Muito se tem falado, em voz baixa, sobre o estado da
coligação, ou melhor, da base de entendimento do PS com a CDU, que lhes
permitiu aceder a responsabilidades diretas na gestão do Município e das razões
porque sempre houve mau estar por essa situação.
Muito se fala, mas pouco se faz, que isto de decidir é em
Tomar quase uma ciência exotérica…
Vou relatar apenas alguns factos que, mais ou menos
públicos, denotam o que tem sido a convivência com a CDU na gestão Municipal:
- Pouco tempo depois da instalação do pessoal político no 2º
andar do Edifício Municipal, com gabinete para cada um dos vereadores, com
garantia de apoio administrativo e político, o vereador Bruno Graça, abandonou
a sala e instalou-se num “bunker” na Rua Joaquim Jacinto, onde funcionam os
serviços dos Mercados Municipais, sem qualquer justificação, mas que apenas pretendeu
“furtar-se” a estar próximo da presidente e dos demais eleitos e pessoal de
apoio;
- Inúmeras votações diferenciadas e dúvidas públicas, mesmo
depois de nas reuniões de preparação, quer com a Presidente, quer com
esclarecimentos posteriores fornecidos, nomeadamente em relação às
especificidades da gestão pública municipal, face ao nível de
conhecimento/preparação/entendimento do vereador, numa atitude de permanente
desconfiança notória, evidente e com excessos de linguagem impróprios e
desadequados, em que o célebre “deviam era ser presos 50 funcionários” é uma
das pérolas…;
- Ataques permanentes a todas as áreas geridas pelo PS, com
especial incidência naquelas que eram geridas diretamente pela Presidente de
Câmara;
- Tentativa de durante dois anos se demarcar sempre das
inúmeras decisões sobre o Mercado Municipal;
- Rejeição, desde a primeira hora, de qualquer apoio técnico
e político, por parte do gabinete de apoio, às áreas que lhe estavam atribuídas,
mesmo tendo em conta a experiência, por exemplo, do secretário da vereação, que
havia até 2009 sido secretário pessoal de um vereador com o pelouro dos
mercados;
- Ausência de propostas concretas exequíveis no contexto da
administração pública municipal, a qualquer dos problemas detetados e que foram
imensos, nomeadamente no decurso do primeiro ano da governação, num completo
desconhecimento da Lei e dos enquadramentos procedimentais em vigor nas
autarquias;
- Nas reuniões conjuntas com a CDU, ataques permanentes do
vereador às soluções apresentadas pelo PS, sem qualquer alternativa viável
apresentada;
- Ausência de preocupação com os trabalhadores,
especialmente conhecida a declaração lida a 3 de fevereiro de 2014, em que se
leu: “a CDU demarca-se do despacho, assinado pela senhora presidente, que
concede aos trabalhadores da autarquia tolerância de ponto todas as primeiras
2ª feiras de cada mês” e onde se afirmava que “trata-se de uma decisão que
objetivamente serve os desígnios do governo PSD/CDS ea sua política de ataque
aos trabalhadores da administração pública”(!)
- Desvalorização da criação do Balcão Único, como espaço de
concentração de atendimentos do Município;
- Demarcação da política de mobilidade intercarreiras,
implementada nos primeiros dois anos do mandato, uma vez por ano, valorizando
os recursos humanos e a obtenção de novas valências formativas e capacidades
operacionais demonstradas;
E, como alguém escreveu de forma muito clara:
“No PS devemos
ser tolerantes, mas estarmos permanentemente a ser atacados e termos de estar
calado – chega!”.
E, como muito bem, esse mesmo alguém recordou, de que bancada
em plena Assembleia Municipal, surgiuram vozes para calar o líder do PS e da
bancada, o atual deputado na Assembleia da República Hugo Costa? Pensar-se-ia
ser da bancada da oposição do PSD, mas foi precisamente da bancada da CDU…
Mais palavras para quê? Factos, são factos!
Quanto mais tempo tolerará o PS, isto?