31.1.20

CRISTÓVÃO DE VOLTA À LIDERANÇA DO PS, 14 ANOS DEPOIS. PARA QUÊ?


* Artigo de opinião


O Hugo Renato Ferreira Cristóvão, foi eleito em 26/11/2005 presidente da Concelhia de Tomar do PS, funções que exerceu até 22/7/2011, tendo-me substituído no cargo em 2005 e sendo substituído por Anabela Freitas em 2011. 
Hugo Cristóvão, enquanto Presidente do PS de Tomar,
a assinar o acordo político com o PSD, a 23/10/2009

Durante mais de cinco anos e meio, o atual vereador comandou os destinos do PS, no mais longo mandato, desde que António Alexandre nos anos 90 do sec.XX exerceu funções análogas. Agora, neste 1 de fevereiro de 2020, este nosso autarca e dirigente político irá, de novo, ser eleito Presidente da Concelhia do PS em Tomar, mais de 14 anos depois da sua primeira eleição. 

Ora, a questão legítima que se deve colocar é o que tem de novo Hugo Cristóvão hoje para oferecer, demonstrar ou fazer, que não tenha já tido oportunidade de fazer, demonstrar e oferecer ao PS e a Tomar, por consequência dessa função, durante os outros mais de cinco anos em que a exerceu? Ou melhor, que novidade, que novo rumo, que nova ambição podemos esperar deste Hugo Cristóvão que é há mais de seis anos vereador, agora de novo projetado à frente do PS local, não tenha já podido afirmar? 

Tenho para mim que ao querer de novo liderar o PS local, Cristóvão que tem sido vereador sem qualquer rasgo, brilho ou ambição de desenvolvimento especial, e no passado já esteve também nestas funções partidárias, apenas o faz dentro da sua matriz conceptual conservadora, de manutenção pura e simples do poder, sem nada de novo puder, ou querer, acrescentar à política tomarense. 

Que mundo o separa da realidade atual, onde a mudança é a constante, onde a ambição de crescimento e afirmação é o mote, onde os eleitores estão fartos de mais do mesmo, fartos de convencidos, pedantes e armados ao pingarelho que, do alto do seu penacho, pensam olhar de soslaio para o pobres eleitores e/ou militantes, sem cuidar que a política é, antes do mais, o serviço aos outros e o contribuir para a efetiva melhoria da sua vida atual e do seu futuro. O que políticos como Hugo Cristóvão, não vêm é que é precisamente pela existência desta tipologia de estar, que cada vez menos gente vota ou sequer se aproxima dos partidos. 

Mais do mesmo é o que esta “nova” liderança do PS local nos vai oferecer. Apenas e só para tentar agarrar-se ao poder, evitando que Anabela Freitas cumpra em 2021, aquilo que já em 2013 queria fazer – e que só não o fez porque foi dissuadida de tal (imaginem por quem?); que era não incluir Cristóvão na lista da vereação. Aliás, sendo presidente da Concelhia, o lugar tradicional para tal figura é no parlamento local – a Assembleia Municipal, onde aliás Cristóvão já esteve, entre 2009 e 2013. 

“Ele há pessoas que aos 30 anos já estão mortas, mas que só aos 80 são enterradas”, do novo livro de Filipa Jardim da Silva, não podia ser o melhor epitáfio para o que observamos na política tomarense, versão Cristóvão. 

Mais do mesmo é o que podemos esperar, nada mais! 


* Luis Ferreira – Militante do PS, seu ex-dirigente e autarca

27.1.20

Impactes ecológicos das Obras Hidráulicas Transversais e as Passagens para Peixes como medida mitigadora

* Artigo original de Paulo Pinheiro, que pode ser lido aqui

As obras hidráulicas transversais produzem alterações significativas nos ecossistemas, sendo a actividade migratória da ictiofauna particularmente afectada. O restabelecimento da sua mobilidade pode ser conseguido através de passagens para peixes.
As necessidades das sociedades humanas face ao crescimento demográfico, em conjugação com o desenvolvimento tecnológico, têm provocado a intervenção sistemática do Homem nos ecossistemas de forma a melhorar o nível de vida das populações. De facto, têm sido construídas inúmeras obras transversais nos sistemas fluviais, sobretudo açudes, barragens e pequenos aproveitamentos hidroeléctricos – vulgarmente denominados em Portugal de mini-hídricas –, com o intuito de suprir as necessidades em água para abastecimento humano, para as actividades agrícolas, mas principalmente para produção de energia eléctrica. Outras aplicações surgem com as necessidades de regularização do escoamento (limitação do efeito de cheias) ou de protecção e conservação de margens e/ou leitos dos cursos de água.

O consequente decréscimo dos efectivos populacionais, ou a extinção local de espécies migradoras como o salmão (Salmo salar), conduziu à construção e desenvolvimento de diversos sistemas de transposição piscícola em obras fluviais, genericamente designados de passagens para peixes (PPP). Estas estruturas pretendem minimizar as consequências do efeito barreira na ictiofauna, permitindo, em menor escala, o restabelecimento do contínuo lótico nos sistemas fluviais. Apesar de uma percentagem significativa destes dispositivos serem preferencialmente direccionadas para espécies diádromas (e.g., salmonídeos e clupeídeos), vários taxa holobióticos (incluindo os ciprinídeos ibéricos) também as podem utilizar no decurso das migrações potamódromas associadas à actividade reprodutiva ou alimentar. As PPP são também usadas por alguns mamíferos, como foi demonstrado em Portugal com a toupeira de água (Galemys pyrenaicus) e a lontra (Lutra lutra).
IMPACTES ASSOCIADOS À EDIFICAÇÃO DE BARREIRAS FÍSICAS

Em termos ecológicos, encontram-se pouco estudadas as consequências da implantação de barreiras físicas no contínuo unidireccional do transporte de materiais e seres vivos. A construção de aproveitamentos hidroeléctricos, ao promover a edificação de um obstáculo transversal ao curso de água, com a subsequente divisão do habitat em dois compartimentos, altera inevitavelmente as características ecológicas da secção da bacia hidrográfica onde a obra hidráulica se insere. Na literatura da especialidade têm sido frequentemente tomados como certos os efeitos ecológicos das barreiras, sobretudo a imposição de um obstáculo físico – efeito barreira –, mas também a alteração de habitats, a diminuição do caudal original, a criação de um regime de escoamento irregular, a alteração da qualidade da água e a maior susceptibilidade das comunidades ictiológicas a fenómenos de predação e à acção de agentes patogénicos.

