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11.12.13

Cidadania e Liberdade, numa terra e num tempo difícil

Claro que a minha nomeação para chefe de gabinete seria sempre polémica. A nível nacional porque, embora a vida pública, empresarial e política, esteja cheia de concomitâncias de eleições e nomeações cruzadas de amigos, compadres e familiares, a moral e os bons costumes nacionais, preferem sempre as aparências à transparência.

E 39 anos depois do 25 de Abril, a auspiciosa e verdadeiramente "alta moral de estado", aceita mais facilmente que alguém nomeie a amante, do que a mulher, o filho do empresário que lhe financiou a campanha ou a filha do político a quem vai cobrar o favor no licenciamento mais adiante, do que a limpidez e tranparência de aceitar as coisas como são: de que todos somos cidadãos e que todos temos iguais direitos, independentemente da família a que pertencemos ou com quem vivemos.

Eleger e ser eleito, nomear e ser nomeado, são atos da vida e da democracia e, se com o advento do 25 de Abril e da mais ampla salvaguarda constitucional de direitos e da igualdade entre género, alguma sociedade pseudo-moralista, pelos cânones de antanho, ainda não aceita que cada pessoa é uma pessoa e que cada um, independente de com quem vive ou da família de quem seja, pode e deve exercer a cidadania de pleno direito, então que se cuide, porque Igualdade é isso mesmo.

Claro que a nível nacional, a coisa é curiosa e parecendo situação de favor, tipo "mulher presidente, nomeia marido chefe de gabinete", não cuida de ir mais além do que isso, apesar das notícias até procurarem ser fatuais: "ex-vereador da câmara, nomeado chefe de gabinete". Qual é o problema? Não sabe ao que vai? Não está politicamente avalizado para a função? Não é de confiança política de quem nomeia? Ah... até é isso tudo, mas não podia, porque é marido da presidente. Boa! Bem vindos ao sec.XIX e ao tempo dos chefes de família com direitos de cidadania (naquele tempo apenas os homens)...

Claro que a nível local, a coisa toma os habituais contornos do pleno exagero, naturalmente hiperbolado pelos que, tendo perdido a eleição, ou não tendo visto a derrota continuada do PS, ou melhor, não terem conseguido ter razão por, ao fim de 10 anos, a estratégia desenhada por poucos e executada por muitos ter finalmente resultado, tomam a nuvem por juno e vai daí carregam nos carateres do facebook, ou na tinta dos jornais.

Aqui já não é a coisa nacional, da presidente nomear o marido para chefe de gabinete. Não, que isso é pouco. É por ter sido o Luis Ferreira a ser o nomeado, quando todos o davam por mais morto e enterrado do que o cadáver da Lucy, não "in the sky with diamonds", mas numa qualquer necropole paleolítica. Porque é mesmo de paleolítico civilizacional que falamos.

Era o que mais faltava que não fosse possivel participar na vida política da minha cidade, apenas, porque alguns, que se julgam os donos da terra, não lhes convenha, ou não gostem do estilo e da frontalidade, ou que aqueles que democraticamente derrotados em pleitos políticos, confundam as políticas com as pessoas e vai daí, tenham mau perder. É sempre fácil encontrar um bode espiatório para as nossas debilidades e frustrações. E é sempre fácil apontar o dedo a quem não se verga perante o medo ou que não se cala perante as injustiças.

Até parece que foi por favor que me mantive na câmara de Tomar, desta feita como chefe de gabinete, depois de durante um mandato ter sido vereador e no anterior a esse "apenas" deputado municipal.
Até parece que, pelo facto de ter opiniões e expressões polémicas sobre este ou aquele assunto, sobre esta ou aquela individualidade, me retire o direito de cidadania, de eleger e ser eleito, de escolher e ser escolhido. É crime ter opinião? É crime dizê-la e assumir a divergência com a mentalidade dominante? É crime usar de forma diferente os modernos meios de comunicação existentes, potenciando os eventos de Tomar, como fiz em 2010, ou na divulgação de avisos de proteção civil, como fiz em 2010 e 2011, que levaram a "gastos exorbitantes de telemóvel", segundo alguma imprensa mais sensasionalista? Comunicações não são telefones. Aprendam de vez!

E só para relembrar 2010 e a gestão que promovi:
+ 65% de receita no Parque de campismo
+ 90% de receita nos Bombeiros (de 115.000€ para 226.000€/ano)
+ 20% de assistentes ao cinema
+ 5% de dormidas na hotelaria
+ 30% de visitas aos monumentos da cidade
E nesse ano, os monumentos estiveram abertos TODOS, das 10H00 às 19H00, TODOS OS DIAS!

Claro que para alguns pseudo-moralistas locais é errado ser eficaz, ser eficiente e fazê-lo com desassombro de ideias, com transparencia nos gastos - Sim! Porque no meu blogue podem ser lidos mensalmente os gastos que estiveram sob a minha responsabilidade, durante os 25 meses em que estive como vereador a tempo inteiro. Para todos eles apenas uma palavra: Têm é inveja!

E misturar a minha ligação ao Grande Oriente Lusitano, como se fosse crime pertencer à maçonaria. Sim foi crime: entre 1935 e 1974, ou seja durante o fascismo! É criticável alguém procurar o aperfeiçoamento ético? A promoção da liberdade individual? A procura da construção de um mundo mais livre, mais fraterno, mais igualitário? É crime pensar?

Para alguns, em Tomar é-o.
Pois para mim, que desde os 11 anos de idade, quando organizei a minha primeira greve, ou dos 16 quando escrevi o meu primeiro artigo polémico nos jornais, até hoje, passados mais de 30 anos, exercer e viver a liberdade, de costumes, de opinião e de vida, é uma obrigação na terra onde 39 anos depois do 25 de Abril foi possivel ouvir a GRANDOLA cantada no Cine-teatro, na tomada de posse de todos os autarcas para mais um mandato.

Pois que finalmente a LIBERDADE se espraie pelo VALE DO NABÃO e varra, qual onda de luz e esperança, os espíritos dos seus habitantes.

Quanto a mim, meus caros, continuarei a ser o que sempre fui: livre, igualitário e fraterno.

E podem escrever as mentiras todas que quiserem nos jornais e nos blogues, como a de ter "tacho" na política há imensos anos, por exemplo. Conto 46 anos. Sou militante e ativista político no PS há 30 - desde 1983 e a primiera vez que tive uma função remunerada, a tempo inteiro e em permanência na política foi em 2005, mais de 20 anos depois...
E podem-me tentar ofender, com este ou mais aquele adjetivo, mas não se esqueçam que os adjetivos têm uma tendência incrível para fazer ricochete e qual boomerang voltar à origem. E não ofende quem quer, mas apenas quem pode...
E podem continuar a acreditar que é desta que me vão destruir. Desenganem-se: amanhã não será, certamente, a véspera desse dia.

E atacar-me, só reforça a minha determinação a prosseguir e dar luta: por Tomar, pela Liberdade e pelo Socialismo!
E ao me procurarem atacar estão, decididamente, a errar o alvo!


E sobre o PS, mais há ainda a dizer:
Demorámos 10 anos a conquistar a câmara e demoraremos mais de outros tantos a deixar o concelho irreconhecível. Ontem ganhámospor apenas 281 votos. Amanhã muitos mais saberão reconhecer o acerto da escolha.