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6.2.22

Em 11 anos a direita, à direita do PSD, cresceu 0,72% - Irrelevante

Muito se vai falando sobre a emergência dos novos partidos de direita e sobre o perigo que constituem tais votações, especialmente as existentes no partido CHEGA - que é agora o partido dominante neste setor, quando historicamente esse era o papel do CDS.

Acontece, tal como venho escrevendo, que esse eleitorado, mais ou menos, sempre por aí andou, sendo que a grande diferença é que se autonomizou, o que até é útil para a clarificação da vida política nacional, além de ser extremamente útil à longevidade no poder, por parte do PS: com o chamado efeito "calçadeira".

Senão vejamos: a evolução das votações dos partidos à direita do PSD, nas últimas 4 eleições gerais em que concorreram sozinhos, só no ano após o sucesso da geringonça (2019) - e eventual grande desmobilização do eleitorado de direita, é que ficaram abaixo dos 10% de votos, estando a sua média destas últimas quatro eleições nos 12,22%.


Valiam em 2009 menos 1,78% do que hoje, em 2011 menos 0,72% e em 2019 -5,55%.

Em 2011 foram 755007 votos em partidos à direita do PSD. Hoje foram 766904, apenas mais 11897 votos.


A pergunta seguinte é: quem se pode preocupar com isto? O PS, que é o partido dominante na política nacional? Ou o PSD que é o seu partido desafiante e que se encontra no centro-direita? 

De relembrar que só o CDS teve sozinho em 1976 mais de 876 mil votos (com cerca de 16% dos votos). E sim, na altura o CDS era o repositório de muita da direita do tipo daquela que hoje nos causa repulsa. Ou seja, sempre houve em Portugal uma direita à direita do PS com um peso significativo, em torno dos 10% dos votos...

Por isso, descompliquemos.

É a democracia a funcionar! E a esquerda a Governar!


Metodologia:

- Consideraram-se as votações finais globais das eleições para a AR de 2009, 2011 e 2019 e as do escrutínio provisório de 2022 (ainda sem os votos dos dois circulos eleitorais da emigração), disponíveis no repositório do Minsitério da Administração Interna (https://www.eleicoes.mai.gov.pt/);

- Foram considerados, como sendo "Outros de direita", os seguintes partidos em cada uma das eleições:

a) 2022: MPT, NOS, Aliança, Ergue-te e ADN;

b) 2019: Aliança, MPT, NOS, PDR, PNR, PPM e PURP;

c) 2011: MPT, MEP, PND, PPV, PNR, PPM e PH;

d) 2009: MEP, PND, MPT-PH, PPV, MPT, PPM, MMS e PNR.

- Os partidos JPP (em 2019 e 2022), o Volt (2022) e o PDA (2011), não foram considerados como de direita, caso pudessem ser considerados isso representaria +4532 (0.08%) em 2011, +9945 (+0.20%) em 2019 e +16448 (0,31%)

2.2.22

Os quilos de Rennie e a calçadeira do coisinho

No rescaldo das eleições legislativas do passado domingo, quase todos acordaram incrédulos sobre como o eleitorado votara. Então mas as sondagens não aposntavam para um empate técnico a escassos dias das eleições? Então mas não havia cansaço de Costa e dos seus malabarismos, com um Governo desgastado e sem chama? Então não havia o "perigo" do coisinho? Sim, parece que havia tudo isso e uma bota.


Primeiro, as sondagens

Desde sempre procurei olhar para as sonsadegns tendo por base os resultados diretos. E neles até poucos dias antes podia-se constatar uma coisa: apenas pouco mais de 60% dos inquiridos aceitava responder e destes cerca de 20% mostrava-se indeciso, eventualmente escondendo assim a sua real opção, ou legitimimanet pdoemos especular que esteve mesmo indeciso até ao fim. Mas os estudos também apontavam para a maioritária certeza - e desejo de vitória de Costa face a Rio. Compulsado tudo isso, pode-se dizer que os estudos de opinião não erraram. O que errou foi a nossa leitura deles.

Segundo, o cansaço de Costa

É por demais evidente, bastando para isso uma pequena conversa com qualquer autarca socialista ou com um pequeno empresário, para se perceber que a leitura que havia era a de que o Govenro estava paralizado e com ele o estado, sendo que a capacidade de resposta de quase tudo - com a loucura do total enfoque na pandemia, levou o País a uma estagnação. Havia portanto um cansaço de Costa. Mas o que parece ainda mais do que esse cansaço foi o receio do que se lhe podia seguir. E aí, num País envelhecido e alicerçado em 700 mil funcionários do Estado e mais 3,6 milhões de aposentados, o principio de só mudar para melhor, passe a figura de estilo, levou a melhor.

Terceiro, o perigo do coisinho

Aqui foi o grande erro de Rio ao ser o desafiante de Costa e, portanto ajudou a conduzir o PS à sua vitória com maioria. Rio nunca assumiu, de forma convincente que caso precisasse do partido do coisinho, os deixaria a falar sozinhos, resumidos à sua agenda de conversa de tasca. Ao não o fazer criou a ideia em centenas de milhares de eleitores que seria bem melhor continuar com Costa, e com o PS, para quem só se fala com gente que sabe estar na democracia e na vida pública. Foi a sua morte. O perigo do coisinho - que nunca foi real, mas apenas imaginário, sendo que aquilo sempre esteve durante décadas dentro do PPD e do CDS - ou onde pensam que votavam os saudosos do antigamente, os do "orgulhosamente sós", os que diferenciam as pessoas pela cor da pele ou pela etnia? Sempre estiveram dentro e a votar nos partidos de direita. O facto de se terem autonomizado, só foi um ganho democrático, uma vez que assim, NUNCA mais a direita volta ao poder. Será o chamado efeito calçadeira: enquanto existir isto, dificilmente o PSD chegará ao poder. Por isso longa vida ao coisinho: o PS agradece!


No mais parece que andam por aí umas empoderadas tolas, que faziam do SNS a sua bandeira - como se os profissionais de saúde não soubessem bem o que querem e precisam e como se o Governo não soubesse bem o que eles querem e precisam, além de uns resquícios de agenda radical - de âmbito social, total e plenamente assumida pelo PS, após o esforço geracional dos jotas dos anos 90, da imporem: direitos cívicos LGBTI+, aborto, eutanásia, políticas de género equilibradas, direitos de todas as minorias, até dos brancos, heterosexuais e que pagam impostos... E soubre aquels resquício neo-ditatorial das animálias, nem há mais conversa.

Temos assim que, com um PS a governar sozinho durante ais 4 anos, e perfazendo no final quase 11 anos ininterruptos de exercício de poder, só mesmo quilos e quilos de Rennie, ajudarão os derrotados de domingo a ultrapassar o trauma do embate com a realidade.

Como sempre disse e escrevi, o PS não precisa de nenhum partido que o ensine a ser de esquerda, porque ser de esquerda é ser do PS. E enquanto o coisinho andar por aí a julgar-se o quarto pastorinho de Fátima, estamos descansados. Temos paródia garantida e as pessoas a sério, os tais portugueses de bem, podem tratar da sua vida e da vida das suas famílias, em paz e sossego, que foi aquilo que o eleitorado escolheu para os próximos anos.


Deixo-vos um artigo Rennie, para delícia final...

Marcelo: atacar Costa como Soares atacou Cavaco - Expresso