Efeito barreira à actividade migratória

A edificação de obras hidráulicas limita os movimentos das espécies migradoras e/ou residentes para montante ou jusante, reduzindo a acessibilidade dos taxa piscícolas a locais fundamentais para completarem o seu ciclo de vida. Esta situação pode provocar o isolamento populacional, compartimentando diferentes classes de idade a montante e jusante (que com a decorrer das gerações poderá conduzir ao isolamento genético), causar desequilíbrios na taxa de recrutamento e na estrutura etária, e ainda ser responsável pelo desaparecimento de certas espécies a montante, sobretudo diádromas. O efeito dos obstáculo face às rotas migratórias depende da altura imposta, da capacidade locomotora das espécies migratórias e das condições hidrodinâmicas sobre e imediatamente a jusante do obstáculo, especialmente a velocidade da corrente, a altura da lâmina da água, a configuração dos jactos e a profundidade e turbulência da massa de água.

Alteração de habitat
Como o fluxo unidireccional da água é interrompido formam-se zonas de características lênticas, reduzindo significativamente a heterogeneidade ao nível dos habitats, alterando igualmente a composição das comunidades piscícolas. Habitualmente, considera-se que os taxa reófilos são substituídos por espécies generalistas, melhor adaptadas a ecossistemas lênticos; para além da eventual introdução ou progressão de taxa exóticos. A formação do regolfo poderá também induzir o alagamento de algumas áreas vitais para a ictiofauna, como locais de desova ou zonas de crescimento para juvenis. Em função das flutuações no nível da água verificadas a montante da barreira podem existir variações morfológicas e estruturais das margens, com alterações na constituição da vegetação ripária e aquática. A jusante do obstáculo, pode ocorrer a invasão do leito pela mata ripícola, com modificações nas comunidades bentónicas e de macrófitos.

Alteração no regime de escoamento
O regime de escoamento apresenta um papel relevante ao nível dos sistemas lóticos, com efeitos indirectos nas comunidades dulçaquícolas, particularmente por ser um dos principais estímulos para o processo migratório reprodutivo, uma vez que os peixes se orientam pela direcção da corrente, movimentando-se contra esta. Em cursos de água submetidos a regulação por obras hidráulicas o regime natural é modificado, podendo existir alterações bruscas de caudais, as variações sazonais podem desaparecer, o período estival sem caudal pode ser prolongado e os picos de cheia eliminados (ou ocorrem mais tarde do que o esperado, apresentando magnitudes inferiores). Em situações extremas, sobretudo no troço entre a captação e a restituição dos aproveitamentos hidroeléctricos, a alteração de caudais poderá ser drástica, permanecendo esta secção sem água. A modificação do regime de escoamentos influencia igualmente a produção de alimento e a existência de condições para a sobrevivência de ovos e alevins, devido ao seu arrastamento para jusante.
Alteração da qualidade e dos parâmetros físico-químicos da água

A construção de obras hidráulicas induz alterações significativas na qualidade e nos parâmetros físico-químicos da massa de água. Tal facto resulta do seu represamento e de eventuais descargas da albufeira (aquando de limpezas ou obras de manutenção). A retenção de água modifica as condições de transporte sólido preexistente, provocando a sedimentação de material sólido a montante do paredão – assoreamento da albufeira. A nível da temperatura, é provável que sofra alterações na secção fluvial (para montante e jusante) influenciada pela imposição do obstáculo, sendo que a natureza e amplitude destas variações dependem das condições climáticas, das características dos sistemas fluviais e do tipo de obra.

Risco de predação e doenças

A acumulação de uma grande densidade de indivíduos em migração, essencialmente a jusante do obstáculo, constitui um alvo fácil para predadores piscícolas e mesmo para algumas aves ou mamíferos. Este facto deriva do desgaste físico a que os peixes são submetidos, devido às inúmeras tentativas de transposição das barreiras; ou mesmo na passagem sobre o paredão e através das turbinas, que os deixa um pouco “desorientados”. O conjunto de comportamentos assinalados pode ser também responsável por um acréscimo na susceptibilidade à ocorrência de doenças.


PASSAGENS PARA PEIXES (PPP)

A construção de PPP é a principal medida mitigadora do efeito barreira na ictiofauna, restabelecendo a conectividade longitudinal dos sistemas fluviais. O fundamento da sua construção remonta à época em que o Homem observou a dificuldade de alguns peixes se locomoverem face a obstáculos geológicos naturais, resolvendo facilitar a sua mobilidade através da edificação de PPP. A primeira infra-estrutura com esta função foi colocada na Suíça em 1640, num obstáculo natural. Por outro lado, o primeiro dispositivo de transposição piscícola edificado numa barreira de origem antrópica remonta a 1828, na Escócia. Em termos genéricos, uma PPP pode ser definida como um caminho artificial, alternativo ao curso de água onde foi edificada uma barreira, que para a ictiofauna dulçaquícola se apresenta intransponível ou dificilmente superável. O princípio geral de funcionamento consiste em atrair os peixes migradores a um ponto do sistema fluvial, a jusante do obstáculo, e incitá-los a deslocarem-se para montante através de uma estrutura onde flua água – PPP em sentido restrito (bacias sucessivas ou deflectores) –, ou capturá-los numa cuba, que após elevação mecânica os liberte a montante – ascensores e eclusas.

