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12.12.06

PORQUE CONVEM RECORDAR O PORQUÊ DE ALGUMAS COISAS...

(Uma pequena Homenagem - em discurso directo - aos 30 anos do poder local democrático, instituido há 30 anos, pelas primeiras eleições livres para as Câmara Municipais e Juntas de Freguesia)



Sábado, Outubro 30, 2004

DISCURSO DO PRESIDENTE DA CONCELHIA NA CONVENÇÃO AUTÁRQUICA

Estimado amigo Pedro Nuno, SG-JS
Estimado amigo Paulo Fonseca, Presidente da Fed.
Estimados autarcas, militantes e dirigentes do PS
Estimados convidados e órgão de comunicação social

Caras e caros Tomarenses

Quero em primeiro lugar agradecer a todos pela vossa presença, participação e trabalho.

As reflexões e propostas que nos trouxeram, neste tempo repleto de amorfismos, especulações e suspeitas várias, dão-nos a todos ânimo necessário à continuidade do empenhamento que temos tido.

Permitam-me neste momento de balanço e prospectiva recordar-vos alguns factos do passado, sem sequer referir a importância da ancestral presença celta ou romana, e sem beliscar o relevo da presença das Ordens dos Templários ou de Cristo.

Lembremos por exemplo:Que as primeiras comemorações do 1º de Maio – Dia do Trabalhador – em Portugal, tiveram lugar em 1890, nas cidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Silves, Tomar, Leiria, Santiago do Cacém e Arronches.

Que passam neste mês 109 anos sobre a realização em Tomar, de um Congresso do Partido Socialista Português, percursor a nível de visão social e política do actual Partido Socialista.
Que nesse tempo – finais do Sec.XIX, Tomar era uma referência nacional, já tendo iluminação eléctrica pública, situação que a Capital só viria ter em 1904 – Há precisamente 100 anos.

Que nos anos sessenta, Tomar era conhecida como a CIDADE JARDIM, tinha um Ensino de referência a nível nacional e era Sede da Região Militar Centro.

Que nos anos oitenta o Convento de Cristo é declarado pela UNESCO como Património Mundial.E Hoje?O Concelho tem uma taxa de desemprego superior à média nacional.

O rendimento per capita dos residentes tem baixado nos últimos anos.

Depois de num primeiro momento, das últimas duas décadas, a Cidade ter captado residentes às Freguesias rurais, está neste momento a perder população residente, em detrimento dos Concelhos limítrofes.

Nenhuma Cidade da dimensão de Tomar – 17.000 habitantes, tem um tráfego tão caótico, nem uma poluição atmosférica, como a nossa.

Em nenhum Concelho da Região é tão difícil proceder à aprovação de um simples projecto de licenciamento de uma obra particular e, em nenhum outro, as taxas atingem os valores de Tomar.

A factura da água em Tomar é mais elevada, para o mesmo tipo de consumo, do que na Capital do País!

Lotear em Tomar, é de todo impossível, pois a Câmara Municipal transfere para os promotores todos os ónus lógicos e ilógicos, obrigando-os, por exemplo, a asfaltar e colocar ruas mesmo fora do seu loteamento, acabando por ter que ser o comprador a pagar tudo isso.

O apoio ao Associativismo atingiu níveis de complexidade nos procedimentos, que apenas burocratizaram, não havendo na autarquia um verdadeiro serviço de apoio às Associações, por exemplo para candidaturas a fundos nacionais e comunitários.

Aliás, neste campo, não se percebem quais as prioridades: se a formação, se a competição; se a música, se o ballet; se o ténis, se o hóquei; se os jogos populares, se os jogos de mesa… Enfim, um completo desnorte!

As Juntas de Freguesia, sejam elas geridas por que Partido forem, têm de viver de mão estendida para uma Câmara que não as respeita, que não as ouvem, que não acorda com elas as competências, os meios e os técnicos necessários à sua importante missão.

Desde os anos Setenta – gestão do PS, com o Sr. Luís Bonet – que não se investe seriamente na Habitação Social e na Habitação a custos controlados.

Hoje até já se pode estudar em Tomar, mas onde é que há trabalho?

O tempo de resposta aos investidores por exemplo, é por demais elevado e ninguém consegue falar com o Sr. Que tudo sabe e manda.

Mas lembremos mais:Quem é que nos últimos 25 anos gere a autarquia de Tomar, durante 17 anos?Todos sabemos que tem sido o PSD, umas vezes sozinho outras coligado à sua direita!

Ultimamente, desde o início deste ano para ser mais concreto, o Sr. que tudo sabe e manda descobriu que todos os problemas que o Concelho tem os deve ao PS?!Tal preceito, além de falso denota a sua preocupação, porque sabe que a população já percebeu quem é o responsável: a sua direita viscosa e lodacenta do PSD!

Em Tomar vive-se hoje a medo! E tal não é exagero: que o digam as centenas de funcionários da autarquia, permanentemente colocados perante novos factos, que sob a aparência da legalidade concreta, mais não espelham que o vivo repúdio pela opinião diversa, que mais não fazem do que concretizar o que de pior a Governação de direita tem – o desrespeito pelo funcionário público!

Não deveria a Câmara na sua gestão valorizar os seus recursos humanos, dando-lhes novas competências, incentivando-os?

Em Tomar viver-se hoje a medo! Pois quem tenta alertar para os graves erros de PLANEAMENTO, de EXECUÇÃO e de FISCALIZAÇÃO é logo apelidado – como no tempo da outra senhora de MALDIZENTE CONGÉNITO, ou de COMUNISTA!

Em Tomar, vive-se hoje a medo! Quem não venere S.Exa Reverendíssima e seus algozes do PSD, quem não participe nas suas cerimónias espúrias de burguesia decadente, não faz parte do concerto social…, logo é ostracisado.

