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5.4.19

Sabia que as centrais nucleares são apenas responsáveis por 0,03% da radiação na Terra?

Muito se tem discutido, nas últimas décadas, sobre os riscos da produção de energia, a partir da fissão nuclear, na qual genericamente há a libertação de energia a partir da divisão do átomo de Urânio - do qual Portugal é um dos principais países da Europa a nível de reservas. 

VER Notícia - Governo tenciona vender reservas de Urânio (das antigas Minas da Urgeiriça)

FISSÃO - Fissão é o processo de forçar a divisão de um átomo para formar dois outros, mais leves. A reação também libera energia e um neutrão livre
CONDIÇÕES PARA OCORRER
A fissão ocorre na natureza a temperatura e pressão ambientes – como as minas de urânio do Gabão, que funcionaram como um reator natural de fissão há 2 bilhões de anos. Há teorias de que a fusão também possa ser realizada a frio, mas elas ainda são consideradas uma especulação.
ENERGIA GERADA
6 g de urânio, elemento mais usado na fissão, rendem 0,520 x1023 MeV, equivalente ao abastecimento de uma casa com quatro pessoas durante um dia.
HISTÓRICO
Também começou a ser pesquisada na década de 1930 e depois passou a ser estudada para uso militar. Daí surgiram as atómicas de Hiroshima e Nagasaki. Em 1957, foi inaugurado o primeiro reator de fissão nuclear para gerar energia.
USOS
Já é usada para a produção de energia, embora o lixo radioativo seja considerado um problema. Também é usada para a fabricação de bombas nucleares, como as da II Guerra Mundial e as atuais, de países como a Coreia do Norte.
É LIMPA?
Não. Quando um átomo de urânio é dividido, ele pode gerar quaisquer dois elementos (desde que o peso dos dois somados seja igual ao do urânio). Isso inclui os altamente tóxicos e radioativos (como o bário), que não podem ser liberado no ambiente, exigindo armazenamento especial, sendo este o seu principal problema - denominado LIXO NUCLEAR, o qual vem sendo enterrado em Minas desativadas de elevada profundidade na crosta terrestre, onde o decaimento radioativo continuará durante séculos.
Tem sido dado particular realce à contaminação radioactiva causada pelo funcionamento de centrais nucleares e pela realização de testes militares. 

Contudo, a exposição média do Homem a estas fontes de radiação é diminuta, correspondendo a apenas 0,03% da dose média anual. 
Irradiação dos tecidos pulmonares por exposição ao radão e seus descendentes radiogénicos.

Mais importantes revelam-se os exames médicos, designadamente os de diagnóstico que recorrem a raios X, os quais podem ser responsáveis por cerca de 18%

Resta, assim, cerca de 82% da dose média anual passível de ser atribuída a factores naturais, como sejam a radiação cósmica proveniente do espaço exterior, a radiação gama emitida pelas rochas e materiais de construção, a presença no organismo de quantidades vestigiais de elementos químicos radioactivos e, mais importante, ao gás radioactivo radão, o qual por si só é responsável por mais de 50% desse valor.

O radão (222Rn) é um gás radioactivo que ocorre nas rochas, nos solos, no ar e na água. É gerado por decaimento do urânio (238U), elemento químico presente em quantidades variáveis nas rochas, sendo incolor e inodoro; daí que não se torne óbvio o risco a ele associado, em particular nas casas de habitação, onde, aliás, tende a concentrar-se.

O radão e os seus descendentes radiogénicos introduzem-se nos pulmões através das vias respiratórias, aí se fixando os isótopos de polónio, chumbo e bismuto gerados por decaimento sucessivo, com a consequente emissão de radiação ionizante; tendo estes isótopos períodos de meia vida que não excedem alguns minutos, produz-se uma irradiação contínua dos tecidos pulmonares em reduzido intervalo de tempo, até ser atingida a forma final estável de 206Pb.

Existem já alguns dados relativos ao território português no que concerne ao radão. Teixeira e Faísca (1992) efectuaram um levantamento preliminar das concentrações de radão no ar do interior das habitações do território continental português, numa base de amostragem aleatória, o qual conduziu à detecção de cerca de 9% de habitações com valores superiores a 200 Bq.m-3 e 3% superiores a 400 Bq.m-3 - pessoas que, durante a sua vida, inalem ar com concentrações de radão não inferiores a 150 Bq.l-1 (1 Bequerel corresponde a uma desintegração por segundo), incorrem no risco de contrair cancro do pulmão; este risco é significativamente incrementado no caso de fumadores, dado ocorrer uma sinergia entre os dois factores.

As maiores concentrações de radão foram observadas em distritos cujo substrato geológico é maioritariamente constituído por granitos (Guarda e Viseu), que são, efectivamente, de entre a diversidade de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares que ocorrem no planeta, a variedade lítica que normalmente incorpora os mais elevados teores de urânio. 

Acresce que, nestas regiões, são também frequentes os fenómenos mineralizantes no que respeita ao urânio, registando-se a presença de muitas dezenas de antigas explorações deste elemento químico, bem como vários milhares de locais onde, não sendo viável a exploração económica, atingiu-se ainda assim uma concentração local várias dezenas ou centenas de vezes superior ao normal das rochas.

Mapa de Centrais Nucleares na Europa, onde Portugal não está, com todas as consequências económicas que isso tem tido no nosso desenvolvimento