31.8.18

Um verão de entrevistas

Este verão trouxe-nos duas longas entrevistas dos nossos principais edis de Tomar.
A Presidente deu uma entrevista ao Jornal "O Cidade de Tomar" e o Vice-Presidente deu uma entrevista à Rádio Hertz.
De estilos bem diferentes, porque naturalmente uma entrevista escrita é bem diferente de uma entrevista radiofónica, mas as diferenças não se ficam por aqui.

Conhecendo, há décadas os maneirismos dos autarcas em apreço, pouco me espanta que a entrevista da Presidente se tenha ficado pela total e esquiva tecnocracia, num debitar de números, como se de repente tivéssemos de novo um qualquer Cavaco Silva no ativo...

Ela é mesmo assim: fria, distante, incapaz de transformar uma pedra num sonho e capaz de traduzir um sonho, num conjunto abstrato de vacuidades, como aquelas que há anos lhe ouvimos. 
Já a entrevista radiofónica do vice-presidente, seguiu os normais ditames de quem gosta imenso de se ouvir, e com isso por vezes complica o simples, traduzindo em dez palavras, aquilo que poderia ser dito numa só. Decerto que não foi pela comum aprendizagem musical, pois o Hugo pode ser muito melhor do que vai transmitindo, assim pudesse deixar de lado o espelho, onde todas as manhãs se parece inspirar...

Não se deduza que as entrevistas não têm aspetos positivos, que os têm, mas depois de ler a da Anabela e de ouvir a do Hugo, fiquei com aquela estranha sensação de que não há o mínimo projeto político, social ou ideológico comum
Mais. 
Da longa entrevista radiofónica do Hugo, ressalta ainda a estranhíssima sensação de amadorismo, no que ao pagamento de arrendamento por parte da comunidade cigana nas habitações provisórias em construção junto à GNR, diz respeito. Estranha forma de tratar assunto, que com vários anos de trabalho, nomeadamente depois de 2014, já deveria estar mais do que esclarecido como, quem e quando haveriam direitos e deveres assignados.

Esta estranha forma destes nossos edis se "arrastarem" nestes dois momentos, deve advir da sua eventual sensação de tudo puder dizer ou fazer, pois não haverá escrutínio público, nem consequências palpáveis do que se diz ou faz. O PSD é o que se sabe e o PS está adormecido pelo poder e, já nem se pode falar da verdadeira existência de trabalho ou avaliação política do mesmo, de há anos a esta parte - mesmo quando eu ainda era seu dirigente (até 2017).

Tomar está assim, digamos, que transformada numa Disneylândia, entre palcos de Bimbalhão, Estátuas mais ou menos vivas e concursos televisivos de mesas gastronómicas, sem alimentos ou degustação. Apenas e só um permanente agitar de Marketing - útil, mas no qual se não pode esgotar a vivência de uma comunidade, a qual salta alegremente de Circo em Circo, com "pão e mel" em razoável abundância, mas sem vislumbrarmos qual o caminho a percorrer.

Da atenção que pude dispensar a  estas duas entrevistas, acabei recordando uma pergunta que, em agosto de 2004 - já lá vão 14 anos, fazia aos membros do Secretariado local do PS, então por mim presidido, sobre onde queríamos que Tomar estivesse "dali" a 10 anos. Até hoje aguardo a resposta de Anabela Freitas, então entrada nessa direção política. Julgo que vou e que vamos, continuar esperando. Já de Hugo Cristóvão, garanto-vos que a resposta foi eloquente e longa. É que então a política fazia-se também de sonho, e um musico é sempre um músico, conforme se vai vendo!

*** *** ***

A entrevista da presidente, Anabela Freitas, cujos heads podem aqui ser lidos.
A entrevista do vice-presidente, Hugo Cristóvão, pode ser ouvida aqui.

©Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de agosto.
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25.8.18

Realojamentos, sem pagamentos de renda? Que barracada...

Então vamos ver se entendi. 


