Ou
qual a importância deste pensamento político do teórico florentino
dos Médicis no Renascimento, na mais recente e anunciada convulsão
à direita, com a saída de Pedro Santana Lopes (PSL), do seu desde
sempre PPD/PSD, com o anúncio da criação próxima de um novo
movimento/partido político, por ele liderado.
Falemos
de amor e de ódio em política.
Votamos
mais por amor a determinado candidato ou partido ou mais por ódio à
sua alternativa?
Escolhemos
o líder ou as ideias defendidas pelo seu movimento/partido?
Perdoamos
os pecados dos
atores políticos, como sejam os aditivos que
usam, a sua vida pessoal, os negócios ou a proteção da família e
amigos, da sua falta à verdade e da fuga à justiça, em prol de
sermos bem governados?
As
respostas são várias, variando com os momentos, os locais e os
tempos históricos, mas de uma coisa podemos ter a certeza: quer por
amor, quer por ódio, algo
a que as pessoas em todos os tempos olham é a quem não são
indiferentes. Amor
ou Ódio, tanto faz. O que mata um político, um sistema político,
um partido ou movimento político, é a indiferença.
O
Bloco de Esquerda (BE), esse movimento aglutinador de partidos e
movimentos cívicos pré-existentes, que alternavam entre a defesa de
minorias - sexuais, comportamentais, etc, e de
outras modernidades dos
anos noventa, acrescentada por um radicalismo comunista da quarta
internacional de Trotsky - do início do século passado, fez durante
anos seu o mote do mais relevante dos seus partidos fundadores – a
UDP (União Democrática Popular), de que “Os
ricos que paguem a crise”.
Ora,
o que o recente caso Robles,
neste contexto pôs a nú, foi aquilo que nós na política já há
muito sabíamos: que
o Bloco não era mais do que um somatório de filhos-família -
burgueses
portanto,
ricos ou novos-ricos ou a isso pretendentes, os quais mais não
queriam do que fazer carreira e dinheiro, como acusavam os outros de
quererem, com
aquela sobranceria intelectual que todos constatávamos.
O
discurso das minorias, da defesa dos valores,
da moral e
do (bom/mau)
costume,
da balda, do anarquismo
oportunista, dos
invioláveis direitos do eu em detrimento do interesse geral, mais
não eram do que uma panóplia de populismo barato, visando
obter o maior ganho eleitoral, com o mínimo de esforço e onde está
visto, a coerência propalada era apenas mais um teatro, bem ao jeito
da sua atual e, neste momento, condenada líder...
Nos
antípodas deste amor propalado
pelo Bloco, havia o ódio a Pedro
Santana Lopes, outro filho-família,
representante da direita clássica da Lisboa burguesa, seu enfant
terrible onde
os valores e a moral vigente toleravam, com aquele toque fino, na
qual a burguesia enriquecida com os negócios das colónias e da
exploração das quintas, da antiga nobreza pelo País espalhadas,
mais não eram do que os Carlos da Maia, nos seus Ramalhetes.
PSL,
ele próprio, havia ultimamente passado por vários Ramalhetes: na
gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, depois de o ter
feito no Sporting Clube de Portugal, nas Câmaras da Figueira da Foz
e de Lisboa, contra todas as expetativas e episodicamente num
dos mais curtos governos de Portugal, em 2004, antes dos poderes
financeiros espanhóis (e
outros),
o decidirem substituir por Sócrates,
também ele modernaço representante
dessa mesma burguesia, em 2005...
Amor
e ódio,
sempre essa impressionante dicotomia, presente num Bloco, capaz de
ombrear com os mais empedernidos e doutos pastores evangélicos nos
confins de uma América rural ou de um Brasil periférico, como
presente nos outros filhos-família, burgueses mais ou
menos espertos,
na oportunidade de um negócio ou de um palco, onde impressionar as
mulheres e os homens, com a sua verbe, era o mote.
No
caso do Bloco com uma falta de ética,
hoje posta a nú, porque contraditória com a sua ação e no
caso de PSL, pela sua genuína afirmação dessa Lisboa de onde
emana o País, que mais não é que uma paisagem, dali visto.
Que
sucesso terá o Bloco daqui para a frente ou que atenção irá dar o
País, ao sempre renovado PSL, a caminho dos setenta anos, mas sempre
e eternamente jovem, qual Dandy do século XX, neste adormecido antro
de amorfismo à beira mar plantado?