É de admirar quando as pessoas desacreditam da política? Em Tomar, o Sr. que tudo sabe e manda, dá-lhes boas razões para tal!Em Tomar vive-se hoje mal, apesar de parecer que não. É que há gente que não pode pagar a renda de casa, a creche dos filhos e o lar dos pais, mais todas as taxas que sem qualquer nexo social o PSD nos impõe.

Há por isso uma razão para lutarmos pelo desenvolvimento que queremos: O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – que é aquele que permite conciliar o crescimento económico, com a equidade social e o equilíbrio ambiental!Estivemos no passado na primeira linha do desenvolvimento, porque é que não haveremos de também num futuro próximo estar?

Meus caros Tomarenses

Definimos no PS este ano de 2004, como um ano crucial para o futuro de Tomar!Propusemos o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL como matriz enquadradora para as nossas políticas autárquicas, porque entendemos que só numa lógica respeitadora do ambiente, das pessoas e da economia social, a vida no futuro tem solução na nossa terra.

Comprometemo-nos a ser mais vigilantes e interventivos!

Alguém tem dúvida que temos marcado a agenda política em Tomar?Avisámos ao que vínhamos, assumindo que depois de nós, nada mais ficaria na mesma!Só a título de exemplo é verdade ou não que as propostas da criação da AGENDA XXI local rejeitada na A.M. pela maioria PSD e o REFERENDO LOCAL sobre quatro das mais polémicas intervenções POLIS, confrontaram o Sr. que tudo sabe e manda com o seu NEPOTISMO e AUTÍSMO CONGÉNITO.

Apesar de todas as tentativas dos nossos adversários, dos inimigos da nossa Cidade e Concelho, pensamos que até hoje cumprimos! – A ditadura enfrenta-se de frente, sem subterfúgios, sem medos e com determinação!É verdade ou não que temos razão em relação ao MILIONÁRIO CONTRATO de CONCESSÃO do ESTACIONAMENTO TARIFADO de TOMAR.

Quanto é que vai custar a cada Tomarense este VERDAEIRO ROUBO, da responsabilidade daquele Sr. que tudo sabe e manda?Conforme ficou bem claro pelas vossas intervenções, que em nome de todo o PS agradeço, quer as dos nossos autarcas e dirigentes, quer pela empolgante e pedagógica intervenção do nosso camarada Jorge Coelho, Tomar vive um momento de viragem.

Queremos afirmar, hoje aqui, precisamente neste início de TEMPO NOVO, que a VELHA POLÍTICA MORREU!Nós no PS em Tomar, não confundimos gestão corrente, com gestão estratégica, por isso passado que está o tempo das infra-estruturas básicas, na primeira preocupação das políticas autárquicas, vamos entrar assim num admirável tempo novo, ao qual gosto de chamar de “novas políticas autárquicas, para o Sec. XXI”.Que não se depreenda da anterior afirmação de que tudo o que é infra-estrutura está feito no nosso Concelho, longe disso.

O que é para nós evidente é que as “Novas políticas autárquicas” têm que tomar o investimento nas pessoas, como o fulcro da sua actuação. É para aí que é o caminho do futuro, e para nós o futuro é já hoje!

Nós até podemos esperar, mas quanto mais tempo resiste Tomar a este desmando?Governar para as pessoas é claramente o lema dos Socialistas no Concelho de Tomar.

Prospectivar o nosso futuro colectivo, é muito mais do que nos escondermos por detrás de projectos dúbios e sob a coordenação de protagonistas cansados!

Os Partidos Políticos além de não serem Associações Recreativas, também não são Gabinetes Técnicos, são isso sim Entidades de COORDENAÇÃO ESTRATÉGICA!

Por muito que alguns queiram, nomeadamente os adversários de Tomar, para o PS a aposta é mesmo nas pessoas e não nas obras ou na CONCESSÃO do FUTURO a QUALQUER LÓGICA MERCANTILISTA NACIONAL ou INTERNACIONAL!

Dotar o Concelho de políticas activas de PROGRESSO SOCIAL, quer seja com descriminação positiva nas taxas de águas e construção, quer seja com incentivos à educação em especial das famílias mais carenciadas e numerosas.

Desenvolver PARCERIAS ACTIVAS com as Instituições Particulares de Solidariedade Social, para aumentar o apoio à infância e à terceira e quarta idades é já um FORTE COMPROMISSO DOS SOCIALISTAS!

Olhar o mundo associativo, como parte fulcral da nossa vivência colectiva é muito mais do que distribuir umas “migalhas” orçamentais sem norte: Com o PS as Associações do CONCELHO são PARCEIRAS para o Desenvolvimento Sustentável e, como tal, dotadas de recursos humanos e técnicos de suporte COERENTE à sua actividade.Só assim o sempre propalado INVESTIMENTO NA CULTURA E NO TURISMO, como vector estratégico de Desenvolvimento TERÁ NEXO.

Há quem pense que estamos aqui por acaso: estamos aqui porque o futuro nos escolheu e porque nós soubemos, a ele, dizer presente!

Para os Socialistas a solução de Transportes Regionais passa pela implementação do METRO DE SUPERFÍCIE em todo o Médio Tejo, crescendo dentro na nossa Cidade interligando os principais equipamentos de serviço público, como sejam as Escolas e o Hospital.

Esta verdadeira ESPINHA DORSAL de transporte público deve sem complementada em parcerias PUBLICO-PRIVADAS que garantam o acesso de todos os residentes do Concelho os serviços.A

liás, sobre este aspecto, é fulcral que se saiba que uma das apostas do PS é garantir que cada CIDADÃO não esteja a mais de 15 minutos de todos os serviços essenciais à sua vivência.

O suporte representado pelos fundos estruturais, nomeadamente os da Sociedade de Informação e do Ambiente são essenciais para concretizar este desidrato.