No dimensionamento das PPP devem ser consideradas as condições hidrodinâmicas – sobretudo a velocidade da água e o regime de escoamento – à entrada e no interior do dispositivo, para além de conhecimentos sobre a fisiologia, ecologia e comportamento no processo migratório das espécies-alvo. A generalidade dos autores considera cinco tipos principais de PPP: passagens por bacias sucessivas, passagens ou deflectores do tipo Denil, eclusas, ascensores e passagens naturalizadas.

As passagens por bacias sucessivas foram o primeiro tipo de dispositivo de transposição construído para fazer face a obstáculos naturais ou artificiais, sendo frequentemente utilizadas em França durante o século XIX. Actualmente é o modelo de PPP de utilização mais comum, sendo sobretudo utilizadas para vencer desníveis pouco pronunciados, como acontece na generalidade das mini-hídricas. O princípio geral do funcionamento consiste em dividir o desnível a vencer em várias quedas consecutivas de menor dimensão, através da construção de pequenas bacias que escoam água entre si de montante para jusante. São vulgarmente denominadas de escada de peixes, dada a sua configuração basear-se em bacias escalonadas em forma de degraus, formando um canal por onde os indivíduos se movimentam e transpõem as bacias nadando na coluna de água, ou em algumas situações por salto. A adequação das PPP por bacias sucessivas às espécies/famílias mais representativas nos troços onde as estruturas são colocada realiza-se através de modificações nos critérios de dimensionamento hidráulico.
Os deflectores ou passagens do tipo Denil começaram a ser utilizados na Bélgica no início do século passado. São caracterizados por apresentarem um canal rectilíneo de secção rectangular, possuindo um declive acentuado – entre 12% a 20% – e nas paredes e/ou fundo são implantados deflectores (em forma de U e dispostos num ângulo com aproximadamente 45º) com o intuito de reduzirem a velocidade média do escoamento. É um tipo de PPP adequado para a transposição de obstáculos de pequena dimensão e/ou em locais onde a disponibilidade de espaço seja um factor limitante. Apresentam usualmente caudais de atracção facilmente identificáveis pela ictiofauna, embora sejam bastante sensíveis a variações do nível da água a montante do obstáculo. É um tipo de PPP muito selectivo, dirigido maioritariamente para taxa que apresentem elevadas velocidades de natação e grande resistência, nomeadamente os salmonídeos; a sua utilização por espécies de menores dimensões e com baixa capacidade natatória é improvável.
 
A entrada em funcionamento das eclusas remonta à década de vinte do século XX, existindo diversos modelos, sendo o de utilização mais frequente denominado de Eclusa de Borland. As eclusa são constituída por duas bacias ou câmaras, uma a jusante do obstáculo a transpor, habitualmente de maiores dimensões, e outra a montante, sendo a comunicação entre elas efectuada por intermédio de uma conduta inclinada, ou alternativamente por um poço vertical. O princípio de funcionamento consiste em elevar o nível da água na câmara onde os peixes são induzidos a entrar, que é periodicamente fechada e após atingir um patamar superior – sensivelmente idêntico ao nível da água a montante –, os liberta com o intuito de poderem nadar livremente para a albufeira. O funcionamento destes dispositivos é baseado num ciclo de quatro períodos distintos: atracção, enchimento, passagem ou saída e esvaziamento. As eclusas são fundamentalmente utilizadas quando se pretende vencer elevados desníveis e onde o escoamento e espaço disponível sejam factores limitantes. Um dos principais inconvenientes reside no facto da capacidade de passagem ser baixa, em virtude do carácter descontínuo do seu funcionamento; estes sistemas apresentam também elevados custos de construção e manutenção, para além da sua concepção ser tecnicamente bastante exigente. Devido à baixa eficiência, as eclusas têm vindo a ser substituídas nos últimos anos, essencialmente por ascensores.
Um ascensor para peixes é um sistema mecânico de transposição piscícola desenvolvido nos EUA, remontando a primeira construção a 1924. O princípio de funcionamento consiste em capturar os peixes numa cuba a jusante do obstáculo, através da injecção de uma determinada quantidade de água para efectuar a sua atracção. Posteriormente, são içados por intermédio de um sistema mecânico e libertados a montante, num canal ou directamente na própria albufeira. O ascensor é um dispositivo que funciona por ciclos, com fases de captura, ascensão e libertação. As principais vantagens derivam da sua construção não ser muito dispendiosa, de ocuparem pouco espaço, adaptarem-se bem às obras fluviais e não serem dependentes da altura do obstáculo a transpor – sendo o mais indicado para desníveis superiores a 15 m. Como principais condicionalismos apresentam-se a atracção dos peixes para o interior da cuba, a baixa eficiência face a indivíduos de pequenas dimensões e os elevados custos de operacionalidade e manutenção.
As passagens naturalizadas proporcionam uma alternativa face às estruturas de transposição tradicionais, mimetizando um curso de água natural. No seu planeamento são considerados pressupostos ecológicos, maioritariamente a manutenção da conectividade fluvial para todas as espécies (incluindo mamíferos e macroinvertebrados) e estados de maturidade, para além da capacidade de proporcionarem um habitat colonizável às diferentes comunidades, sendo de realçar que este último aspecto raramente é tomado em consideração na concepção das PPP tradicionais. Um dos principais condicionalismos decorre da necessidade de serem aplicadas em declives pouco acentuados, preferencialmente 1-2%, podendo atingir no máximo os 5%. As principais vantagens derivam do baixo custo de edificação e da facilidade com que a toda a fauna dulçaquícola as utilizam, e em ambos os sentidos (é de salientar que se apresenta como o tipo de PPP que possibilita a realização de migrações descendentes sem perigos acrescidos para as diversas comunidades dulçaquícolas). Tais factos podem desempenhar um papel fundamental na reabilitação de segmentos fluviais regularizados. São considerados três tipos de passagens naturalizadas: canais naturalizados (“bypass”), rampas e declives (“bottom ramps and slopes”) e rampas para peixes (“fish ramps”). Os primeiros são os de mais ampla utilização, consistindo num canal que rodeia o obstáculo, assemelhando-se a um afluente ou canal lateral do rio principal.
Existem actualmente em Portugal seis eclusas de Borland (cinco nas barragens do Douro Internacional e o restante na de Belver, rio Tejo), um ascensor na barragem de Touvedo, uma passagem naturalizada no açude de Ponte de Lima e aproximadamente trinta passagens por bacias sucessivas. No entanto, a grande maioria destas infra-estruturas apresenta uma eficácia muito reduzida.

Face às implicações ecológicas que as obras hidráulicas induzem, torna-se necessário compatibilizar a dicotomia da sua construção com a conservação dos ecossistemas e da fauna dulçaquícola. Para tal, deve ser impedida a edificação de barreiras em determinados troços fluviais, e nos locais onde a sua construção seja deferida, deverá ser acompanhada de medidas de mitigação dos impactos, nomeadamente a construção de PPP eficientes e o maneio de habitats.

BIBLIOGRAFIA

Clay, C. H. (1995). Design of fishways and other fish facilities – 2nd Edition. Lewis Publishers, CRC Press, Inc.

FAO (2002). Fish passes – designs, dimensions and monitoring. FAO, Rome.

Ferreira, M. T.; Santos, J. M.; Pinheiro, P. J. e A. Albuquerque (2003). Ecohidráulica de passagens para peixes em pequenas obras fluviais transversais. Departamento de Engenharia Florestal, Instituto Superior de Agronomia. Lisboa.

Jungwirth M.; Schmutz, S. e S. Weiss (Edts.) (1998). Fish migration and fish bypasses. Vienna, Austria.

Larinier, M.; Travade, F. e J. P. Porcher (2002). Fishways: biological basins, design criteria and monitoring. Bull. Fr. Pêche Piscic. 364 suppl.

Marmulla, G. (Edt.) (2001). Dams, fish and fisheries – opportunities, challenges and conflict resolution. FAO Fisheries Technical Paper nº. 419. FAO, Rome.

Martins, S. L. (2000). Sistemas para a transposição de peixes. Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Engenharia. São Paulo.

Pinheiro, P. J. (2004). Avaliação de novas tecnologias no estudo da funcionalidade de passagens para peixes por bacias sucessivas em Portugal. Dissertação de Mestrado em Gestão de Recursos Naturais. Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.

25.1.20

Tecnologia 5G….Mais um Detetor de Histéricos, Promotores do Medo

Artigo original, da autoria do Dr. João Júlio Cerqueira - Médico Especialista em Medicina Geral e Familiar, aqui


Existe um podcast brutal chamado “Pessimists“. No fundo, faz uma avaliação histórica sobre a reação da sociedade após o aparecimento de algumas tecnologias ou inovações. Desde o Walkman até à Valsa, passando pela Eletricidade e acabando na Bicicleta. Até o Ursinho de Peluche foi considerada uma monstruosidade horrível capaz de destruir a sociedade tal qual a conhecemos…
O que se conclui é sempre o mesmo: existe uma franja da sociedade que não lida bem com a mudança. Acha que o mundo vai implodir com o surgimento destas novas tecnologias/inovações”. São histéricos ignorantes, promotores do medo que colocam a emoção à frente da racionalidade.
E um bom exemplo é a tecnologia 5G. Basicamente, a implementação desta tecnologia será o fim da Humanidade. Levará à nossa extinçãoVai dar cabo das nossas glândulas sudoríparas, promover envelhecimento precoce, alterar o nosso sistema hormonal e destruir o nosso DNA. E, óbvio, causa cancro…tinha que causar cancro senão ninguém ficava suficientemente assustado. E como o ambiente está em voga, também causa a morte dos insectos e dos pássaros. Olhem esta frase incrível de uma tola promotora do medo:
“É interessante notar que nos últimos 20 anos perdemos 80% dos nossos insetos. E se tivermos 5G, perderemos 100% dos nossos insetos. Quando os insectos forem, nós também vamos.”
Já estão suficientemente assustados? Ainda não? Eu estou assustado, horrorizado, por ter que partilhar o planeta Terra com este tipo de gente inútil, ignorante, que continuam a lutar contra a evolução da sociedade.
Claro que, independentemente do que eu disser aqui, serei um comprado da “Big Wireless”, os estudos citados serão patrocinados pela “Big Wireless” e não podemos confiar na ciência porque a “Big Wireless” tudo domina…só o Zé, que fez um vídeo de Youtube sobre o tema, é que será de confiança.
É o que parece acreditar o Hugo Gonçalves Silva, Professor Auxiliar no Departamento de Física da Universidade de Évora. Faz um artigo publicado no Jornal Económico a denunciar os “perigos” da tecnologia 5G. O Xô Prossor começa bem:
“Existe extensa literatura a denunciar os variadíssimos perigos das telecomunicações móveis e é de estranhar que isto não seja do conhecimento dos centros tecnológicos que a estão a implementar e que, além disso, tal não seja transmitido à opinião pública.”
Quando achas que tu descobriste a pólvora e as centenas/milhares de investigadores que trabalham nos centros tecnológicos “não têm conhecimento do perigo” das tecnologias que eles investigam e implementam, talvez seja altura de reconsiderares a tua posição. A OMS (1, 2), o National Cancer Institute, o National Institute of Environmental and Health Sciences, o EC Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks  (e podia continuar), referem que as radiações eletromagnéticas, nos níveis a que estamos expostos, são seguras. Deixam a porta aberta para um eventual aumento de risco de leucemia infantil, apesar da relação ser fraca. E, com exposição prolongada ao telemóvel, aumento do risco de neuroma do acústico. No entanto, à medida que a investigação tem avançado, tem ido no sentido de nos dar cada vez mais segurança relativamente à inocuidade destas tecnologias. E isso tem sido demonstrado mesmo em estudos laboratoriais e com animais, onde há sempre a tendência de utilizar doses massivas de exposição ao material testado, por forma a garantir que é mesmo seguro nas doses a que nós estamos expostos.
Portanto, o Xô Prossor, no seu artigo, usa um livro, uns vídeos de Youtube, a campanha do PAN sobre a “informação ao público” para os perigos do 5G e uns artigos da treta escolhidos a dedo que acariciam o seu viés de confirmação. Diga-se que o Xô Prossor já nos tinha brindado com este tipo de referências bibliográficas, de alta qualidade, num artigo publicado no Público. Mas claro…os centros tecnológicos são uns ignorantes que desconhecem a literatura produzida sobre este tema. Um clássico Dunning-Kruger…
Espero que o Xô Prossor tenha oportunidade de ler este artigo do The Guardian, porque aborda os sites que usa como “fontes” e também um dos seus ídolos na batalha contra o 5G, o Sr. Martin Pall. Que se destaca por ser um Lair Ribeiro Anglo-Saxónico. Se a ciência diz assim, ele diz assado.

