30.6.20

+528 MORTOS POR MÊS, de responsabilidade da GESTÃO da PANDEMIA, em Portugal

Os números são como o algodão: não enganam.

Desde 9 de março que o aumento do numero de mortos em Portugal é uma constante, quase, diária.
Nos últimos 14 dias, morreram em média +21 pessoas por dia, do que no período dos mesmos dias dos 11 anos anteriores (2009-2019). Trata-se de um aumento de 7,7% no numero de mortos.

Retirados aqueles que em média morreram por COVID nestes dias (3,4), temos assim um aumento de mortos de 528 por mês.

A responsabilidade de tal aumento de mortos é, naturalmente de quem tem incutido o medo, o pânico, a histeria, tem adiado consultas, exames, operações, não protegido os trabalhadores nos transportes públicos e os profissionais de saúde nos Hospitais, enfim o Governo, com a inestimável ajuda do Palhaço-mor do Reino.

Se havia outro caminho?
Obviamente que havia.
É que neste AS PESSOAS NÃO MORREM DE COVID, MAS MORREM DA GESTÃO QUE FOI FEITA DO COMBATE À DOENÇA!

E isso é inadmissível!


26.6.20

COVID - CONTINUAMOS A ALIMENTAR A MENTIRA

Duvida?
Senão vejamos.
Nos últimos três dias (com dados mais ou menos consolidados - de notar que todos os dias há correções dos dias anteriores) o numero de óbitos em Portugal foi de:
23 de junho - 320
24 de junho - 301
25 de junho - 301, média 307,3 mortos/dia
Numero de óbitos, nos mesmos dias, em média dos 11 anos anteriores (2009-19):
23 de junho - 263,4
24 de junho - 257,7
25 de junho - 265,2, média 262,1 mortos/dia
Assim, temos um AUMENTO de óbitos médio, nestes três dias (23, 24 e 25 de junho), de 45,2
O número de óbito COVID NESTES DIAS FOI DE:
23 de junho - 6
24 de junho - 3
25 de junho - 6, média de 5,0 mortos/dia
Assim, a responsabilidade dos mortos COVID em relação ao aumento de óbitos foi de 5,0/45,2 = 11,1%
Ou seja: 88,9% do aumento de mortos teve OUTRAS CAUSAS.
E mais: morreram A MAIS, por dia 40 pessoas em Portugal, retiradas as 5 que faleceram por COVID.
Pergunta: Ainda acha que o aumento de mortes - QUE ESTÁ A ACONTECER há mais de três meses, se deve ao COVID? Ou será que as pessoas não estão a morrer A MAIS precisamente porque o nossos sistema de saúde PARECE TER FICADO RESERVADO APENAS para o COVID, desprezando por completo as outras doenças? Doenças essas que EFETIVAMENTE matam em Portugal?
Depois disto ainda acredita nas Histórias que lhe contam?
Fonte - (É só consultar o gráfico e fazer umas, poucas, contas)
SICO - eVM
EVM.MIN-SAUDE.PT
SICO - eVM
Nota: dada a sua dimensão, a exportação desta tabela é demorada. Caso não a consiga exportar contacte infosico@dgs.pt .

22.6.20

Maçonaria Feminina em Portugal

SOL - POLITICA, 21 de setembro 2019 - notícia original aqui

Mulheres ‘inauguram’ templo maçónico 


Tal como outros templos, também o do palácio maçónico do Bairro Alto foi alvo de de grandes obras de restauro e pintura – mesmo a tempo de congresso da maçonaria feminina, que começa hoje.

O congresso da Grande Loja Feminina de Portugal arranca hoje. Esta será a primeira reunião a decorrer no Palácio Maçónico do Grande Oriente Lusitano (GOL) desde a realização de obras no edifício. Segundo apurou o SOL , as obras foram aceleradas para que as maçons pudessem realizar esta reunião, cujo programa não é conhecido. 

 Fonte da Maçonaria disse ao SOL que as obras arrancaram no final de julho, para aproveitar as férias maçónicas. Estas serviram para melhorar não só a estrutura do palácio, que se localiza no Bairro Alto, mas também para realizar intervenções estéticas nos vários templos existentes no edifício. As obras acabaram mesmo por atrasar o início dos trabalhos maçónicos, que deveriam ter arrancado no início do setembro. O congresso das mulheres maçons será o primeiro evento a decorrer nas instalações renovadas.