É por aqui que é o nosso caminho:POR UM LADO A CAPACTAÇÃO MÁXIMA DOS FUNDOS COMUNITÁRIOS, aproveitando o Fundo de Coesão - vocacionado para as políticas de AMBIENTE, TRANSPORTES e ACESSIBILIDADES e o FEDER – vocacionado para a SOCIEDADE de INFORMAÇÃO, COMPETITIVIDADE e DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.POR OUTRO LADO, com os ganhos de eficácia numa gestão mais profissional de todas as intervenções da Câmara, canalizar os meios financeiros assim recuperados para o APOIO às POLÍTICAS SOCIAIS ACTIVAS, com o objectivo claro de apoiar os CIDADÃOS e as FAMÍLIAS mais débeis e de maior dimensão.

Connosco os Tomarenses sabem que o RIGOR e a VERDADE serão o alicerce da nossa actuação.

Não recorreremos ao POPULISMO básico para que alguns nos querem empurrar, porque sabemos que as pessoas estão fartas de DEMAGOGIAS.

Connosco os Tomarenses sabem que a promoção da COMPETÊNCIA e da SOLIDARIEDADE será o tónico da nossa actuação.

Connosco os Tomarenses estão seguros de que o Concelho agirá com COERÊNCIA e TRABALHO, única forma de sermos respeitados na Região.

Connosco os Tomarenses têm a garantia que a INOVAÇÃO estará ao seu serviço, melhorando a sua qualidade de vida.

E por falarmos em INOVAÇÃO, convém lembrar que o PS tem uma VISÃO de uma Tomar liderante no espaço REGIONAL, sem paternalismo! Com responsabilidade!

Meus caros TomarensesAproveito as minhas últimas palavras para me dirigir muito em especial a todas as mulheres e homens que têm dado o melhor de si, quantas vezes com prejuízos da sua vida particular, em prol da causa pública – os nossos autarcas.

Vocês são a primeira linha do combate contra a DITADURA do Sr. que tudo sabe e manda. Tenham a firmeza que nós temos tido! Por favor não vacilem, nem alimentem sonhos irrealizáveis daqueles que fora nos querem impor as suas soluções.

Todos sabemos que muitas vezes o nosso mais temível inimigo somos nós próprios: tenhamos a coragem de nos autocontrolarmos – na desilusão e na euforia!O Concelho precisa de nós! Precisa da nossa estratégia!Uma estratégia que visa COLOCAR TOMAR NO MAPA, do LADO CERTO DO DESENVOLVIMENTO – sustentável, claro!

Tenham confiança nos dirigentes do PS, que conseguirão encontrar os melhores protagonistas para as suas equipas – desde o cabeça de Lista à Câmara a todos os outros.

Por favor não liguem às nuvens de fumo, com pseudo-candidatos todas as semanas “soprados” pelos sectores que querem VENDER A NOSSA ALMA AO DIABO!

Sejam firmes, mas tolerantes!
Sejam corajosos, mas educados!

Podem crer que todos trabalhamos colectivamente para oferecer um bilhete de ida ao PSD.E disso, os Tomarenses, já se deram conta!

MEUS CAROS TOMARENSES

Nunca, como hoje, vocês depositaram tanta esperança no PS.
Saibam que estamos aqui para vos servir.
Foi para isso que viemos e só daqui sairemos quando tivermos concretizado o nosso OBJECTIVO:Por tomar no mapa, do lado certo do desenvolvimento!

Nós confiamos em vós! Tenham por isso confiança em nós!

Viva o Partido Socialista
Viva o Concelho de Tomar

Luís Ferreira - Presidente da Concelhia do PS

15.9.06

O PACTO DA JUSTIÇA

2006-09-16 – CORREIO DA MANHÃ
Justiça - António Barreto na abertura do CEJ

Os Governos fecham os olhos à corrupção


O sociólogo António Barreto manifestou-se ontem convicto de que a ausência do combate à corrupção política, autárquica, empresarial e desportiva no Pacto da Justiça, assinado entre o PS e o PSD, “não se tratou de um lapso, mas sim de um gesto deliberado”.

“O pacto devia ter proposto alguns mecanismos, algumas leis, algumas orientações. Por que é que não houve isto? É estranho”, disse Barreto no final na cerimónia de abertura do curso de magistrados, no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), acrescentando: “Os sucessivos governos têm descurado o combate à corrupção e, em muitos casos, têm fechado os olhos.” Convidado pelo ministro da Justiça para falar na cerimónia de abertura do curso para magistrados do Centro de Estudos Judiciários, António Barreto, o único conferencista da sessão, não se inibiu de criticar duramente algumas das medidas da reforma na Justiça, como a redução das férias judiciais, mas também acusou os vários operadores judiciários de serem co- -responsáveis pela crise no sector.Numa longa intervenção intitulada ‘Justiça e Sociedade – Algumas Reflexões’, o sociólogo destacou como questão central da crise da Justiça a relação entre esta e a política. “A voracidade dos partidos pela PGR é um sinal de mal-estar durável”, disse Barreto, considerando que “os políticos deveriam ter menos apetites relativamente ao controlo ou o poder a exercer sobre os magistrados, os advogados, as polícias e os oficiais de justiça”.
O sociólogo apresentou uma comparação que realizou entre a Justiça, a Saúde e a Educação, concluindo que “a Justiça, por não ter mercado, por não ser privatizável, por não produzir dinheiro, por não gerar publicidade, por não ser vistosa e por não ser um bem de consumo de massas, ficou para trás nas atenções dos legisladores e dos governantes”.
CRÍTICAS AO PACTO
Para António Barreto, “as sucessivas alterações de códigos revelam uma instabilidade indiscutível” e, na perspectiva do sociólogo, o pacto político parlamentar, assinado na passada semana, não visa alcançar nenhum dos objectivos prioritários na Justiça.Sublinhando que é prematuro fazer uma avaliação, Barreto criticou, porém, o facto de o acordo não englobar matérias como o processo civil, a composição dos Conselhos Superiores e a redefinição da autonomia do Ministério Público. No entanto, aplaudiu a previsão de provas públicas para o acesso aos tribunais superiores.