Sobre o 5G…

Já tinha escrito extensamente sobre radiações eletromagnéticas num artigo para a COMCEPT e quando escrevi sobre a charlatona Alexandra Vasconcelos e o seu livro de treta. Portanto, aconselho a ler esses dois artigos se ainda não dominam o tema das radiações eletromagnéticas.  É que, apesar da tecnologia 5G ser nova, as radiações que utilizam são bastante semelhantes às utilizadas pela tecnologia atual. Têm, de facto, frequências mais altas dentro das frequências rádio (imagem abaixo), mas continuam abaixo da luz visível…portanto, se tens medo destas frequências, convém ires viver para algum local subterrâneo sem acesso a qualquer tipo luz…ainda apanhas cancro ou ficas com Alzheimer quando ligas a luz de casa.
A única razão pela qual a tecnologia 5G não tinha sido implementada antes é que tem um trade-off complicado…permite o aumento de transmissão da quantidade de dados, mas é mais susceptível a interferências por objetos na transmissão dessa informação (como árvores ou vidro). Mas não só…quanto maior a frequência da emissão das ondas rádios, menos elas parecem penetrar no corpo e menor a probabilidade de causar danos a órgãos internos. Logo, até este simples facto destrói os argumentos dos tolos anti-5G. Menor penetração das radiações, menor risco de doenças.
É engraçado ver estas ovelhas, que acham que descobriram “a verdade escondida”, estarem simplesmente a ser manipuladas pela contra-informação russa sobre a tecnologia 5G. Só em 2019, os russos emitiram nove documentários sobre os malefícios do 5G. É comum os russos fazerem isso quando não têm capacidade de acompanhar os avanços tecnológicos dos outros países. Fizeram e continuam a fazer isso sobre a segurança dos transgénicos (1234).
Mas ainda piora…enquanto a propaganda russa vende os malefícios da tecnologia 5G, os cientistas russos fazem exatamente o contrário…recomendam o seu uso. Dizendo que pode ser usada para tratar cancro, melhorar o funcionamento do sistema imune e acelerar a cicatrização da pele. Aumenta a regeneração celular e até pode ser usada para tratar rugas de pele. Agora, digam lá se isto não é uma comédia da boa.

A má ciência…

Claro que os promotores das teorias da conspiração 5G, no auge do seu Dunning-Kruger, fazem cherry-picking da ciência que (supostamente) valida a sua opinião. Um desses estudos é de 2016, realizado pela National Toxicology Program. Aqui fica um bom resumo:
“No estudo, ratos e ratinhos foram atingidos por sinais de rádio extremamente poderosos em frequência, incluindo os usados ​​por telemóveis, de forma intermitente, por toda a sua vida. Os únicos resultados significativos do estudo foram estatisticamente significativos, mas por pouco. Baixos o suficiente para representar apenas ruído aleatório nos dados. E os ratos expostos viveram mais do que os controlos não expostos. No entanto, o estudo foi relatado como prova de que os telemóveis causam cancro. Porquê? Porque se detetou um aumento pouco significativo na taxa de um tipo de tumor chamado Schwannoma, mas apenas em alguns ratos machos, nenhum em fêmeas ou nos ratinhos estudados. Até os próprios autores apontaram vários outros fatores confundidores que poderiam ter sido responsáveis ​​pelos resultados. No entanto, o estudo continua sendo a peça de evidência dos defensores da narrativa que as radiações dos telemóveis causam cancro nos seres humanos – uma afirmação que está em oposição direta a todas as montanhas de evidências observacionais que temos de um terço de um século de células difundidas uso do telefone.”
Então…ratos expostos a radiação vivem mais tempo. Parece que os cientistas russos estão no bom caminho. E o facto de terem vivido mais tempo também pode justificar o aumento ligeiro do risco de cancro. Quanto mais velhos, maior esse risco. Mas estas nuances são, obviamente, ignoradas pelo histéricos que não percebem ponta do assunto.

Conclusão

As ovelhas e Xô Prossores Dunning-Krugers que encontraram a verdade escondida, mas que de facto estão a ser manipulados por contra-informação russa ou baseados em má ciência perpetuada por Lair Ribeiros anglo-saxónicos, continuam a esforçar-se por atrasar o desenvolvimento tecnológico e da sociedade humana, baseada nas habituais premissas da promoção do medo e do fim apocalíptico da sociedade com a introdução destas tecnologias. A comunicação social portuguesa devia ter o trabalho de tentar perceber se os comentadores que escrevem estão ou não a falar verdade, de acordo com os factos disponíveis. Não é por ser Xô Prossor que devem aceitar, de bom grado, a perpetuação de desinformação. Mas pronto…o Observador tem lá um tipo que acha que é comediante e fala sobre alterações climáticas. Que fazer…
Não chega? Leiam este artigoesteesteesteesteesteeste……estes são apenas artigos para digestão fácil. Para digestão difícil, ler relatórios das entidades oficiais citados acima.