Maçonarias portuguesas na Europa

Entretanto, nesta semana, decorreu a eleição dos novos membros do bureau (ou conselho de administração) da Aliança Maçónica Europeia (AME) e as lojas portuguesas foram escolhidas para lugares de destaque. 


O GOL foi eleito responsável pela organização do colóquio europeu anual promovido pela AME. O colóquio realizar-se-á em Bruxelas ou Estrasburgo, durante o próximo ano, e contará com presença de elementos do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia. «Realizar um colóquio junto destes órgãos europeus tem alguma influência no sentido de poder trocar mais ideias, debater os temas europeus e discutir outras questões relevantes», disse ao i Fernando Lima, grão-mestre do GOL.

Também Pedro Rangel, anterior grão mestre da Grande Loja Simbólica de Portugal, foi reeleito para a direção da AME, para o Registo de Transparência da União Europeia. 

«Trata-se de uma importante função de ligação entre membros especialistas das obediências maçónicas europeias e a Comissão Europeia e Parlamento Europeu, em áreas como educação e formação, ambiente, solidariedade social», explica esta loja maçónica em comunicado.




P.S. - Neste "Congresso", foi reeleita a Grã-Mestre Rogélia Alves. A grande Loja Feminina de Portugal é a única obediência maçónica exclusivamente Feminina em Portugal, com carta patente dada pela Grande Loja Feminina de França 

18.6.20

Tomar foi o primeiro local das MISSÕES ESTÉTICAS DE FÉRIAS, em 1937

(1)
As missões estéticas de Férias (MEF), foram um programa anual de estágios criados durante a década de 30 do século XX, para estudantes de Belas Artes, os quais desenvolveriam, durante os meses de verão, um projeto artístico numa determinada localidade ou região portuguesa de reconhecido interesse patrimonial e cultural.
Júlio Pomar - IX MEF de Évora (1945) - Museu do Chiado

Selecionados pelo seu mérito académico pelos órgãos da então recém-fundada Academia Nacional das Belas Artes, o seu propósito era promover a formação de uma elite cultural no seio de uma ambiciosa visão política, académica e estética com que o Estado Novo se quis afirmar na esfera cultural.


As MEF, enquanto modelo que implicava necessariamente que os artistas trabalhassem fora do seu local habitual - atelier ou academia - proporcionando um modelo de reflexão, pesquisa, produção e apresentação no seio de outra comunidade, revelam-se um caso de estudo pertinente na identificação e compreensão práticas análogas no nosso país nos dias de hoje - como sejam, por exemplo, as residências artísticas - numa época em que ainda se estava longe das teorizações sobre a ideia de "campo expandido" nas artes (KRAUSS, 1979) ou do artista enquanto etnógrafo (FOSTER, 1988).
Este aspeto de antecipação assume ainda mais unanimemente salientados em relação às MEF, sobretudo no que diz respeito à ideia de levar a arte para fora da academia, de aproximar os artistas da paisagem e da cultura popular, em suma de aproximar a arte da vida ou, se quisermos, de incorporar a prática artística numa conceção do atelier enquanto espaço praticado (CERTEAU, 1988).

(1) Texto, da Tese de Mestrado de Diogo Moraes Leitão Freitas da Costa, 2016, Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa, disponível aqui


(2)
O Decreto-lei n.º 26.957 que institui as Missões Estéticas de Férias, organicamente integradas na atividade da 6.ª Secção da Junta Nacional da Educação e que se realizariam com a «activa colaboração da Academia Nacional de Belas Artes (ANBA)». A nova legislação foi redigida tendo como base o relatório e projeto de regulamento concebidos por José de Figueiredo e o vogal da ANBA Varela Aldemira e nela encontra-se bem patente uma narrativa que não só exaltava a «energia espiritual da Nação», como também remetia para a nova ordem política – o Estado Novo – a responsabilidade de assegurar «a defesa da Arte contra doentias concepções do que seja a originalidade e contra a desnacionalizadora infiltração de exóticas teorias que (…) sacrifica o realismo plástico, humano e português» (Diário do Governo n.º 202, 28 ago. 1936, 1039).