Decide-se intervir na resolução do Flecheiro, no meu entender muito bem. 

Decide-se uma estratégia mista - decisões da Comissão Política do PS de 2014, entre as quais construir habitação social.

Executa-se parte das construções em local por mim proposto em 2015 - junto à GNR, tarde e a más horas.

Opta-se por construir em madeira, em "habitações temporárias" (tipo Parque Nómada de Coimbra), quando poderiam ser em alvenaria, eventualmente suspendendo o PDM na zona, por manifesto interesse publico.

E vão-me dizer que nestes três anos não houve tempo para definirem as regras, um regulamento se necessário, para que pagassem a habitação social que vão ocupar? 

Estão a brincar, com os cidadãos de Tomar e, muito especialmente, com os ciganos???

Votaram neles? Agora amanhem-se! 

Uma gestão de ATL, é o que é...


Quem não pode arreia, nunca ouviram?

Tomar merece isto?🤔



A notícia da Rádio Hertz - ver a partir do minuto 29:30

Um problema com três décadas, com sucessivas governações Municipais, exigia-se que na execução, qualquer que fosse a Câmara, o fizesse com acerto. 

Sim porque tarde ou cedo o problema tinha de terminar, pois não se pode permitir durante décadas a ocupação indevida de terrenos privados e públicos e aceitar que duzentas pessoas vivam em condições indignas para um País da Europa no século XXI. 

Mas porque raio não fazem nada de jeito?


De notar que a principal característica que é exigida a um político é a capacidade de decisão. E deve sempre fazê-lo, com responsabilidade, com compreensão plena das consequências da sua ação. 
Sim, especialmente porque gere a coisa pública, os bens dos outros, que momentaneamente estão "à sua guarda". Elegemos pessoas para tomarem decisões por nós, para interpretarem o interesse geral e não, como começa a enfadar em Tomar, para nos perpetuarem com um corolário, digamos simpaticamente, de negligências sucessivas. 
Decidir tarde e mal é quase tão mau como não decidir. 

Tomar merece isto?🤔

A consultar:


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22.8.18

Colapso Ponte Morandi - Génova (Itália)

Impressionantes imagens da via inferior à Ponte Morandi, nos momentos do seu colapso, a 14 de agosto de 2018.
 Atente-se ao pormenor do gato no final...




A explicação técnica do porquê caem as pontes, pelo Prof. Fernando Branco (Catedrático do Instituto Superior Técnico).


Uma possivel explicação deste caso em concreto (em castelhano).

19.8.18

Bimbalhão - aquele que não sabe, nem sonha...

*Artigo de opinião, por Luis Ferreira - ex-vereador da Cultura do Município de Tomar

O Bimbalhão, não tem género, nem idade.

Espraia-se por aí, ao sabor da oportunidade. 
Tanto pode ser um operário, armado em chico-esperto, que na oportunidade da caixa de ferramentas sempre aberta, furta aquele equipamento útil, como o caixa do Banco que, de tanto fazer transferências autorizadas com a password do sub-gerente, lá decide tentar a sua sorte. 
Tanto pode ser o condutor que estaciona em segunda fila, numa qualquer rua das nossas cidades ou o esmerado  e diligente empresário das Florestas que arrenda ao Zé da cidade os pinhais do avô, para aí plantar Eucaliptos, privatizando os lucros e nacionalizando os prejuízos, depois de arderem...

O que o Bimbalhão, o chico-esperto de serviço, nunca conta é com a esperteza dos outros e só vendo a sua oportunidade, se esquece que nela reside também o seu erro...

O Bimbalhão é culto ou, pelo menos, fala com eles
Julga ele que o facto de existir é já uma dádiva para os demais. Mas, de quando em vez, lá lhe foge a voz para a verdade, quando considera por exemplo que ou a cultura dá dinheiro (e/ou votos!) ou esta não serve para nada.

O Bimbalhão, personagem fictícia, mas bem identificável por cada um de nós, pode até ter pelo voto, a legitimidade do poder de decisão e, usando-o, estar convencido que o faz pelo melhor do seu interesse.

