Muito se tem escrito e dito sobre o
Mercado Municipal de Tomar, ou melhor, sobre a vergonha em que se transformou a
sua gestão e manutenção. É exemplar do que tem sido uma determinada forma de
olhar a Cidade, de olhar o Concelho e de prospetivar o nosso futuro colectivo.
A história, triste, é até de uma
simplicidade atroz: Há cerca de 10 anos, aproveitando a janela de oportunidade
aberta pelo Governo de António Guterres, com o Programa Polis, a Câmara de
então, que é a mesma de hoje, viu na zona do Mercado a hipótese de aí criar um mirífico
Fórum, de volumetria totalmente desproporcionada. Envolveria 20.000m2 de áreas
comerciais, 5 andares e a sua altura excedia o atual Centro de Emprego.
Claro que tudo isto seria bonito se
Tomar fosse Aveiro, com quase 100.000 habitantes a 15 minutos de distância, ou
estivesse numa qualquer área metropolitana. Nunca até hoje apareceu qualquer
grupo na área dos centros comerciais, que quisesse ou pudesse viabilizar tal
disparate. Tem sido assim em quase tudo o que esta maioria que nos (des)governa há
15 anos faz: o que toca, em vez de luzir, perde brilho! E assim foi com o nosso
Mercado.
Certo, certo, é que desde essa
altura o objectivo para o Mercado estava traçado: era para abater! E foi isso que foi executado: por desleixo, má
fé na recusa de propostas da oposição para a requalificação do Mercado e falta
de competência no acesso a financiamentos do QREN.
Nunca mais quaisquer obras, dignas
desse nome, foram realizadas no Mercado Municipal, tirando a famigerada rede de
separação entre o mercado da roupa e o mercado dos frescos, após a intervenção
na outra margem do Rio, o qual hoje est+a num estado lastimável.
Logo em 2005, aquando da
apresentação do orçamento para 2006, o então vereador socialista Carlos Silva
apresentou uma proposta de alteração ao mesmo, colocando uma verba para uma INTERVENÇÃO
DE EMERGÊNCIA no Mercado. Resultado: recusado pela maioria.
No sentido da defesa do Mercado, no
inquérito público realizado para aprovação do Plano de Pormenor (PP) do
Flecheiro e Mercado, o PS promoveu uma subscrição individual entregue no POLIS,
subscrita por mais de 1.100 cidadãos. Resultado: recusados os argumentos apresentados,
o PP Flecheiro e Mercado lá foi aprovado na Assembleia Municipal, apenas com os
votos da maioria.
Posteriormente em 2008, seriam os independentes
a insistir com tal correcção de caminho, o qual também foi recusado. E de obras
nada. A degradação continuou!
Na campanha eleitoral de 2009,
todas as forças políticas assumiram que o Mercado não podia continuar nas
condições, do século passado, incapazes de mantê-lo em funcionamento durante
muito tempo, o que viria acontecer menos de um ano depois. Todos assumiam assim,
que o Mercado não servia de forma digna a população do Concelho e fazendo
perigar algumas dezenas de negócios familiares, numa cidade cada vez mais
carente de comércio local.
Em Fevereiro de 2010, após alguma
discussão, foi aprovada por UNANIMIDADE uma intervenção de emergência no
Mercado, a tal que o PS havia proposto em 2005 e que havia ser recusada. Haviam
sido PERDIDOS mais de 4 anos!
E o que foi feito? Muito pouco. De
tal forma, que no início de Julho de 2010, a ASAE viria encerrar provisoriamente
o Mercado, com um auto com imensas incorrecções detectadas e mais tarde, viria
mesmo selar o Mercado, em virtude de não haver da parte da Câmara qualquer
visível interesse de as resolver.
De emergência, a Câmara reuniu e
mais uma vez por UNANIMIDADE, viria a decidir que deveriam ser realizadas as
estimativas ou para uma intervenção de correcção ou para outra solução
provisória, bem como iniciar um projecto para um novo Mercado.
Sem qualquer apresentação de
estimativas à reunião de Câmara, unilateralmente o presidente e o
vice-presidente PSD decidiram avançar para a célebre TENDA, que aí está desde
então, gastando centenas de milhar de euros.
A proposta dos vereadores do PS,
então com outros pelouros atribuídos, em briefing de preparação de reunião de
Câmara, foi a de que a prioridade deveria ser dada para a resolução imediata
das incorrecções detectadas pela ASAE, em diálogo com esta, para que o Mercado
ficasse encerrado o menos tempo possível. Houve inclusivamente uma visita
realizada pelo vereador do urbanismo, em conjunto com o presidente de então,
mas foi apenas para enganar, mentindo sobre a real intenção: FECHAR o MERCADO
MUNICIPAL! E o PSD conseguiu-o, através da ASAE, mas conseguiu-o, mesmo sem
arranjar investidor para construir o tal mirífico Fórum! É obra!
Após isto é o que se sabe: passaram
dois anos, dois verões, milhares de euros perdidos de receitas, para o
Município, para os Comerciantes e para os cidadãos.
Perdeu-se a oportunidade, proposta
pelos vereadores do PS, durante 2010 e 2011, para que quase 3 milhões de euros,
alocados a nível de financiamento QREN ao outro lado do Rio (Flecheiro), fosse
parte dele reprogramado para o projecto e construção de um novo Mercado.
Em conclusão: Hoje, nem Mercado
renovado, nem projeto para um novo Mercado, nem financiamento para que tal
possa acontecer, nem serviço decente à população do Concelho. Na passada
Quinta-feira, a Câmara decidiu novamente, por UNANIMIDADE, que quer saber o que
já devia ter sabido há dois anos: os custos de uma intervenção de emergência!?
Só podem estar a brincar com os Tomarenses, certo?
Para que saiba, em Coruche (PS), terra do Touro e da Cortiça, em menos
tempo fez-se projecto, obteve-se financiamento, fez-se a obra de total
renovação do antigo Mercado Municipal e a 5 de Outubro de 2012, foi reaberto.