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29.9.20

O Sal está a fazer um Cerco a Lisboa

 Notícia original, aqui

O sal está a fazer um cerco a Lisboa
26.09.2020


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Há tão pouco Tejo que o mar está a subir o rio. Pescam-se hoje douradas em Valada, a 70 quilómetros de Lisboa, onde é captada uma parte da água que abastece a capital. No estuário, os agricultores pegam em tratores para erguer barricadas ao sal. É isto um rio?

POR JUAN CALLEJA E RICARDO J. RODRIGUES ¦ IMAGEM DE RUI OLIVEIRA

A terra está seca e salgada no lugar o Tejo recebe um dos seus afluentes, o Sorraia.


Todos os dias, às sete da manhã, Joaquim Madaleno levanta-se e vai à janela do quarto espreitar o ribeiro que passa ao lado de sua casa. É na verdade um pequeno braço do Tejo que entra pelo norte do estuário – e onde ele instalou uma tábua artesanal de medição de marés. Olhando para aquela régua todas as manhãs, o homem vê o rio mudar.

“Entre os pontos mais extremos da maré alta e da maré abaixa havia até há poucos anos uma diferença média de dois metros. Hoje, a variação pode chegar aos 4,5 metros. Se o tempo está seco, percebo logo que o mar está a galgar o Tejo. E são cada vez mais as vezes em que tenho de soar o alarme”, lamenta. “O rio está simplesmente a entrar em colapso.”

É difícil para quem vive na capital portuguesa perceber as oscilações da água a olho nu. Mas Madaleno é presidente da Lezíria Grande, que na verdade se chama Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira. A invasão salina do rio afeta-o profundamente. A ele e a 135 outros agricultores que trabalham diariamente aqueles 13.420 hectares de terreno. Localizada trinta quilómetros a norte de Lisboa, é a maior exploração agrícola que existe na bacia portuguesa do Tejo.

António Carmona Rodrigues, professor de Hidrologia da Universidade Nova de Lisboa e um dos maiores especialistas portugueses em Recursos Hídricos.


As alterações climáticas estão a criar um fenómeno tão discreto quanto preocupante. “Há 20 anos ninguém pensava nisto, mas os sinais são inegáveis e alguma coisa é preciso fazer”, assume António Carmona Rodrigues, presidente da câmara municipal de Lisboa entre 2004 e 2007, professor na Universidade Nova de Lisboa e uma das maiores autoridades portuguesas no campo da Hidrologia e dos Recursos Hídricos. “A subida da água salgada traz espécies invasoras que destroem os habitats, ameaça a produção agrícola e pode afetar o abastecimento para consumo humano.”

A água salgada tem duas formas de invadir o Tejo. A mais frequente acontece com a maré alta. Há menos água doce a descer o rio e as ondas, sobretudo durante as marés vivas, chegam hoje mais longe do que nunca. Muitas vezes transportam consigo fauna, flora e plâncton, que alteram com grande impacto os habitats das bacias. É a isso que Joaquim Madaleno assiste da sua janela.



Há um segundo tipo de invasão que transforma o rio para sempre – a subida da cunha salina. “As alterações climatéricas e o aproveitamento humano fazem com que menos água doce esteja a descer o rio”, explica Carmona Rodrigues. “Por outro lado, o degelo faz o nível dos oceanos subir. As massas de matéria salgada avançam pelo fundo do rio e vão-se estabelecendo progressivamente.”


Imagine cozinhar um bolo mármore. É um doce tradicional dos dois países onde corre o Tejo e é feito com duas massas, uma de baunilha, outra de chocolate. São colocadas alternadamente no mesmo tabuleiro antes de irem ao forno sem serem misturadas, para que tenham o aspeto de uma pedra mármore. Se se deitar em simultâneo de um lado do tabuleiro a massa clara e do outro a massa escura, o chocolate, que é mais denso, avança progressivamente pelo fundo, ocupando toda a parte de baixo da forma.

No Tejo, o chocolate é a água salgada. Como é mais densa, avança como a lava de um vulcão, rio acima – e estabelece-se. Enquanto a maré alaga, a cunha salina engole.
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Manhattan, Ribatejo




Joaquim Madaleno dirige a Associação dos Beneficiários da Lezíria de Vila Franca de Xira.


Para os agricultores da Lezíria Grande, o futuro já chegou. “Aqui, aqui e aqui” – e Joaquim Madaleno aponta o braço para as margens da Reta do Cabo, um troço de 10 quilómetros da estrada nacional 10 que divide a propriedade a meio – “plantava-se milho, beterraba e melão, e era assim há décadas.”

Junto ao alcatrão ainda se veem algumas das tradicionais vendas de melão, mas é produto que já não vem daquelas terras. “Uns vêm das hortas mais para sul, mas a maioria compro no supermercado”, diz uma vendedora sem querer dar nome para não comprometer o negócio. “O melão já não pega, há sal a mais.”

O tomate, cujo preço no mercado internacional disparou na última década, ocupa agora quase toda a metade norte dos terrenos. “A zona sul está quase toda plantada com arroz, que é um produto de alagamento, em que 90 por cento da água serve como estabilizador térmico – e por isso é mais resistente ao sal”, explica Joaquim Madaleno.






