Depois da célebre declaração de António Costa, apresentado agora por alguns avençados da direita, como a "solução" para o PS, realizada pelo próprio nas vésperas do 28 de Maio de 2014, como estando disponível para liderar o PS, fiquei a pensar sobre que razões o teriam animado a tal.
Ora, como após 31 anos de militante e de o ter sido sobre a liderança de todos os Secretários gerais do PS até hoje, de ter visto o PS a ganhar muitas eleições e a perder outras tantas, fiquei na dúvida: seria mais uma luta, como tantas que observei, pelo poder no PS?
Depois de duas vitórias obtidas pelo PS conduzido por António José Seguro, a primeira nas autárquicas, ao conquistar 150 presidências de Câmara - feito nunca até hoje alcançado por qualquer partido em Portugal e a segunda ao obter um dois três melhores resultados de Partidos socialistas ou democratas na Europa, nas eleições de 25 de Maio, nada fazia crer ser possível que a sua liderança fosse contestada.
Na gíria futebolista todos sabemos que em equipa que ganha não se mexe.
Mas Portugal é um País diferente. Do Sul. Muito dado a relações "inorgânicas", senão vejamos:
Carlos Carreira, atual Presidente da Câmara de Cascais, ex-Presidente da Distrital de Lisboa, com quem ACosta fez o "negócio" da reorganização das freguesias que teve direito a Lei própria da Assembleia de Freguesia e financiamento autónomo, ao contrário dos demais 307 Municípios que as viram extintas pela Lei "Relvas"...
Miguel Relvas, ele mesmo, sem tirar nem por, ex-Presidente da Assembleia Municipal de Tomar, ex-Deputado concorrentemente eleito pelo Distrito de Santarém, sócio de imensa gente neste Distrito e País - da construção civil, às consultoras de negócios e financeiras, à comunicação social, derrotado em Tomar depois de 10 anos de trabalho nosso e "inventor" do funcionário do Ângelo Correia e de outros amigos das negociatas dos lixos e formação, com fortes ramificações no nosso Distrito, na banca (BPP, BPN e BES), estabeleceu acordo de venda dos terrenos do Aeroporto, com a Câmara de Lisboa há menos de dois anos, por 286 milhões€ para a sua Câmara,. A par de imensa redução da dívida da Câmara, o que lhe deu outra folga financeira, diz-se que serão já são mais de 130 avençados na Câmara de Lisboa, num momento em que todos sabemos que os Municípios estão limitadíssimos na admissão de todo o pessoal (em média praticamente todos têm de reduzir os funcionários à razão de 2% ao ano)...
Francisco Balsemão, figura parda do regime, presente em todos os negócios democráticos realizados em Portugal depois do 25 de Abril, "patrão" de um liderante grupo de comunicação, que a muitos tem dado emprego, mantém, há vários anos, ACosta como pivô de comentário no seu canal generalista, além de manter o irmão como diretor do seu principal jornal...
Ora, quando a direita, a finança, o esquema, o Relvas, Balsemão, Carreiras e amigalhaços vêem que o líder do PS, sem rabos de palha, intolerante à cunha e ao favor, defensor da total separação das negociatas da política, acaba de ganhar duas eleições perceberam: vai acabar a mama!
Então que fazer?
Posicionado e devidamente insuflando até ao limite o seu ego e impossibilitado de poder continuar como Presidente de Lisboa ou de concorrer às Presidenciais, bastou ajudar...
E Acosta saiu à rua: falou e lançou o PS na maior desgraça da sua história. Em menos de 1 mês o PS baixou nas sondagens mais de 5%, apesar de Seguro continuar a ser o líder político com melhor imagem em Portugal. [Porque apesar de tudo o que dizem dele, o povo não é estúpido e percebe quando está perante um Homem sério]
Com isso quase que garantiu que o PS não ganhará as próximas legislativas. O sistema lançou a sua última e derradeira carta de sobrevivência. Aqueles que sempre viveram da "saque" do Estado e dos bens públicos, pensam que podem continuar as "festança", até ao dia em que o sistema acabar.
Valerá a pena usar os Estatutos do PS para expulsar ACosta?
Talvez não, porque o prejuízo é irreparável e a prova de prejudicar efetivamente o PS ficará sempre por fazer!
Em Tomar conseguimos provar que mesmo os oportunistas podem ser vencidos. Talvez ainda haja esperança para Portugal! E uma solução de esquerda venha aí e nos salve de tamanhos trambolhões.
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