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4.11.18

O peso do alojamento local na oferta turística de Tomar



O alojamento local vem-se apresentando nos últimos anos, como uma oportunidade para recolocar imóveis mais ou menos devolutos no mercado de arrendamento, seja a través de gestão direta dos seus proprietários, seja através de sub-aluguer, tudo isto após as alterações de classificação ocorridas em 2009 e posteriormente melhoradas pela redução da fiscalidade aplicada.
Primeiramente só com expressão relevante no centro das cidades de Lisboa e Porto, pouco a pouco, a pressão do mercado levou a que inúmeras cidades do País, fossem aumentando a sua oferta de camas em sistema de alojamento local.

Esta tipologia de oferta, em regra de um, dois, três ou quatro quartos, disponibilizados em casas particulares - vulgo Guest House's, revela-se um modelo de sustentabilidade, uma vez que aplica no âmbito das casas, aquilo que hoje se discute cada vez mais na mobilidade - a partilha de recursos. 
Ou seja, que razão havia para que um proprietário, tendo vários quartos a maior parte do ano livres, não os colocasse num mercado flexível de arrendamentos de um ou vários dias, mas sem a rigidez de um contrato de longo tempo? Objetivamente nenhuma.

Os últimos governos, a começar pelo de Sócrates e seguindo pelo de Passos, sem destruir o conceito de Hotelaria, acabaram por o complementar, tirando partido do edificado devoluto e, com isso, conseguir cobrar impostos sobre pequenos rendimentos os quais, de outra forma, ou não existiriam ou acabariam por não pagar um único cêntimo.

Um sistema de registo simples, rápido, sem ficar à disposição das burocracias municipais ou estaduais, acaba por pagar sempre 1€ de imposto por cada 10€ de receita, funcionando como um permanente fluxo de receitas para o Estado. Esta é uma das vertentes menos faladas do "aumento da exportações", que t~em acontecido após 2015.

O Concelho de Tomar terá atualmente cerca de 90 registos em funcionamento, que completam cerca de uma dezena de locais de oferta hoteleira com mais de 10 quartos, sendo irrelevante ainda na dimensão da receita de imposto, mas contribuindo indiretamente para a receita municipal, através do aumento do numero de dormidas.

Pelo que sei, por conversas com inúmeros players do setor, as taxas de acupação em AL, são sempre superiores às da Hotelaria tradicional, o que faz todo o sentido, uma vez que apresenta em média preços mais baixos e uma grande flexibilidade, obtendo assim mais e melhor disseminação de receita e oferendo mais opções aos Turistas.

O valor divulgado publicamente pela Booking.com a 27/9/2018, do preço médio de venda de quarto/noite em Tomar era de 56,21€ e a 26/10/2018 era de 56,13€, ou seja de apenas menos 0,14% na passagem de um mês de Verão para um mês de Outono, o que diz bem da resiliência do setor face ao final da época alta, no Concelho de Tomar.
No mesmo período em Évora este valor passou de 106,24€ para 69,60€, com uma redução de 34,5%; em Óbidos de 136,60€ para 97,10€, com uma redução de 28,9% e em Coimbra de 77,57€ para 60,90€, com uma redução de 21,5%
O numero de propriedades observadas pelo mais popular motor de reservas em Portugal é, em relação a Tomar, um pouco superior em Óbidos (+28%), mais do dobro em Évora (+117%) e mais do triplo em Coimbra (+220%).

O destino Fátima, não é comparável, nem observável neste contexto, de destinos de Turismo Cultural do Centro-Sul do País.

Assim, pode-se concluir que o valor de alojamento em Tomar, é mais estável, resistindo melhor ao ciclo anual e tem ainda muito para crescer a nível de propriedades.

Considero por isso, muito importante que este esforço que atravessou diversos e diferenciados governos, mas que souberam manter uma estratégia consistente neste setor, tenha a sua continuidade. É que, tal como sempre defendi para a gestão pública, quando as coisas funcionam só devemos colaborar para melhorar e não para "mudar por mudar". 
Saibam os atuais gestores públicos, continuar nesse caminho! Com ele, todos ganham!