16.2.21

Evolução recente da pandemia - a 16 de março

Completa-se hoje UM ano desde a primeira morte por COVID-19


Mantemo-nos em NÍVEL NORMAL


De momento, o ponto de situação é o seguinte:


O aumento do número de óbitos, depois de 17/3/2020, face à média dos anos de 2009/19 (período de retorno de 11 anos - com os dados de janeiro e fevereiro já do período de 2009-20) são já mais de 25 mil mortos e os óbitos não-COVID, equivalem a mais de um terço, do total do aumento. 

Nota: Por ano o numero de óbitos em Portugal ronda os 112.000 - temos portanto um aumento de óbitos em 2020, de cerca de 15% (Em 2020, foram cerca de 123.000, fruto direto e indireto desta pandemia)


No último mês de Dezembro, praticamente todos (92%) do aumento dos óbitos - face à média do período 2009-19, deveu-se à doença COVID.

No entanto, em Novembro, o aumento de óbitos médio diário foi de 91 e os que faleceram por COVID - 67, foram responsáveis por 73% desse aumento - e não como o site do INE noticiou de 93%, pois eles analisaram apenas os últimos 5 anos (2015-19), e apenas entre 2/11 e 29/11. Este período de retorno, mais longo, permite aferir melhor a discrepância dos números de óbitos do presente ano, face a um período com mais acontecimentos - incluindo os valores da última pandemia de 2009-10 e mais surtos gripais. 

Em outubro, o mês do início da segunda vaga, o numero de óbitos COVID era responsável por apenas 36% desse aumento. Fora COVID, em outubro morriam diariamente +31 pessoas, em novembro +25 pessoas, em dezembro +7 pessoas e em janeiro +73 pessoas.

No último mês de fevereiro de 2021, o peso dos mortos COVID, é de 151% - o que significa que por cada dois mortos a mais houve três de COVID, ou seja se não fosse a doença COVID teriam morrido MENOS pessoas em fevereiro (cerca de 318 em média por dia, ou seja menos 46 pessoas por dia). Este foi o primeiro mês, desde o início da pandemia que tal aconteceu, significando uma inversão do paradigma, justificado pela (quase) total ausência de óbitos por gripe  e pneumonias neste mês. 

<Atualização de 16/3/2021> 
(predição até 31/3/2021)

NÍVEL CRÍTICO,(>3000 casos/dia), atingido a partir de 27/10/2020 - até 13/2/2021
NÍVEL de auto-confinamento, (>30 óbitos/dia), para idosos (>80 anos), atingido a partir de 30/10/2020 - até 8/3/2021
NíVEL de auto-confinamento geral, (>90 óbitos/dia e >25% óbitos COVID / nº óbitos geral), atingido a partir de 19/1/2021 - até 21/2/2021


A SEGUNDA VAGA
Podemos observar que os 3000 casos, para período de retorno de 7 dias, atingiu NÍVEL CRÍTICOa partir de 27/10/2020.

Desde 2/12 que o numero médio de novos infetados (no período de retorno de 7 dias), baixou dos 4000, tendo descido consistentemente desde 15/11 até 28/12.

O fim da segunda vaga deu-se assim por volta dos dias 27-28/12, datas em que baixou dos 3000 casos, tendo durante esses dois dias deixado de estar no NÍVEL CRÍTICO.

Podemos assim afirmar que a segunda vaga, durou entre 2 de outubro e 15 de janeiro (15 semanas), tendo tido o seu pico entre 13 e 15 de novembro - média entre os 5952 e os 5988 casos (para o período de retorno de 7 dias).

Tal representaria que a 2ª vaga teria demorado um total de 6-7 semanas a crescer do nível basal (>747 casos/dia) e demorado 8 semanas a voltar a esse nível - seguindo assim uma distribuição poisson positiva.

CONCLUSÃO: a segunda vaga terá sido observada entre o dia 2 de outubro e o dia 15 de janeiro, durante três meses e meio.


A TERCEIRA VAGA
A terceira vaga começou no final de dezembro (27-28/12) e de uma forma bastante mais forte do que a segunda vaga.
O pico desta vaga deu-se (para uma média móvel de 7 dias) no dia 28 de janeiro - um mês depois do seu início, tendo atingido 12891 casos/dia (mais do dobro do pico da segunda vaga - 115%) e atingido 4,4X o valor de base, que havia sido de 2922 casos/dia - valor médio mais baixo a 27-28 de dezembro.

Assim, enquanto a segunda vaga demorou cerca de 6 semanas a crescer, a terceira levou apenas 4 semanas e o o valor máximo da segunda vaga foi de 7,5X o valor base, que havia sido de 795 casos/dia (a 6/10/2020) e a terceira 4,4X o valor base.

O crescimento da terceira vaga foi assim mais rápida, mas cresceu menos - face ao valor base (4,4 vezes contra 7,5 vezes), tendo o valor base - de 28/12, sido atingido no dia 14/2, tendo demorado apenas 17 dias a voltar ao ponto de partida, enquanto a segunda demorou 42 dias, sendo assim esta terceira vaga foi muito mais rápida a descer.

No entanto, dada a distribuição normal, podemos estimar que a terceira vaga tenha eventualmente tido início por volta de 6 de dezembro, nos primeiros 25 dias dissimulada pela descida da segunda vaga, tendo-se atingido o nível basal (da segunda vaga <747) a 10 de março.

Tal representaria que a 3ª vaga terá demorado um total de 6-7 semanas a crescer do nível basal (>747 casos/dia) e demorado 5-6 semanas a voltar a esse nível - seguindo assim uma distribuição poisson negativa.

CONCLUSÃO:  A terceira vaga terá sido observada entre 6 de dezembro e 10 de março - durante pouco mais de três meses.

AS MORTES

A nível de óbitos, o NÍVEL de auto-confinamento, para os idosos com mais de 80 anos (grupo etário nos quais encontramos 2/3 dos óbitos por COVID19, desde o início da pandemia), situado nos 30 óbitos, foi atingido a 30 de outubro, tendo descido desse nível a 9 de março, tendo-se mantido assim durante 19 semanas (quase quatro meses e meio).

Esta cifra esteve estabilizada durante cerca de 10 semanas a partir de 13/11, entre os 70 e 90 óbitos, tendo-se observado o pico de óbitos, em média móvel de 5 dias, nos dias 15 e 16 de dezembro, com 91 óbitos, tendo descido até 28 de dezembro, onde se atingiu o mínimo de 67 óbitos.

O NíVEL de auto-confinamento geral, que se atingiria com 90 óbitos diários COVID e 25% dos óbitos COVID em relação ao nº de óbitos geral, para período de retorno de 7 dias, não foi assim atingido durante a segunda vaga.

FOI ATINGIDO - a 19 de janeiro, o NíVEL de auto-confinamento geral, com >90 mortos diários por COVID, que se manteve até 21 de fevereiro, tendo atingido o seu máximo a 1/2/2021 (com 291 óbitos) e com >25% de óbitos COVID na mortalidade geral, que se manteve até 19 de fevereiro, tendo atingido o seu máximo a 1/2/2021 (com cerca de 45%). SAÍMOS do NíVEL de auto-confinamento geral, no dia 21 de fevereiro.


O pico dos óbitos, foi atingido no dia 1 de fevereiro - com 291 (em média móvel de 7 dias), equivalente a 223% do pico da segunda vaga, ou seja mais do TRIPLO.

OU SEJA

Houve de facto, um risco real de morte, face à possível infeção e internamento, pela nova doença, pelo que a única forma foi as pessoas se recolherem e evitarem interação social o mais possível - DESDE 19 DE JANEIRO E ATÉ 21 DE FEVEREIRO, especialmente os dos grupos de risco - com idades iguais ou superiores a 50 anos - onde estão 98,8% dos óbitos COVID!





OS INTERNAMENTOS

O nível máximo de internamento (enfermaria e unidade de cuidados intensivos), na segunda vaga foi atingido a 30/11, com 3867 e esteve entre 16/11 e 26/2 entre os 4% dos casos ativos e o máximo de 5,49% a 16/2.

HOJE estamos nos 3,32%, de internamentos face ao nº total de casos ativos.

O valor máximo de internamentos NA TERCEIRA VAGA, foi atingido no dia 1 de fevereiro, com 7734, MAIS 100% que o pico da segunda vaga, ou seja tendo atingido o dobro que a anterior vaga.


O EFEITO DAS MEDIDAS OFICIAIS
O efeito das medidas oficiais, excede o nível de abordagem possível da observação estatística e da prospetiva matemática, mas é sempre possível olhar para elas para tentar obter novas abordagens e, quiçá, algumas respostas.

Assim, segundo a análise regular que o Doutor Pedro Cerqueira - Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra vem realizando desde o início da pandemia, podemos observar o seu calculo do Rt - índice de transmissibilidade, espelhado no seguinte gráfico (e respetivo destaque):


Conforme se constata, o maior valor de Rt terá sido observado no início de setembro, seguido da altura do fim de semana do ano novo e o terceiro a meio de julho, em plena onda de calor [de notar que o numero "290" "320", se referem aos dias desde o início da pandemia]

O efeito dos confinamentos e encerramentos das escolas, a nível deste indicador, são totalmente inexistentes, não sendo possível estabelecer uma relação entre os mesmos.

E se analisarmos o Natal, podemos constatar que o índice de transmissibilidade já se encontrava a crescer mesmo antes deste, bem como se encontrava a descer muito antes das primeiras decisões de confinamento (parcial) de novembro - na verdade estava a descer desde meados de setembro.

Ou seja: nenhuma medida politicamente tomada tem qualquer efeito, quer na transmissibilidade, quer na redução (ou aumento) da pandemia: ela, pura e simplesmente, segue um padrão de distribuição estatística normal, desde que se inicia, até que termina cada vaga.

Parece haver uma relação com as estirpes presentes: com a entrada da variante inglesa, no início de dezembro deu-se o início da terceira vaga e, com o aumento do frio - onda de frio entre 26/12 e 20/1 (durante quase um mês), deu-se o aumento do efeito desta.

Também se pode concluir que uma elevada transmissibilidade em tempo quente, não tem qualquer efeito na pandemia.


ANTERIORES ESTIMATIVAS, em: