Artigo publicado no Jornal "O Cidade de Tomar" de hoje
António, edil PSD da nossa ilustre Cidade, propõe-nos este tempo de festividades para a reflexão e para o convívio.
Comecemos então pelo convívio, neste “esforço colectivo de um ano de trabalho”, honrado desde “o passado dia 1 de Dezembro ... com uma iluminação ... acolhedora e harmoniosa para todos quantos nos visitam”. O nosso edil esclarece-nos que é fruto do “esforço que se está a fazer para acompanhar o processo de modernização do País”?!
Só mesmo alguém um pouco distraído pode achar normal que tal investimento se faça no 10º ano do seu mandato, depois de uma “guerra” com a Associação de Comerciantes, e gastando mais de 5 vezes o que era proposto por esta no ano anterior.
O edil PSD António, esclarece-nos que “Tomar é um Concelho concêntrico com um polo urbano forte”, seja lá o que isso for.
Há já algumas dezenas de anos outro António havia afirmado que “Uma Capital, um governo e uma política” era o que nos servia. Será que é isso que o nosso António quer dizer, assim à laia de “tudo pela Nação, nada contra a Nação”? Fica a dúvida...
A iluminação de Natal é, por isso mesmo, um claro exemplo de que neste País Antónios até podem sobreviver muitos anos no poder, mas que acabam por cair, acabam.
Do convívio passemos então á reflexão, partindo de mais uma pequena pérola que passa por sabermos, através do edil PSD António que “mesmo na área da informática e das novas tecnologias o apoio especializado promovido, em Tomar, para residentes é acima da média”. É por demais evidente tal facto, quando estivemos 10 anos para ter uma presença da Câmara na Internet!
A clareza estratégica, de quem acha que “é um mito (para não dizer um erro) querer alavancar o desenvolvimento de uma cidade, de um concelho ou de uma região em empresas vindas de fora”, é espantosa num mundo globalizado. O outro António não defenderia melhor o “Sistema corporativo” da contingência industrial, onde qualquer empresário que quisesse abrir uma industria, tinha de obter autorização das outras que já estivessem a operar nesse ramo. Espantoso como quase 34 anos depois de Abril, um Presidente de Câmara eleito democraticamente pelo povo pode escrever tal enormidade.
Conclui a “encíclica ideologicamente datada” com o habitual “Tomar está no rumo certo”! Pois está, vê-se! Também assim foi durante 48 anos com outro António: no rumo certo!
Se não estivéssemos já no plano do perfeito delírio, teríamos parado “a reflexão” proposta, mas tal já não era possível.
Eis quando nos deparamos com o orgulho “da cidade e do concelho ... porque depois de tanto que foi dito e de tanta notícia fantasiosa e lesiva dos verdadeiros interesses do nosso concelho [No tempo do outro António eram os terroristas em África e os Comunistas no Continente], comparativamente a concelhos da dimensão do nosso (vizinhos incluídos), Tomar é o concelho que mais contribuí para as receitas nacionais do IRS”!!!
Riríamos se o disparate não tivesse atingido a perfeita hipérbole desfocada da realidade vivida e fria dos próprios números publicados na mesma edição do Jornal onde o nosso António escreveu isto que venho citando.
A “notícia fantasiosa e lesiva dos verdadeiros interesses do nosso concelho” é esta: Tomar não só não é o “concelho que mais contribui para as receitas nacionais do IRS”, como não o é no Distrito de Santarém, nem sequer no Médio Tejo.
São os próprios dados oficiais que o desmentem: Tomar não está sequer nos 50 Concelhos de maior receita do País.
É no Distrito o 2º Concelho em termos absolutos de IRS líquido cobrado, com metade do valor de Santarém.
É no Distrito o 5º Concelho do valor médio cobrado por declaração entregue, a seguir aos Concelhos do Entroncamento, de Santarém, de Benavente e Cartaxo.
É no Distrito o 7º Concelho no valor per capita cobrado, a seguir aos Concelhos do Entroncamento, Barquinha, Torres Novas, Santarém, Cartaxo e Benavente.
Com base em valores de total fantasia, o edil PSD António que levava a pena empolgada pelo disparate, afirma peremptório que “é um sinal de que as receitas das famílias de Tomar estão acima da média das de concelhos de dimensão semelhante” e que “a qualidade de vida é acima da média, agora uma vez mais comprovada pelos números desta vez do IRS”.
Fala depois do malfadado ranking das Escolas, quando nem o próprio Ministério e muito menos os profissionais do sector, lhe reconhecem qualquer valor específico.
Fala do ranking das Cidades publicado há alguns meses no Semanário “Expresso”, quando um dos principais factores que valorizavam Tomar era, por exemplo, as acessibilidades melhores aqui do que em Santarém ou Torres Novas, o que como todos sabemos é uma pura idiotice!
Mas o edil PSD António estava votado ao disparate, procurando no seu delírio os Moinhos ao Vento, para com eles se poder debater nas prosaicas lutas fantasistas, pelo Concelho que todos gostaríamos de ter mas que, também por sua culpa, não conseguimos ter.
A nossa maior satisfação é que no Natal temos mesmo de perdoar aos pobres de espírito!