FORMAÇÃO DISTINTA NAS MAGISTRATURAS
O ministro da Justiça, Alberto Costa, admitiu ontem a necessidade de diferenciar a formação académica destinada aos magistrados judiciais e aos magistrados do Ministério Público.
“Ir-se-á registar uma maior diferenciação dos percursos formativos conducentes às duas magistraturas, em atenção ao seu diferente papel e à sua diferente identidade, sempre sem prejuízo da existência dos módulos comuns que se justifiquem”, afirmou o governante, no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), revelando uma opinião semelhante à do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. A associação, presidida por António Cluny, divulgou esta semana um parecer sobre a reforma da formação dos magistrados e advogados, em que defende a introdução de módulos específicos referentes a cada uma das magistraturas.Explicando que “o processo de reforma vai prosseguir no CEJ”, Alberto Costa insistiu na necessidade de diversificar as vias de acesso à magistratura, ou seja, dar oportunidade a licenciados oriundos de outras áreas que não apenas o Direito.

“O futuro do sistema da Justiça que está à nossa frente já não será igual ao que era”, rematou o ministro, garantindo que haverá mais oportunidades, exigências, recurso ao mérito e à transparência e escrutínio público.

Ana Luísa Nascimento
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(Comentário)
O António Barreto, desde que deixou o PS táxéxé ou quê?

Os sucessivos e alternados Governos PSD/CDS-PS, bem como o Parlamento, têm estado bem atentos à corrupção, durante os 30 anos em que governaram a Justiça no nosso País.

Se não vejamos (os Utópicos? claro: na Europa dos 25, que inclui a Itália, somos os únicos onde não há corrupção. O que é que querem mais desta III República?

Todos os que processos que foram para a Procuradoria Geral da República, alguns depois de terem passado pela PJ, envolverem empresários, políticos, empresas públicas, autarcas e dirigentes desportivos, foram todos e serão todos arquivados, por falta de provas ou por terem passado os prazos...

Isso da existência de corrupção em Portugal é uma cabala montada pelos jornalistas, uma cambada de “chatos” e pelo povo, uns ignorantes…

Porque razão é que o “Pacto para a Justiça” celebrado entre o PSD/PS havia de contemplar um problema que todos (os Utópicos) sabemos não existir – A CORRUPÇÃO.

Conclusão – O António Barreto tá mesmo xexé… e os Utópicos estão Cépticos e Atentos, mas não Venerandos e Obrigados.
Madeira de Castro
O Presidente da UTOPIA – Movimento para a IV República

7.7.06

QUE SE LIXE...

Por Miguel Esteves Cardoso (com a devida vénia)

Pronto. Que se lixe. Levem lá a taça, que a gente continua cá, se não se importam. Vamos ali fazer um piquenique com os alemães e voltamos já.

Poça, já se sabia que tinha de ser com o raio dos franceses e que Portugal jogar mal ou bem seria irrelevante. Mas tanto?! A ironia, muito francesa porque é daquelas pesadas e óbvias que não têm graça nenhuma, é que Portugal jogou muito bem e a França não jogou nada. Aliás, quanto melhor jogava Portugal, mais aumentava a probabilidade da França ganhar. É azar. É esse o termo técnico, exactamente.

Não foi só o árbitro, embora este tudo tenha feito para ser a estrela principal da partida. Não, é o azar que os franceses dão. Mesmo quando estão cabisbaixos e amedrontados, cheios de vontade que o tempo passasse e os poupasse, dão azar.

E porquê? Porque os portugueses também dão azar aos franceses, coitados.

Dão-lhes o azar de pô-los a jogar mal. E o azar de fazerem figura de tontos e medricas. Os franceses também não mereciam tal azar. Tanto mais que cada jogo com eles traz uma vingança pré-fabricada: depois desta meia-final, já ninguém poderá dizer que Zidane e os "bleus" renasceram milagrosamente. Onde? Quem? Não, o milagre foi só um: o de não terem perdido.

Em contrapartida, os franceses dão aos portugueses o azar de perder. Bonito serviço. Assim não dá gosto; não se pode trabalhar; nem há condições para jogar; é escusado. E quando jogarmos outra vez com os franceses, vai acontecer a mesma coisa. O azar existe e o azar reincidente e metódico, no caso da França, existe mais ainda. Antes fosse ao contrário? Talvez não. Mais vale perder como perdemos, a jogar como campeões, do que ganhar a jogar como os franceses, como perdedores natos, receosos e trapalhões, sem saber o que se passa ou o que se vai passar. Fizeram má figura e ganharam. Que os italianos lhes sejam leves!

Dirão uns que não faz mal, que já foi muito bom chegarem às meias-finais. Mas não é verdade. Para chegarem às meias-finais foi preciso pensarem que podia ser campeões do mundo. E agora custa um bocadinho – um bocadinho nobre e bonito mas muito custoso – voltar atrás. Se a esplêndida selecção portuguesa tivesse pensado que bastaria chegar às meias-finais nem tinha ganho ao México e muito menos à Holanda e à Inglaterra.

Foi bonito saber, como ficou sabido e comprovado, que não é assim tão difícil Portugal ser campeão do mundo. O próximo Mundial, em 2010, parece muito mais apetecível por causa disso. É ganhável – como era este. Não se pode subestimar a segurança que o Mundial 2006 trouxe à selecção. Já não se pode falar em sonhos como se fossem delírios.

Não: os sonhos agora passaram a objectivos, altamente práticos e alcançáveis. É obra.
Portugal já não é o "outsider" que era nos primeiros dias do mês passado. Por muito que isso custe aos detractores e inimigos (que utilizaram esse estatuto marginal para nos marginalizar ainda mais), a partir de agora Portugal é não só um campeão potencial como um campeão provável.