A Lezíria Grande é uma das mais produtivas explorações agrícolas portuguesas

O tomate aguenta quase um grama de sal por litro de água, o arroz dois. O melão não aguenta quase nada. “Somos a agricultura moderna, que funciona e contribui para a economia do país”, diz o presidente da uma exploração onde noventa por cento da produção é vendida para outros países, e a Lezíria Grande dá emprego de forma directa e indirecta a 3500 pessoas. “Mas para funcionarmos precisamos de água doce. E temo-la cada vez menos.”

Foi em 2005 que os problemas se começaram a tornar verdadeiramente graves. Maria Caeiro, engenheira agrícola que trabalha na Lezíria Grande, tem entre outras responsabilidades monitorizar os níveis de salinidade da água do Tejo que entra na propriedade. Como as terras estão abaixo do nível médio da água do mar, são circundadas por um dique de 67 quilómetros e a irrigação dos terrenos é feita por gravidade. Abrem-se e fecham-se as comportas ao rio à medida das necessidades da rega.

No verão desse ano, a Estação Elevatória do Conchoso, já 50 quilómetros a norte de Lisboa, marcava três gramas de sal por litro de água. “Era algo de imaginável, ultrapassarem um grama”, diz Caeiro. “Tivemos de fechar as comportas.”

Maria Caeiro, técnica agrícola, diz que os níveis de salinidade estão a subir de forma alarmante.


A Lezíria Grande também é uma espécie de ilha, uma enorme Manhattan onde numa frente circula o Tejo e na outra o Sorraia, um dos seus afluentes. “Quando não conseguimos ir buscar água de um lado vamos ao outro. Mas nem sempre é possível, porque o Sorraia tende a secar no verão”, conta a técnica.

Nesse 2005, por sorte, ambos os rios tinham água, mas a cunha salina avançava com tanta força que estava a subir o outro rio também. No dia 25 de agosto, os agricultores juntaram-se para fazer algo inédito. Todos os tratores da cooperativa foram mobilizados e ergueu-se uma barreira de terra no Sorraia, para que a água salgada que vinha do Tejo não pudesse avançar mais. Com esse garrote, salvaram-se pelo menos as culturas.

Em 2012, a salinidade ultrapassou os quatro gramas por litro e os produtores voltaram a levantar uma barricada ao sal. O mesmo aconteceu em julho de 2019 – o que fez estoirar polémica porque a medida foi tomada à revelia da Agência Portuguesa do Ambiente. “Tínhamos de fazer alguma coisa, ou perdíamos tudo”, diz Joaquim Madaleno.



“O que sabemos é que a salinidade é cada vez maior. Há picos inesperados e cíclicos, algo que nunca tinha acontecido antes. As alterações climatéricas estão a matar o maior rio da Península Ibérica a uma velocidade alarmante. E toda a gente continua de braços cruzados, à espera que o assunto se resolva sozinho.”
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Águas livres







Ao final da tarde, velejadores e pescadores ribeirinhos costumam juntar-se na esplanada do clube náutico da povoação de Alhandra, em Vila Franca de Xira, para atualizar as novidades da faina. Aqui há muito que deixou de ser novidade que as douradas, peixes de água salgada que desovam nos estuários dos rios, formaram uma colónia em Valada do Ribatejo, 70 quilómetros a norte de Lisboa.

“Ainda não os vi, mas já há pescadores a vê-los na Ponte de Muge, mesmo às portas de Santarém. As bogas e os safios, esses, é que já ninguém os apanha”, diz Carlos Salgado, 80 anos, lobo velho do charco e fundador da mais antiga ONG de defesa do rio, a Associação dos Amigos do Tejo. “Há dias ligaram-me porque deram com alforrecas na Azambuja. E eu, que ando nestas águas há 65 anos, nunca vi uma coisa destas.”

Carlos Salgado, da Associação dos Amigos do Tejo, está preocupado com as informações dos pescadores. Os peixes de água salgada estão a subir o rio.


Na última década, os pescadores viram a amêijoa japonesa instalar-se no estuário, a corvina e o siluro a tomarem o rio – e um estudo do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, laboratório de investigação da Universidade de Lisboa, alertava em 2017 para o facto de, das 64 espécies que habitam a bacia do Tejo, 19 serem exóticas.

Quando os pescadores vêm as douradas em Valada, quando os agricultores da Lezíria registam quatro gramas de sal por litro no Conchoso, é inevitável que se coloquem uma pergunta: quanto tempo falta até os cidadãos que vivem na área metropolitana de Lisboa terem água salgada a escorrer das torneiras?

Há essencialmente dois pontos de captação de água para abastecer a capital portuguesa: a barragem de Castelo de Bode, no rio Zêzere, e a estação de Valada, no Tejo. A primeira assegura 80 por cento das necessidades, a segunda 20. Mas a importância estratégica de Valada é maior do que parece: se houver contaminação na fonte principal (e em 2017 temeu-se que isso acontecesse por causa dos incêndios que assolaram a região e provocaram deslizamento de matéria orgânica para a água), aquela é a principal alternativa.

A estação de captação de águas do Tejo em Valada abastece uma parte da área metropolitana de Lisboa. A EPAL está preocupada com a subida do sal, mas diz que o abastecimento não está em risco.


