É sempre uma boa ocasião para se fazer um balanço do que foi
feito e, muito especialmente, para se olhar para o futuro, o que foi feito pelos
seus responsáveis operacionais e políticos, com a clareza e proficiência que
lhes são reconhecidos.
A comunidade Tomarense mantém, no entanto, um grande
desconhecimento do que são verdadeiramente os Bombeiros Municipais de Tomar.
São desde logo, um departamento do Município, com as regras
da administração pública, logo aí se diferenciando dos demais corpos de
bombeiros da região, como por exemplo Ferreira do Zêzere, Ourém, Torres Novas,
Entroncamento ou Barquinha, os quais são detidos por Associações de direito
privado (denominadas Associações Humanitárias).
Os Municipais de Tomar são ainda diferentes dos demais corpos
de bombeiros profissionais, como por exemplo os Municipais de Leiria ou os
Sapadores de Coimbra, uma vez que nos de Tomar coexistem bombeiros de várias
carreiras da administração pública, entre assistentes operacionais e bombeiros
profissionais, os quais são simultaneamente voluntários quando não estão no seu
horário de trabalho, aos quais se juntam voluntários que, não sendo
funcionários do Município, se disponibilizam em regime de voluntariado a
executar determinadas missões, nomeadamente à noite, aos fins-de-semana e
feriados, bem como reforçam o dispositivo de prevenção aos incêndios florestais
durante o Verão.
Esta complexidade de organização, permitida pela
legislação e sempre em constante mutação, é uma das permanentes fontes de problemas
na gestão deste tipo de corpos de bombeiros e, por isso mesmo, de confusão na
população.Enfim, sobre todas as questões importa referir que todos os hoje 77 bombeiros da corporação de Tomar, nos quais se incluem os 5 elementos do comando e mais 34 bombeiros funcionários do Município, aos quais se juntam mais 28 cidadãos bombeiros apenas voluntários, dão o seu melhor em todas as missões para que são chamados. E são muitas. Mais de 9000 por ano, naquele que é o maior volume de trabalho de todo o distrito de Santarém.
Durante anos, as maiores lacunas dos Bombeiros de Tomar, a
par das normais de veículos, nomeadamente ambulâncias, centraram-se na falta de
recursos humanos.
Felizmente que no decurso do atual mandato municipal, foi
feito o esforço de integrar no quadro do Município mais 14 novos trabalhadores
bombeiros, durante o ano de 2015, tendo assim conseguido ultrapassar esse grave
problema, que levava a que amiúdas vezes, o trabalho quase que duplicasse para
os escassos 22 bombeiros que restavam em permanência, no início do ano passado.
As famílias dos bombeiros desesperavam, o stress era o pão
nosso de cada dia, originando muitas vezes a que os conflitos, pelo excesso de
permanência no quartel, se agudizassem.
Este investimento decorreu de uma estratégia,
desenhada especialmente a partir de 2010, que havia definido um rumo para os
Bombeiros Municipais de Tomar: a sua
profissionalização a médio prazo.
Para que tal se pudesse concretizar, era necessário, um
rejuvenescimento do Comando, aliado a um conjunto de novas contratações, de
preferência num escalão etário mais baixo, em várias fases, aliada a um
investimento maior na instrução e na melhoria da formação específica.
Anos sucessivos de desinvestimento na entrada de novos bombeiros, prejudicavam a sua operacionalidade.
Anos sucessivos de desinvestimento na entrada de novos bombeiros, prejudicavam a sua operacionalidade.
A ausência de decisões quanto
ao envio de bombeiros para formação arrastou-se durante anos e a desmotivação
dos Homens aumentou. Tudo isso teve um epílogo final já neste mandato, tendo em
resultado dessa avaliação estratégica, sido valorizado, decidido e facilitado o
aumento, não só o número de horas de instrução, como de formação.
Neste esforço e só a título de exemplo, os Bombeiros Municipais
de Tomar apresentaram neste sábado, dia 27 de fevereiro a sua equipa
especializada em resgate em estruturas colapsadas, denominada BREC, em
resultado de recente formação realizada nos Sapadores de Coimbra, depois da
preparação de mais de um ano, para que tal se concretizasse.
Atuar com estratégia é preparar o futuro e, o rumo da
profissionalização, permitirá aos Bombeiros Municipais de Tomar, recuperar a
médio prazo o lugar de destaque no contexto regional que já tiveram.
A aposta na formação e na instrução, onde também ganha
destaque o investimento em formação especializada em Técnicas de Ambulância de
Socorro, curso que dentro em breve 12 bombeiros irão iniciar, aumentará os
profissionais em emergência pré-hospitalar.
Nesta estratégia não convém esquecer a mudança de
paradigma desenvolvido no que aos equipamentos diz respeito. Assim, decidido em 2010, o investimento num Veículo de Socorro e Assistência Tático (VSAT), aprovado em 2011 e chegado em 2013, de mais de 170.000€, visou reforçar a capacidade e rapidez da intervenção de emergência em operações, como as de desencarceramento por exemplo. O investimento em ambulâncias, à medida que se foi tornando evidente que estava mais do que esgotado o anterior investimento nesses equipamentos (de 2002), só acabou por ser concretizado no final do mandato anterior (em 2013) e já com este executivo, em 2014.
Com a apresentação pública que se fez, por estes dias, de
duas novas ambulâncias, cumpre-se o desidrato estratégico de renovar o
decrépito parque de viaturas existente. Nenhum corpo de Bombeiros da região
tinha um parque de ambulâncias tão degradado com Tomar. A estas duas novas,
juntar-se-á brevemente uma terceira, cuja carroçaria é oferecida pela Liga dos
Amigos dos Bombeiros e a célula sanitária paga também pelo Município. Este
investimento de mais de 100.000€, permitirá dar mais folga às atuais oito
ambulâncias existentes – incluindo à já “velhinha” do INEM, que está há um ano
para ser substituída.
Só o ano passado, fruto da maior disponibilidade de recursos
humanos, o transporte hospitalar, de emergência e agendado, aumentou 25%, tendo
resultado num aumento de faturação de mais 30%, face ao ano anterior.
O investimento é compensador, não só pela receita, como
especialmente pela disponibilidade de serviço para a população, a partir de
Tomar sem necessitar de esperar, em caso de emergência 112, pela chegada de
outros meios estacionados nos Concelhos vizinhos.
A conclusão que se pode tirar, é que nunca como neste mandato Municipal, se fez tanto investimento nos
Bombeiros Municipais, como aquele que está a ser feito, apesar de estarmos a
pouco mais de meio do mandato.
As obras de requalificação do Quartel, já com projecto preparado,
que virão a representar um investimento de cerca de meio milhão de euros e a aquisição
de um novo veículo de “fogo”, que durante este ano irá ser certamente concretizado,
permitem compreender o acerto da estratégia desenhada, a partir de 2010 e durante
este mandato especialmente concretizada e continuada.
*Luis
Ferreira, vereador
da proteção Civil e Bombeiros (2010-11), atual deputado municipal pelo PS
Dentro de poucos anos, completado o processo de
profissionalização, que sem demasiados sobressaltos pode ser continuado,
terminando as necessárias recrutas de voluntários que ajudem a aumentar a base
de recrutamento para futuros profissionais do quadro, os Bombeiros virão a ter
aquilo que sempre desejaram e sempre esperaram obter até à concretização, em
2022, nas comemorações do centenário: um
corpo de Bombeiros altamente especializado, profissional e com elevada
capacidade operacional e de serviço à população do Concelho.
E que este caminho seja feito em conjunto. É esse o meu
desejo e é essa a minha esperança.