Tanto crescemos que finalmente ficámos crescidos, adultos, senhores. É bom que os outros senhores do futebol comecem a habituar-se à presença e à ameaça constantes dos novos senhores. Porque os antigos menininhos portugueses, que eram tão giros e que tanto jeitinho davam, desapareceram para sempre.

Este Mundial já está ganho. Que se lixe. Venha outro!

14.6.06

OS TEMPLÁRIOS EM PORTUGAL

Revista Focus (13/6/2006) [José Colaço]

Extinta há quase 700 anos, a Ordem do Templo é quase um mito urbano, tornado ainda mais atraente por Dan Brown em 0 Código Da Vinci.

Entre as centenas de romances pseudo-históricos publicados nos anos mais recentes, tanto entre os que contêm uma vertente fortemente esotérica como naqueles que se pretendem mais realistas, há uma presença quase constante. Referimo-nos, claro está, à famigerada Ordem do Templo, cujos membros, os célebres cavaleiros templários, dão origem aos mais diversos mitos, especialmente depois do sucesso de O Código Da Vinci, de Dan Brown.

De autênticos santos, que deram a vida para salvar de um maquiavélico Papa o Santo Graal, até membros de uma sociedade secreta, capazes dos actos mais bárbaros para angariar poder e dinheiro, já tudo se disse a respeito dos membros desta ordem.

Claro que, com tantas nuvens a ensombrar a sua existência, ninguém sabe muito bem o que era, realmente, a Ordem Militar e Religiosa dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. Dela se diz ter estado na posse do Graal, de uma biblioteca onde se destacavam tomos que sobreviveram à destruição da biblioteca de Alexandria e de um tesouro incalculável. Uma tal riqueza que ainda hoje, quase 700 anos passados sobre a sua extinção, são muitos os que continuam à procura do tesouro dos templários.

Outra questão curiosa diz respeito à fulgurante ascensão da Ordem do Templo. De pequeno grupo com apenas nove membros em 1118, em menos de dois séculos transformou-se na mais poderosa organização da Europa, com propriedades em vários países e com uma capacidade financeira que lhe permitiu, até, emprestar dinheiro a monarcas. Independente das hierarquias religiosas da época, na dependência directa do Papa, a Ordem do Templo gerou tantas invejas que não admira que, quando Filipe, o Belo, rei de França, resolveu persegui-la, tenham sido muitos os que a ele se aliaram.

E ainda cedo, porém, para falarmos da extinção dos templários. Deixemos isso para o final do artigo e analisemos aquilo que se passou nestes movimentados séculos da História da Europa. Para contar a história da Ordem do Templo é necessário recuar até Março de 1095, quando Alexius 1, imperador do sacro império romano do Oriente, enviou ao Papa Urbano II um pedido de auxílio contra a ofensiva turca. Surpreendido pela missiva em pleno concílio de Piacenza, Urbano vê nele uma rara oportunidade de fazer sarar as feridas deixadas pelo grande cisma de quatro décadas antes de voltai a colocar todos os cristãos sob a alçada do papado.
Oito meses são necessários para que o Vaticano defina a sua estratégia. Em Novembro do mesmo ano, no concílio de Clermont, Urbano profere um discurso apaixonado para nobres e sacerdotes, no qual exige o envolvimento de todos para libertar a cidade santa de Jerusalém das mãos dos infiéis turcos.

Para além dos propósitos religiosos, esta operação teria, ainda, as vantagens de reduzir a densidade populacional em França (considerada à época um grave problema) e de dar à nobreza algo com que se ocupar (as questões intestinas entre nobres eram cada vez mais frequentes e não raramente tomavam-se crimes). "Permiti que os ladrões se tomem cavaleiros! ", afirmou o sumo pontífice.

Naquele que é considerado um dos mais importantes discursos da História da Europa, o Papa logrou reunir um continente inteiro sob a mesma bandeira e com idêntico objectivo (ainda que com diversidade de razões). E assim, a 15 de Agosto de 1096, tinha início a Primeira Cruzada (embora meses antes tivessem já partido milhares de peregrinos de escassas posses, que viriam a morrer na sua quase totalidade vítimas da doença, da fome e dos ataques de saqueadores).

Encontrando pela frente um inimigo dividido e pouco organizado, a cruzada transformou-se num autêntico passeio para os nobres europeus. Ainda por cima armaduras revelavam-se virtualmente incapazes contra as armaduras e cotas de malha dos cavalei
ros, que menos de três anos após a partida estavam já a organizar o cerco à cidade santa. Em clara superioridade numérica e tecnológica, os cruzados conseguiriam tomar Jerusalém em Julho de 1099.

A tomada de Jerusalém foi extremamente sangrenta. A quase totalidade dos habitantes - muçulmanos, judeus e, até, cristãos orientais – foi massacrada. Segundo a Gesta Francorum, um livro de autor anónimo que se crê ter sido escrito por um cruzado, diz que "a carnificina foi tão grande que os nossos homens caminhavam em sangue até aos tornozelos".

Tomada a cidade, o poder foi entregue a Godofredo de Bolhão. Depois de re cusar o título de rei, dizendo que jamais usaria uma coroa de ouro na cidade onde Nosso Senhor usara uma coroa de espinhos, viria a aceitar apenas o título de Protector do Santo Sepulcro. Infelizmente, porém, o "reinado" de Godofredo durou pouco. Uma estranha doença, que muitos consideraram consequência de um envenenamento, matá-lo-ia em 1100. Desta forma, foi o seu irmão Balduíno a assumir o poder. Sem os pruridos de Godofredo, aceitou a coroa e o trono de Jerusalém como Balduíno I.