Foi em Valada do Ribatejo, 70 quilómetros a norte de Lisboa, que foram feitas as primeiras captações de água do Tejo para abastecer a cidade – e o facto revelou-se de tamanha importância que o governo de Salazar decidiu em 1940 construir na Alameda D. Afonso Henriques uma enorme Fonte Luminosa para assinalar o facto-. A estação atual só seria construída 23 anos depois. “Nessa altura ninguém pensava que a salinidade pudesse chegar tão longe”, diz António Carmona Rodrigues.

Vanessa Martins, engenheira do ambiente da EPAL.


A Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL), que coordena o abastecimento de água à região de Lisboa, é peremptória em afirmar que a água em Valada não está em perigo. Num dia de visita às instalações, aliás, a empresa recrutou uma verdadeira comitiva para falar com os jornalistas. Vieram os diretores de comunicação, de operações e dos laboratórios da companhia, o responsável pela infraestrutura de Valada e a engenheira de ambiente que trabalhou nos estudos sobre os perigos que a salinidade poderia trazer àquela estação de captação. A EPAL empenhou-se em mostrar que o abastecimento das torneiras está garantido.

Em 2012 a EPAL encomendou um estudo sobre os perigos que as alterações climatéricas poderiam causar no abastecimento e captação de água às populações. Chamava-se Adaptaclima, foi comandado por António Carmona Rodrigues e teve em Vanessa Martins, a engenheira do ambiente, uma das operacionais que trataram os dados.

“Colocámos várias conjunturas em cima da mesa quando falámos de salinidade”, explica Martins. “O pior cenário possível mostrava uma subida do nível do mar extrema e uma descida do caudal do rio para metade até ao final do século. Ainda que isso acontecesse, a cunha salina permaneceria ainda a cinco quilómetros de Valada.”


As medições à condutuvidade do Tejo, que permitem auferir o índice de salinidade, são constantes em Valada.

Mas o aumento de salinidade no rio também preocupa a EPAL. “Mas claro que o sal é um problema”, constata Francisco Serranito, diretor de operações da empresa. “No final do relatório de 2012 havia indicações para que os estudos fossem atualizados regularmente, porque as alterações climáticas provocam mudanças grandes e rápidas. Queremos ainda este ano lançar um novo Adaptaclima para percebermos, entre outras coisas, a evolução da cunha salina.”

A cinco quilómetros de Valada fica a estação onde a água é tratada, Vale de Pedra. Foi remodelada há dois anos, é uma infraestrutura moderna. “Medimos ao segundo a condutividade da água, para perceber os níveis de sal”, diz Luís Bucha, responsável por estas instalações.

O diretor dos laboratórios, Rui Neves Carneiro, atira isto: “Se os níveis de salinidade ultrapassassem os piores cenários que prevemos, teríamos de construir uma unidade dessalinizadora para a água doce continuar a chegar às torneiras de Lisboa. Isso encareceria os custos, obviamente, e ninguém quer esse futuro. Mas temos consciência de que, ainda que não estejamos hoje em risco, podemos vir a estar.” A contenção da cunha salina não vai poder esperar muito mais tempo.
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Cuidados paliativos




Os perigos da salinidade já se fazem sentir na agricultura da região de Lisboa. E o sal continua a subir o rio.


A história daquilo que falha na foz de um rio começa normalmente no lugar onde ele nasce, o que no caso do Tejo fica 1,038 quilómetros a montante – nuns montes de calhaus na serra de Albarracín, em Aragão.

As barragens de Entrepeñas e Buendía, uma centena de quilómetros a jusante, são as primeiras onde se consegue medir a disponibilidade de água na nascente. Em 40 anos, o Tejo perdeu metade da água na cabeceira por efeito direto das alterações climáticas, nomeadamente por causa do aumento das temperaturas e da diminuição das precipitações.

Ao longo do percurso, os afluentes voltam a engordar o leito, mas os homens condicionam o curso da água com barragens, transvases e centrais nucleares. “O Tejo também perdeu um quarto da pluviosidade em 20 anos”, reconhece o ministro do ambiente português João Pedro Matos Fernandes. “É bastante claro que temos um problema.” Há outros rios na Europa a perderem caudal de água, nomeadamente o Reno. Mas nenhum ao ritmo do Tejo.

O governo português acredita que só resolvendo a irregulariedade do caudal se resolve a invasão salina do Tejo.


Há dois anos, um grupo liderado pelo engenheiro hidráulico Jorge Froes apresentou ao governo um plano de irrigação da bacia do rio que previa, entre outras coisas, a construção de cinco açudes para travar a invasão salina. O Projeto Tejo causou revolta entre associações ecologistas como a Zero ou a Geota, que o classificaram como “um potencial desastre ambiental”. Ainda assim, o ministério da agricultura português prometeu lançar um concurso para avaliar o impacto do mesmo ainda em 2020.

O ministro do ambiente Matos Fernandes diz que não aprova a contra a construção de mais barreiras. Não gosta deste plano, e tem outro. “A única forma de regularmos o caudal do rio é construirmos uma barragem no rio Ocreza, junto à fronteira com Espanha, apenas com fins ecológicos, para mantermos um fluxo homogéneo de água doce.” Diz-se consciente de que um enorme reservatório terá impacto ambiental, mas é urgente avançar com medidas. “Os estudos de viabilidade arrancarão ainda em 2020”, promete. Seja como for, nenhuma solução virá sem novos custos ambientais.