23.1.20

18.1.20

O Mito da Meritocracia... (a visão de João Júlio Cerqueira)

Com a devida vénia ao Dr. João Júlio Cerqueira, e ao seu projeto scimed.pt

*** *** ***


O termo “meritocracia” foi criado por Michael Young, quando escreveu o romance satírico em 1958, “The Rise of Meritocracy”. No livro, Young descrevia um tipo de auto-ilusão em que as pessoas ricas se convenciam que a sua riqueza era evidência da sua superioridade moral. A piada é que a sátira virou dogma. Hoje vivemos da meritocracia. Onde nos convenceram que aquilo que alcançamos depende apenas da nosso trabalho árduo e perseverança. Se não consegues, a culpa é tua. Não te esforçaste o suficiente.
Não só isso, como se criou outra piada interessante. A ideia da meritocracia começou por ser uma ideia anti-aristrocrática já que, cada um de nós, independentemente das nossas origens, poderia ser rico, famoso e bem sucedido dependendo apenas do nosso mérito. No entanto, esta atitude/ideologia transformou-se num modelo de perpetuação de uma nova aristrocacia, já que um dos maiores fatores para ser bem sucedido na vida é ser filho de pessoas bem sucedidasMesmo que tenham más notas na escola.
E ser filho de pessoas bem sucedidas influencia o nosso futuro sucesso de duas formas. Os genes que herdamos e o ambiente familiar e sócio-económico em que somos criados.  Dado que ninguém escolhe o seu próprio genoma, não estou a ver onde está o mérito disso. E como ninguém escolhe a família onde nasce – se rica se pobre, com bom ou mau aporte nutricional, se bem conectada em termos sociais ou nem por isso, se numa família estruturada ou não – também não me parece que seja possível atribuir o nosso mérito a essas ocorrências.
Aliás, uma das passagens do Behave, do Salpolsky, que mais me impressionou, foi esta:
“A conexão entre a adversidade infantil e a maturação frontocortical é visível quando se estuda a pobreza infantil. O trabalho de Martha Farah, da Universidade da Pensilvânia, Tom Boyce, da UCSF, e outros demonstra algo ultrajante: aos cinco anos, quanto menor o estatuto socioeconómico de uma criança, em média, (a) maiores os níveis basais de glicocorticóides e/ou mais reativa a resposta ao stresse glicocorticóide, (b) mais fino é o córtex frontal e menor o seu metabolismo, e (c) mais fraca é a função frontal em relação à memória operacional, regulação das emoções, controlo de impulsos e tomada de decisões executivas; além disso, para obter uma regulação frontal equivalente, as crianças com estatuto socioeconómico mais baixo devem ativar mais o córtex frontal do que as crianças com estatuto socioeconómico mais alto. Além disso, a pobreza infantil prejudica a maturação do corpo caloso, um feixe de fibras axonais que conectam os dois hemisférios e integram a sua função. Isso é tão errado – escolha estupidamente uma família pobre para nascer e, no jardim de infância, a probabilidade de ter sucesso nos testes de marshmallow da vida já estão contra si.
Pesquisas consideráveis ​​concentram-se em como a pobreza “penetra na pele”. Alguns mecanismos são específicos para o ser humano – se é pobre, é mais provável que cresça próximo de toxinas ambientais, num bairro perigoso, com mais lojas de bebidas alcoólicas do que os mercados que vendem vegetais; é menos provável que frequente uma boa escola ou tenha pais com tempo para ler para si. É provável que na sua comunidade tenha pouco capital social e você, baixa auto-estima.”
Mas estas pessoas, para além de terem nascido numa família com condições sócio-económicas favoráveis e terem a bênção genética, também conseguiram ter o “mérito” de nascer num país, numa sociedade, capaz de aproveitar todo o seu esforço e mérito. Como exemplo, se fossem mulheres e nascessem na Arábia Saudita, dificilmente iriam conseguir alcançar alguma coisa de relevante, dadas as limitações impostas às mulheres nessa sociedade. Ou se tivessem nascido numa aldeia na Nigéria e a vossa aldeia fosse dizimida pelo Boko Haram e vocês transformados em Crianças-Soldado, dificilmente iriam ter capacidade para criar uma Startup fantástica na área da Inteligência Artificial. Portanto, parabéns pela vossa sorte.

Os “Meritocráticos” Versus Instituições Governamentais

A coisa mais perversa associada a esta ideia da meritocracia, é que levou a uma corrente liberal anti-Estado. No fundo, a lógica é a seguinte: “se eu fui bem sucedido na vida à conta do meu esforço e tu não foste bem sucedido porque és um preguiçoso e não te esforçaste o suficiente, porque é que eu tenho que pagar mais impostos para te sustentar a ti?”
Surge assim a ideia do “Self Made Man” criado no vazio, como se não tivesse sido o Estado (ou seja, todos nós), os responsáveis pela criação das infraestruturas, das instituições e serviços que permitiram ao “Self Made Man” prosperar. Mas o mais importante, é que o Estado é dos poucos mecanismos que poderá impor um verdadeiro sistema meritocrático, ajudando a reduzir as desvantagens existentes entres os diferentes estratos sociais, para que as crianças que tiveram o azar de ser menos afortunadas nos ambientes em que nasceram, tenha menos desvantagens em comparação às crianças que nasceram em “berços de ouro”. Um estudo da OCDE mostra quantas gerações são necessárias para subir no estrato sócio-económico. E não há surpresas…países nórdicos, conhecidos pela sua menor desigualdade sócio-económica, permite uma mais rápida mobilidade social.
Não só isso, como o desrespeito pelo Estado demonstrado por esta ala meritocrática é um pontapé na boca a todos nós, já que o investimento público em investigação, inovação, tecnologia é um dos grandes pilares que permite que estes “Self Made Man” vão surgindo. O telemóvel que temos na mão, é graças ao investimento do Estado. Mesma coisa para GPS, baterias de lítio, airbags e a Internet. E a mesma coisa para muitos dos fármacos que consumimos hoje em dia (123).
Mas não é apenas isso. É a sociedade e todas as instituições criadas pela sociedade que permitiram a evolução cultural e a acumulação de conhecimento. Portanto, quando um “Self Made Man” cria alguma tecnologia revolucionária, o mérito dele é uma ínfima parte de todo o processo de criação, já que assenta em conhecimento produzido por milhares de pessoas que o antecederam. Aliás, hoje em dia grandes descobertas são feitas por equipas de pessoas e não por uma pessoa só, dada a complexidade cada vez maior em fazer avançar o conhecimento e produzir tecnologia.
Mas mais…estes Meritocratas não seriam nada, na ausência das pessoas “sem grande mérito” ou status social, que lhes produzem a comida, constroem a casa, mantém os sistemas de canalização, de eletricidade e aquecimento, fazem recolha do lixo, etc. Aqueles funcionários sem mérito que recebem pouco, mas que mantêm todas as nossas infrastruturas a funcionar.
Citando o Ricardo Lopes, do Canal Dissenter, esta atitude dos meritocratas “é uma falta de respeito abjecta pela sociedade em que vivem, pela longa história da humanidade e o nível mais alto de arrogância e egocentrismo que alguém pode atingir.
O Meritocrata não é nada sem a sociedade em que está inserido e as condições que essa sociedade lhe proporcionou para se transformar neste “Self Made Man”, super empreendedor, que enriqueceu imenso graças a uma ideia genial criada às costas de milhares de pessoas que contribuíram para que essa ideia genial pudesse ter surgido.