Destinadas «a facilitar aos artistas e estudantes portugueses de artes plásticas o conhecimento dos valores de carácter paisagístico, étnico, arqueológico e arquitectónico de Portugal, bem como a contribuírem para o seu cadastro, inventário e classificação» (idem), para além de contribuírem para a formação e ampliação da cultura artística dos participantes, as Missões Estéticas de Férias foram concebidas como um meio para, fazendo face ao orçamento limitado da ANBA, proceder-se ao arranque dos trabalhos para o inventário artístico do país – tarefa que, contudo, só viria a ser concretizada com resultados positivos alguns anos mais tarde, já sob a presidência de Reinaldo dos Santos naquela instituição.


A primeira MEF, realizou-se em Tomar, durante dois meses, sob a direção de Raul Lino, tendo como participantes José Contente, Manuel Lima, Frederico George, Calvet de Magalhães, Trindade Chagas, Herculano Silva Neves, Lauro Corado, Armando Martins, Luís Pereira Dias, Herculano de Sousa Monteiro, Franklim Ramos Pereira, Carlos Augusto Ramos, Joaquim Lopes, George Loukmoski.
Abertura solene da I Missão Estética de Férias. Tomar, agosto de1936.
O ministro da Educação Nacional,Carneiro Pacheco, discursando; ao seu lado, à direita do observador, José de Figueiredo.
(2) Texto, de Joana Baião, originalmente publicado in Colecções de arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX  (coord. Maria João Neto e Marize Malta). Lisboa: Caleidoscópio, 2016, pp. 55-67, disponível aqui


Sobre o maior estagiário presente - George Loukmoski , pode ser lido aqui notícia recente

14.6.20

Afinal para que serve o Lítio?

Muita polémica tem havido nas principais localizações dos locais de prospeção de Lítio, em especial na Serra d'Arga no Alto Minho. Sítios edílicos, onde o bucólico alimenta poucas almas, que resistiram a décadas de ditadura e democracia, que não produziram desenvolvimento, votando os autóctones a uma emigração permanentemente forçada para os Brasis, as Franças e as Capitais de Lisboa e do Porto,...

Acontece que por aqueles solos (Serra de Arga, Boticas, Montalegre, Figueira de Castelo Rodrigo, Mangualde, Guarda e Idanha-a-nova) há teores de Lítio que permitem uma exploração mineira eficiente e rentável, razão pela qual o Estado colocou à concessão internacional vários lotes de território. Parece que tais concessões não cuidaram suficientemente de garantir as necessárias compensações às populações mais próximos - que passassem, por exemplo, como é com a construção de algumas infra-estruturas, pela retirada integral dessas populações para outros locais.

Mas afinal qual a relevância atual do Lítio?
Desde logo, temos ouvido todos as referências às baterias atualmente usadas: nos computadores e nos telemóveis.

Mas há um aspecto, absolutamente importante de utilização futura de Lítio, que nos deve levar a estar deveras atento. É que o Lítio serve também para, de futuro, alimentar reatores de FUSÃO NUCLEAR. Esta é precisamente a forma de produção de energia inversa à FISSÃO nuclear. Ou seja, na fusão, "juntam-se" núcleos de átomos e na fissão, "separam-se" núcleos dos átomos.
Se a fissão é aquilo a que usamos nas centrais nucleares, desde há mais de 70 anos para produzir energia elétrica, a fusão, é algo que ainda não existe para exploração industrial. 
E até é fácil de perceber: uma coisa é termos um átomo "grande", de Urânio235 por exemplo (o urânio "fissil", ou seja aquele que existente naturalmente na natureza é capaz de dar início a uma reação em cadeia controlada e, por isso mesmo, capaz de ser usada na industria de produção de eletricidade), átomo esse que ao ser bombardeado com 1 neutrão, dá origem ao Urânio236, o qual por sua vez se "parte" em dois átomos (o Kipton92 e o Bário141), libertando muitas energia e ainda 3 neutrões que vão chocar agora com mais 3 átomos de Urânio235, dando assim sequência à reação em cadeia.
Outra coisa é termos dois átomos de Hidrogénio (cada um com 1 protão no núcleo), ou do seu isótopo Deutério (com 1 protão e ainda 1 neutrão no núcleo), ou o seu isótopo Trítio (com 1 protão e ainda 2 neutrões no núcleo), ou um isótopo de Hélio (com dois protões no núcleo e um neutrão) e obrigando-os a aproximar-se tanto um do outro que as forças de repulsão eletrostática entre as cargas positivas (do protão), são destruídas - pode simular tal tentando aproximar até tocar (se conseguir) dois ímans com as cargas iguais. Essa destruição da força de repulsão, dá origem a uma quantidade gigantesca de energia, a qual se captada e canalizada, num Central nuclear, permitiria ter fontes de energia praticamente inesgotáveis. É isso que o nosso Sol faz há milhões de anos, em condições de pressão e temperatura impossíveis de replicar na Terra.

A atual situação de desenvolvimento científico, só permite, ter essa energia libertada pela fusão, disponível e orientada em cerca de 1 segundo, sendo o grande desafio conseguir fazê-lo por tempo necessário a que o aquecimento de água, possa alimentar um gerador de vapor e assim produzir eletricidade.

As reações de fusão mais comuns, e que há décadas se conseguem em laboratório, retirando energia durante frações de segundo, são entre o Deutério(D)-(D), entre o (D)-Trítio(T) e entre o (D)-He3.
Se os dois primeiros isótopos considerados (D) e (T), existem em quantidades pequenas, mas auto-produzíveis na Terra, já o Hélio3 (He3), praticamente só existe em quantidades assinaláveis na superfície lunar, aí depositado por raios cósmicos, durante milhões de milhões de anos.

Sobre o (D), ele existe naturalmente em cada 6700 átomos de H, e está assim abundantemente presente na água, a qual pode ser "concentrada na substituição de H por D" industrialmente, dando origem aquilo que se chama água pesada, que é essencialmente D2O em lugar da habitual H2O.

Já o (T), só é praticamente produzido na atmosfera devido à interação com os raios cósmicos - que "obrigam" o átomo original de H a receber dois neutrões no seu núcleo, tornando triplamente pesado e precipitando-o assim no solo. Há no entanto uma outra forma de obter o (T), que é industrialmente, através da água pesada em reatores de fissão do Lítio - que é o terceiro elemento químico, a seguir ao H e ao He.

As aplicações do (T) vão desde luzes de emergência para aterrar em aeroportos, a luzes fosforescentes (refletoras) e a sinais de aviso espalhados por todo o lado, uma vez que este elemento "vive" 12,3 anos, decaindo em emissões de partículas beta de baixa energia (electrões), cm uma pequena energia e sem radiações gama (mortais) associadas - daí a luminescência.

Em termos de produção de energia por FUSÃO, um reator D-He3 produz 18,84 MeV (megaeletrão-volt - uma quantidade de energia equivalente a 10.000 milhões de graus centígrados), mas está limitado pela inexistência de He3 na Terra.
Um reator D-T produz 17,58 MeV e um D-D produz entre 3,27 MeV e 4,03 MeV.
O que limita o primeiro é a necessidade deste produzir o seu próprio T, através de reação de neutrões em Lítio, sendo que o segundo (o reator D-D) é fácil de obter dada a abundância deste elemento na natureza e a relativa facilidade de produzir água pesada.

O Lítio, surge assim como ABSOLUTAMENTE crucial, para o esforço mundial no campo das novas energias, esperando-se que por meados deste século, reatores nucleares a produzir energia eletrica através da FUSÃO, possam estar disponiveis, utilizando Deutério(D) e Trítio(T). mas sem quantidades enormes de Lítio, isso dificilmente poderá acontecer.

Atualmente está em construção no sul de França o ITER (International Tokamak Experimental Reactor), através de uma colaboração conjunta de muitos países, entre os quais a China, os estados Unidos, a Índia, o Japão, a Rússia, a Coreia do Sul e, claro está, a União Europeia.