No seu último troço, o Tejo já não consegue disfarçar as falhas que acumulou ao longo do percurso. À chegada a Portugal, a água do Tejo é cada vez menos, e esse é o ponto fundamental que faz os pescadores e agricultores na região de Lisboa levarem as mãos à cabeça. E depois há isto: um transvase que desvia uma grande parte da água na nascente para regar milhares de hectares de frutas e hortaliças no Levante espanhol, uma sucessão de barragens mesmo antes da água passar para Portugal, fábricas e indústria que poluem o pouco que existe.

O mar continua a entrar pela foz do rio Tejo e a subir a corrente.


Oiçam-se dois ambientalistas, um de cada lado da fronteira. Paulo Constantino, do movimento português ProTejo, diz que “a grande estrada fluvial ao longo da qual se estabeleceu quase metade da população da Península Ibérica tornou-se um caminho de cabras que já ninguém quer atravessar.” Miguel Ángel Sanchéz, da espanhola Plataforma em Defesa do Tejo e , diz que “até aos anos sessenta o rio era um rio, mas obrigámo-lo a trabalhar como uma besta. E agora o Tejo está morto.”

A série “Tejo: como matar um rio” foi feita ao abrigo da bolsa Reporters in the Field, promovida pela associação n-ost e pela fundação alemã Robert Bosch, e é publicada simultaneamente pelo jornal luxemburguês Contacto, pelo português Diário de Notícias e pelo espanhol El País.

25.9.20

O que é a Economia Circular, sabe?

Economia Circular é um conceito estratégico que assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.



Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável. 

21.9.20

Novo PDM de Tomar é já Estratégico ou ainda é Racionalista?

Estamos prestes a ter a versão pública do novo PDM de Tomar, já terminado em 2016, mas sobre ele - e do que conheci até ao final de 2015, quando por minha iniciativa solicitei a exoneração de Chefe de Gabinete do Município, farto que estava do ATL, abordarei a seu tempo, de forma completa.



No entanto sobre ele, convém refletir e identificar:

-A escola de Chicago nos Estados Unidos (anos 40), a qual contribuiu para a evolução do planeamento e consequentemente no seu desenvolvimento do modelo de planeamento racional. Este modelo, assenta numa sequência de ações de acordo com um determinado percurso, cuja sequência é definida em quatro passos fundamentais, tais como: a análise da situação, a definição do percurso a seguir, a avaliação comparativa de alternativas e a seleção da melhor alternativa.

-A escola de Investigação Operacional em Coventry, na Grã Bretanha(anos 60), foi criado uma nova estrutura chamada de modelo estratégico, o qual se veio a tornar numa alternativa ao modelo racionalista. Este novo modelo caracteriza-se por ser cíclico, de contínua interação e incerteza, em situações de conflito torna-se mais flexível e adaptativo, por isso torna-se mais próximo da realidade e do poder da decisão.

Em conclusão, estes dois modelos racionalista e o estratégico, constituem os dois grandes métodos de planeamento. Na realidade, ambos são utilizados de uma forma combinada, por vezes, o que permite a obtenção de soluções de planeamento diversas e mantendo as suas características de cada unidade de planeamento.

Claro que a equipa do Prof. Antunes Ferreira, que desde 2007 vem coordenando os trabalhos de revisão, irá apresentar a versão, sobre o modelo misto, mas dito de visão estratégica, ou pelo menos aparentando tal.

Do que me lembro, ele assentará em quatro vetores:
1 - Dinamização económica;
2 - Estruturação da mobilidade;
3 - Estruturação dos espaços urbanos;
4 - Valorização ambiental e da paisagem

A seu tempo iremos ver se o pecado original do Plano - macrocêntrico o, na cidade e nos seus arredores diretos, com a política dos chamados centros cívico, muito ao estilo "sul-africano" do Paiva (PSD, 1998-2008) se mantém.

Depois do disparate do Projeto de requalificação da Av. Nuno Álvares, sem a instalação de uma rotunda, do enfiamento da Av. Luis Bonet, que vem da nova Ponte do Flecheiro, o que é de esperar é mesmo um SEGUIDISMO bacôco, provando que o único que projetou a cidade/concelho, até hoje - E MAL,  foi Paiva e todos os que lhe seguiram, são meros meninos de coro, o que até nem é de estranhar,...


A ler:

17.9.20

Desenvolvimento sustentável, porquê?

O conceito de o desenvolvimento sustentável começa com o relatório Brundtland (1988) em que é definido como o "Desenvolvimento que satisfaz a necessidade do presente, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades".


Logo após a segunda guerra mundial, surgem os primeiros indícios de que a economia mundial e o grande poder económico que está subjacente à melhoria da qualidade de vida e poder de compra, começam a ter um impacte negativo no ambiente.

Começam então a surgir as primeiras decisões politicas, através de legislação com objetivos de mitigar a ação do homem sobre o ambiente que se torna visível na saúde dos ecossistemas.


Ao longo destes últimos anos, verifica-se que o problema do desenvolvimento insustentável, não foi sanado, pelo contrário, tomou contornos indesejáveis a que se tornaram os problemas ambientais e climáticos que hoje podemos observar.