Após a morte sem deixar descendência de Balduíno I, o reino de Jerusalém atravessou uma fase complicada. A primeira ideia foi entregar a coroa a Eustáquio, irmão mais velho de Godofredo e de Balduíno. As movimentações de Joscelin de Courtenay, porém, levaram a um volte-face. No trono acabaria Balduíno de Bourcq, primo dos dois irmãos, que reinaria como Balduíno II.

Seria este monarca a receber, logo no seu primeiro ano no trono, a visita de Hugo de Payens que, com outros oito cavaleiros do condado de Champagne, se foi oferecer para garantir a segurança nas estradas para a Terra Santa dos peregrinos cristãos que, provenientes da Europa, pretendiam chegar a Jerusalém. Os ataques dos salteadores (não apenas muçulmanos mas, em muitos casos, também cristãos) faziam inúmeras vítimas e, apesar de múltiplas tentativas, nunca os cruzados tinham conseguido garantir a segurança da costa até à cidade santa.

Balduíno aceitou a proposta e entregou aos nove cavaleiros instalações no Monte do Templo, no local onde, diz a tradição, estariam instaladas as cavalariças do rei Salomão. A localização das suas instalações originais viria a justificar parte do nome da ordem.

Logo nos seus primórdios os mistérios começam a adensar-se em tomo dos templários. Durante os nove primeiros anos de existência da ordem, nem um só cavaleiro se alistou nas suas fileiras. Segundo os que crêem em explicações místicas, isto deveu-se ao facto de os membros originais da ordem se terem dedicado a buscas incessantes no local onde se erguera o Templo de Salomão. Levando esta possibilidade ao extremo, os templários teriam encontrado (pelo menos) parte do grande tesouro de Salomão, incluindo a Arca da Aliança, e justificando a rápida angariação da sua fortuna. Mais racional é a justificação dada pelas ordens que se dizem herdeiras dos templários - nos primeiros anos, os votos da Ordem do Templo (castidade, pobreza e obediência) desmotivavam quaisquer interessados.

É em 1127 que se assiste a um enorme progresso por parte dos templários, em grande parte devido aos esforços do abade cisterciense Bernardo de Claraval. Para além de escrever os estatutos da Ordem do Templo, com base nos da de Cister, Bernardo envia a Hugo de Payens uma carta que garantirá aos templários o apoio de toda a cristandade. Esta missiva, com o título De Laude Novae Militia (Elogio à Nova Cavalaria, em tradução livre), correria mundo e angariaria inúmeros recrutas entre a nobreza, para além de uma enorme quantidade de donativos em dinheiro e terras, provenientes de nobres que, por um ou outro motivo, não podiam juntar-se à ordem.

Por estranho que pareça, esta generosidade de nobres e monarcas para com os templários começa a fazer-se sentir em Portugal antes mesmo de Bernardo de Claraval dar início à sua campanha de marketing em favor da ordem. O historiador André Jean Paraschi, na sua História dos Templários em Portugal, admitindo a possibilidade de doações anteriores, refere a oferta, ainda em 1126 e por parte da rainha D. Teresa (mãe de D. Afonso Henriques), da vila de Fonte Arcada, perto de Penafiel, para além de herdades, quintas e solares ofertados por outros proprietários.

Segundo o frei Bernardo da Costa, na sua História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo publicada em 1771, foi na Fonte Arcada que os templários instalaram a sua primeira sede em território português. Tal facto leva a colocar em dúvida a possibilidade de, nessa primeira fase, o seu principal papel ser militar - já que Penafiel ficava bastante longe da frente de combate contra os mouros.

Dois anos volvidos, a sede dos templários muda de local e, agora sim, parece ter já um papel militar. As instalações ficam, agora, no castelo de Soure, também doado por D. Teresa. Situado na confluência de três rios (Arunca, Anços e Arão, todos afluentes do Mondego), Soure funciona como guarda avançada à cidade de Coimbra. Por curiosidade, será às portas deste castelo que, em 1144, os templários sofrem uma das suas mais pesadas derrotas em Portugal, perante as tropas de Abu Zakaria, vizir de Santarém.

A lista, a partir daqui, engrossa rapidamente - muito em especial após a independência e a subida ao trono da dinastia de Borgonha. Esta simpatia dos descendentes do Conde D. Henrique pela Ordem do Templo poderá estar relacionada com a proximidade entre a nobreza da Borgonha e a de Champagne - de onde vieram os templários originais - ou com o facto de o grande ideólogo do templarismo, Bernardo de Claraval, ser ele próprio um borgonhês de nobres famílias.

Enquanto a nobreza portuguesa ia dando aos templários quintas e herdades a um ritmo alucinante, contribuindo decisivamente para o enriquecimento da ordem e para o incremento das fontes de receita, D. Afonso Henriques e os seus sucessores seguiam uma estratégia distinta: as suas doações, em terrenos ou fortificações, situavam-se em zonas estratégicas do País. Os reis reconheciam o poder militar dos templários e atribuíam-lhes funções de primeira linha de defesa contra possíveis ataques de muçulmanos ou castelhanos.

Mas os templários não se limitavam a um papel defensivo. Na maior parte das batalhas da Reconquista, os reis de Portugal puderam contar com soldados da Ordem do Templo entre as suas forças. Até durante o cerco de Lisboa, quando um exército muçulmano tentou, a partir do exterior, romper as linhas cristãs, foram os templários que estiveram nas zonas mais quentes de combate, prestando um apoio decisivo para repelir o inimigo.

Se olharmos para o mapa de possessões templárias em Portugal no final do século XII, verificaremos não apenas a grande quantidade de propriedades, mas, sobretudo, a distribuição lógica e estratégica das suas instalações militares. Pode dizer-se que Portugal foi, de facto, um dos primeiros locais onde o empório templário começou a estabelecer-se. No entanto, e ao contrário do que aconteceu noutros países (mormente em França), as relações entre a coroa e a Ordem do Templo foram sempre muito estreitas, sem que se conheçam quaisquer situações de tensão.