Não é o caso em Tomar, onde já pela segunda vez este ano, o Bimbalhão decide colocar um mamarracho digno da Feira do Gado de Beja ou do Festival do Tremoço de Curral de Moinas, em plena Praça da República de Tomar, destruindo a leitura do lugar.

A Praça da República de Tomar, onde são identificáveis entre outras, quatro leituras espaciais distintas de época, importância arquitetónica e histórica, tem o seu eixo principal entre a fachada manuelina da Igreja de S.João Baptista e as imponentes arcadas de suporte ao Palácio de D.Manuel, propositadamente mandado por este construir para aí albergar a administração municipal da vila de Tomar, ambos do início do século XVI.

A Praça da República, vista centrada no seu centro, numa espetacular foto de Orlando Oliveira
Ora, sendo a Praça um óbvio centro desta cidade e do seu núcleo histórico, assim projetada, concebida e sempre ao longo da história respeitada como tal, mal se percebe que o Bimbalhão não faça o esforço de entender, que só pode ser respeitado pela História, quem perante ela reconhece a sua pequenez e atuando em consonância com essa humildade, tudo faz para a preservar e respeitar, sem a deixar de viver.


O Bimbalhão, não tem género, nem idade. 
Não é só autarca, governante ou dirigente. Ele é cada um de nós, quando olha e não vê. Quando apenas procura a satisfação imediata da sua necessidade, sem cuidar de prover ao interesse geral e, especialmente quando de forma displicente, vai pelo mais fácil, o que  nem sempre equivale a ser até o mais barato.


O Bimbalhão é, em Tomar, o nosso maior problema. Ele destrói mais do que constrói: a nossa identidade, a nossa espetativa, o nosso futuro, mas destrói especialmente porque não é capaz de respeitar o nosso passado.
Efeito visual do "palco de Feira", sobre a leitura do Palácio D.Manuel


Que excelentes iniciativas culturais como os Caminhos do Ferro, integrado na programação cultural em rede, em boa hora desenvolvido pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, por responsabilidade do Município de Tomar, trouxeram pela primeira vez o mamarracho deste palco em Abril-Maio. 
Tal aluguer continuou por ocasião do último Fanfarrão, neste mês de agosto. 
Esperemos que os próximos eventos que necessitem de palco na Praça da Republica, não continuem a servir de praia para o Bimbalhão fazer das suas. 

Tomar não é a Reboleira e para pinderiquices, já basta aquela vergonha (in)estética junto ao rio. Pode ser-se moderno, pode mesmo ser-se pós-urbano, mas deve-se saber cuidar de ter a sensibilidade devida para, aproveitando o espírito do lugar, saber valorizá-lo e não, como nestes exemplos, afrontar a sua leitura e, em prejuízo geral, cuidar apenas do facilitismo. 

Fazer bem exige trabalho, exige atenção, exige empenho e, no final, é para isso que pagamos à Presidente, à Vereação e aos dirigentes municipais dos setores em apreço. Se o seu sonho é gerirem Curral de Moinas, então que vão para lá...



Tomar não merece, decididamente, isto.

©Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de agosto.
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13.8.18

Deixem o fogo andar à vontade...

Com a devida vénia ao Pedro Cosme, tomo o seu texto base, que aqui transcrito e não sendo propriamente esta a minha opinião, achei interessante a abordagem.


Eucaliptos e pinheiros não fazem uma floresta

Portugal tem bom clima para a criação do eucalipto mas, apesar de serem árvores e serem a principal árvore da floresta australiana, é um erro dizer em Portugal que um terreno lavrado, esterilizado o seu solo e plantado com eucaliptos é uma floresta.
Uma verdadeira floresta é um ecossistema complexo, com dezenas de espécies vegetais que, no caso português, as mais importantes têm que ser as diversas espécies de sobreiros, o castanheiro e, acessoriamente,  o loureiro e o medronheiro e outras recordações da floresta laurissilva que vigorava antes da última glaciação (há 10 mil anos).  Deve ainda ter clareiras e espaços entre as árvores onde possa crescer vegetação rasteira.