A pouca ou nenhuma vontade dos governantes mundiais e mesmo dos locais, demonstram assim a sua fraca apetência para se comprometerem o crescimento económico em detrimento do ambiente. 

O capitalismo tem prevalecido ao longo destes últimos anos, e a legislação que tem sido criada é medíocre e pouco objetiva intencionalmente, gerando ambíguas interpretações, não punindo os infratores que são responsáveis pela destruição de um bem comum, isto porque estes também normalmente encontram-se salvaguardados nas sua "torres de marfim" alheios aos problemas causados pela atitudes que afetam as classes ou países socialmente mais pobres.

O tema "ambiente sustentável" tornou-se moda, o que é muito popular para os políticos que se intitulam de defensores do mesmo, mas será que é assim? Infelizmente e pelo que se observa na generalidade dos políticos mundiais é de uma hipocrisia e de um cinismo tal, porque nas cimeiras mundiais sobre o ambiente saem orientações legislativas e acordos assinados, mas que na prática não se veem os seus efeitos. 

Os países mais ricos continuam a financiar as explorações de combustíveis fosseis ou financiam as novas tecnologias, inovadoras e limpas, financiamento este, que vai passando de entidade em entidade até chegar ao destinatário, que se pode comparar com um curso de "agua a percorrer areia até ao seu destino final".

Em conclusão, uma das formas de promover a disseminação do conceito de ambiente sustentável, é "dar gás" ao trabalho orientado e debatido nas escolas desde o primeiro ciclo, em que a sustentabilidade ambiental está nas mãos de cada um com simples ações do dia a dia, como: andar mais a pé ou de bicicleta, na compra de um produto, verificar se a embalagem é de origem ou pode ser reciclado gastar menos em equipamento tecnológico de ultima geração caso não se justifique, quando comprar produtos perecíveis ter o cuidado de levar o que realmente consome e evitar desperdícios, etc.  A ideia e os objetivos serão assim passados para os progenitores e para a sociedade, com maior eficácia e eficiência. 

Tenho como garantido que sem planeta, não à economia de certeza e infelizmente estamos todos no mesmo barco.

E assim fala Zaratrusta...

13.9.20

Afinal a capacidade do Atlântico Norte para absorver CO2 é menor...

 Artigo original (em inglês) aqui

[Notícia original de 3/4/2020]


Pesquisa sobre o plâncton do oceano provavelmente levará a uma revisão negativa dos cálculos climáticos globais

As flores do fitoplâncton são visíveis do espaço nesta imagem de satélite de 2017 tirada do estreito de Gibraltar.
As flores do fitoplâncton são visíveis do espaço nesta imagem de satélite de 2017 tirada do estreito de Gibraltar. Fotografia: Suomi / VIIRS e Modis / Nasa

O Atlântico Norte pode ser um aliado climático mais fraco do que se acreditava, de acordo com um estudo que sugere que a capacidade do oceano de absorver dióxido de carbono foi superestimada.

Uma primeira amostragem de inverno e primavera de plâncton no oeste do Atlântico Norte mostrou que os tamanhos das células eram consideravelmente menores do que os cientistas presumiram, o que significa que o carbono que elas absorvem não afunda tão fundo ou rápido, nem permanece nas profundezas por tanto tempo .

Esta descoberta provavelmente forçará uma revisão negativa dos cálculos do clima global, dizem os autores do estudo apoiado pela Nasa, embora não esteja claro por quanto.

“Encontramos um equívoco. Definitivamente impactará o modelo de fluxos de carbono ”, disse o microbiologista Steve Giovannoni da Oregon State University. “Isso exigirá mais do que apenas um pequeno ajuste.”

Os pesquisadores dizem que a floração do fitoplâncton na primavera no Atlântico Norte é provavelmente o maior mecanismo biológico anual de sequestro de carbono do planeta. Como uma vasta floresta de minúsculas plantas na parte superior do oceano com a luz do sol, eles absorvem o dióxido de carbono por meio da fotossíntese. Quanto maior o plâncton, maior a chance de afundar na zona mesopelágica profunda do oceano, onde o carbono pode ficar preso por mais de 1.000 anos.

Até agora, os modelos climáticos presumiam que as diatomáceas - um dos maiores tipos de plâncton - eram dominantes. Mas o estudo, publicado no International Society for Microbial Ecology Journal , revela que eles são uma parcela muito pequena da biomassa quando comparados com cianobactérias, picofitoeukaryotes e nanophytoeukaryotes muito menores.

Isso era esperado no inverno, mas a equipe de pesquisa descobriu que mesmo na primavera - pouco antes da floração anual - havia muito menos diatomáceas no oeste do Atlântico Norte do que o previsto

“Nós perguntamos, como nossas impressões desta região oceânica podem estar tão distantes?” Disse Giovannoni. “Existem três possibilidades: novos equipamentos que nos permitem ver o plâncton menor com mais clareza, o fato de estudos anteriores terem se concentrado em regiões mais orientais e as mudanças climáticas alterando a biologia do oceano”.

Embora as descobertas deste estudo de uma parte do Atlântico Norte - grande parte dele realizado em fortes ventos fortes - não se apliquem necessariamente a todos os oceanos, Giovannoni disse que destacam o quão pouco se entende de biologia marinha, bem como a necessidade de aproximação -up estudo.

