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16.11.18

Aliança: a pequena margem para mais desilusões em Portugal

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Pedro Santana Lopes é, tenho-o escrito ao longo dos anos amiúde, o político de maior rasgo e coragem que Portugal tem tido, em permanência nas últimas décadas.

O facto de sempre me ter considerado "de esquerda", mas sempre com uma permanente adesão à absoluta liberdade de atuação e pensamento, sempre me levaram a choques com as tentativas de condicionamento da assunção do pensamento próprio, que acho a essência do ser Humano.


Tenho genuína curiosidade pelo novo movimento político presidido por Pedro Santana Lopes, pela sua capacidade de se apresentar como efetiva nova plataforma de conjugação de vontades, onde a capacidade das pessoas valha mais que o seu nascimento, o local onde vivem ou a capacidade económica que detêm.

Tenho assumida identificação com os três eixos fundamentais deste Partido, por um lado o Personalismo, no respeito intransigente pela pessoa e pela sua dignidade, por outro lado numa identificação Liberal, nas práticas sociais e nos costumes e do respeito pela economia privada, sem tutelas  e excessivo peso do Estado, nas áreas não estratégicas e, claro, ou não fosse toda a vida um socialista, na Solidariedade, não baseada na caridadezinha, mas sim no valor da justiça social e na promoção efetiva, da igualdade de oportunidades.

Retirando a norma marxista, fundadora da identidade do meu PS, no qual milito há mais de 35 anos, esta declaração de princípios, podia ser a atualização para o século XXI, daqueles que seriam um PS, sem geringonça, nem os dogmatismos ideológicos ultrapassados, que fundam a sua titubiante atuação.

O PS parou no tempo há muito e, pior ainda, andou para trás, cristalizando-se, não promovendo quer a discussão interna, quer a necessária atualização da sua prática social. Ao se burocratizar, na gestão interna e na do Governo, Portugal andou para trás, crescendo hoje menos que a quase totalidade dos Países Europeus, continuando os mais pobres, pobres e os mais ricos, mais ricos.

Ora, neste estado de coisas, só uma ambição, com liderança a sério - e aí Santana tem absoluta razão, ao querer a economia a crescer 3% ao ano, para que Portugal saia da cepa torta, só se faz com uma reforma profunda do sistema de justiça, que é razão para atraso permanente do país, com uma profunda alteração de paradigma nos apoios sociais, avançando mais rapidamente para um sistema de renda universal, sem burocracia, libertando recursos do estado para o apoio ao empreendedorismo, à incorporação tecnológica e, no fundo, para dar igualdade de oportunidades a TODO o País e, não só à ilhas de desenvolvimento, que acabam por não transferir valor para a comunidade.

Será capaz, o sexuagenário Santana de dar este contributo a Portugal, nos próximos anos?

Sabem que mais? O passado fala por ele. Quem teve há 14 anos a coragem para transferir Secretarias de Estado para fora de Lisboa, depois de ter sido seu Presidente de Câmara, tem o condão de surpreender. Recordo que a Golegã seria a sede da Secretaria de Estado da Agricultura e Braga da Secretaria de Estado da Juventude. Se isto não é saber para que caminho tem o País que ir, não sei mesmo para onde vamos com Costa e a sua (malfadada) Geringonça.
Desejo, com honestidade, boa sorte a este novo Partido.

Portugal já tem uma pequena margem para mais desilusões. Precisamos por maioria de razão de uma forte assunção da identidade nacional e na exigência de outra atitude da Europa, para com as pequenas economias periféricas como a nossa. Um maior respeito pela coesão económica e social, mas também saber praticá-la dentro de portas, que sabemos, especialmente depois da vergonha que foram os incêndios e a sua gestão durante e após.

Precisamos de um País mais coesa, mas também onde o Estado funcione, da justiça à saúde, e que não seja apenas a Autoridade Tributária a ganhar prémios de eficiência e de e-governement. O fomento da criatividade, das artes à economia, permitirá renovar as pessoas, especialmente aquelas que integram a política e que a procura da competência e da credibilidade, não se faça pelos anátemas do amiguismo ou do nascimento, como neste País tacanho se vem fazendo.

E nós em Tomar sabemos mesmo bem o que isto significa. Ou não?

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P.S. - Para consulta deixo-vos a:

Declaração de princípios do novo Partido Aliança

Declaração de princípios do velho PS

Secretaria de Estado da Agricultura na Golegã (2004)