" de Ministros das Finanças da zona Euro (EuroGrupo) e se António Guterres inicia a sua missão como Secretário-geral na ONU, num ano em que os Estados Unidos decidiram terminar, em definitivo, com a paz no mundo, algo de negativo também aconteceu.
Raríssimas aparte, ou na mesma linha da brincadeira de Tancos, a descoordenação de meios e sua gestão, na área da proteção civil, fizeram mais de 110 mortos num ano e doenças (e mortes) típicas do dito terceiro mundo afligiram-nos.
Sobre estas fica aqui uma peça jornalística publicada no jornalmedico.pt
Portugal está transformar-se, tal como a Europa, em espaços territoriais a várias velocidades. E isso, é muito mau sinal...
O ressurgimento do sarampo, um surto de hepatite A e os casos de legionella no hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, dominaram as atenções da saúde pública em Portugal durante este ano.
A “atividade epidémica” do sarampo foi assumida publicamente em abril, com os primeiros casos diagnosticados em Portugal a reportarem a fevereiro.
A existência de comunidades não vacinadas contra o sarampo levou, segundo as autoridades, a surtos da doença em alguns países europeus, que acabaram por colocar Portugal em risco, depois de a Organização Mundial da Saúde ter chegado a considerar que o país erradicou o sarampo e a rubéola.
Apesar de a Direção-geral da Saúde ter alertado, desde o início, que não havia razões para “temer uma epidemia de grande magnitude”, Portugal registou em apenas quatro meses de 2017 mais casos de sarampo do que na última década.
A doença acabou por levar à morte de uma jovem de 17 anos que não estava vacinada. A discussão política e social passou, então, a centrar-se fundamentalmente na necessidade de impor a vacinação e no debate sobre as vantagens ou desvantagens de tornar as vacinas do Programa Nacional de Vacinação obrigatórias, o que acabou por não acontecer.
Segundo o último balanço feito pelas autoridades, em julho, Portugal registou este ano 29 casos confirmados de sarampo, 66% deles em pessoas não vacinadas. Além da jovem que acabou por morrer, estiveram ainda internadas 14 pessoas infetadas.
Antes ainda do alarme causado pelo ressurgimento do sarampo, as autoridades de saúde debatiam-se desde o início do ano com um surto de hepatite A, identificado sobretudo em homens que têm comportamentos sexuais de risco com outros homens.
Foram registados 505 casos de hepatite A confirmados desde o início do ano, num total de 530 notificações. Do total de casos, 85% eram homens, sendo que mais de metade dos contágios aconteceram em contactos sexuais, com a maioria das situações a registar-se na zona de Lisboa e Vale do Tejo.
Estes casos surgiram no contexto de um surto a decorrer na Europa, com início em 2016, e levaram as autoridades portuguesas a uma intervenção junto das populações de maior risco, sobretudo para dinamizar a vacinação.
Já com 2017 quase no fim, um surto da bactéria legionella atingiu o Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, infetando 56 pessoas, das quais seis acabaram por morrer. O surto foi detetado a 3 de novembro, tendo sido dado como terminado a 27 do mesmo mês.
O surto no hospital público desencadeou discussões entre os partidos políticos sobre a necessidade de alterar as leis para a fiscalização e controlo dos sistemas onde se podem desenvolver bactérias como a legionella.
O ministro da Saúde chegou a ser chamado ao parlamento para dar explicações, bem como a diretora-geral da Saúde e a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar integrado pelo São Francisco Xavier.