A pedido da Redacção do Jornal "O Cidade de Tomar", a propósito do seu aniversário em 2008.
Na Tomar de há vinte anos ser jovem era uma seca, não havendo em Tomar mais do que um local da noite, que não fosse uma cervejaria. Havia é certo todo o tipo de oferta de ensino, um conservatório, um instituto de línguas, dois cinemas a funcionar e o único centro comercial de toda a região. Mas fora daqui havia um mundo inteiro de outras oportunidades, razão pela qual muitos da minha geração daqui saímos e poucos voltaram passados vinte anos.
Muito provavelmente, os jovens de hoje dirão exactamente o mesmo, sinal óbvio de que algo falhou.
Haviam na altura em Tomar locais que são hoje apenas uma recordação como o Salão de Jogos Obélix, a Cervejaria Noite e Sol e Bar Frederico, onde hoje é o Casablanca na Rua de S.João. Sendo um sítio ímpar, o Bar Frederico era um local onde dava gosto estar, com um estilo intimista, apropriado para uma conversa de fim de noite, augurando por algo de mais firme e desenvolto nas horas que se seguiriam… Horas essas por vezes passadas até de madrugada na celebérrima Discoteca local, o Pim-pim, hoje transformada num local de culto…
Tomar evoluiu muitos nestes vinte anos, não só pelos locais de noite e da noite onde se pode estar, sem preconceitos, professando este e aquele culto ou mesmo nenhum, para aqueles que se dizem livres.
Tomar estava na altura nos Jogos sem Fronteiras, hoje faz parte de uma Comunidade Urbana apontando o seu caminho na Europa, como meta a atingir. Tomar na altura era gerida por uma Câmara PPD, onde a esposa do actual Presidente era Vereadora de um Partido que já não existe: o PRD. As opções de trabalho para a minha geração que havia saído há pouco do Liceu eram poucas: vida militar, um qualquer trabalho pouco especializado nas Indústrias e Serviços da região ou a aventura numa das áreas metropolitanas de Portugal ou da Europa (França e Suiça especialmente).
Estávamos no início da nossa via Europeia a 12, depois do rotundo falhanço do caminho Africano. Hoje olhamos para Africa e Brasil como forma de sublimarmos os labirintos de uma Europa a 27. Tomar tinha na altura um Presidente que havia retornado de Moçambique, hoje quase já não nos lembramos de um outro que por lá e por aí cirandou a caminho do Portugal dos pequeninos…
Tomar era terra farta de sobra para os enteados e parca de oportunidades para os filhos, como aliás todas as terras desta província imensa que de Lisboa se entreolhava e espreitava para o seu território.
O Instituto Politécnico dava os seus primeiros passos pelas mãos de Baeta Neves e Júlio das Neves, com o alcance e visão que hoje estão há prova, sendo esta a Indústria que mantém Tomar viva. Becerra Vitorino era um jovem arquitecto e promissor Vereador, como passados vinte anos se vê e se verá.
Muito se mantém hoje dessa Cidade dos anos 80, além das dificuldades para os Jovens, da Câmara PPD, da dificuldade de investir e singrar, dos partidos e dos grupos políticos que o não são… São disso exemplo a Estátua do Mestre Gualdim-pais, no mesmo local onde nunca deveria ter sido colocada, o Pavilhão da Gualdim-Pais que por essa altura começava e que hoje é uma referência regional e o nosso Jornal Cidade de Tomar.
Este nosso Jornal é hoje deveras mais arejado e onde muitas vezes os comunicados do PS são publicados, coisa que nos anos 80 era por vezes difícil… À evolução os meus parabéns. Esperemos que os próximos 20 anos nos tragam um ainda melhor caminho.
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