"O objectivo do Governo é diminuir o número dirigentes em 20 por cento e 'aprofundar a redução da despesa pública' nos cargos de chefia."
Este é o fundamento das notícias de ontem e de hoje, que apontam claramente o caminho que é pretendido dar à nossa administração publica. Tal caminho, num momento de escassez financeira para gastos públicos, tem naturalmente como consequência a redução salarial a quem melhor ganha.
Os milhares de dirigentes da administração publica, cerca de 50.000, serão só na câmara de Tomar este ano 18 + 3 nos SMAS.
As remunerações base dos dirigentes da administração publica portuguesa variam entre os 2800 e os 4500 euros/mês, sem contar as despesas de representação entre 200 e 500 euros/mês e antes do corte do orçamento deste ano, que afectou todos os funcionários públicos que recebiam mais do que 1500€.
Os meios financeiros à disposição do estado escasseiam e a opção em Portugal tem vindo a ser reduzir a despesa com pessoal, especialmente nos que mais ganham, em detrimento de desmantelar a generalidade dos apoios sociais a quem EFECTIVAMENTE precisa.
Este caminho é o adequado: sem reduzir o serviço publico, sem despedir ninguém há que adequar as remunerações de quem melhor ganha. Pena é que outras dezenas de milhar de funcionários no activo mantenham regalias injustificadas e remunerações "barbaras", como uma boa parte de administradores de empresas publicas ou maioritariamente participadas pelo estado, juízes e magistrados do ministério publico (justiça), universidades e generalato.
Outra situação completamente incompreensivel é o facto de só ter sido pedido um esforço aos que trabalham hoje. E onde fica a solidariedade inter-geracional dos aposentados da função publica com valores superiores a 1500€? Porque não são também eles chamados a este esforço? Se considerarmos que mais de 90% deles nunca descontaram para a aposentação que recebem, visto que o anterior sistema em vigor até ao final de 2006 dava aos funcionários públicos de aposentação o valor da sua ultima remuneração, independentemente do que haviam descontado durante a sua vida de trabalho.
No meio de tudo isto, com esta intenção de reduzir os dirigentes em 20% a nível nacional, menos se compreende o aumento de dirigentes no actual Municipio de 10 para 18, o qual contou com o voto contrário do PS.
P.S.
Declaração de interesses: fui um dos contemplados com um corte em Janeiro de cerca de 290€ e estou preparado para mais reduções, uma vez que considero que deve haver um esforço colectivo para manter o estado a funcionar, sem prejudicar os apoios sociais aos que menos tem e manter o emprego publico, evitando a destruir de serviços. Considero no entanto que TODOS deviam
estar empenhados nisso, a começar pelos Municipios e infelizmente o "nosso" faz exactamente o contrário e isso não faz qualquer sentido. Quem decidiu tamanho disparate vive decididamente noutro mundo!
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