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8.3.19

Anabela Freitas e Hugo Cristóvão: as duas faces do mesmo problema

Já Carlos Drummond de Andrade, nos relembrou há tempos, de que "Dialogar é dizer o que pensamos e suportar o que os outros pensam".

Pena é que pessoas com as quais crescemos a acreditar na sua bonomia e princípios, se acabam por destacar por ATITUDES que acabamos por reprovar, especialmente os que investidos em funções públicas, têm dificuldade de perceber a relevante diferença entre a tolerância e a arrogância. 
Exercer o poder, transitoriamente transferido pelos outros, deve ser o mais humilde dos atos cívicos.

Em Tomar vamos tento, infelizmente, sucessivos exemplos dessa dificuldade.
Lamentavelmente há quem se esqueça da essência da razão pela qual temos apenas uma boca e dois ouvidos, naturalmente relacionada com o facto de devermos ouvir o dobro do que falamos (ou escrevemos). Tolerância, respeito pelos cidadãos que escolhem e elegem autarcas, compreensão pela sua eventual ausência de completa informação e muita paciência para cultivar a pedagogia democrática, obrigação de todo o eleito pelo povo.

Há cerca de um mês foi notícia que uma cidadã, desconhecendo a necessidade regimental, mas não legal, de se inscrever previamente na reunião de Câmara, para aí poder usar da palavra, na reunião mensal aberta ao público, degenerou numa peixeirada protagonizada pela Presidente Anabela Freitas. 
Tal forma de atuar, demonstradora da pouca tolerância e respeito pelos cidadãos que a elegeram e especialmente por aqueles que não o fizeram - quase sempre a maioria, levou à interrupção da reunião de Câmara, tendo a presidente abandonado a sala e tendo  e ficar a vereadora Filipa Fernandes a tentar explicar à cidadã, as regras que a Câmara se auto-impôs, mas que os cidadãos não são obrigados a cumprir. 
Para que não restem dúvidas, a inscrição prévia para se falar em reunião de Câmara é apenas para defesa do cidadão, visto que se o fizer antecipadamente, informando o assunto, poderá o respetivo presidente pedir elementos aos serviços sobre o mesmo - em regra um determinado processo e assim o mesmo cidadão ver a sua questão desde logo esclarecida. 
Naturalmente que quando o legislador estabeleceu um reunião pública mensal com uma hora para que os cidadãos pudessem usar da palavra, o fez com o intuito de fomentar a participação cívica das populações junto daqueles que, localmente, podem efetivamente resolver pequenos (e grandes) problemas das pessoas.
A tudo isto parece Anabela Freitas passar ao lado, demonstrando da pior forma o carácter que, de quando em vez, já era mais do que notório na sua atuação, especialmente quando confrontada diretamente, pela falta de tolerância e respeito pela opinião contrária. E já é assim há anos estando apenas com o tempo, a piorar.

Assinatura, há 9 anos e meio, do acordo PSD-PS, no PS presidido por Hugo Cristóvão, com a presença entre outros de Anabela Freitas (deputada) e eu próprio (vereador)


Mas se isto, para quem com ela teve de convier diariamente durante mais de 11 anos, já não é há muito novidade, maior estranheza causa o pouco a pouco resvalar para a mesma prepotência e altivez moral do bem mais preparado, culto e humanista do seu vice-presidente, Hugo Cristóvão. Há anos uma promessa real da política nabantina, aquele que em 2005 me sucedeu na liderança do PS local e com o qual trilhei várias derrotas e vitórias cívicas, vem pouco a pouco demonstrando uma atitude censurável, pelo mau exemplo que ela representa para a serviço público, na mesma linha da intolerância seguida pela Presidente, e que ele mais do que qualquer outro na Câmara Municipal, estaria obrigado a não cair.

"A falta de amor, é a maior de todas as pobrezas", disse-nos em tempos Madre Teresa de Calcutá. Não sendo decerto o seu caso, mas no melhor pano cai por vezes a nódoa.

No passado dia 25 de fevereiro, o nosso vice-presidente brindou-nos com mais uma pérola, da sua já longa lista de dislates do género, exemplificativos daquilo que não deve ser o tratamento do quem connosco não concorda e, também eu tendo já sido brindado por pérolas semelhantes, apesar de sempre o perdoar, não posso deixar de o anotar e lamentar profundamente a continuidade da atuação.


Que Hugo Cristóvão não goste do que José Gaio escreve, pois que também eu muitas das vezes não gosto, é lá com ele (ou comigo). Agora que o defina como "terrorista social", só porque tenta fazer a sua opinião, mesmo que baseado em factos irreais ou eventualmente deturpados, é um abuso de linguagem, o qual não se pode deixar passar despercebido.

Um eleito pelo povo deve, tem essa mesma obrigação, de tratar com elevação aqueles de quem discorda. Que pensar de alguém que há cinco anos e meio é vereador de uma Câmara Municipal que "acusa" com a maior facilidade um jornalista, que como free lancer, faz a sua opinião (erradamente) misturada com notícias, de ser "terrorista social"? Que com a mesma facilidade brindou em post's e comentários a outros, o autor destas linhas como "estando doente" e outras pérolas do género, depois deste ter batido com a porta à forma errada como a condução política em Tomar, por parte da Câmara e do PS, vem sendo conduzido, desde 2015?

Hugo Cristóvão, feito vereador pelo esforço de muitos - tal como eu em tempos o fui, deve à tolerância e sentido ético de civismo, a discussão com os antagonistas, com a seriedade e capacidade de "ouvir", que apregoa, mas dificilmente executa.

Como venho de há anos escrevendo: Tomar merece isto?

Afirmo e reafirmo: não! 
Nem Tomar merece isto, nem o PS deve continuar a prestar vassalagem a estes dois nossos autarcas, os quais estão visivelmente perturbados com a "luz" do poder, quais libelinhas que encadeadas com uma qualquer fonte de luz, confundem a transitoriedade do poder, com a razão com que deveriam atuar, confundem o respeito, com subserviência e serviço público, com serviço do público.

Não: precisamos mesmo de outra condução política em nome do Partido Socialista e de Tomar.