Conclusão

Portanto, o nosso mérito será qualquer coisa como 90% sorte, 10% esforço. Certamente que ver as coisas desta forma tira muito glamour a todas as nossas conquistas sociais. Mas é a realidade.
Que fique claro, não se está a falar contra os empreendedores. Eles têm mérito e alguns deles revolucionaram a sociedade em que vivemos. Agora, que se acabe com esta ideia que surgem no vazio, que o seu mérito é exclusivamente seu e que os com pouco mérito o são por “preguiça” e “não se terem esforçado o suficiente”. Obviamente que também existem os preguiçosos, mas a generalização como forma de atacar o Estado Social para reduzir a contribuição do “Self Made Man” via impostos para a sociedade, é só ridícula.
E, para quem acha que o “Self Made Man” conseguiu erguer-se à custa de um trabalho imenso, investindo 100 horas por semana na sua carreira, desengane-se. Os CEOs trabalham em média 60 horas por semana. Não é mau…mas agora vamos imaginar a mãe solteira com dois empregos, a receber o ordenado mínimo, sem ajuda em casa para tomar conta dos filhos, o que significa que ainda tem que fazer a lida doméstica e acompanhar as crianças na escola…faltará esforço a esta pessoa? Onde está a sua recompensa por este esforço? Ou terá tido azar relativamente às suas condicionantes de vida?
E terminamos com um vídeo do Rationality Rules, que devia ser visto por todos estes Self Made Man liberais, que pensam no Estado como um sorvedouro de impostos inútil, que apenas serve para matar a iniciativa privada:

16.1.20

Financiamento comunitário para descarbonizar Pego (Abrantes) e Sines passa a ser possível

Elisa Ferreira anuncia 100 mil milhões para travar CO2 e proteger recursos naturais

Resultado de imagem para elisa ferreiraComissária para a Coesão e Reformas apresentou o Mecanismo para a Transição Justa para apoiar regiões mais afectadas pela transição para a neutralidade carbónica. Portugal poderá concorrer a verbas para completar o encerramento das centrais do Pego e de Sines, ou candidatar projectos para a promoção da economia circular.

Os projectos regionais que promovam a reconversão de unidades industriais de elevada intensidade de emissões de CO2 tais como, por exemplo, centrais termoeléctricas, minas, refinarias ou siderurgias terão a prioridade no acesso às verbas do Mecanismo para a Transição Justa.
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14.1.20

Central do Pego a "produzir" Hidrogénio? Excelente projeto!

A ser assim, ou seja, a fazer-se este caminho, o ambiente e a região agradecem. A ideia peregrina de colocar a atual Central Termoeletrica a queimar biomassa florestal, seria sempre um desastre - ambiental e económico, para a Floresta Portuguesa e para as comunidades rurais.

UTILIZAÇÃO DO H2:
Equipamentos de queima, tal como os outros combustíveis, mas a aplicação preferencial para o hidrogénio é em pilhas de combustível que são dispositivos capazes de converter,
de forma limpa e eficiente, Hidrogénio e oxigénio em electricidade e calor.

O Hidrogénio é um elemento chave do novo paradigma energético. É um combustível alternativo aos hidrocarbonetos, gera energia através de uma pilha de combustível o hidrogénio produz directamente energia eléctrica (reagindo com o oxigénio ao ar). O subproduto da reacção é a água.

VANTAGENS DO H2:
- pode ser produzido a partir de diversas fontes de energia (combustíveis fósseis, energia nuclear, energias renováveis), com uma razoável eficiência, desperdiçando pouca energia;

- é facilmente conversível (com elevada eficiência) em calor e electricidade;

- em relação à electricidade, tem a vantagem de ser transportável e armazenável em grande escala.

- é uma substância completamente amigável, a sua utilização em tecnologias adequadas só produz água.

- como qualquer combustível, um manuseamento seguro depende do conhecimento das características físicas e químicas deste. O Hidrogénio manuseado com este conhecimento é um combustível seguro.


Resta perceber se estamos a falar em "produzir" H2, nomeadamente a partir da Eletrólise da água ou por Reformação (compressão de hidrocarbonetos) ou da "queima" de H2 para produzir eletricidade.


Notícia - O MIRANTE

Tomar quer Central do Pego a produzir hidrogénio

Tomar quer Central do Pego a produzir hidrogénio
RECONVERSÃ

A proposta vai ser apresentada a 16 de Janeiro na reunião da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) e depois aos administradores da Tejo Energia.