Fig. 1 - Para ser floresta tem que ter estas espécies como base (fonte)

Quando vemos os incêndios

O que vemos arder são pinheiros e eucaliptos que, para termos uma floresta saudável e rica, deveriam desaparecer para todo o sempre juntamente com as acácias que estão a invadir vastas zonas do nosso país.
Se os pinheiros e eucalíptos que ocupam 20% do nosso território contribuem com 0.3%, do nosso PIB, enquanto comunidade devemos defender o fim desta pratica silvícola porque estes terrenos deveriam ser ocupados com floresta diversificada.
Os eucalíptos e pinheiros têm uma produtividade tão pequena e causam um impacto negativo tão grande em termos ecológicos e de uso (porque motivam a destruição da verdadeira floresta) que os bombeiros, em vez de andarem a apagar os fogos nestes terrenos, deveriam usar gasolina para acabar com essas pragas florestais.
Estes terrenos deveriam ser destinados à verdadeira floresta, a quercínea, onde coabitam mais de 7000 plantas diferentes (ver). 

E tem os matagais.
Os meus avós referiam que, no tempo deles, no monte quase não havia árvores. 
A arborização que vemos hoje, em 75% dos casos,  apenas apareceu no Sec. XX (fonte). Até então, havia uma vastidão de terrenos de pastoreio principalmente de ovelhas.
Quando as ovelhas pastam num terreno, nenhuma árvore consegue crescer pois a ovelha come os rebentos. No caso das cabras, o animal embirra com a casca das árvores e marra com os cornos até destruir tudo. Passados uns anos de pastoreio, a floresta fica sem árvores e dá origem a um campo aberto. Depois da Idade do Ferro, a floresta portuguesa apenas resistiu nos terrenos mais acidentados e onde havia o risco de ataque de lobos.
Como as ovelhas não comem a giesta nem as acácias, se o pastor não incendiar regularmente o terreno, estes arbustos tomam conta do terreno e formam um matagal (o maquis degradado).  Por isso, o nosso território evoluiu nos últimos milhares de anos juntamente com o fogo estando o ecossistema florestal preparado para isso. Até há plantas que apenas nascem depois de um incêndio e outras renascem e florescem dias depois do incêndio.

Fig. 2 -  Limpa-se uma faixa de terreno e, depois, num dia frio e sem vento, fogo na coisa.

No Sec XIX, com a industrialização e emigração, o pastoreio recuou e no Sec XX, com apoio do Estado Novo, avançou a instalação do pinheiro e, a partir dos anos 1960 (com a deslocalização das fábricas de pasta papel dos países mais desenvolvidos para cá), do eucalipto.


Agora, está na hora de entregar a floresta à Natureza

Na minha opinião a floresta deve ser abandonada ao seu destino natural.
Se arder, arde, se não arder, não arde.
Aqui e alí pode haver um contra-fogo, uma queimada preventiva mas a regra deve ser o deixa arder e não o tentar apagar a todo o custo.
Os proprietários florestais devem ter a consciência de que o Estado não pode apagar os fogos florestais. É o risco normal das actividades agrícolas. Tal como pode vir um granizo que destrói as uvas ou um vendaval que destrói as estufas, vem um incêndio que destrói as árvores. Cada um tem que viver com esse risco.
Quanto às ocupação urbana, deve prevalecer face às árvores. Quando uma pessoa achar que os terrenos vizinhos põem em risco as suas propriedades, sem necessidade de fazer prova, deveria ser livre de desmatar o terreno pagando o valor económico do mesmo (0.024€ por ano/m2).
Eu defendo, e os da Quercus têm andado calados, que a floresta industrial de pinheiros e eucalíptos deveria ser destruída. 