A Nasa e outras agências de monitoramento por satélite já usaram imagens do espaço para avaliar a capacidade de redução de carbono das proliferações de algas, mas precisarão revisar as suposições nas quais seus cálculos se baseiam.


• O título deste artigo foi alterado em 4 de abril de 2020 para deixar claro que a história é sobre o Atlântico Norte, nem todos os oceanos como sugerido em uma versão anterior.

9.9.20

Combustíveis fósseis - a grande marcha...

 

1.

Estes foram o verdadeiro patamar e impulso da revolução industrial e nos nossos dias continuam a ser na medida em que a diversidade de produtos, meios e utilidades quanto ao produto final extraído, ou seja o petróleo, não serem até o momento objeto de substituição, embora face às tentativas para o mesmo, essa dependência ser insubstituível. Nesta minha idade dispondo do comodismo de todos os bens materiais existentes que neste momento disponho para a vivência diária, comparo com aquilo que até um tempo atrás (quarenta e dois anos até ao momento) que me recorde, me era facultado pelos meus pais e me era apresentado pelo quotidiano para viver, seja estudar, brincar, viajar, comunicar, ver ou passar o tempo.

Na verdade sem os combustíveis fósseis ou seja o petróleo que é o produto extraído dos mesmos, não seria igual como a conhecemos. Dos inúmeros derivados do mesmo, tantos e mais usos dos mesmos resultam produtos finais que usamos e nos facilitam a vida. Mas para chegarem ao produto final, desde a sua prospeção, perfuração, extração e refinação envolve uma grande dinâmica de mão-de-obra e maquinaria. A partir daí, põe em marcha uma diversificada gama de indústrias à petroquímica ligada e dependente desta, para obter e produzir os combustíveis e lubrificantes para automóveis, aviões e navios, gerar eletricidade, produzir plásticos, detergentes, medicamentos, conservantes, borracha, nylon, fibras sintéticas, ceras, rezinas, inseticidas, asfaltos, etc.

No caso da motorização, sendo ela movida maioritariamente a combustível fóssil, sendo esta o motor principal para manter a economia mundial a funcionar e mantendo-se esta competitividade do homem não parar de querer cada vez mais, vai se adiando a sustentabilidade do meio ambiente, uma vez que esta é a causa principal da degradação desse meio ambiente devido à libertação do dióxido de carbono para a atmosfera, carbono esse existente ainda o planeta não tinha atmosfera habitável e que em tempos remotos se sedimentou na terra.

Tem que existir uma calamidade para que o homem se mentalize que tem obrigatoriamente de parar e não é por acaso que o momento pelo qual estamos a atravessar o prova, porque estudos realizados mostram que a emissão nestas últimas semanas abrandou significativamente devido à menor libertação de dióxido de carbono pela reduzida circulação automóvel.

2.

Os combustíveis fósseis têm sido o verdadeiro "motor" de toda a evolução que temos sentido em todas estas décadas. Sem essa capacidade energética nada seria possível. O que significa que a disponibilidade de energia é mesmo a peça fundamental. 

Imaginem o que seria de nós se, nesta fase de tantas restrições mundiais com a pandemia, deixássemos de ter energia elétrica... seria o caos.

Mas se "Tem que existir uma calamidade para que o homem se mentalize que tem obrigatoriamente de parar e não é por acaso que o momento pelo qual estamos a atravessar o prova, porque estudos realizados mostram que a emissão nestas últimas semanas abrandou significativamente devido à menor libertação de dióxido de carbono pela reduzida circulação automóvel." Espero também que esta situação possa ajudar mais algumas pessoas, em particular lideres mundiais, a ter outra visão do mundo, face à diminuição de poluição devido à paragem provocada pela pandemia que trará também algumas, pequenas, melhorias ambientais, uma espécie de pequeno "descanso" ambiental. 

3.

O petróleo só ganhou importância com a introdução do motor de combustão interna o qual era alimentado por álcool ou derivados de petróleo (gasolina, gás e mais tarde gasóleo), o que aconteceu só na chamada 2ª revolução industrial, que ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. O grande impulsionador da 1ª revolução industrial, e que dominou até ao século XX, foi outro combustível fóssil, o carvão mineral ou hulha, que alimentava as maquinas a vapor. Estas sim, foram pioneiras no oferta de força motriz em qualquer lado e a trabalhar 24/24h, geraram por isso uma reorganização dos processos de produção aumentando exponencialmente a produtividade. 

Não podemos resumir os combustíveis fosseis apenas ao petróleo ou seus derivados, embora estes sejam os mais populares e mais usados numa serie de utilizações. Não devemos esquecer o gás natural, essencial em industrias e aquecimentos domésticos nos países nórdicos, e o carvão mineral e seus derivados que são utilizados na indústria química, siderurgia ou para alimentar ainda hoje centrais elétricas. Todos eles emitem gases poluentes na sua queima, CO se for mal oxigenada ou CO2, NOx (óxidos de azoto) dependendo da pressão. Ou conforme as impurezas que contenham podem emitir SO2 (dióxido de enxofre) ou outros.

