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12.2.21

Análise de risco para Portugal 2021 - pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal)

Para a melhor compreensão do estado da arte atual, dos desafios que se colocam a um país, que vem perdendo, ao longo da última década competitividade, olhemos para um resumo, elaborado pela CIP, de análise - do ponto de vista dos que produzem valor, a nossa situação:

(Extrato do documento "2021 – Vencer a crise e assumir uma estratégia de desenvolvimento e competitividade")


Riscos

Em termos genéricos, os grandes riscos que o país enfrenta este ano são:

1) Incapacidade de recuperar rapidamente a atividade e o emprego

2) Arrastamento deste processo de destruição de valor

3) Desperdício da oportunidade de reforma do país

2021 é um desafio a vencer. Mas sabemos que há riscos exógenos, que, como tal, não são variáveis que possamos controlar, mas que devemos identificar e ter em devida conta nas decisões económicas. Atrevo-me a chamar a atenção para 4 riscos específicos de 2021:


Covid e vacinação

A melhor notícia do final do ano foi a aprovação de algumas vacinas contra a COVID19, pelo que tal significa em termos de esperança (fundamentada) de controlo da pandemia, de contenção das mortes e de normalização da atividade económica.

Há ainda muitas dúvidas e dificuldades que têm a ver com a diversidade de vacinas, com os problemas de logística, com a produção e de distribuição da vacina, com a durabilidade da imunização, etc.

Todos os cidadãos estão conscientes do potencial impacto imenso e terrível das questões de saúde pública e esta é, portanto, a grande e angustiante dúvida que temos para 2021.


Brexit

A segunda melhor notícia do final do ano para a UE (e o Reino Unido) foi o acordo sobre a relação futura com o Reino Unido.

Este acordo é muito importante pois o Reino Unido é atualmente um dos principais parceiros económicos da União Europeia, e também de Portugal. A existência de um acordo é determinante para as empresas pois reduz o impacto do fim do período de transição, ao dar a necessária certeza jurídica e deve minimizar as perturbações nas trocas de bens e serviços.

Estamos em fase de aplicação prática do Brexit e do acordo comercial pelo que temos que assegurar que a burocracia não penaliza a economia. No caso de Portugal, tal como foi identificado no estudo que a CIP atempadamente apresentou, há que salvaguardar a importância do Reino Unido como parceiro (histórico) e aproveitar as oportunidades que esta nova realidade produz e abre.


Sistema financeiro

Tem sido identificado como um dos riscos latentes o volume de moratórias do sistema bancário (decorrentes da legislação aprovada para efeito de combate aos efeitos da COVID19). Em setembro, havia empréstimos de 46 mil milhões de euros sob moratórias de crédito (24,4 mil milhões de crédito a famílias, 21,6 mil milhões de crédito a empresas).

O próprio Governador do Banco de Portugal declarou muito recentemente que “As moratórias atingem em Portugal uma dimensão muito significativa, muito maior do que a média do conjunto da área do euro e da União Europeia”.

Acresce a este respeito que o sistema bancário português foi muito abalado na última década, que continuamos numa fase “atípica” de juros negativos e há registo de movimentos de concentração de bancos na Europa, o que obriga a ter uma atenção muito especial sobre esta questão, que será sempre impactante na economia nacional.


Instabilidade Política

É dos manuais que o desenvolvimento dos países exige um enquadramento institucional robusto. 

Quem acompanha a conjuntura portuguesa tem percebido como, ao longo do tempo, houve avanços e recuos, maiorias de circunstância e medidas apenas fundamentadas em geometria política que têm adiado reformas e conduzem a uma instabilidade perfeitamente nefasta para o horizonte das decisões económicas.

Num ano de 2 eleições nacionais e com um Governo formalmente apoiado por apenas uma bancada parlamentar, tem havido diversas ameaças (veladas?) de crise política. Independentemente da sua origem, motivações e até legitimidade, a simples hipótese de crise causa instabilidade. 

Por outro lado, deveria ser claro que mudanças políticas não devem fazer alterar questões essenciais para o país e para as quais, descontadas questões de forma e de pormenor ou de protagonista, têm um amplo consenso.