Muita polémica tem havido nas principais localizações dos locais de prospeção de Lítio, em especial na Serra d'Arga no Alto Minho. Sítios edílicos, onde o bucólico alimenta poucas almas, que resistiram a décadas de ditadura e democracia, que não produziram desenvolvimento, votando os autóctones a uma emigração permanentemente forçada para os Brasis, as Franças e as Capitais de Lisboa e do Porto,...
Acontece que por aqueles solos (Serra de Arga, Boticas, Montalegre, Figueira de Castelo Rodrigo, Mangualde, Guarda e Idanha-a-nova) há teores de Lítio que permitem uma exploração mineira eficiente e rentável, razão pela qual o Estado colocou à concessão internacional vários lotes de território. Parece que tais concessões não cuidaram suficientemente de garantir as necessárias compensações às populações mais próximos - que passassem, por exemplo, como é com a construção de algumas infra-estruturas, pela retirada integral dessas populações para outros locais.
Mas afinal qual a relevância atual do Lítio?
Desde logo, temos ouvido todos as referências às baterias atualmente usadas: nos computadores e nos telemóveis.
Mas há um aspecto, absolutamente importante de utilização futura de Lítio, que nos deve levar a estar deveras atento. É que o Lítio serve também para, de futuro, alimentar reatores de FUSÃO NUCLEAR. Esta é precisamente a forma de produção de energia inversa à FISSÃO nuclear. Ou seja, na fusão, "juntam-se" núcleos de átomos e na fissão, "separam-se" núcleos dos átomos.
Se a fissão é aquilo a que usamos nas centrais nucleares, desde há mais de 70 anos para produzir energia elétrica, a fusão, é algo que ainda não existe para exploração industrial.
E até é fácil de perceber: uma coisa é termos um átomo "grande", de Urânio235 por exemplo (o urânio "fissil", ou seja aquele que existente naturalmente na natureza é capaz de dar início a uma reação em cadeia controlada e, por isso mesmo, capaz de ser usada na industria de produção de eletricidade), átomo esse que ao ser bombardeado com 1 neutrão, dá origem ao Urânio236, o qual por sua vez se "parte" em dois átomos (o Kipton92 e o Bário141), libertando muitas energia e ainda 3 neutrões que vão chocar agora com mais 3 átomos de Urânio235, dando assim sequência à reação em cadeia.
Outra coisa é termos dois átomos de Hidrogénio (cada um com 1 protão no núcleo), ou do seu isótopo Deutério (com 1 protão e ainda 1 neutrão no núcleo), ou o seu isótopo Trítio (com 1 protão e ainda 2 neutrões no núcleo), ou um isótopo de Hélio (com dois protões no núcleo e um neutrão) e obrigando-os a aproximar-se tanto um do outro que as forças de repulsão eletrostática entre as cargas positivas (do protão), são destruídas - pode simular tal tentando aproximar até tocar (se conseguir) dois ímans com as cargas iguais. Essa destruição da força de repulsão, dá origem a uma quantidade gigantesca de energia, a qual se captada e canalizada, num Central nuclear, permitiria ter fontes de energia praticamente inesgotáveis. É isso que o nosso Sol faz há milhões de anos, em condições de pressão e temperatura impossíveis de replicar na Terra.
A atual situação de desenvolvimento científico, só permite, ter essa energia libertada pela fusão, disponível e orientada em cerca de 1 segundo, sendo o grande desafio conseguir fazê-lo por tempo necessário a que o aquecimento de água, possa alimentar um gerador de vapor e assim produzir eletricidade.
As reações de fusão mais comuns, e que há décadas se conseguem em laboratório, retirando energia durante frações de segundo, são entre o Deutério(D)-(D), entre o (D)-Trítio(T) e entre o (D)-He3.
Se os dois primeiros isótopos considerados (D) e (T), existem em quantidades pequenas, mas auto-produzíveis na Terra, já o Hélio3 (He3), praticamente só existe em quantidades assinaláveis na superfície lunar, aí depositado por raios cósmicos, durante milhões de milhões de anos.