Fig. 3 - A limpeza das matas acabou com o pica-pau das nossas florestas


Os incêndios não causam qualquer prejuízo social

Um incêndio causa prejuízo ao proprietário do terreno mas não existe qualquer prova de que cause prejuízo para o meio ambiente ou para a sociedade.
Se usarmos aquela simulação que eu fiz, o incêndio florestal causa a perda, em média,  da produção de 7.5 anos que corresponde a 0.160€/m2 (o terreno desvaloriza de 2.25€/m2 para 1.09€/m2). Uma pessoa que tenha 5000m2 de árvores tem um prejuízo de 800€. Isto é menos que limpar o terreno um  ano e só arde de longe a longe.
É certo que os incêndios apenas existem porque passam de uns terrenos para os outros. Apesar de parecer uma esternalidade negativa, é uma coisa que faz parte do risco da vida do silvicultor. Hoje passa dali para aqui mas amanhã pode passar daqui para ali. Ninguém acusa ninguém disso, faz parte da exploração silvícola.
E isso de que as árvores fazem oxigénio e absorvem CO2 é um mito pois, para isso, as árvores não podem ser cortadas.
Assim que se cortam (e se destroem), absorvem de novo o oxigénio e libertam o CO2.
Por isso tudo, deixem o fogo andar à vontade.

7.8.18

DO FIM DO BLOCO DE ESQUERDA À NOVA POLÍTICA DE PSL


“Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor quebra-se, mas o medo mantêm-se” - Nicolau Maquiavel, “O Príncipe”, edição de 1972, Livros de Bolso Europa-América

Catarina Martins, líder do BE, com o ex-vereador Robles, em 2017

Perguntará o leitor que relação tem a histórica frase de Maquiavel, com a mais recente polémica do vereador do Bloco de Esquerda Robles, o qual era só o líder da maior e mais importante concelhia desta plataforma política – a de Lisboa.


Pedro Santana Lopes (PSL), com Marcelo Rebelo de Sousa e José Miguel Júdice, há 30 anos 

Ou qual a importância deste pensamento político do teórico florentino dos Médicis no Renascimento, na mais recente e anunciada convulsão à direita, com a saída de Pedro Santana Lopes (PSL), do seu desde sempre PPD/PSD, com o anúncio da criação próxima de um novo movimento/partido político, por ele liderado.

Falemos de amor e de ódio em política.
Votamos mais por amor a determinado candidato ou partido ou mais por ódio à sua alternativa? 
Escolhemos o líder ou as ideias defendidas pelo seu movimento/partido?
Perdoamos os pecados dos atores políticos, como sejam os aditivos que usam, a sua vida pessoal, os negócios ou a proteção da família e amigos, da sua falta à verdade e da fuga à justiça, em prol de sermos bem governados?

As respostas são várias, variando com os momentos, os locais e os tempos históricos, mas de uma coisa podemos ter a certeza: quer por amor, quer por ódio, algo a que as pessoas em todos os tempos olham é a quem não são indiferentes. Amor ou Ódio, tanto faz. O que mata um político, um sistema político, um partido ou movimento político, é a indiferença.

O Bloco de Esquerda (BE), esse movimento aglutinador de partidos e movimentos cívicos pré-existentes, que alternavam entre a defesa de minorias - sexuais, comportamentais, etc, e de outras modernidades dos anos noventa, acrescentada por um radicalismo comunista da quarta internacional de Trotsky - do início do século passado, fez durante anos seu o mote do mais relevante dos seus partidos fundadores – a UDP (União Democrática Popular), de que “Os ricos que paguem a crise”.

Ora, o que o recente caso Robles, neste contexto pôs a nú, foi aquilo que nós na política já há muito sabíamos: que o Bloco não era mais do que um somatório de filhos-família - burgueses portanto, ricos ou novos-ricos ou a isso pretendentes, os quais mais não queriam do que fazer carreira e dinheiro, como acusavam os outros de quererem, com aquela sobranceria intelectual que todos constatávamos.

