(Artigo de opinião publicado no Jornal "O Cidade de Tomar", de 11/2/2011)
No rescaldo das anteriores eleições autárquicas de Outubro de 2009, que deram ao PSD a responsabilidade renovada de gerir os destinos do Município até 2013, agora sem maioria, tomou este a decisão de convidar o PS a se juntar a ele, na partilha de responsabilidades governativas dos negócios colectivos do Concelho.
O PS ponderados os prós e contras de partilhar a gestão municipal com o seu principal adversário, mas sobrelevando o interesse público de contribuir para o encontrar de melhores soluções na gestão Municipal, consciente também de que os eleitores quando votam PS também o fazem para que este governe, decidiu aceitar.
Sobre os interesses específicos de PSD e PS, ambas as direcções políticas, bem como a plêiade dos seus dirigentes e autarcas avaliou e decidiu pelo interesse de Tomar. Estava assim constituída a mais difícil e estranha convivência, entre quem durante 12 anos geriu Tomar de forma completamente autocrática, o PSD e o PS que se afirmou, conquistando a palmo o espaço de alternativa viável e forte para o futuro da sua governação, com projecto político e programa alternativo, virado para o futuro e em resposta aos seus desafios.
Naturalmente que todos sabíamos das dificuldades tremendas a ultrapassar entre as antagónicas formas de ver o negócio público, mas com a coerência comum da sua gestão com honestidade e seriedade. Era evidente que nem PSD, nem PS, faziam conta de deixar de manter a sua autonomia, a sua identidade e os seus desejos naturais de hegemonia, num Concelho e num Pais, com dificuldades notórias. As alterações nas direcções políticas locais e nacionais dos sociais-democratas foram apenas uma consequência natural de uma ausência longa do poder nacional e da expectativa da sua reconquista, que tiveram reduzido alcance na prossecução da gestão autárquica em Tomar.
A participação do PS na gestão do Município foi marcada pela assumpção no primeiro ano, de responsabilidades nas áreas da animação cultural, animação turística, museus, urbanismo, protecção civil e defesa do consumidor. Em todas estas áreas, numas de forma mais rápida e visível, pela diferente natureza das coisas, foi evidente a transformação operada.
Fosse pela necessidade dos operadores e agentes de verem reflectida uma nova política, fosse pelo empenhamento e compreensão dos colaboradores do Município, os resultados apareceram num primeiro momento na área turística e cultural, num segundo momento na área da protecção civil e mais recentemente na área do urbanismo. Em todas as áreas os autarcas socialistas provaram que é possível fazer Bem e MELHOR, mesmo que em coligação e com maioria dos “ganhos” a irem para o parceiro líder.
Tomar teve em 2010 um dos melhores anos turísticos da década e isso se deveu, também, ao empenhamento do Município e dos autarcas socialistas. Em 2010, Tomar teve uma estratégia de PROMOÇÃO TURÍSTICA consistente e entrou em definitivo nas rotas musicais alternativas e retomou, desenvolvendo, a apetência pelo Cinema e Teatro e experimentou a democratização do acesso das crianças das freguesias rurais ao Teatro e Cinema infantil, numa estratégia de criação de públicos.
Ainda na criação de públicos, o aumento da afluência ao Cine-Teatro, em plena e notória expansão hoje, com epicentro na Gala Internacional do Acordeão, mostraram ser possível e desejável que Tomar retome o lugar que foi seu no panorama cultural regional.
As melhorias na gestão corrente do Parque de Campismo e no sector do Urbanismo, com excelentes rácios de melhoria, fosse com a redução do prejuízo endémico do primeiro, fosse no maior atendimento e despacho dos processos no segundo, onde a criação de procedimentos e estratégias uniformes e não casuísticas na gestão do urbanismo, mostram também ser possível dar à administração pública um papel de colaborador para o desenvolvimento territorial, baseado no indivíduo, no seu desejo de habitação ou na criação de riqueza através da implantação comercial.
A resolução de centenas e centenas de processos de urbanismo “emperrados”, a “descomplicação” operada em alguns dos mais confusos Planos de Pormenor do Município operados pela gestão socialista, na área do urbanismo, bem como o aumento de 70% de receita no parque de Campismo no Verão ou de 87% na do serviço de protecção civil durante 2010, mostram bem até que ponto foi útil no primeiro ano a participação dos autarcas socialistas, na gestão Municipal partilhada.
Os cidadãos ganharam? Temos a convicção de que sim!
Quando se aumenta a resolução de processos urbanísticos com anos ou quando se aumenta os serviços de ambulância em 17%, como nós o fizemos, está-se claramente a melhorar o serviço à vida das pessoas. E especialmente quando isso se fez, sem destruir uma única marca anterior, um único projecto ou evento anterior, um único processo anterior, respeitando dessa forma o que TODOS OS OUTROS anteriormente haviam feito.
A forma como os socialistas encararam as responsabilidades que lhes foram entregues, foi a de “agarrar” o que estava feito e melhorar, aumentando a sua eficiência, a sua eficácia, melhorando a sua qualidade.
Mantivemos e promovemos melhor a MARCA Templária.
Mantivemos o serviço de atendimento urbanístico e melhoramos a sua RESPOSTA.
Promovemos e facilitámos o desenvolvimento ECONÓMICO.
Controlámos o regime de cheias no Nabão e ribeiras mais críticas.
Adequámos o enfoque da GESTÂO nos resultados, num tempo de exigência, mas fazendo crescer o serviço e o retorno à economia local.
Temos ouvido com a devida atenção os desejos da comunidade, os apelos das outras forças e movimentos políticos, sabendo bem que o futuro mais do que a divergência, irá beneficiar o entendimento e a convergência, com todos os que a saibam e queiram fazer. Não deverá haver dogmas, nem excluídos: uma ideia é uma ideia, uma estratégia é uma estratégia, independentemente de quem a defende, propõe ou executa. Isto pelo simples facto de que um emprego criado, uma empresa aberta, um novo nascimento ou residente, são um ganho individual e colectivo para Tomar. Esse é, também, o legado que os socialistas devem promover e querer para as suas comunidades.
Mostrámos que, apesar das invejas de poucos, da pouca atenção geralmente atribuída pela comunicação, da ausência e bloqueio comunicacional por parte de muito poucos sectores do próprio Município, a diferença pela presença do PS na gestão Municipal é bem visível e Tomar ganhou muito mais em ter a participação de autarcas socialistas, do que em não a ter.
De uma coisa há convicção: fizemo-lo em Liberdade, promovendo a Igualdade e a Fraternidade, cumprindo a República e Abril, não renegando assim os nossos compromissos éticos, ideológicos e de responsabilidade para com todos os que em nós confiaram para sermos uma alternativa de governação de futuro.
E mais: fizemo-lo sem “pisar” ninguém, nem sequer o nosso parceiro de gestão, procurando até ao limite a conciliação de posições, a bem de Tomar.
Porque acreditamos em Tomar, fomos parte da solução!
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