Sobre o (D), ele existe naturalmente em cada 6700 átomos de H, e está assim abundantemente presente na água, a qual pode ser "concentrada na substituição de H por D" industrialmente, dando origem aquilo que se chama água pesada, que é essencialmente D2O em lugar da habitual H2O.
Já o (T), só é praticamente produzido na atmosfera devido à interação com os raios cósmicos - que "obrigam" o átomo original de H a receber dois neutrões no seu núcleo, tornando triplamente pesado e precipitando-o assim no solo. Há no entanto uma outra forma de obter o (T), que é industrialmente, através da água pesada em reatores de fissão do Lítio - que é o terceiro elemento químico, a seguir ao H e ao He.
As aplicações do (T) vão desde luzes de emergência para aterrar em aeroportos, a luzes fosforescentes (refletoras) e a sinais de aviso espalhados por todo o lado, uma vez que este elemento "vive" 12,3 anos, decaindo em emissões de partículas beta de baixa energia (electrões), cm uma pequena energia e sem radiações gama (mortais) associadas - daí a luminescência.
Em termos de produção de energia por FUSÃO, um reator D-He3 produz 18,84 MeV (megaeletrão-volt - uma quantidade de energia equivalente a 10.000 milhões de graus centígrados), mas está limitado pela inexistência de He3 na Terra.
Um reator D-T produz 17,58 MeV e um D-D produz entre 3,27 MeV e 4,03 MeV.
O que limita o primeiro é a necessidade deste produzir o seu próprio T, através de reação de neutrões em Lítio, sendo que o segundo (o reator D-D) é fácil de obter dada a abundância deste elemento na natureza e a relativa facilidade de produzir água pesada.
O Lítio, surge assim como ABSOLUTAMENTE crucial, para o esforço mundial no campo das novas energias, esperando-se que por meados deste século, reatores nucleares a produzir energia eletrica através da FUSÃO, possam estar disponiveis, utilizando Deutério(D) e Trítio(T). mas sem quantidades enormes de Lítio, isso dificilmente poderá acontecer.
Atualmente está em construção no sul de França o ITER (International Tokamak Experimental Reactor), através de uma colaboração conjunta de muitos países, entre os quais a China, os estados Unidos, a Índia, o Japão, a Rússia, a Coreia do Sul e, claro está, a União Europeia.
Mas sem Lítio, no Planeta Terra, nunca chegaremos à ENERGIA INESGOTÁVEL.
E, Portugal tem aqui um papel crucial.
Mas há um aspecto, absolutamente importante de utilização futura de Lítio, que nos deve levar a estar deveras atento. É que o Lítio serve também para, de futuro, alimentar reatores de FUSÃO NUCLEAR. Esta é precisamente a forma de produção de energia inversa à FISSÃO nuclear. Ou seja, na fusão, "juntam-se" núcleos de átomos e na fissão, "separam-se" núcleos dos átomos.
Se a fissão é aquilo a que usamos nas centrais nucleares, desde há mais de 70 anos para produzir energia elétrica, a fusão, é algo que ainda não existe para exploração industrial.
E até é fácil de perceber: uma coisa é termos um átomo "grande", de Urânio235 por exemplo (o urânio "fissil", ou seja aquele que existente naturalmente na natureza é capaz de dar início a uma reação em cadeia controlada e, por isso mesmo, capaz de ser usada na industria de produção de eletricidade), átomo esse que ao ser bombardeado com 1 neutrão, dá origem ao Urânio236, o qual por sua vez se "parte" em dois átomos (o Kipton92 e o Bário141), libertando muitas energia e ainda 3 neutrões que vão chocar agora com mais 3 átomos de Urânio235, dando assim sequência à reação em cadeia.
Outra coisa é termos dois átomos de Hidrogénio (cada um com 1 protão no núcleo), ou do seu isótopo Deutério (com 1 protão e ainda 1 neutrão no núcleo), ou o seu isótopo Trítio (com 1 protão e ainda 2 neutrões no núcleo), ou um isótopo de Hélio (com dois protões no núcleo e um neutrão) e obrigando-os a aproximar-se tanto um do outro que as forças de repulsão eletrostática entre as cargas positivas (do protão), são destruídas - pode simular tal tentando aproximar até tocar (se conseguir) dois ímans com as cargas iguais. Essa destruição da força de repulsão, dá origem a uma quantidade gigantesca de energia, a qual se captada e canalizada, num Central nuclear, permitiria ter fontes de energia praticamente inesgotáveis. É isso que o nosso Sol faz há milhões de anos, em condições de pressão e temperatura impossíveis de replicar na Terra.
A atual situação de desenvolvimento científico, só permite, ter essa energia libertada pela fusão, disponível e orientada em cerca de 1 segundo, sendo o grande desafio conseguir fazê-lo por tempo necessário a que o aquecimento de água, possa alimentar um gerador de vapor e assim produzir eletricidade.
As reações de fusão mais comuns, e que há décadas se conseguem em laboratório, retirando energia durante frações de segundo, são entre o Deutério(D)-(D), entre o (D)-Trítio(T) e entre o (D)-He3.
Se os dois primeiros isótopos considerados (D) e (T), existem em quantidades pequenas, mas auto-produzíveis na Terra, já o Hélio3 (He3), praticamente só existe em quantidades assinaláveis na superfície lunar, aí depositado por raios cósmicos, durante milhões de milhões de anos.
Sobre o (D), ele existe naturalmente em cada 6700 átomos de H, e está assim abundantemente presente na água, a qual pode ser "concentrada na substituição de H por D" industrialmente, dando origem aquilo que se chama água pesada, que é essencialmente D2O em lugar da habitual H2O.
Já o (T), só é praticamente produzido na atmosfera devido à interação com os raios cósmicos - que "obrigam" o átomo original de H a receber dois neutrões no seu núcleo, tornando triplamente pesado e precipitando-o assim no solo. Há no entanto uma outra forma de obter o (T), que é industrialmente, através da água pesada em reatores de fissão do Lítio - que é o terceiro elemento químico, a seguir ao H e ao He.
As aplicações do (T) vão desde luzes de emergência para aterrar em aeroportos, a luzes fosforescentes (refletoras) e a sinais de aviso espalhados por todo o lado, uma vez que este elemento "vive" 12,3 anos, decaindo em emissões de partículas beta de baixa energia (electrões), cm uma pequena energia e sem radiações gama (mortais) associadas - daí a luminescência.
Em termos de produção de energia por FUSÃO, um reator D-He3 produz 18,84 MeV (megaeletrão-volt - uma quantidade de energia equivalente a 10.000 milhões de graus centígrados), mas está limitado pela inexistência de He3 na Terra.
Um reator D-T produz 17,58 MeV e um D-D produz entre 3,27 MeV e 4,03 MeV.
O que limita o primeiro é a necessidade deste produzir o seu próprio T, através de reação de neutrões em Lítio, sendo que o segundo (o reator D-D) é fácil de obter dada a abundância deste elemento na natureza e a relativa facilidade de produzir água pesada.
O Lítio, surge assim como ABSOLUTAMENTE crucial, para o esforço mundial no campo das novas energias, esperando-se que por meados deste século, reatores nucleares a produzir energia eletrica através da FUSÃO, possam estar disponiveis, utilizando Deutério(D) e Trítio(T). mas sem quantidades enormes de Lítio, isso dificilmente poderá acontecer.
Atualmente está em construção no sul de França o ITER (International Tokamak Experimental Reactor), através de uma colaboração conjunta de muitos países, entre os quais a China, os estados Unidos, a Índia, o Japão, a Rússia, a Coreia do Sul e, claro está, a União Europeia.
Mas sem Lítio, no Planeta Terra, nunca chegaremos à ENERGIA INESGOTÁVEL.
E, Portugal tem aqui um papel crucial.
Local previsto para exploração de lítio em Montalegre @Rui Oliveira / Global Imagens |
Referências:
Artigo Jornal de Notícias, 12-11-2019, aqui