Mas sem Lítio, no Planeta Terra, nunca chegaremos à ENERGIA INESGOTÁVEL.
E, Portugal tem aqui um papel crucial.

Local previsto para exploração de lítio em Montalegre
Local previsto para exploração de lítio em Montalegre @Rui Oliveira / Global Imagens



Referências:
Artigo Jornal de Notícias, 12-11-2019, aqui

10.6.20

O dia da raça voltou, mas ninguém disse nada...

O palhaço-mor da República, que por estes anos montou a tenda lá para os lados de Belém, parece que realizou hoje uma sessão da "Obra", com direito a missa e tudo...
Devemos ter voltado ao "dia da raça". Esqueceram foi de nos avisar...



6.6.20

O perigoso “vírus” de que poucos falam

Artigo original publicado em https://visao.sapo.pt/exame/2020-04-29-o-perigoso-virus-de-que-poucos-falam/

Por: Nuno Santana Empresário / CEO NIU

Foto de Inzmam Khan no Pexels
Antes, bem antes de 2020, já alguns de nós tínhamos sentido tudo isto.


Ansiedade, insónias, pesadelos, isolamento, negativismo, arritmia, falta de esperança, instabilidade emocional, agressividade, são alguns dos mais comuns sintomas do “MEDO”, o vírus que ataca e controla as nossas mentes. 

Neste momento de total incerteza que o COVID 19 veio instalar, torna-se impreterível partilharmos as nossas experiências de vida pessoal e profissional numa vontade de tentar desmistificar este nosso inimigo invisível. Vou tentar, de uma breve forma, relatar a minha experiência de como convivo nestes últimos 25 anos com este “antigo vírus”, os seus sintomas e a forma como luto com ele diariamente. 

Iniciei a minha vida profissional, em 1994, num contexto familiar, realidade que se mantém até ao presente. Com o passar dos anos e com a diversidade de áreas de negócio onde me fui envolvendo ganhei uma dificuldade imensa em separar a dimensão pessoal da profissional. Muitos do meus grandes amigos conheci-os em contexto profissional, outros grandes amigos acabaram por se tornar os meus atuais sócios. 

Comecei na área de produção de publicidade, uma indústria muito instável – gestores de marcas, em alturas que o ciclo económico ou do produto decrescem, cortam logo na rubrica “comunicação”. Começamos todos os anos com bastantes clientes, mas sem projetos concretos ou contratos garantidos, contexto ideal para que a ansiedade, comece a manifestar-se. Nos últimos anos fizemos ainda uma incursão na indústria de eventos, restauração e turismo – outra área bastante volátil.

Em 20 anos passei por vários momentos difíceis, uns que resultaram de ciclos económicos, outros de mudanças de paradigmas na indústria e, naturalmente, alguns de foro pessoal.

Em 2001 quando o mundo entrava em recessão das dot.com e após os ataques de 11 de setembro relembro-me de uma conversa com o meu pai, com quem tenho o privilégio de trabalhar, e confessei-lhe, a chorar, o meu estado de total pânico com o que se estava a passar no mercado, temia o pior – as marcas cancelaram todos os investimentos em comunicação, o nosso principal mercado tinha-se esgotado por mudanças tecnológicas, tínhamos acabado de fazer um grande investimento em novas instalações e em equipamento semi-industrial, receei o pior, na minha cabeça a falência seria o caminho mais certo.

No fim desse meu momento de ansiedade, o meu pai, com imensa calma diz-me, “vou começar a construir a minha casa” – achei um completo ato de irresponsabilidade; como iríamos conseguir ultrapassar tudo aquilo? Quando eu mais iria precisar do apoio do meu pai, a decisão dele era construir uma casa…

Passei dias sem dormir, o pânico apoderou se de mim, de tal forma, que até o hábito semanal de comprar o jornal evitei, para poupar 200 escudos. Tudo isto obrigou-nos a repensar o nosso negócio e a verdade é que passados dois anos, com muita calma e “enjaulando” o medo, pânico e terror que insistia em aparecer, estávamos mais fortes e a trabalhar com duas das maiores marcas em ativação, eventos e shopper marketing.

Desde essa altura geri muitas adversidades, todas com receio, em algumas delas esse receio conquistou os meus pensamentos, as minha ações. 