Uma das mais importantes doações feitas por D. Afonso I à Ordem do Templo foi, por alturas de 1159, a do território de Nabância. Seria aqui que nasceria Tomar, considerada a mais templária de todas as cidades. Com o seu magnífico castelo e com uma das mais importantes igrejas puramente templárias erigidas no Mundo (Santa Maria do Olival), Tomar terá sido, a par de Chipre, a capital oficiosa da Ordem do Templo. A sua importância era de tal forma grande que mereceu estrutura defensiva própria - que incluía os castelos da Cardiga, de Bode, de Zêzere, de Almourol e da Sertã, para além de fortificações em Pias e Domes.

Apesar de Portugal ter sido sempre um refúgio para os templários, devido às estreitas ligações que a ordem tinha com os monarcas, a sua presença entre nós não foi sempre pacífica. Logo durante a reconquista, o primeiro bispo cristão de Lisboa, o inglês Gilberto de Hastings, tentou convencer D. Afonso Henriques a colocar travão na autonomia templária (os seus mestres não respondiam senão perante o Papa), mas os seus intentos sairiam gorados.

Quando, a 13 de Outubro de 1307, Filipe, o Belo, rei de França, com a conivência do Papa Clemente V, logrou concretizar a extinção dos templários, vários monarcas europeus obedeceram às instruções papais. Não foi o caso de D. Dinis. O rei português exigiu, em troca, que o Vaticano o autorizasse a criar uma nova ordem militar e religiosa, que recebeu o nome de Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Temendo que, caso não acedesse à solicitação do rei português, Dinis permitisse a permanência dos templários no seu território, Clemente V aceitou. Aquele que ficou para a história como rei-poeta mas que não era, por isso, menos competente em termos políticos, não perdeu a oportunidade. Transferiu os bens templários para a novel ordem, evitando que caíssem nas mãos papais, e integrou os cavaleiros da Ordem do Templo que o desejassem na Ordem de Cristo, permitindo-lhes escapar à perseguição do Vaticano.Graças a estas medidas, Portugal manteve a capacidade militar e a cultura dos templários, ainda que agora ocultas sob outro rótulo. Seriam os templários a sugerir a plantação do Pinhal de Leiria, para drenagem das áreas pantanosas e para obter madeira para a construção de uma frota. E não foi por acaso que, quando partiram para os Descobrimentos, as naus portuguesas ostentavam nas velas a cruz templária. Mas isso são contas de outro rosário..

13.6.06

8.6.06

Portugal é o porto do Graal

[Jornalista CARLA MARINA MENDES - C.Manhã(Cultura & Espectáculos)] - [6/6/06]

Especialista acre item que o mistério do cálice sagrado pode ter resposta entre nós
O tema fascina há muito teólogos e leigos


O livro é um 'hest-seller' mundial, o filme enche as salas de cinema desde a estreia. O tema, esse, fascina há muito teóricos e leigos, não falasse ele sobre um dos grandes mistérios da História: o Santo Graal. Mas n"O Código Da Vinci' Dan Brown ignora estranhamente Portugal, apesar de os guardiães do Graal, os Templários, terem no nosso país um dos seus grandes monumentos, o Convento de Cristo, em Tomar, e de terem vindo para cá quando foram obrigados a fugir da Terra Santa. Ou não.

Vítor Manuel Adrião, presidente da Comunidade Teúrgica Portuguesa e autor de várias publicações, entre elas a 'História Oculta de Portugal' (ed. Medras), não tem dúvidas: o nosso país foi ponto de paragem do Santo Graal. "A tradição refere que São Bernardo Claraval mandou recolher, nas galerias do Templo de Salomão, um objecto sagrado que mandou trazer para a Europa", explicou do o conde D. Henrique o convidou para o Mosteiro de St." Maria de Alcobaça, o Santo Graal veio para cá."

Para o especialista, são vários os pedaços de História que fundamentam a suspeita de que Portugal foi o porto do Graal. "No documento de doação de Tomar aos Templários, há um sinal rodado, um selo oficial, onde se pode ler 'Porto Graal'. Ou seja, Portugal, porto do Graal, faz todo o sentido."

O CÓDIGO DO ‘CÓDIGO’
Vítor Adrião não é o único a acreditar na teoria. O mesmo pensa Frederico Duarte Carvalho, autor de 'A Mensagem Brown - O Código Dentro do Código Da Vinci' (ed. Contemporânea Editora). Para o jornalista, as combinações matemáticas e referências cruzadas que leu nas entrelinhas do livro de Brown são mais do que coincidências.

E nem as tentativas infrutíferas de confirmar as suspeitas junto do escritor americano lhe abalaram a convicção. "O nosso país está presente, em código, no livro. Aliás, Portugal é o porto do Graal."
A primeira pista surge, diz, no 5.º capítulo, com o início da viagem do 'Bispo Aringarosa' de Nova Iorque para Roma. "E a única menção a Portugal, quando o avião sobrevoa a nossa costa", declara. Depois, foi só fazer conta: “A viagem começa no capitulo 5, prossegue no 10 e termina no 22. Somando todos os números, temos 37. Li o capítulo com esse número e verifiquei que era nele que surgiam, pela primeira vez, as palavras Santo Graal. Senti que estava no caminho de algo."
A viagem à descoberta do código dentro do 'Código' levou Frederico Carvalho a aventurar-se pela literatura nacional, história e arte, recolhendo indícios que permitiram criar a sua própria teoria e um livro que, afirma, "não pretende convencer ninguém, mas apenas ensinar as pessoas a identificar os sinais".

