Tenho a felicidade de ter nascido no dia de Carnaval, nesse já longínquo ano de 67, na época das várias revoluções culturais, no advento da era do aquário e do princípio filosófico do "sejamos realistas, exijamos o impossível".
Pouco depois (73), houve o primeiro choque petrolífero e pronto, lá se descobriu (ou se foi descobrindo), que o crescimento contínuo não existia e algumas décadas mais tarde (88), com o relatório Brandantland, que os recursos também não e que deviam ser equilibrados naquilo que ficou definido como o desenvolvimento sustentável.
Coisas sérias da vida, têm hoje um peso grande e definitivo sobre a vida de cada um de nós. Mas nem só de coisas sérias podemos nós viver. Um livro, um filme, uma musica, uma peça de teatro ou o simples olhar para o mar ou num qualquer promontório, monte ou castelo que seja, no comtemplar da paisagem, deste nosso belo País, também são opções importantes e a dar relevo na vida de hoje.
E então, quem anda, mesmo que episódicamente, na vida pública ou na vida política, tem de conseguir descomprimir das secas que apanha e dos deveres que tem de cumprir, complicados quase sempre pela intrincada natureza humana. Tratar de assuntos sérios, da vida dos outros nomeadamente, não tem de ser propriamente levado com ar sisudo, ou com aquela bruma típica do Processo de Kafka, no auge da sociedade industrial de há cerca de 100 anos. Era o tempo da cor cinzenta.
Após os anos sessenta e setenta do seculo passado as cores tomaram a nossa vida. Toda a palete.
Todos os sorrisos passaram a estar disponíveis, de tal forma que com a proliferação dos chats, passou a contar com símbolos de expressão (smileys). Porque seria?
Sempre em todas as funções públicas que tenho desempenhado, ou nos meus locais de trabalho, desde os 16 anos, procuro sempre manter a melhor disposição possivel, relativizando os problemas, colocando enfoque nas soluções e usando o sorriso e a graça respeitosa, como arma para a descompressão.
E em caso de dúvida, lembro-me sempre de uma contagem interessante dos tempos de vida, onde se concluiu que passamos quase 1/4 da vida no trabalho e 1/3 do tempo de vida a dormir. Assim quase metade da vida em que estamos acordados é passada com os colegas de trabalho. Não é mesmo preferível, fazê-lo com o menor dos stresses e com um bom sorriso? Eu por mim acho que sim. Mas lá que andam por aí uns tantos cada vez mais sisudos e quais alpaquinhas de terno de há um século, debitando as grandes certezas da vida em cada ato pesado que exercem, sem gracinha nenhuma, ah isso andam.
E como a vida são dois dias e o carnaval três, olhem: aproveitem e divirtam-se!