Portugueses em França - anos 60/70 |
Portugueses em França - anos 60/70 |
Refugiados Sírios a caminho da Alemanha e França (2011-18) |
Refugiados Sírios a caminho da Alemanha e França (2011-18) |
por Fernanda
Ferreira
São
esquisitos, baixos e com bigodes e barbas. Chegam, na esmagadora
maioria, homens. Elas, quando vêm, cobrem os cabelos com panos e não
usam saia acima do joelho. Muitas são proibidas pelos maridos de
cortarem o cabelo. Por vezes, eles ameaçam-nas com uma chapada ou um
murro; elas, subservientes, baixam a cabeça e colam as mãos ao
ventre. Trazem com eles uma paixão fervorosa pela religião. Usam
colares com o símbolo das suas crenças e são
capazes de dar mais do que têm para que o seu local de culto, na sua
terra natal, tenha um relógio ou um telhado novo. Rezam, pelo menos,
de manhã e à noite. Se puder ser, ao final da tarde, cumprem mais
um ritual.
Chegam
sem falar uma palavra da nossa língua. Parece que fogem de uma
guerra qualquer lá no país deles, da fome e da miséria. Não têm,
por isso, noção de amor à nação. Fogem em vez de defenderem o
seu país e lutarem por uma vida melhor lá, na terra deles, vêm
para aqui sujar o nosso país com a sua imundície. Atravessam países
inteiros a pé ou à boleia para chegarem aqui. Pagam milhares para
saírem do seu país e vêm ficar na miséria. Alguns têm muitos
filhos, muito mais do que aquilo a que estamos habituados. Deixam-nos
sozinhos ou com os irmãos mais velhos, que não vão à escola. Mas
são muito trabalhadores.
Bem,
na verdade, não roubam exactamente o nosso trabalho, porque aqui há
leis que não nos permitem trabalhar 18 horas diárias, embora isso
exista e dê jeito a alguns patrões. Mas de certeza que nos roubam
qualquer coisa. São diferentes de nós e isso causa-nos má
impressão.
Não
são muito limpos, cospem para o chão e as suas maneiras em público
deixam muito a desejar. Vivem em bairros de lata que mais parecem
campos de refugiados. Não sei como conseguem. Se é para viverem na
miséria, mais valia ficarem na terra deles.
Para saber mais sobre a nossa emigração em França, nos anos 60:
A Síria e a sua história: