Ao perder as eleições de 2011, com o segundo pior resultado de sempre para o PS - só ultrapassado pelo histórico resultado de 1985, em plena ascensão do fenómeno do PRD (Partido patrocionado pelo então presidente da República Ramalho Eanes), José Sócrates deixou um legado difícil de digerir a todo o PS.
O claro e óbvio desacerto das políticas dos seus últimos dois anos, numa situação de minoria, onde os dois partidos de direita tinham mais deputados juntos do que o PS sozinho, levaram a um conjunto de conjugações políticas, como foram a negociação do orçamento de estado de 2011, com o próprio PSD, seguida poucos meses depois da negociação do memorando com a troika, também com o PSD.
Nenhum eleitor socialista perdoa a Sócrates essa capitulação dos valores e do projecto do PS, face à pressão dos "mercados" e com uma equipa "técnica" instalada no ministério das Finanças que apenas fazia aquilo que "os banqueiros" exigiam, para continuar a "sugar" até ao limite os cofres públicos. Emprestar ao Estado a 5%, 6% ou 7%, quando se ia buscar todo o dinheiro que se queria ao BCE a 1%, foi um maná delicioso em que a Banca Nacional, mas também muita banca europeia se apressou a explorar.
Sócrates estava derrotado mesmo antes de sequer ter sido "corrido" pela coligação negativa que recusou o PEC4, que era aliás bem mais light do que o memorando futuro viria a ser. Mas todos ganhavam com essa recusa. Todos, menos o PS e o povo português.
Depois da demissão de Sócrates o PS organizou o seu Congresso nacional e da disputa entre Seguro e Assis, o primeiro foi a opção da militância, na qual me incluí. Mas o PS não fez a avaliação do que havia corrido bem ou mal, dos porquês da situação e para não deteriorar uma situação política interna que se sabia ser "explosiva", aliás pela presença em 75% de uma bancada parlamentar que tinha vindo do Governo de Sócrates. O PS ao não querer "partir toda a loiça", chamando logo aí os bois pelos nomes, adiou até ao limite essa "noite das facas longas" para hoje.
É certo que a embrulhada" em que Sócrates deixou o PS, cruzada com a actuação cautelosa de António José Seguro, permitiu ajudar a criar condições para uma generalidade de serenos processos de escolha dos candidatos às autarquias, candidaturas essas que beneficiaram de uma boa imagem que, paulatinamente, os Portugueses foram criando de Seguro. A vitória nas autárquicas seria a primeira das três que o PS se preparava para conquistar nos dois anos seguintes. A seguinte seriam as Europeias. Mas a avaliação política de 2011, estava ainda por fazer e, nada mais natural que António Costa viesse dizer que queria o lugar de António José Seguro, com o apoio de uma quase unânime plêiade da "elite Lisboeta", da mesma que grosso modo havia estado com Sócrates na sua humilhante derrota de 2011. Não por acaso, também uma boa parte da opinião publicada dá eco a essa "necessidade".
Vamos por isso agora fazer o que deveríamos ter feito em 2011 após a derrota. Talvez tivéssemos feito bem em ter aguardado até agora, porque isso nos permitiu governar hoje 150 Câmaras Municipais, felizmente também a de Tomar, depois de mais de 10 anos de intenso trabalho e de 16 anos de gestão do PSD. Talvez tenhamos feito mal, porque a possibilidade de derrotar Passos/Portas em 2015, decresce a cada nova polémica dentro do PS. Nunca o saberemos. O que sabemos todos é que da embrulhada que Sócrates nos deixou temos de encontrar o caminho para, mesmo que não seja já em 2015, pelo menos depois da grande vitória autárquica que temos de obter em 2017, possamos o mais tardar a partir daí, já com um Presidente da República diferente para melhor, substituir o pior governo de sempre, para o povo, em Portugal.
Façamos por isso mesmo o nosso trabalho!
O Pulsar do Campeonato – 12ª Jornada
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