Créditos: Justo Realce, Lda coordenado o levantamento por Olga Silva, previamente realizado em novembro de 2011, complementado em maio de 2018, pelo ex-vereador Luis Ferreira. o documento contou ainda com a colaboração do antigo Comandante Manuel Mendes.
Comandantes dos
Bombeiros Municipais de Tomar
A pesquisa sobre o tema não é fácil,
por falta de um arquivo organizado ou de alguém ainda com a memória
fresca. A lista é, por isso, limitada e pode apresentar algumas
falhas por falta de informação, sobretudo quanto a datas de
princípio e fim de mandato.
No entanto, pela pesquisa realizada
foi possível apurar que de 1922 a 2011 se contam um total de 12
comandantes efectivos. Com dois nomes a destacarem-se na lista:
Francisco Nunes da Conceição Caetano e Jorge Godinho da Silva.
Ambos ocuparam o lugar por diversas vezes, umas como comandantes
interinos e outras como efectivos, sendo que o segundo iniciou a sua
carreira integrando o primeiro grupo de 18 bombeiros de Tomar em
1922.
Durante vários anos os bombeiros de
Tomar foram liderados por militares do regimento nabantino. Entre a
década de quarenta e os anos sessenta, o antigo regime acreditava
que o regime militar iria imprimir uma disciplina necessária ao bom
funcionamento de uma corporação que lutava contra as catástrofes
que era preciso enfrentar. Tratando-se de uma “guerra” que
afligia as populações, era necessário treinar soldados para a
travar.
Entretanto, a guerra das armas
fazia-se também nas ex-colónias e os militares, entretanto
comandantes de bombeiros, partiam em comissões de serviço para o
exterior, sendo necessário preencher a lacuna nos quartéis locais.
Pelos escritos, cartas e documentos partilhados entre a câmara
municipal de Tomar e os bombeiros (que se podem ler no arquivo
municipal), percebe-se que na década de 50 a mudança do comando dos
soldados da paz nabantinos sucede-se ao ritmo das contingências da
altura. Os comandantes chegam e logo partem, acabando por se
encontrar quase sempre o mesmo nome a substituí-los do Tenente
Francisco Caetano. É ele que assume a
responsabilidade pelas conquistas que
os bombeiros de Tomar vão conseguindo (a aquisição de novo
material). Segundo o filho, a sua paixão pela sua corporação era
testemunhável, dedicando-lhes grande parte do seu tempo e vida.
Comecemos pelo princípio. O Corpo de
Salvação de Tomar, oficialmente criado em 24 de fevereiro de 1922 e publicamente apresentado à população a 28 de Janeiro de 1923
numa sessão solene do executivo municipal de então, agendada para
um domingo para que a população pudesse aclamar os corajosos homens
que integraram o primeiro grupo, teve como primeiro comandante Pedro
Gregório da Silva.
Na altura, o protagonismo relacionado com os
bombeiros, quer nos documentos encontrados no arquivo municipal quer
na imprensa de então, estava nas mãos do vereador responsável pela
sua criação Jorge Gonçalves Ribeiro. É difícil encontrar provas
sobre o comando de Pedro Gregório da Silva. É Jorge Godinho da
Silva que nos informa na publicação que editou para a inauguração
do quartel em 1971, dando testemunho sobre a dedicação do primeiro
comandante que liderou o primeiro grupo de soldados da paz
nabantinos.
Pelos documentos e testemunhos ouvido
é impossível datar o final do mandato do primeiro comandante, assim
como a entrada em cena do Tenente Francisco Nunes da Conceição
Caetano. Pensa-se que terá iniciado funções em 1931, ainda tinha o
título militar de alferes. A única certeza é a de que em 1934, por
altura da realização do congresso de bombeiros em Tomar, o comando
estava entregue a este militar. No entanto, Francisco Caetano não
terá assistido à realização do encontro, por ter regressado a
Moçambique em comissão de serviço.
Tenente Francisco Caetano
Francisco Caetano mantém-se no
comando dos bombeiros de Tomar até 1937, altura em que volta a sair
do país desta vez tendo como destino Macau.
Em 1939 foi substituído no comando
pelo então Tenente Júlio Araújo Ferreira, mas segundo testemunho
do filho de Francisco Caetano, o tenente terá regressado ao comando
da corporação de Tomar durante mais alguns anos, mantendo-se sempre
ligado ao destino e ambição dos soldados da paz. Por exemplo,
voltamos a encontrá-lo na liderança em 1953, voltando a sair logo
em Janeiro de 1954. Depois, mantém-se no comando durante mais alguns
anos.
Francisco Caetano, natural de Tomar,
acabaria por falecer a 17 de Julho de 1960.
Nesta altura continuamos a encontrar
diversas falhas de informação sobre o comando dos bombeiros de
Tomar. Em 1954 surge o nome do Alferes Manuel Maria Careto. Militar
de carreira, é ele que assume o comando durante sete anos, pelo
menos até 1961, altura em que transmite à câmara municipal a
intenção de sair por razões de saúde.