O município de Tomar quer que a Central do Pego passe a produzir hidrogénio. Para isso, a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), teve já uma reunião prévia com os administradores da Tejo Energia, que gerem a Central do Pego, para apresentar a ideia que é ainda “muito embrionária”.
O desafio foi lançado e será apresentado aos municípios parceiros que integram a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) para ser debatida. Posteriormente, será apresentada “com maior rigor técnico” à administração da central termoeléctrica. O anúncio foi feito pela autarca em resposta a um munícipe que questionou o executivo na reunião de câmara de 6 de Janeiro.
Na reunião com a CIMT de 16 de Janeiro a autarca irá acompanhada por técnicos sobre esta matéria, dos institutos politécnicos de Tomar e Portalegre, que se encontram a estudar a possibilidade. Se a proposta avançar a central termoeléctrica do Pego terá que sofrer uma reconversão que envolverá milhares de euros. Neste sentido, a autarca sublinha que a ser viável, tanto o Governo português como a União Europeia terão que “alinhar-se” com a estratégia definida.
Recorde-se que a central termoeléctrica, localizada nas freguesias do Pego e Concavada, a cerca de oito quilómetros da cidade de Abrantes, tem fecho anunciado para final de 2021 e estão a ser avaliadas novas finalidades para aquele complexo. A Central do Pego dá emprego a várias centenas de trabalhadores da região do Médio Tejo, o que tem preocupado todos os municípios que integram a CIMT.

12.1.20

Os plásticos que poluem o Rio Nabão...

Em abono da verdade a situação dos plásticos no Mercado Municipal podia estar há anos resolvida, pois no mandato 2009-13, foi apresentada recomendação na Câmara para que os serviços propusessem alteração do regulamento, de forma a que, por exemplo, quem não colocasse o lixo produzido em receptáculos entregues pela autarquia, pudesse ser proibido de acesso posterior ou pagamento de uma taxa acrescida.
Uns anos depois foi assim que o Entroncamento, quase, resolveu o problema.

A chave aqui, passa não só pela alteração do respetivo regulamento, por um lado e pelo aumento da fiscalização pelo outro - com recurso eventualmente à força policial, acompanhando os fiscais municipais.
Nada foi feito, nem nesse mandato, nem no seguinte. 
Inclusivamente foram, no passado mandato (2013-17), reduzido o numero de fiscais municipais.
Os vereadores do pelouro nos dois mandatos, para que se saiba da sua infeliz incompetência pela inação, foram entre 2009-13, Carlos Carrão e entre 2013-17, Bruno Graça. Os Presidentes que deixaram andar, sem nada fazerem, foram: Corvelo de Sousa, Carlos Carrão e Anabela Freitas.
Para que conste e não se esqueçam: há sempre soluções. Falta, muitas das vezes coragem e, outras vezes, competência.

Entretanto passaram mais 10 anos de lixo semanal...
Executivo municipal 2009-13

8.1.20

Só Ourém e Tomar ainda estão na TEJO AMBIENTE

Notícia - O Mirante

Estava previsto a empresa intermunicipal Tejo Ambiente arrancar a 1 de Janeiro de 2020 com os seis municípios que aderiram.



A empresa intermunicipal Tejo Ambiente iniciou a sua actividade a 1 de Janeiro de 2020 como estava previsto. A novidade é que apenas os municípios de Ourém e Tomar arrancaram a sua actividade na empresa. Os restantes quatro municípios – Sardoal, Mação, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere têm até 31 de Março para entrar na empresa. O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque (PSD/CDS) explicou a O MIRANTE que os quatro concelhos ainda não iniciaram porque muitos funcionários das autarquias em causa não aceitaram transitar para a empresa intermunicipal. O que vai obrigar as câmaras a contratarem pessoal. Situação que demora sempre algum tempo.
As lojas de atendimento ao público ainda não estão todas equipadas e prontas a funcionar, o que também levou à decisão de adiar a entrada dos quatros municípios. “Está previsto no regulamento porque a empresa tem seis meses para estar a funcionar em pleno”, explicou Albuquerque a O MIRANTE. Em Tomar a grande maioria dos funcionários dos SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento) aceitou transitar para a Tejo Ambiente, o que permitiu começar a laborar no dia 1 de Janeiro.
Em Vila Nova da Barquinha, por exemplo, estava previsto dez trabalhadores do município passarem para a nova empresa intermunicipal, mas apenas três aderiram. O que vai obrigar a Tejo Ambiente a contratar pessoal no exterior, com os procedimentos concursais obrigatórios, que demoram sempre algum tempo. Na Barquinha, a Tejo Ambiente vai ter que requalificar um espaço para instalar os seus serviços mas esse processo ainda não se iniciou.
A Tejo Ambiente vai gerir os sistemas de abastecimento de água e de saneamento básico dos concelhos de Tomar, Ourém, Sardoal, Mação, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere. A empresa tem um capital social de 600 mil euros e os municípios de Tomar e de Ourém detêm as maiores participações (com 35,63% e 32,37%, respectivamente), seguidos de Mação (10,85%), Ferreira do Zêzere (7,94%), Vila Nova da Barquinha (7,63%) e Sardoal (5,58%).
Estima-se que o investimento nas redes de água e saneamento ascenda a 124,3 milhões de euros nos próximos 30 anos, com um apoio de fundos comunitários de 56 milhões de euros. Cerca de 38 milhões vão ser investidos nos primeiros cinco anos. Por sectores, 53 milhões de euros vão ser investidos no abastecimento de água, 47 milhões em saneamento e 11,2 milhões na recolha de resíduos urbanos. O tarifário vai ser uniforme para os seis concelhos, o que faz com que haja um aumento no preço da factura da água nos concelhos de Sardoal e Mação.
A sede da empresa intermunicipal será em Ourém, onde vão ficar concentrados todos os serviços administrativos, contabilidade, recursos humanos e compras. Em Tomar ficará um Pólo de Engenharia e Tecnologia. Em todos os concelhos haverá centros operacionais para assegurar a proximidade à população.