Todos os hidrocarbonetos, como bem sabemos, derivam de matéria orgânica, ou seja seres vivos cujos seus restos mortais não se decompuseram dada a falta de condições de permeabilidade, oxigenação, etc. E todos têm por isso como principal elemento o carbono -C- (presente por exemplo nos hidratos de carbono que consumimos) que é o alimento da vida/célula, ligado na formação molecular elementar a 4 -H- átomos de hidrogénio, elemento natural da molécula de água também essencial à vida, formando assim a molécula mais simples de hidrocarboneto o metano CH4 (nesta ligação covalente os átomos de H partilham os seus 4 eletrões com o C  ficando este equilibrado com 8 eletrões na sua camada de valência). Conforme as condições físico-químicas dos solos, as impurezas existentes e o tipos de organismo (animal ou vegetal) o resultado da transformação dos organismos será  petróleo (óleo pétreo), carvão ou gás.

4.

Na verdade os combustíveis fósseis, o resultado da transformação da matéria orgânica de plantas e animais sedimentados por força das pressões e temperaturas, não é só o petróleo como passei a ideia na minha abordagem, mas também o carvão e o gás natural, ou seja os hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos quimicamente formados maioritariamente por átomos de carbono e hidrogénio, ardem. Daí serem combustíveis. Numa combustão são libertados gases sobe a forma de dióxido de carbono e metano, constituinte principal do gás natural. Assim este, apesar de serem uma melhor opção (mais limpa) para o nosso meio ambiente, libertando menos emissões de enxofre, azoto e carbono não deixa de ser uma queima de material inorgânico sobe a forma dos constituintes referidos, libertando dióxido de carbono. Da mesma forma, seja o petróleo ou o gás natural utilizam a mesma forma de exploração, pesquisa e sondagens, sendo extraídos pelas mesmas técnicas. O gás convencional como sabemos encontra-se e fica aprisionado da mesma forma que o petróleo, em bolsas abaixo das rochas impermeáveis sendo extraído da mesma forma que o petróleo. No gás não convencional é utilizado o fraturamento hidráulico no sentido horizontal, onde numa apenas perfuração convencional se podem encontrar através da perfuração horizontal, inúmeros reservatórios de gás. 

Paradigma ou não e colmatando a minha ideia sobre os combustíveis fósseis, dever-se-á no imediato contrapor a “queima” de hidrocarbonetos, devendo o “homem” fixar novas pretensões sobre o futuro, baseado no que no presente tem ao seu alcance para deixar o seu legado.

7.9.20

Vamos à la praya - Loona

Porque parece que o verão não nos quer deixar,...

5.9.20

O que é o TURISMO sustentável?

Turismo Sustentável é aquele que tem em conta os atuais e futuros impactos económicos, sociais e ambientais das suas atividades, tendo em consideração as necessidades dos visitantes, do meio ambiente, das comunidades locais e das organizações económicas. Entende-se por Turismo, o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros.
Adaptado de Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas


A discussão sobre a ideia de turismo sustentável é relativamente recente. Contudo, foi no primeiro Tratado da União Europeia - Tratado de Maastricht em 1992 - que foi abordado o conceito da sustentabilidade, tendo sido atribuídos os seguintes objetivos: “a promoção de um progresso económico e social equilibrado e sustentável, um crescimento sustentável e não inflacionista, um alto grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias, um elevado nível de proteção e de melhoria da qualidade do ambiente e da qualidade de vida”.



O tipo de desenvolvimento proposto (no tratado da EU) supõe preservar valores morais de bem-estar através do uso racional dos recursos e dos direitos, em que assenta a “liberdade, justiça, solidariedade e a equidade social”, revendo e adequando as políticas de gestão ambiental, populacional e administrativas, de modo a que elas garantam uma consonante relação entre a dinâmica da sociedade e a natureza.

Posteriormente em 1995 entrou em vigor o acordo de Schengen eliminando os controlos fronteiriços nos países da União Europeia (UE), contribuindo estes fatores para a expansão do turismo.

Assim, As finalidades do turismo “sustentável” encontram-se no meio social, permitindo garantir às populações as condições essenciais para a melhoria da qualidade de vida; na economia, que contribui para a solução do problema económico como fator de dinamização da atividade económica global; na territorialidade, na contribuição da compensação ou atenuação dos desequilíbrios regionais; no património, de forma a proteger ambiente e valorizar o património cultural; e na cultura que é muito importante para o turismo, sendo um instrumento de promoção e divulgação de uma herança de conhecimentos, atitudes e experiências que contribuem para criar novos valores .

Neste contexto os princípios de sustentabilidade são aspetos do desenvolvimento turístico que contribuem para a promoção dos sectores público e privado e geram benefícios para as comunidades de acolhimento.


Há mesmo várias denominações no turismo, como: turismo alternativo, turismo ecológico, turismo verde, turismo rural etc.

Concluí que qualquer tipo de turismo pode ser considerado sustentável desde que adote o mesmo conceito do desenvolvimento sustentável, ou seja: proteção dos recursos naturais, justiça social e eficiência económica.

Neste contexto a ideia de sustentabilidade no turismo tem como condição sine qua non a manutenção da atividade por um longo prazo.



O crescimento exponencial do turismo nas últimas décadas traz novos desafios sociais, económicos e ambientais. Apesar do impacto positivo no crescimento económico, o turismo tem contribuído para o aumento das desigualdades e da poluição e para a descaracterização de espaços locais – como se verificou até ao início da pandemia em 2020 em alguns bairros de Lisboa e Porto, estando associado à expulsão de antigos habitantes e à especulação imobiliária.