O discurso das minorias, da defesa dos valores, da moral e do (bom/mau) costume, da balda, do anarquismo oportunista, dos invioláveis direitos do eu em detrimento do interesse geral, mais não eram do que uma panóplia de populismo barato, visando obter o maior ganho eleitoral, com o mínimo de esforço e onde está visto, a coerência propalada era apenas mais um teatro, bem ao jeito da sua atual e, neste momento, condenada líder...

Nos antípodas deste amor propalado pelo Bloco, havia o ódio a Pedro Santana Lopes, outro filho-família, representante da direita clássica da Lisboa burguesa, seu enfant terrible onde os valores e a moral vigente toleravam, com aquele toque fino, na qual a burguesia enriquecida com os negócios das colónias e da exploração das quintas, da antiga nobreza pelo País espalhadas, mais não eram do que os Carlos da Maia, nos seus Ramalhetes. 

PSL, ele próprio, havia ultimamente passado por vários Ramalhetes: na gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, depois de o ter feito no Sporting Clube de Portugal, nas Câmaras da Figueira da Foz e de Lisboa, contra todas as expetativas e episodicamente num dos mais curtos governos de Portugal, em 2004, antes dos poderes financeiros espanhóis (e outros), o decidirem substituir por Sócrates, também ele modernaço representante dessa mesma burguesia, em 2005...

Amor e ódio, sempre essa impressionante dicotomia, presente num Bloco, capaz de ombrear com os mais empedernidos e doutos pastores evangélicos nos confins de uma América rural ou de um Brasil periférico, como presente nos outros filhos-família, burgueses mais ou menos espertos, na oportunidade de um negócio ou de um palco, onde impressionar as mulheres e os homens, com a sua verbe, era o mote.
 No caso do Bloco com uma falta de ética, hoje posta a nú, porque contraditória com a sua ação e no caso de PSL, pela sua genuína afirmação dessa Lisboa de onde emana o País, que mais não é que uma paisagem, dali visto.


Que sucesso terá o Bloco daqui para a frente ou que atenção irá dar o País, ao sempre renovado PSL, a caminho dos setenta anos, mas sempre e eternamente jovem, qual Dandy do século XX, neste adormecido antro de amorfismo à beira mar plantado?

Sortes diferentes, que nestes casos o Amor e o Ódio ditarão, na minha modesta opinião.

O BE, essa nova luz da modernidade bacoca, com um discurso saído dos cânones esquerdistas de antanho, agora que todos se podem casar, ter filhos dos outros, fumar o que lhes apetecer, ocupar ou comprar as casas e explorar os alojamentos locais e outros (bons) negócios, que melhor sirvam as suas públicas virtudes e os seus vícios privados, está acabado. 
Se até o CDS/PP tem como vice-presidente (e que foi um competente governante, já agora), um assumido homossexual e se no PS as teses de extrema-esquerda são a conversa oficial, que razão há para alguém continuar a votar no Bloco, que defende uma coisa e faz outra? 
Nenhuma e, a exemplo daquele PC tonto que em Tomar pensava que Bruno Graça era a resposta de credibilidade de gestão autárquica, e que se viu afastado eleitoralmente da vereação precisamente por não o ser, o Bloco apenas subsistirá para o núcleo duro ou dos seus investidores, tipo Robles, ou dos deserdados do capitalismo de Estado, que a geringonça vai criando nas cidades, com a ajuda do atual PCP e BE...

PSL, essa nova luz da renovação conservadora – vêm a contradição marxista da coisa?, terá naturalmente outra sorte. 
Se parte dos que atuais filhos-família das classes médias altas, que atualmente votam BE, amanhã o farão no CDS/PP, parte dos que atualmente votam PS ou PSD, amanhã equacionarão fazê-lo no partido/movimento de PSL. 
E porquê? Apenas porque no jogo do Amor e do Ódio, Rio não convence e Costa é o que é. Será diferente quando Pedro Nuno Santos no PS e Pedro Duarte no PSD, tomarem aí respetivamente o poder, tranzendo para a liderança do main stream político, a atual geração das jotas da entrada do século XXI? Não, não será.
Nessa altura, o então septuagenário PSL estará ainda a levar ao crescimento do seu movimento/partido, com episódicas participações nas soluções governativas, à esquerda e preferencialmente à direita. A natural europeização do sistema político português é rio que não se pode parar com as mãos e PSL é o único neste momento a interpretar bem essa onda...