Em 2016 numa dessas adversidades e depois de estar 3 meses com um “burnout” percebo que nunca vou deixar de ter medo, e isso não é necessariamente mau, não posso é permitir que ele usurpe a minha mente e que condicione o meu futuro. O medo de falhar com as pessoas, desde a minha família até às que dependem de mim profissionalmente, deu-me forças e ferramentas e hoje percebo perfeitamente a atitude do meu pai em 2001.

Procurei entretanto encontrar pontos de equilíbrio, descobri terapias que por vezes são óbvias – o desporto, a música, valorizar coisas que parecem garantidas mas que não são. Afastei-me de pessoas negativas, deixei de ler notícias cáusticas, mudei de alimentação, reduzi drasticamente o café, e acredito que mesmo que no dia de hoje vemos um futuro próximo demasiado “turvo”, ele existe e está cheio de oportunidades – podem é ser diferentes das que esperávamos. 

Atualmente no nosso grupo de empresas temos quase 150 pessoas em lay-off e centenas que dependem também de nós, praticamente sem atividade. Estimamos um impacto de 80% nas receitas no primeiro semestre pois praticamente todos os nossos negócios dependem de “gathering people”,a coisa mais utópica no presente. Estamos portanto, no contexto perfeito para que o “antigo vírus”, amplificado desta vez pelo novo coronavírus, se apodere da minha mente – há dias que este ganha uma dimensão cada vez maior.

Ao longo dos últimos 20 anos experimentei de tudo para o destruir – psicólogos, hipnose, psiquiatras, yoga, coaching, xamanismo, iridologia, acupuntura – nenhuma destas experiências me impediu de o sentir, mas todas elas me protegeram e ajudaram-me a perceber que o Medo não é malévolo. Bem gerido, o medo deixa-nos atentos, em estado de alerta, surge quando nos sentimos ameaçados fisicamente ou psicologicamente, é uma resposta natural do nosso organismo para nos tornar vigilantes ao que está ao nosso redor.

Um dos primeiros diagnósticos feitos por psicólogos concluiu que era muito ansioso, nada que não soubesse, pois passava os dias a fazer exercícios mentais de catastrofização; depois de explicar ao psicólogo como era o meu mercado profissional, um deles fez me a analogia “pedir a um ansioso que trabalhe no seu mercado com essa instabilidade, é o mesmo que pedir a um alcoólico que trabalhe num bar”. 

Esta é apenas parte da minha história, partilho-a porque acredito genuinamente que o Coronavírus está a afetar maioritariamente o nosso estado emocional, vejo pessoas a serem vítimas de bullying porque trabalham em ambientes de maior risco de contágio, famílias com medo de se abraçarem, pessoas a aproveitarem-se da realidade que vivemos, vejo pacientes com outras doenças que não vão aos hospitais arriscando a sua própria vida, isto é a prova que o pavor já tomou conta da consciência de muitos de nós. 

Ao longo dos últimos anos falei abertamente das minhas fragilidades com amigos, arranco facilmente comentários como “nunca imaginei que sofresses disso” mas também oiço muitas vezes “sofro imenso de ataques de ansiedade” ou “faço terapia desde que me senti sem chão”, acredito que falar das nossas fragilidades torna-nos mais fortes e cria maior cumplicidade e empatia, além de ser uma ótima terapia, também sei que em geral as pessoas têm medo de se expor porque a sociedade é cruel, percebo igualmente que o estou a fazer como nunca fiz, mas se for para ajudar alguém a arranjar estratégias para impedir que o medo se apodere da sua mente, já valeu a pena. 

Não querendo menosprezar o impacto na saúde pulmonar que esta pandemia está a provocar, parece-me que o maior impacto é na nossa saúde mental.

Reafirmo, o “MEDO” faz parte da nossa vida, e como a generalidade de tudo o que fazemos e sentimos deve ser gerido com equilíbrio, não pode ser ele a gerir-nos .

O Medo não se pode apoderar da nossa mente.

O Medo não pode hipotecar o nosso futuro.

O Medo não nos pode impedir de sonhar.



O Medo não impede a morte, impede-nos de VIVER.