Alferes Manuel Maria Careto
(1954-1961)
É substituído no cargo pelo Tenente
Joaquim Marques da Silva Gervásio. Outro militar nomeado para a
liderança dos bombeiros nabantinos, que se mantém no cargo de
Novembro de 1961 a Abril de 1963.
Segue-se mais um período de incerteza
quanto ao comando. Em 1962 encontramos o nome de Joaquim Marques da
Silva Gervásio que se mantém em funções até Abril de 1963,
altura em é obrigado a partir para o ultramar em comissão de
serviço.
No início de 1964, mais um militar
assume a liderança, desta vez com um desfecho trágico. Domingos
Crespo Júnior foi nomeado como novo comandante dos bombeiros de
Tomar em abril desse ano, mas o seu mandato só durou até dezembro.
O Capitão aproveitou a época de festas para ir com a família para
Castelo Branco. Apenas deslocado para “passar o Natal”, acabou
por encontrar o infortúnio da morte naquele final de ano. Termina
assim mais um mandato curto na direcção da corporação tomarense.
É nesta altura que é chamado para
liderança um homem da casa. Jorge Godinho da Silva integrou desde
muito novo os bombeiros de Tomar. Aliás, ele foi um dos integrou o
primeiro grupo de homens que deram início à corporação de Tomar
em 1922 e foi ele que em vários momentos de indecisão no passado,
assumiu a liderança de forma intermitente como “comandante
interino”.
Pelo amor e apego que sempre
demonstrou aos bombeiros de Tomar, Jorge Godinho da Silva foi nomeado
comandante honorário e foi-lhe também atribuída a medalha de ouro
da cidade por serviços prestados.
Comandante Jorge Godinho da Silva
“O valor do Homem mede-se,
determina-se, pela integridade do seu carácter, pelo equilíbrio das
suas decisões, pela fidelidade aos seus compromissos, pela
autenticidade das suas obras.”
– Jorge Godinho da Silva
É durante o mandato de Jorge Godinho
da Silva que finalmente é construído o novo quartel dos bombeiros,
em 1971. O “velho comandante” mantém-se em funções até à
revolução de Abril, em 1974.
[Levantamento de Olga Silva, com o contributo de Luis Ferreira]
No tempo que medeia o ano
revolucionário e os dias actuais, mais quatro homens ocuparam o comando
dos Bombeiros Municipais de Tomar, no seu caminho para a profissionalização, a par dos esforços dos seus responsáveis políticos.
João Tomás da Silva entra em 1974 e sai em 1981.
Mário Nunes da Silva assume o cargo a 29 de Maio de 1981 e
permanece em funções até Julho de 1997, acompanhando parte dos grandes investimentos realizados com a expansão do Quartel e a vereação de António Alexandre (1990-97), no reforço dos veículos.
Comandante Mário Silva |
Segue-se Joaquim Patrício
até Janeiro de 2002, acompanhando a vereação de Carlos Carrão (1998-2001), até à reestruturação das carreiras dos bombeiros municipais, que dariam lugar à criação do primeiro quadro oficial de Bombeiros nos BMT e a sua primeira grande reorganização, com a manutenção da Central de Comunicações e de Operações de Socorro Distrital - que se manteria no Quartel dos Bombeiros de Tomar, até setembro de 2009.
Comandante Joaquim Patrício |
Manuel Mendes começa por assumir o cargo como
interino, sendo o primeiro bombeiro profissional a assumir esta função, acompanhando as vereações de José Mendes (2002-05), Carlos Carrão (2006-08), Ivo Santos (2009), Luis Ferreira (2010-11) e José Perfeito (2012-13), além de meio ano do mandato da Presidente Anabela Freitas, que seria a primeira a não delegar a responsabilidade dos BMT em qualquer vereador.
É depois confirmado como comandante, mantendo-se até janeiro de 2015, como líder
da corporação tomarense, altura da sua aposentação como Bombeiro Municipal, passando nos termos da legislação em vigor a Oficial Bombeiro, em regime de voluntariado. Durante o seu comando, os recursos humanos profissionais passaram a ser a maioria dos homens ao serviço.
Comandante Manuel Mendes, no aniversário dos BMT em janeiro de 2010 |
De então para cá os Bombeiros Municipais de Tomar, passaram a ter como Comandante, o chefe de Divisão da Proteção Civil, também Comandante Operacional Municipal, Carlos Gonçalves, que veio a ser o primeiro Comandante Profissional dos Bombeiros Municipais de Tomar. Em 2016/17, foram realizadas as últimas obras de requalificação do Quartel.
O Comandante Carlos Gonçalves, acumulou esta função com a de Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém, o que aconteceu pela primeira vez.
Versão 2 - Maio de 2018