Muito se tem discutido, nas últimas décadas, sobre os riscos da produção de energia, a partir da fissão nuclear, na qual genericamente há a libertação de energia a partir da divisão do átomo de Urânio - do qual Portugal é um dos principais países da Europa a nível de reservas.
VER Notícia - Governo tenciona vender reservas de Urânio (das antigas Minas da Urgeiriça)
FISSÃO - Fissão é o processo de forçar a divisão de um átomo para formar dois outros, mais leves. A reação também libera energia e um neutrão livre
CONDIÇÕES PARA OCORRER
A fissão ocorre na natureza a temperatura e pressão ambientes – como as minas de urânio do Gabão, que funcionaram como um reator natural de fissão há 2 bilhões de anos. Há teorias de que a fusão também possa ser realizada a frio, mas elas ainda são consideradas uma especulação.
ENERGIA GERADA
6 g de urânio, elemento mais usado na fissão, rendem 0,520 x1023 MeV, equivalente ao abastecimento de uma casa com quatro pessoas durante um dia.
HISTÓRICO
Também começou a ser pesquisada na década de 1930 e depois passou a ser estudada para uso militar. Daí surgiram as atómicas de Hiroshima e Nagasaki. Em 1957, foi inaugurado o primeiro reator de fissão nuclear para gerar energia.
USOS
Já é usada para a produção de energia, embora o lixo radioativo seja considerado um problema. Também é usada para a fabricação de bombas nucleares, como as da II Guerra Mundial e as atuais, de países como a Coreia do Norte.
É LIMPA?
Não. Quando um átomo de urânio é dividido, ele pode gerar quaisquer dois elementos (desde que o peso dos dois somados seja igual ao do urânio). Isso inclui os altamente tóxicos e radioativos (como o bário), que não podem ser liberado no ambiente, exigindo armazenamento especial, sendo este o seu principal problema - denominado LIXO NUCLEAR, o qual vem sendo enterrado em Minas desativadas de elevada profundidade na crosta terrestre, onde o decaimento radioativo continuará durante séculos.
Tem sido dado particular realce à contaminação radioactiva causada pelo funcionamento de centrais nucleares e pela realização de testes militares.
Contudo, a exposição média do Homem a estas fontes de radiação é diminuta, correspondendo a apenas 0,03% da dose média anual.
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Irradiação dos tecidos pulmonares por exposição ao radão e seus descendentes radiogénicos. |
Mais importantes revelam-se os exames médicos, designadamente os de diagnóstico que recorrem a raios X, os quais podem ser responsáveis por cerca de 18%.
Resta, assim, cerca de 82% da dose média anual passível de ser atribuída a factores naturais, como sejam a radiação cósmica proveniente do espaço exterior, a radiação gama emitida pelas rochas e materiais de construção, a presença no organismo de quantidades vestigiais de elementos químicos radioactivos e, mais importante, ao gás radioactivo radão, o qual por si só é responsável por mais de 50% desse valor.
O radão (222Rn) é um gás radioactivo que ocorre nas rochas, nos solos, no ar e na água. É gerado
por decaimento do urânio (238U), elemento químico presente em quantidades variáveis nas rochas,
sendo incolor e inodoro; daí que não se torne óbvio o risco a ele associado, em particular
nas casas de habitação, onde, aliás, tende a concentrar-se.
O radão e os seus descendentes radiogénicos introduzem-se nos pulmões através das vias
respiratórias, aí se fixando os isótopos de polónio, chumbo e bismuto gerados por decaimento
sucessivo, com a consequente emissão de radiação ionizante; tendo estes isótopos períodos de meia
vida que não excedem alguns minutos, produz-se uma irradiação contínua dos tecidos pulmonares
em reduzido intervalo de tempo, até ser atingida a forma final estável de 206Pb.
Existem já alguns dados relativos ao território português no que concerne ao radão. Teixeira e
Faísca (1992) efectuaram um levantamento preliminar das concentrações de radão no ar do interior
das habitações do território continental português, numa base de amostragem aleatória, o qual
conduziu à detecção de cerca de 9% de habitações com valores superiores a 200 Bq.m-3 e 3%
superiores a 400 Bq.m-3 - pessoas que,
durante a sua vida, inalem ar com concentrações de radão não inferiores a 150 Bq.l-1 (1 Bequerel
corresponde a uma desintegração por segundo), incorrem no risco de contrair cancro do pulmão;
este risco é significativamente incrementado no caso de fumadores, dado ocorrer uma sinergia entre
os dois factores.
As maiores concentrações de radão foram observadas em distritos cujo
substrato geológico é maioritariamente constituído por granitos (Guarda e Viseu), que são,
efectivamente, de entre a diversidade de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares que ocorrem
no planeta, a variedade lítica que normalmente incorpora os mais elevados teores de urânio.
Acresce que, nestas regiões, são também frequentes os fenómenos mineralizantes no que respeita
ao urânio, registando-se a presença de muitas dezenas de antigas explorações deste elemento
químico, bem como vários milhares de locais onde, não sendo viável a exploração económica,
atingiu-se ainda assim uma concentração local várias dezenas ou centenas de vezes superior ao
normal das rochas.
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Mapa de Centrais Nucleares na Europa, onde Portugal não está, com todas as consequências económicas que isso tem tido no nosso desenvolvimento |