Sortes
diferentes, que nestes casos o Amor e o Ódio ditarão, na minha
modesta opinião.
O
BE, essa
nova luz da modernidade bacoca, com
um discurso saído dos cânones esquerdistas de antanho, agora
que todos se podem casar, ter filhos dos outros, fumar o que lhes
apetecer, ocupar ou comprar as casas e explorar os alojamentos locais
e outros (bons) negócios, que melhor sirvam as suas públicas
virtudes e os seus vícios privados, está acabado.
Se
até o CDS/PP tem como vice-presidente (e
que foi um competente governante, já agora),
um assumido homossexual e se no PS as teses de extrema-esquerda
são a conversa oficial, que
razão há para alguém continuar a votar no Bloco, que defende uma
coisa e faz outra?
Nenhuma
e, a exemplo daquele PC tonto que em Tomar pensava que Bruno Graça
era a resposta de credibilidade de gestão autárquica, e que se viu
afastado eleitoralmente da vereação precisamente por não o ser, o
Bloco apenas subsistirá para o núcleo duro ou dos seus
investidores, tipo Robles, ou dos deserdados do capitalismo de
Estado, que a geringonça vai criando nas cidades, com a ajuda do
atual PCP e BE...
PSL, essa
nova luz da renovação conservadora – vêm
a contradição marxista da coisa?,
terá naturalmente outra sorte.
Se
parte dos que atuais filhos-família das classes médias altas, que
atualmente votam BE, amanhã o farão no CDS/PP, parte dos que
atualmente votam PS ou PSD, amanhã equacionarão fazê-lo no
partido/movimento de PSL.
E
porquê? Apenas
porque no jogo do Amor e do Ódio, Rio não convence e Costa é o que
é. Será diferente quando Pedro Nuno Santos no PS e Pedro Duarte no
PSD, tomarem aí respetivamente o poder, tranzendo para a liderança
do main
stream político,
a atual geração das jotas da entrada do século XXI? Não, não
será.
Nessa
altura, o então septuagenário PSL estará ainda a levar ao
crescimento do seu movimento/partido, com episódicas participações
nas soluções governativas, à esquerda e preferencialmente à
direita. A
natural europeização do sistema político português é rio
que não se pode parar com as mãos e PSL é o único neste momento a
interpretar bem essa onda...
O
envelhecimento da população, coloca o ênfase na agenda que PSL
apresentou na sua última ação política – a candidatura à
liderança do PPD/PSD, numa resposta
efetivamente alternativa à geringonça,
que a liderança de Rio no PSD não é. Essa
vai ser a razão do seu imediato sucesso, com a expectável eleição
de um ou dois deputados europeus.
Não
esquecer que nas eleições europeias, os movimentos/partidos mais
pequenos são hiper-valorizados, pela elevadíssima abstenção, o
que beneficiará um político, como PSL, ao qual os Portugueses não
são indiferentes. Amor
e Ódio, lembram-se?
O
anátema político, pelo qual viveremos na próxima década em
Portugal, não andará longe daquilo que Maquievel, no seu capítulo
XVIII, dispõe, com a clareza que faz jus ao universal respeito
como pensador, ao nos dizer que “Convém
saber que existem duas maneiras de combater: pelas leis e pela força.
A primeira é própria dos Homens e a segunda dos animais. Mas, como
muitas vezes aquela não chega, há que recorrer a esta, e, por isso
o Príncipe precisa de ser animal e Homem”.
Este
é o tempo de Homens, como o sempre renovado Dandy PSL, e não
das coisas contarditórias
dos Blocos desta vida, de que em Tomar, por exemplo, Pedro Marques e
os seus últimos apoiantes que se acantonaram no PS autárquico local
nas últimas eleições, representam.
Daqui
para a frente, sabemos todos muito bem, para estes o caminho é
sempre para baixo.
Quem
decidirá as próximas eleições - europeias, legislativas e
autárquicas, serão aqueles que hoje com 37-56 anos, são já a
mais significativa faixa da população eleitora (com 35%) e estão fartos de pagar a malandros.
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A nova
política impor-se-á,
mesmo que alguns dos seus principais protagonistas possam ter mais de
sessenta e a caminho dos setenta anos...
E
ainda falta a absolvição do Sócrates, para isto se tornar mesmo
interessante!