TRÊS SÉCULOS DE PODER E HISTÓRIA
A Ordem dos Templários foi criada em 1118, em Jerusalém, por nove cavaleiros de origem francesa, para proteger os peregrinos que se deslocavam aos locais sagrados conquistados na Terra Santa durante as Cruzadas. Reza a lenda que os primeiros cavaleiros se instalaram no antigo Templo de Salomão, onde encontraram documentos e tesouros que os tornaram poderosos. Diz-se que ficaram ainda com a tutela do Santo Graal, o cálice onde foi recolhido o sangue de Jesus Cristo na cruz e que já fora usado na Última Ceia. No século XIV e com o extermínio da Ordem pelas perseguições de Filipe o Belo, rei de França, os Templários refugiaram-se em Portugal. Sob os auspícios de D. Diniz, foi fundada a Ordem do Cristo - sediada no Convento de Tomar -, que herdou os bens dos Templários portugueses e desempenhou um papel fulcral nos Descobrimentos.

16.1.06

A PERFEIÇÃO CARECE DE HUMILDADE

Dizia Ovídio, que “A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol”, pelo que sendo difícil de antever que o Vale do Nabão deixe de ter sol, se concluiu pela incongruência do ataque despudorado que um meu recente Artigo de Opinião teve da parte de um Grupo Político Municipal, que parecendo não aceitar outra visão dos factos, se alcandora como supremo guardião da verdade absoluta, qual deus do Olimpo, que não reconhece ao comum dos mortais a existência de pensamento ou opinião.

Mas, passemos a explicar:
1. Escrevi em 5 de Janeiro, um artigo sobre uma Proposta aprovada pela Assembleia Municipal sobre a criação de dois “Comboios rápidos entre Lisboa e Tomar e vice-versa”, que não contou com o voto favorável do Partido Socialista, que pretendia chamar a atenção dos cidadãos para o caricato desta propor a criação dos referidos Comboios quando estes já existem, nos termos em que eram propostos, ou seja “às horas em que mais cidadãos utilizam o serviço”;

2. Responderam em comunicado o Grupo dos auto denominados Independentes, como se o Concelho não tivesse problemas mais gritantes sobre os quais se debruçarem, com um rosário de inverdades, que urge esclarecer;

3. O Grupo Municipal dos auto denominados Independentes não é o detentor único do “Serviço ao Município e aos Munícipes, sem ânsias, mas com a inequívoca postura de servir”, como aliás não o é nenhum Grupo Parlamentar no nosso Concelho ou em qualquer outro e só uma atitude autista da parte deste Grupo o pode alcandorar a esse “supremo estádio de referência moral do regime democrático de Tomar”;

4. É incompreensível e inaceitável que se diga que hoje o serviço público ferroviário entre Tomar e Lisboa, demora “praticamente o mesmo tempo que demorava há trinta anos”, quando é por todos sabido que hoje todos os comboios que saem ou chegam a Tomar não exigem quaisquer transbordos no Entroncamento ou Lamarosa, quando há 30 ou 20 acontecia com a sua maioria, sendo só por esse facto as ligações mais rápidas;

5. A justificação para propor Comboios rápidos para aqueles que não trabalhando em Lisboa a partir das 8H00 ou 9H00 da manhã, é comparável à necessidade que TODOS temos de apanhar no Aeroporto de Tancos um voo para as Bermudas e Jamaica;

6. Quanto à justificação para a existência de um comboio rápido às 19H30/19H40, para aqueles que trabalham até às 19H00, porque não propor um Comboio rápido para aqueles que trabalham até às 20H00 e depois decidem Jantar em Lisboa e já agora para todos os que trabalham por turnos saindo por vezes às 23H00 ou os Barmen que saem das Discotecas às 8h00?

7. Parece pertinente a existência de um comboio rápido no sentido Tomar-Lisboa ao final do dia de forma a cobrir os “pêndulos” de estudantes e militares;

8. Em nenhum ponto da proposta votada pela Assembleia Municipal se refere que a existência dos “dois comboios rápidos entre Tomar e Lisboa e vice-versa”, seja nas horas 8H30/9H30 e final do dia, como erradamente os ditos Independentes querem fazer crer. Apenas é referido que será “às horas em que mais cidadãos utilizam o serviço”;

9. Quanto ao conselho de não alergia do Líder da Bancada do PS aos ditos Independentes, tal é por demais desmentido estando a prova de tal na consonância de posições entre o PS e os IPT na defesa dos trabalhadores da Autarquia em relação à prepotência do relacionamento da Câmara com estes, a postura de promoção do investimento privado como factor de desenvolvimento do Concelho, entre outras posições que o PS defendia e às quais os ditos Independentes se renderam aquando da apresentação do seu Programa Eleitoral, o que só nos deve orgulhar a ambos;

10.Quanto à postura “professoral” que dizem que o Líder da Bancada do PS tem, tal ideia tem muito provavelmente raiz na frustração de quem considerando-se “muito acima do comum dos mortais”, não aceita que outros possam também ter razão, argumentos e estratégias capazes de provar que existe uma alternativa política em Tomar na quadro dos Partidos, que tendo porta aberta, podem ser responsabilizados pelo que fazem ou não em cada momento;

11.A defesa dos interesses de Tomar faz-se neste quadro, como noutros (regionais ou nacionais), com PROPOSTAS SÉRIAS, EXEQUÍVEIS e VERDADEIRAS e não com apressadas posições sobre todos os temas que alguém na pressa de se tornar “visto” verteu para o papel – reafirmo que a PRESSA É INIMIGA DA PERFEIÇÃO;

12.Por último convém não esquecer que em Tomar, o PS tem a postura de colocar SEMPRE os interesses do Concelho acima de quaisquer interesses partidários, como tem sido exemplo as posições quer da sua anterior Direcção Política, quer da actual: antes de sermos do PS, somos de Tomar e não há TOMARENSES DE PRIMEIRA – eventualmente independentes e TOMARENSES DE SEGUNDA – os alinhados partidariamente.

Afirmo com sinceridade, que entendo que a perfeição carece de humildade, reafirmando que uma maior dose de bom senso de nada fazia mal aos ditos Independentes.