A questão que todos os dias muitos dos Tomarenses se colocam é esta: será possível ultrapassarmos 15 anos de oportunidades perdidas, no nosso Concelho?
Desde 1994 que Tomar vive um ciclo negro de oportunidades perdidas, de equívocos e de frustrações diversas. Desde logo o descalabro da última Câmara gerida por Pedro Marques, conforme tive na altura oportunidade de escrever e de recentemente, de forma propositadamente polémica, relembrar: um descalabro de imagem no contexto regional desde logo.
Um descalabro de respeito entre o então presidente, vereadores, deputados municipais, jornalistas, empresários, investidores e cidadãos.Um descalabro de meias verdades e meias mentiras, todos os dias repetidas e faladas, sem se perceber até hoje onde começava e acabava cada uma delas.
Um descalabro na fixação de empresas, de apoio à dinâmica cultural e desportiva, de afirmação regional. Esta última Câmara PS terminou com o “despedimento por justa causa” do então presidente, fartos que estavam os socialistas e os munícipes, de aturar o seu estilo e forma de actuar, sem ouvir nada nem ninguém, sem dar conta e contas do que fazia, dizia fazer ou queria fazer.
Despedimento ainda por conta de um PDM mal amanhado, errado nos pressupostos e pelos dislates que prejudicaram nos anos seguintes milhares de cidadãos.
Seguiu-se uma esperança de algo novo, encarnado pela vitória do PSD/António Paiva, com a promessa entre outras de rápida e imediata revisão do PDM, até hoje.
Promessa de criação da marca templária e do parque temático, anunciado com pompa e circunstância e até hoje fechado na gaveta dos consultores espanhóis que Miguel Relvas à pressa engendrou.
Promessa de que a então “água mais cara do País” diziam, teria os dias contados, mas que o PSD aumentou para o dobro.
Promessa de criação do gabinete de apoio ao investidor e ao emigrante, capaz de relançar Tomar
na senda da fixação de empresas e criação de riqueza sem par, até hoje.
Promessa de ouvir e respeitar as opiniões contrárias ao invés do anterior presidente, logo quebrada pelo braço de ferro com o PSD, de onde acabaria por sair vitima António Fidalgo.
Promessa de investir mais nas Freguesias rurais, facilitando a vida aos seus residentes, prontamente destruída com o continuado encerramento de escolas e redução do apoio às associações
Promessa de tirar partido das oportunidades que sucessivos Governos criaram, como por exemplo o Polis, um rotundo falhanço no alcance que poderia ter.
Dele nos vai sobrar uma ponte, um parque desportivo renovado a preços da Suécia e vários muros de betão armado à vista sobre o rio e pouco mais.
Mas a cereja em cima do bolo destes 15 anos de malfada existência de pérfidos gestores públicos e maus gestores privados, é o contrato de concessão do estacionamento tarifado de Tomar à ParqueT durante 20 anos.
Este verdadeiro “crime público”, capaz de fazer revolver na tumba o nosso fundador, Mestre Gualdim-Paes, deveria dar lugar ao cabal apuramento de responsabilidades, como já por diversas vezes o PS propôs.
Simpático é ver o permanente assobiar para o lado do grupo político de Pedro Marques a esta questão: nunca, mas nunca se pode ir tentar apurar responsabilidades nesta Câmara, não vá o diabo tece-las.
Quem tem afinal medo da transparência? Quem teme pela investigação das circunstâncias em que diversos planos de ordenamento foram realizados, mantidos em stand-by e a conta gotas aprovados e resolvidos, durante estes últimos 15 anos?
Quanto custará a Tomar que nunca se investigue devidamente as circunstâncias que rodeiam o contrato do estacionamento?
Mais importante ainda: quanto custará a Tomar o seu cabal cumprimento?
Quanto custou a Tomar não criar um pavilhão desportivo com dimensão adequada e no local adequado?
Quanto custou a Tomar destruir o seu parque de campismo, sem alternativa em funcionamento?
Quanto custou abandonar à sua sorte o associativismo recreativo, cultural e desportivo?
Quanto custou a Tomar a ausência de uma política de fixação de empresas, para criar empregos e com isso todos podermos viver melhor?
Quanto custou a Tomar viver há mais de 20 anos de costas voltadas para o seu instituto politécnico?
Quantos anos terão todos os tomarenses que ter o seu desenvolvimento hipotecado por força dos erros, das omissões, das incompetências de uma classe política cega, surda e muda perante os desafios do mundo moderno?
Evoluíram ou não de forma visível nestes últimos 15 anos, as cidades do entroncamento, abrantes, torres novas, ourém, cartaxo, almeirim, e rio maior? Criaram Empregos e riqueza e nós não! Porquê?
Mas estas sucessivas levas de responsáveis políticos que durante 15 anos nos governaram, querem enganar quem?
É ou não necessário romper de forma firme e determinada com este ciclo de oportunidades perdidas?
É ou não necessário voltar a acreditar na terra onde nascemos, onde crescemos ou na qual decidimos viver?
Há ou não solução para Tomar?
Eu acredito que sim, lutando todos os dias para ajudar a construir essa solução.
E você está disposto incomodar-se e ajudar também?
Por si, pelos seus filhos e pelos seus netos, não deixe que lhe atirem mais areia para os olhos!