O envelhecimento da população, coloca o ênfase na agenda que PSL apresentou na sua última ação política – a candidatura à liderança do PPD/PSD, numa resposta efetivamente alternativa à geringonça, que a liderança de Rio no PSD não é. Essa vai ser a razão do seu imediato sucesso, com a expectável eleição de um ou dois deputados europeus.
Não esquecer que nas eleições europeias, os movimentos/partidos mais pequenos são hiper-valorizados, pela elevadíssima abstenção, o que beneficiará um político, como PSL, ao qual os Portugueses não são indiferentes. Amor e Ódio, lembram-se?

O anátema político, pelo qual viveremos na próxima década em Portugal, não andará longe daquilo que Maquievel, no seu capítulo XVIII, dispõe, com a clareza que faz jus ao universal respeito como pensador, ao nos dizer que “Convém saber que existem duas maneiras de combater: pelas leis e pela força. A primeira é própria dos Homens e a segunda dos animais. Mas, como muitas vezes aquela não chega, há que recorrer a esta, e, por isso o Príncipe precisa de ser animal e Homem”.

Este é o tempo de Homens, como o sempre renovado Dandy PSL, e não das coisas contarditórias dos Blocos desta vida, de que em Tomar, por exemplo, Pedro Marques e os seus últimos apoiantes que se acantonaram no PS autárquico local nas últimas eleições, representam. 
Daqui para a frente, sabemos todos muito bem, para estes o caminho é sempre para baixo. 

Quem decidirá as próximas eleições - europeias, legislativas e autárquicas, serão aqueles que hoje com 37-56 anos, são já a mais significativa faixa da população eleitora (com 35%) e estão fartos de pagar a malandros.
http://pmgeorumos.blogspot.com/2017/11/piramide-etaria-portugal-2016-2050.html

nova política impor-se-á, mesmo que alguns dos seus principais protagonistas possam ter mais de sessenta e a caminho dos setenta anos... 
E ainda falta a absolvição do Sócrates, para isto se tornar mesmo interessante!



Luis Ferreira
*Ex-dirigente nacional, distrital e local do PS


©Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de agosto.
O autor autoriza a partilha deste texto - ou de excertos do mesmo-, desde que, se mantenha o formato original e mencione, obrigatoriamente, a autoria do mesmo.



Post Scriptum

"Claro que o Bloco tem direito a ser um partido de privilegiados que procuram um modo de vida libertário, sem qualquer dever que interfira no direito ao prazer do EU. Não pode é continuar a fingir que é a muralha dos pobres" - Henrique Raposo, in Expresso, 4/8/2018

"A cultura representada em Portugal pelo Bloco é hoje em dia o grande inimigo dos descamisados. Esta cultura do hipster (uma espécie de beto de esquerda) faz do ódio ao branco pobre o pilar da sua alegada superioridade moral" - idem

1.8.18

TOMAR EM SÉRIO RISCO NESTE INÍCIO DE AGOSTO

(atualizado em 6/agosto/2018)
Situação operacional nacional atual aqui


Eu só espero que não esteja nenhum bombeiro de Tomar em gozo de férias, no decurso do alerta VERMELHO, para temperatura muito elevadas, entre 2 e 5 de agosto e que o habitual pré-estacionamento no Chão das Maias (Serra-Junceira), possa ser complementado com outro na Sabacheira/Pedreira, independentemente das diretivas do dispositivo nacional e do pré-estacionamento habitual em Alburitel (Ourém).

