Temos vivido os últimos anos em Tomar, naquilo que poderemos definir como a fuga contemplativa.
Fugimos permanentemente dos problemas, com isso ajudando a criar outros. De seguida contemplamo-los, colocando quase sempre a culpa em terceiros.
Primeiro foi a culpar a economia nacional ou internacional, pelas sucessivas falências, pelas sucessivas incapacidades de gerirem os seus grupos empresariais, demonstradas pelas famílias tradicionais e de referência de Tomar. Incapacidades cimentadas na inadaptação aos novos paradigmas tecnológicos e de gestão dos anos 70 e 80.
Depois, foi durante essas e seguintes décadas, a fuga à realidade alimentada pela sucessiva especulação imobiliária, que teve o seu auge em meados dos anos 90, brilhantemente continuado nos anos seguintes. Aos problemas existentes, sem resolução eficaz, juntaram-se outros, a começar pela sucessiva rapina aos bolsos dos tomarenses, com elevadas taxas administrativas e prestação de serviços ao nível do terceiro mundo.
Temos fugido assim da realidade, culpando sucessivamente todos os Governos pelos males que são de nossa responsabilidade, especialmente porque a escolha da Câmara só depende de nós e na escolha do Governo, os tomarenses contam apenas com 0,5% dos votos, ou seja não decidem absolutamente nada.
A defesa de Tomar, de quem defende verdadeiramente Tomar, a sua história, compromisso simbólico e futuro estratégico, faz-se fazendo. Não se faz dizendo que se faz. Essa é uma diferença a que pouco a pouco, cada vez mais pessoas vão dando valor: valorizam quem apresenta resultados.
Os resultados da Câmara ou a ausência deles, são cada vez mais notórios. Quanto ao resto é fácil de ver:
Quem resolveu em definitivo as acessibilidades de Tomar à Nazaré (IC9) e a Coimbra (IC3), o primeiro já adjudicado e que será concluído até ao Verão de 2011 e o segundo no final do processo de adjudicação?
Quem resolveu em definitivo a vergonha que era a manutenção do Tribunal de Trabalho nas suas velhas instalações e abriu novas e funcionais instalações para o mesmo?
E quem instalou a PSP numa nova esquadra, devolvendo ao Município um edifício de sua propriedade, que durante dezenas de anos por essa foi ocupada?
Quem trouxe para Tomar um dos cem mini-campos desportivos, sintéticos, a nível nacional e dos oito do Distrito, a instalar até final de Maio, junto à associação das Serras da Sabacheira, que beneficiará a prática desportiva informal?
E quem investiu de forma determinante na nova creche da Gualdim-pais e que o Ministro Vieira da Silva vem inaugurar oficialmente no próximo dia 28 de Março?
Quem investiu desta forma em Tomar, sem ter responsabilidade directa na gestão do Município, merece ter o apoio do povo para governar o Município de Tomar.
Essa decisão podemos nós tomar, sem a ajuda de ninguém.
E aí acabarão definitivamente as desculpas!
[Artigo publicado na edição de 20 de Março de 2009, do Jornal "O Templário"]
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