O primeiro pensamento foi o que se poderia dizer sobre este instrumento para além da sua simbologia que pode ser consultada em qualquer referência da Maçonaria.
Assim, por um lado a régua é usualmente um instrumento com uma escala que serve para traçar retas e fazer medições. Claro que na escola a régua tinha, e porventura terá, outros usos em épocas ou lugares em que a disciplina dos alunos era e é mantida de outras formas como Mark Twain descreve sempre que a personagem principal da sua obra “Tom Sawyer” era apanhado pelo professor em comportamentos não condignos de uma sala de aula.
I.
Na maçonaria utiliza-se a régua de 24 polegadas, que representam as 24 horas do dia e que dividida em espaços iguais remete aos períodos de trabalho, de repouso, de exercícios físicos e mentais e de lazer, ou seja, nenhuma parte do dia deve ser desperdiçado ou devotado ao ócio.
Desta forma a régua, que deriva da palavra francês règle, que também significa regra, indica-nos desde logo como gerir o nosso percurso de aprendizagem e de aperfeiçoamento, ou sejam este deve ser equilibrado entre as diversas componentes da vida, mas rigoroso sem espaço ao desperdício do nosso tempo que é por natureza limitado.
II.
Por conseguinte é na intersecção entre o nosso tempo de vida e a forma como a régua o reparte e a régua como instrumento de desenho de retas que por natureza são infinitas que penso que são as lições que devemos retirar.
Por um lado, tal como a reta infinita desenhada pela régua, o nosso caminho de aprendizagem e aperfeiçoamento não tem nem princípio nem fim.
Não tendo princípio, o nosso aperfeiçoamento como pessoas deve alicerçar-se no que os irmãos mais experientes e nos que já não se encontram entre nós aprenderam, e, não tendo fim, manter sempre uma atitude de aperfeiçoamento constante mesmo sabendo que nunca o atingiremos, tal como a régua que não permite desenhar a reta no seu todo mas apenas uma representação da mesma.
Mas isso, não significa que o nosso aperfeiçoamento deva ser apenas uma representação do nosso ideal, tal como a régua que pode passar de mão em mão para prolongar a reta o que aprendemos não deverá ser mantido para o próprio, mas deverá se partilhado para que o aperfeiçoamento do homem e da sociedade seja, tal como a reta, um todo contínuo sem pausas nem quebras e executado de forma perseverante.
A segunda lição está na perseverança da aprendizagem e como deve ser feita.
A régua, ao ter uma escala definida, impõe uma ordem e uma regra bem definida.
O caminho do aperfeiçoamento, tal como a régua, também deverá ser feito de uma forma bem delineada e organizada e não de forma anárquica.
Esta necessidade prende-se com o imperativo de não esquecer nenhum detalhe por mínimo que pareça, pois nunca saberemos quando esse detalhe poderá ser importante.
Se o caminho for anárquico a construção do nosso conhecimento deixará de se parecer com uma reta, contínuo e uno, mas um salpicado de pontos e traços.
Em conclusão, deverei olhar para a régua, não com o temor com que era vista nas escolas de outrora, mas como um instrumento que me ajudará a indicar o caminho no traçado de uma vida retilínea, livre, justa e fraterna.
Um caminho que não poderei traçar a sós mas, tal como a régua que pode ser partilhada, será traçado em conjunto com todos vós.