Estes pré-estacionamentos, garantidos fora do Dispositivo Nacional, são a única garantia (possível), para minimizar os riscos, de forma a que não volte a acontecer o que aconteceu a 13 de agosto de 2017 na Serra, ou em julho de 2012 aconteceu na Amoreira (Serra), que depois se estendeu até S.Pedro.
A responsabilidade primeira da segurança do Concelho de Tomar, uma vez que os seus bombeiros são Municipais, é precisamente nossa. O dispositivo nacional, no qual participamos e partilhamos risco, não deve ser a nossa primeira garantia, mas sim a nossa garantia complementar. A estratégia de proteção civil é primeiramente Municipal e só depois Nacional.

Em agosto de 2017 e em julho de 2012, os Bombeiros Municipais de Tomar tiveram de retirar os seus meios para acudir a outros Concelhos - como é normal ser feito, a partir da triangulação às ordens do CDOS Distrital, ficando assim Tomar desguarnecido, com as consequências gravíssimas, que todos conhecemos.

Ora sendo os nossos Bombeiros Municipais, a sua primeira responsabilidade é com o nosso Concelho (sim, gastamos em TOMAR 1,2milhões€ em proteção civil por ano) e isso só se faz com duplicação de meios: os que estão às ordens do dispositivo nacional e, por exemplo, com outras duas equipas que de imediato substituam os meios que saírem para fora do Concelho, para intervenção prioritária em Tomar.

Mas para isso acontecer, é necessário que a Presidente - a responsável legal e operacional pela Proteção Civil Municipal, tome iniciativa claras nesse sentido, seja através de despacho, de moto próprio ou em resultado de decisões da Comissão Municipal de Proteção Civil, no contexto de ativação do Plano de Emergência - o que deveria ser feito, por iniciativa Municipal e não apenas como extensão da ativação dos Planos Distrital e/ou Nacional. 

Caso contrário, seguindo o protocolo (DECIF2018) definido a nível nacional, o Concelho de Tomar, poderá ficar algumas horas desguarnecido e isso, sabemos-lo todos, terá as consequências que no passado já teve. 

É que os bombeiros não chegarão nunca para tudo e a única solução é apagar os incêndios na primeira hora, senão... 

A melhor forma de estarmos defendidos é termos confiança naqueles que nos dirigem e, sabendo ativar com razoabilidade os meios, materiais e humanos disponíveis, garantindo nestes dias, que não possam haver quaisquer desculpas, culpando depois os bombeiros pela sua atuação, como infelizmente no passado observámos.


Recordo que a responsabilidade, em proteção civil, é sempre POLÍTICA!


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Não deixemos de olhar para estes avisos.

AVISO da Autoridade Nacional de Proteção Civil.


Estação meteorológica de Tomar, consultar aqui.
Dados desta:

DIA 1, quarta-feira - 37,8ºC (T máxima), 15,1ºC (T mínima), 30% humidade relativa mínima

DIA 2, quinta-feira - 44,4ºC (T máxima), 17,8ºC (T mínima), 11% humidade relativa mínima

DIA 3, sexta-feira - 42,7ºC (T máxima), 21,0ºC (T mínima), 19% humidade relativa mínima

DIA 4, sábado - 45,4ºC (T máxima), 22,6ºC (T mínima), 12% humidade relativa mínima

DIA 5, domingo - 42,8ºC (T máxima), 22,6ºC (T mínima), 19% humidade relativa mínima

DIA 6, segunda-feira - 32,4ºC (T máxima), 18,4ºC (T mínima), % humidade relativa mínima


NOTA: A Normal para a Temperatura máxima em Tomar, no mês de Agosto, no período de referencia de 1971-2000, é de 34ºC. Assim, NÃO HOUVE ONDE DE CALOR, uma vez que em apenas quatro dias seguidos (de 2 a 5 de agosto), a temperatura máxima foi superior em mais de 5ºC a Normal

(https://protegetomar.wordpress.com/2018/07/31/calor-extremo-previsto-para-os-proximos-dias-em-tomar/)