"Para dançar o tango são precisas duas pessoas", disse há alguns meses o Secretário-geral do PS e Primeiro Ministro, depois do acordo para o PEC II com o líder do PSD, Passos Coelho.
Tenho para mim, observadas que sejam certas "condições excepcionais" necessárias para a governação, que uma coligação fraca e com espinhos é sempre melhor do que governar em minoria.
A grande dificuldade está sempre, na avaliação dessas mesmas condições execepcionais.
Se em termos locais elas se percebem com facilidade e estão fundadas na absoluta necessidade de manter afastados dos negócios municipais métodos e formas de "conivência", "favorecimento" e criação de "caldos de cultura" favoráveis a práticas ética e legalmente duvidosas, decididas quer por PS, quer por PSD, após 1996, em termos nacionais tal não se tem revelado fácil.
Mas enquanto que em termos nacionais, apesar de tudo se trabalha com um PSD com estratégia - torpe, desajeitada, mal coordenada e de eficácia a médio prazo altamente duvidosa, em termos locais a "desgraça" é total, porque:
1- A coligação que gere a Camara, só funciona por especial "paciência" e "empenhamento" dos eleitos socialistas e dos seus gabinetes de vereação;
2- A coordenação política, para as mínimas acções concretas de desenvolvimento, entre os partidos da coligação nunca existiram, sendo um verdadeiro desastre a sua actuação ao nível, quer das juntas de freguesia, quer da assembleia Municipal;
3- A esse nível em concreto tem sido o PS a fazer toda a "despesa", sendo certo que quem tomou a iniciativa de propor a coligação, como por diversas vezes tem afirmado o presidente do PS de Tomar, foi o PSD;
4- A disponibilidade, espirito de sacrifício e empenho na procura de soluções para os graves problemas do concelho, por parte do PS, não têm sido aproveitadas pelo PSD, para corrigir o rumo seguido na ultima década e que teve os resultados estrondosamente medíocres obtidos por Tomar a quase todos os níveis;
5- A diferença de opção/opinião em questões cruciais, tem sido notória:
como na criação das condições objectivas para a fixação de empresas, a facilitação por acção e redução de burocracia ao investimento;
uma reorganização orgânica do Municipio elaborada com bases profissionais e apoiada por equipa externa adequada e não no casuísmo e total amadorismo;
a resolução dos endémicos problemas do Municipio pagar elevadas rendas e ter instalações suas "emprestadas" a entidades externas, há décadas, sem encontrar por exemplo solução para o futuro "Museu do Brinquedo" ou para os serviços do urbanismo;
a incapacidade de prover os recursos humanos necessários nos sectores estratégicos e básicos do Municipio, com evidentes prejuízos na melhoria da capacidade e económica de médio prazo do Municipio, como por exemplo na higiene e limpeza, ou na criação de um Gabinete de apopio ao investidor, etc,etc;
a incapacidade de mudar em definitivo o paradigma do financiamento às freguesias, apostando na contratualização, continuando a tratar umas como filhas e outras como enteadas, na razão directa do amadorismo da atribuição de recursos e alocação de meios;
o reconhecimento de que o sistema existente para apoiar as associações era ineficaz, mas o adiar sucessivo da solução de futuro, por falta de coragem da assumpção de que é absolutamente primordial investir fortemente neste sector, como sector gerador de actividades e riquezas locais e regionais;
uma revisão de PDM, a conta gotas, que não trata de forma equilibrada o território, não melhora a coesão e o desenvolvimento das aldeias do concelho, não promove a estruturação da rede viária principal e secundaria, dificultando a mobilidade e a fixação de população no Concelho;
uma gestão de recursos humanos que não promove, nem favorece a formação, a valorização do Servico ao cidadão, a legalidade;
investimentos através de financiamentos comunitários desarticulados, pagando bens e serviços sem qualquer correlação estratégica ou devida avaliação de viabilidade futura;
ausência de favorecimento de uma cultura de probidade e profissionalismo, uso com parcimónia e optimização dos recursos disponíveis e avaliação dos impactos positivos para o Serviço ás populações;
falta de uma cultura de responsabilidade, na procura das soluções para as necessidades de habitação social no Municipio; etc, etc...
6-A natural implementação das políticas que tenham a pessoa como centro da sua acção, devem ser sempre a base da preocupação dos políticos: fazendo o que deve ser feito. E de tal não deve de haver receio das suas consequências.
7- Em termos estritamente políticos a gestão de comunidades, como Tomar, têm esta dificuldade acrescida: ao lidar com actores (políticos e de liderança de opinião) cuja principal ocupação parece passar pelo desenvolvimento da inércia como actividade principal, torna difícil que a mesma comunidade ultrapasse as suas dificuldades.
8- Nesse contexto é sempre mais fácil criticar, no seio das soluções de poder, negociadas na gestão corrente do dia a dia, o parceiro que introduz as melhorias, as alterações e não aquele que é o garante de que tudo "se mantém como está".
9- As coligações pós-eleitorais, coisas normais por todos esses países da Europa, desde o nível local ao nível nacional, são elas próprias soluções excepcionais onde, quase sempre, o partido liderante encontra "apoio", "suporte" e "oportunidade", para fazer e melhorar o que de outra forma não conseguiria. O caso de Tomar, não foge naturalmente a essa regra.
10- A coligação pós-eleitoral de Tomar, serve no essencial o interesse estratégico e específico do PSD, dadas as condições excepcionais em que foi constituída, não servindo objectivamente os interesses particulares do Partido Socialista. Ao manter-se nela, apenas o pode fazer por absoluto interesse colectivo da comunidade (Tomar), procurando melhorar a difícil prestação de serviço publico e os resultados de desenvolvimento, a que a gestão PSD conduziu Tomar.
Se o PS decidir continuar a honrar o acordo estabelecido, realizado essencialmente em prol de Tomar, só o poderá fazer, consciente do elevado sacrifício eleitoral futuro que tal pode representar.
Salvando Tomar, pode o PS estar a hipotecar a possibilidade futura de vir a governar, de forma liderante, os destidos do Concelho.
Se for o PSD a dar o dito por não dito, desiste em absoluto de Tomar, como há alguns anos desistiu de Ourém e como antes o havia feito em Torres Novas.
Compreende-se que a solução para o problema existente não é hoje fácil, como não o era há um ano atrás, após a perda de maioria do PSD. Tomar tem estado adiado. A decisão dos socialistas, responsável quanto a mim, visou criar condições de melhoria do que era feito.
Mas valerá a pena insistir, quando parece que os únicos interessados em que Tomar resulte, são os socialistas?
[Nota do autor:
a) Este texto é um texto em construção permanente, pelo que se deve ter em conta isso na sua avaliação.
b)Este texto tranamite apenas a opinião e avaliação política do autor e como tal deve ser analisado.
c) De recordar que hoje, dia da Republica, recordamos que foi há cem anos que assumimos que a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, também eram conceitos em que a sociedade portuguesa podia viver]
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