Fomos durante estes quatro anos governados por uma “geringonça”, estabelecida entre o PS e a CDU, numa decisão aprovada pela Comissão Política do PS, após discussão. Na candidatura agora apresentada, o PS optou, sem prévia discussão ou assentimento da sua Comissão Política, trazer de novo para o seu seio, aquele que por unanimidade foi há 20 anos, afastado de presidente da Câmara, porque se assumia na altura que “à mulher de César, não bastava ser séria”. Tomar merece isto?
Durante os primeiros dois anos do mandato, foram cumpridos cerca de 45% das propostas apresentadas pelo PS e nos dois anos seguintes apenas mais 10% foram concretizados. Realojamento do Flecheiro, obras na Várzea Grande ou em Palhavã marcaram passo, só a título de exemplo. Tomar merece isto?
As obras do mercado Municipal, as Hortas comunitárias e a limpeza do Concelho, a Feira de Santa Iria, de responsabilidade direta da CDU, foram atrasadas, mal geridas, com maior despesa e menos impacto, num total desconhecimento das regras e atribuições da administração local. Tomar merece isto?
Nunca como neste mandato, com especial destaque para este dois últimos anos, o investimento municipal foi tão baixo e, mesmo assim, a dívida que poderia ter baixado para 20milhões€ no final de 2016, era nesse momento de 24milhões€. Só a dívida da ParqueT, relativa ao parque de Estacionamento da Praça da Republica, foi aumentada em 2016 em mais de 2milhões€, a pagar em 12 anos. Tomar merece isto?
Ao contrário do modelo de desenvolvimento local, desde há mais de uma década assumido pelo PS, continuaram o encerramento de Escolas e jardins-de-infância, promovendo a sua concentração na periferia da Cidade, sem cuidar de – isso sim, criar na cidade um verdadeiro jardim de infância, digno desse nome, ou ajudar à fixação das populações nas comunidades mais afastadas da cidade, com a digna exceção do investimento na Linhaceira. Tomar merece isto?
Terminar e depois reintroduzir o apoio ao Festival Estátuas Vivas, manter encerrados os parques infantis e desportivos da cidade, durante meses e anos, implementar e não executar um único projeto dos Orçamentos Participativos, fechar o Parque de campismo, sem qualquer razão e adiar a implementação da pista de corta-mato do Concelho e o prometido campo escutista, gastar largas dezenas de milhares de euros nas duas últimas Festas Templárias, sem otimizar a produção local, numa área onde até se melhoraram substancialmente as regras de apoio e financiamento associativo. Tomar merece isto?
Ter na presidência um político condenado duas vezes em Tribunal, por incumprir o respeito devido aos cidadãos e às decisões judiciais, coisa que nunca havia acontecido em Tomar e, não contente, parecer ter tentado pagar com um cheque emitido pela autarquia, mesmo depois de avisado pela assessoria jurídica, num claro exemplo da falta de escrúpulos na gestão da coisa pública. Tomar merece isto?
Se merecer, não foi por falta de aviso. As consequências serão de todos.
Dos socialistas que pactuaram com estas traições aos valores e princípios, historicamente defendidos e que permitiram conquistar, de forma “limpa”, o poder em 2013, e com os demais que, eventualmente desatentos, por ação ou omissão, o facilitarem.
*Luis Ferreira, deputado municipal eleito pelo PS, dirigente local e distrital do PS