Quando abordado numa perspetiva sustentável, o turismo tem impacto positivo na redução da pobreza e na promoção do diálogo e entendimento entre os povos – facilitando o reconhecimento da riqueza das várias civilizações e do valor das diferentes culturas, contribuindo assim para a paz mundial.

Para ser uma atividade geradora de valor social, económico e ambiental sustentável, o turismo deve promover:
• o respeito pela autenticidade das comunidades locais, apoiando a conservação das heranças culturais e dos valores tradicionais, o entendimento intercultural e a tolerância;
• o uso adequado dos recursos ambientais, respeitando e ajudando a conservar a herança natural dos territórios e a sua biodiversidade;
• benefícios socioeconómicos distribuídos de forma justa por todos os atores envolvidos, incluindo emprego estável e oportunidades de geração de renda nas comunidades locais, contribuindo para a redução da pobreza.

É urgente que cidadãos, turistas, empresários e governantes, pensem como podem promover um turismo que contribua, de forma integrada, para o bem-estar e a qualidade de vida, promovendo um desenvolvimento sustentável.





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Mais sobre Turismo sustentável, em: 

https://www.sustentavelturismo.com/

https://ddesenvolvimento.com/portfolio/turismo-sustentavel/

1.9.20

Projeto financiado por Bill Gates pode vir a substituir combustíveis fósseis

 Notícia original, aqui

A Heliogen, uma empresa norte-americana que desenvolve formas de energia limpa, anunciou esta terça-feira que alcançou o seu objectivo: foi capaz de transformar a luz solar num combustível. O desenvolvimento deste mecanismo foi financiado por Bill Gates, co-fundador da Microsoft e um dos homens mais ricos do mundo – conhecido, aliás, pelo seu trabalho no campo do desenvolvimento humano através da fundação Bill & Melinda Gates e pelos seus investimentos em startups tecnológicas – e também pelo dono do Los Angeles Times, Patrick Soon-Shiong.


A Heliogen foi capaz de concentrar a energia solar para um só núcleo através de centenas de espelhos e de armazenar este calor, que pode atingir temperaturas superiores a 1500 graus Celsius. “Somos capazes de atingir estas temperaturas revolucionárias como resultado de um software de visão computacional que alinha com precisão uma grande variedade de espelhos. Estes espelhos reflectem a luz solar para um único alvo”, explica a empresa em comunicado.

FotoOs espelhos vistos de cima HELIOGEN

O director executivo da Heliogen, Bill Gross, diz que “o mundo tem uma janela muito limitada para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa” e que este poderá ser um passo importante em frente. 

“A esta temperatura podemos substituir o uso de combustíveis fósseis em processos industriais críticos como a produção de cimento, aço e petroquímicos [produção de materiais derivados do petróleo], reduzindo drasticamente as emissões de gases de efeito estufa destas actividades”, lê-se no comunicado da entidade.

Esta conquista científica foi atingida nas instalações comerciais da Heliogen em Lancaster, na Califórnia, nos Estados Unidos. Até agora, a empresa terá sido a única a conseguir comercializar este tipo de tecnologia: os sistemas solares térmicos de concentração que foram produzidos anteriormente atingiram temperaturas de “apenas” 565 graus Celsius – ​úteis para gerar energia, mas insuficientes para muitos processos industriais que exigem temperaturas muito mais altas.

A alta precisão óptica permite que a tecnologia gere elevadas temperaturas com eficiência, enquanto o baixo custo do programa torna o sistema comercialmente viável para vários clientes. Ao contrário da energia solar tradicional, que usa painéis para captar e transformar a energia solar em electricidade, a Heliogen aposta na concentração do calor para ser usada na indústria.

“Já fizemos grandes progressos na implantação de energia limpa nos nossos sistemas eléctricos, mas a electricidade é responsável por menos de um quarto da procura global de energia. Isto representa um salto tecnológico para dar conta dos outros 75%: o uso de combustíveis fósseis para processos industriais e de transporte. Com um processo de baixo custo, temos a oportunidade de fazer contribuições significativas para solucionar a crise climática”, escreve o CEO da Heliogen.

A equipa da Heliogen inclui cientistas e engenheiros do Caltech, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e outras instituições líderes nos campos da engenharia e da tecnologias e está sediada em Pasadena, Califórnia.

Bill Gates, também citado no comunicado, afirma que está “satisfeito” por ter sido um dos primeiros a apoiar a nova tecnologia de concentração solar da Heliogen, um desenvolvimento “promissor” para substituir o combustível fóssil. “Os processos industriais que usamos hoje para fazer cimento, aço e outros materiais são responsáveis​ por mais de um quinto de todas as emissões mundiais. Estes materiais estão em toda parte nas nossas vidas, mas não temos avanços que proporcionem versões acessíveis e que sejam carbono zero. Se quisermos chegar a esse patamar temos muito que inventar”, refere o investidor.

No futuro, a Heliogen quer ser rotulada como “a empresa de hidrogénio verde” já que o calor criado por esta tecnologia poderá permitir criar hidrogénio limpo em grande escala, que pode depois ser transformado em combustível para meios de transporte terrestres ou aéreos.