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24.5.18

Comandantes dos Bombeiros Municipais de Tomar - levantamento histórico


Créditos: Justo Realce, Lda coordenado o levantamento por Olga Silva, previamente realizado em novembro de 2011, complementado em maio de 2018, pelo ex-vereador Luis Ferreira. o documento contou ainda com a colaboração do antigo Comandante Manuel Mendes.

Comandantes dos Bombeiros Municipais de Tomar

A pesquisa sobre o tema não é fácil, por falta de um arquivo organizado ou de alguém ainda com a memória fresca. A lista é, por isso, limitada e pode apresentar algumas falhas por falta de informação, sobretudo quanto a datas de princípio e fim de mandato.

No entanto, pela pesquisa realizada foi possível apurar que de 1922 a 2011 se contam um total de 12 comandantes efectivos. Com dois nomes a destacarem-se na lista: Francisco Nunes da Conceição Caetano e Jorge Godinho da Silva. Ambos ocuparam o lugar por diversas vezes, umas como comandantes interinos e outras como efectivos, sendo que o segundo iniciou a sua carreira integrando o primeiro grupo de 18 bombeiros de Tomar em 1922.

Durante vários anos os bombeiros de Tomar foram liderados por militares do regimento nabantino. Entre a década de quarenta e os anos sessenta, o antigo regime acreditava que o regime militar iria imprimir uma disciplina necessária ao bom funcionamento de uma corporação que lutava contra as catástrofes que era preciso enfrentar. Tratando-se de uma “guerra” que afligia as populações, era necessário treinar soldados para a travar.

Entretanto, a guerra das armas fazia-se também nas ex-colónias e os militares, entretanto comandantes de bombeiros, partiam em comissões de serviço para o exterior, sendo necessário preencher a lacuna nos quartéis locais. Pelos escritos, cartas e documentos partilhados entre a câmara municipal de Tomar e os bombeiros (que se podem ler no arquivo municipal), percebe-se que na década de 50 a mudança do comando dos soldados da paz nabantinos sucede-se ao ritmo das contingências da altura. Os comandantes chegam e logo partem, acabando por se encontrar quase sempre o mesmo nome a substituí-los do Tenente Francisco Caetano. É ele que assume a

responsabilidade pelas conquistas que os bombeiros de Tomar vão conseguindo (a aquisição de novo material). Segundo o filho, a sua paixão pela sua corporação era testemunhável, dedicando-lhes grande parte do seu tempo e vida.

Comecemos pelo princípio. O Corpo de Salvação de Tomar, oficialmente criado em 24 de fevereiro de 1922 e publicamente apresentado à população a 28 de Janeiro de 1923 numa sessão solene do executivo municipal de então, agendada para um domingo para que a população pudesse aclamar os corajosos homens que integraram o primeiro grupo, teve como primeiro comandante Pedro Gregório da Silva
Na altura, o protagonismo relacionado com os bombeiros, quer nos documentos encontrados no arquivo municipal quer na imprensa de então, estava nas mãos do vereador responsável pela sua criação Jorge Gonçalves Ribeiro. É difícil encontrar provas sobre o comando de Pedro Gregório da Silva. É Jorge Godinho da Silva que nos informa na publicação que editou para a inauguração do quartel em 1971, dando testemunho sobre a dedicação do primeiro comandante que liderou o primeiro grupo de soldados da paz nabantinos.

Pelos documentos e testemunhos ouvido é impossível datar o final do mandato do primeiro comandante, assim como a entrada em cena do Tenente Francisco Nunes da Conceição Caetano. Pensa-se que terá iniciado funções em 1931, ainda tinha o título militar de alferes. A única certeza é a de que em 1934, por altura da realização do congresso de bombeiros em Tomar, o comando estava entregue a este militar. No entanto, Francisco Caetano não terá assistido à realização do encontro, por ter regressado a Moçambique em comissão de serviço.
Tenente Francisco Caetano

Francisco Caetano mantém-se no comando dos bombeiros de Tomar até 1937, altura em que volta a sair do país desta vez tendo como destino Macau.

Em 1939 foi substituído no comando pelo então Tenente Júlio Araújo Ferreira, mas segundo testemunho do filho de Francisco Caetano, o tenente terá regressado ao comando da corporação de Tomar durante mais alguns anos, mantendo-se sempre ligado ao destino e ambição dos soldados da paz. Por exemplo, voltamos a encontrá-lo na liderança em 1953, voltando a sair logo em Janeiro de 1954. Depois, mantém-se no comando durante mais alguns anos.
Francisco Caetano, natural de Tomar, acabaria por falecer a 17 de Julho de 1960.
Nesta altura continuamos a encontrar diversas falhas de informação sobre o comando dos bombeiros de Tomar. Em 1954 surge o nome do Alferes Manuel Maria Careto. Militar de carreira, é ele que assume o comando durante sete anos, pelo menos até 1961, altura em que transmite à câmara municipal a intenção de sair por razões de saúde.
Alferes Manuel Maria Careto (1954-1961)

É substituído no cargo pelo Tenente Joaquim Marques da Silva Gervásio. Outro militar nomeado para a liderança dos bombeiros nabantinos, que se mantém no cargo de Novembro de 1961 a Abril de 1963.

