31.8.18

Um verão de entrevistas

Este verão trouxe-nos duas longas entrevistas dos nossos principais edis de Tomar.
A Presidente deu uma entrevista ao Jornal "O Cidade de Tomar" e o Vice-Presidente deu uma entrevista à Rádio Hertz.
De estilos bem diferentes, porque naturalmente uma entrevista escrita é bem diferente de uma entrevista radiofónica, mas as diferenças não se ficam por aqui.

Conhecendo, há décadas os maneirismos dos autarcas em apreço, pouco me espanta que a entrevista da Presidente se tenha ficado pela total e esquiva tecnocracia, num debitar de números, como se de repente tivéssemos de novo um qualquer Cavaco Silva no ativo...

Ela é mesmo assim: fria, distante, incapaz de transformar uma pedra num sonho e capaz de traduzir um sonho, num conjunto abstrato de vacuidades, como aquelas que há anos lhe ouvimos. 
Já a entrevista radiofónica do vice-presidente, seguiu os normais ditames de quem gosta imenso de se ouvir, e com isso por vezes complica o simples, traduzindo em dez palavras, aquilo que poderia ser dito numa só. Decerto que não foi pela comum aprendizagem musical, pois o Hugo pode ser muito melhor do que vai transmitindo, assim pudesse deixar de lado o espelho, onde todas as manhãs se parece inspirar...

Não se deduza que as entrevistas não têm aspetos positivos, que os têm, mas depois de ler a da Anabela e de ouvir a do Hugo, fiquei com aquela estranha sensação de que não há o mínimo projeto político, social ou ideológico comum
Mais. 
Da longa entrevista radiofónica do Hugo, ressalta ainda a estranhíssima sensação de amadorismo, no que ao pagamento de arrendamento por parte da comunidade cigana nas habitações provisórias em construção junto à GNR, diz respeito. Estranha forma de tratar assunto, que com vários anos de trabalho, nomeadamente depois de 2014, já deveria estar mais do que esclarecido como, quem e quando haveriam direitos e deveres assignados.

Esta estranha forma destes nossos edis se "arrastarem" nestes dois momentos, deve advir da sua eventual sensação de tudo puder dizer ou fazer, pois não haverá escrutínio público, nem consequências palpáveis do que se diz ou faz. O PSD é o que se sabe e o PS está adormecido pelo poder e, já nem se pode falar da verdadeira existência de trabalho ou avaliação política do mesmo, de há anos a esta parte - mesmo quando eu ainda era seu dirigente (até 2017).

Tomar está assim, digamos, que transformada numa Disneylândia, entre palcos de Bimbalhão, Estátuas mais ou menos vivas e concursos televisivos de mesas gastronómicas, sem alimentos ou degustação. Apenas e só um permanente agitar de Marketing - útil, mas no qual se não pode esgotar a vivência de uma comunidade, a qual salta alegremente de Circo em Circo, com "pão e mel" em razoável abundância, mas sem vislumbrarmos qual o caminho a percorrer.

Da atenção que pude dispensar a  estas duas entrevistas, acabei recordando uma pergunta que, em agosto de 2004 - já lá vão 14 anos, fazia aos membros do Secretariado local do PS, então por mim presidido, sobre onde queríamos que Tomar estivesse "dali" a 10 anos. Até hoje aguardo a resposta de Anabela Freitas, então entrada nessa direção política. Julgo que vou e que vamos, continuar esperando. Já de Hugo Cristóvão, garanto-vos que a resposta foi eloquente e longa. É que então a política fazia-se também de sonho, e um musico é sempre um músico, conforme se vai vendo!

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A entrevista da presidente, Anabela Freitas, cujos heads podem aqui ser lidos.
A entrevista do vice-presidente, Hugo Cristóvão, pode ser ouvida aqui.

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