Segue-se mais um período de incerteza quanto ao comando. Em 1962 encontramos o nome de Joaquim Marques da Silva Gervásio que se mantém em funções até Abril de 1963, altura em é obrigado a partir para o ultramar em comissão de serviço.

No início de 1964, mais um militar assume a liderança, desta vez com um desfecho trágico. Domingos Crespo Júnior foi nomeado como novo comandante dos bombeiros de Tomar em abril desse ano, mas o seu mandato só durou até dezembro. O Capitão aproveitou a época de festas para ir com a família para Castelo Branco. Apenas deslocado para “passar o Natal”, acabou por encontrar o infortúnio da morte naquele final de ano. Termina assim mais um mandato curto na direcção da corporação tomarense.

É nesta altura que é chamado para liderança um homem da casa. Jorge Godinho da Silva integrou desde muito novo os bombeiros de Tomar. Aliás, ele foi um dos integrou o primeiro grupo de homens que deram início à corporação de Tomar em 1922 e foi ele que em vários momentos de indecisão no passado, assumiu a liderança de forma intermitente como “comandante interino”.
Pelo amor e apego que sempre demonstrou aos bombeiros de Tomar, Jorge Godinho da Silva foi nomeado comandante honorário e foi-lhe também atribuída a medalha de ouro da cidade por serviços prestados.
Comandante Jorge Godinho da Silva

O valor do Homem mede-se, determina-se, pela integridade do seu carácter, pelo equilíbrio das suas decisões, pela fidelidade aos seus compromissos, pela autenticidade das suas obras.” – Jorge Godinho da Silva

É durante o mandato de Jorge Godinho da Silva que finalmente é construído o novo quartel dos bombeiros, em 1971. O “velho comandante” mantém-se em funções até à revolução de Abril, em 1974.

[Levantamento de Olga Silva, com o contributo de Luis Ferreira]
No tempo que medeia o ano revolucionário e os dias actuais, mais quatro homens ocuparam o comando dos Bombeiros Municipais de Tomar, no seu caminho para a profissionalização, a par dos esforços dos seus responsáveis políticos.
João Tomás da Silva entra em 1974 e sai em 1981.

Mário Nunes da Silva assume o cargo a 29 de Maio de 1981 e permanece em funções até Julho de 1997, acompanhando parte dos grandes investimentos realizados com a expansão do Quartel e a vereação de António Alexandre (1990-97), no reforço dos veículos.
Comandante Mário Silva

Segue-se Joaquim Patrício até Janeiro de 2002, acompanhando a vereação de Carlos Carrão (1998-2001), até à reestruturação das carreiras dos bombeiros municipais, que dariam lugar à criação do primeiro quadro oficial de Bombeiros nos BMT e a sua primeira grande reorganização, com a manutenção da Central de Comunicações e de Operações de Socorro Distrital - que se manteria no Quartel dos Bombeiros de Tomar, até setembro de 2009.

Comandante Joaquim Patrício

Manuel Mendes começa por assumir o cargo como interino, sendo o primeiro bombeiro profissional a assumir esta função, acompanhando as vereações de José Mendes (2002-05), Carlos Carrão (2006-08), Ivo Santos (2009), Luis Ferreira (2010-11) e José Perfeito (2012-13), além de meio ano do mandato da Presidente Anabela Freitas, que seria a primeira a não delegar a responsabilidade dos BMT em qualquer vereador. 
É depois confirmado como comandante, mantendo-se até janeiro de 2015, como líder da corporação tomarense, altura da sua aposentação como Bombeiro Municipal, passando nos termos da legislação em vigor a Oficial Bombeiro, em regime de voluntariado. Durante o seu comando, os recursos humanos profissionais passaram a ser a maioria dos homens ao serviço.
Comandante Manuel Mendes, no aniversário dos BMT em janeiro de 2010

De então para cá os Bombeiros Municipais de Tomar, passaram a ter como Comandante, o chefe de Divisão da Proteção Civil, também Comandante Operacional Municipal, Carlos Gonçalves, que veio a ser o primeiro Comandante Profissional dos Bombeiros Municipais de Tomar. Em 2016/17, foram realizadas as últimas obras de requalificação do Quartel.
O Comandante Carlos Gonçalves, acumulou esta função com a de Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém, o que aconteceu pela primeira vez.


O comandante Manuel Mendes entregou assim o comando dos Bombeiros ao comandante Carlos Gonçalves, na presença da presidente da Câmara Municipal, Anabela Freitas e dos restantes elementos de comando, o segundo comandante Vítor Tarana e os adjuntos Vítor Bastos, Carlos Duque e Paulo Freitas, nomeados conforme deliberação de Câmara de 19 de Janeiro de 2015

Versão 2 - Maio de 2018