31.12.22

A inteligência colaborativa homem-máquina, é a IA (Inteligência Artifical) v.2?

Notas críticas, com base no artigo orignal de Wilson, H.J. e Daugherty, P.R, "Inteligência colaborativa: seres humanos e IA estão a unir forças", originalmente publicado em jul-agt/2018, Reimpressão R1804J (2021), HBR 10 artigos essenciais, Inteligência Artificial, Análise de dados e a Nova Era das Máquinas, Editora Atual



A inteligência colaborativa como os autores a entendem, veio para ficar e é minha convicção de que estamos já a falar da IA v.2 (Inteligência Artificial v.2), uma vez que esta além de alterar por completo o paradigma histórico do Trabalho, como fator produtivo, o seu maior impacto agora está no complementar e aumentar, por incorporação tecnológica, as capacidades humanas.

"A maioria das atividades de ineterface homem-máquina exige que as pessoas façam coisas novas e diferentes e as façam de maneira diferente" (itálico no original), é uma boa forma de olharmos para esta verdadeira IA v.2 - como a defino, e o seu grande desafio é, no dizer dos autores, que "os protagonistas de amanhã serão aqueles que adotarem a inteligência colaborativa, transformando as suas operações, os seus mercados, os seus setores e - não menos importante - as suas forças de trabalho".

Os autores, depois de um estudo realizado junto de mais de 1500 empresas - no contexto americano, concluiram que "(...) estas alcançaram as melhorias de desempenho mais significativas quando as pessoas e máquinas trabalham juntas".

Esta nova forma de abordar o conceito da IA, na perspetiva da inteligência colaborativa, leva-nos a que no futuro vejamos um aumento de trabalhadores, por uso da AI, em vez dos substituir. A atenção aos pormenores conta: as empresas obtêm maiories ganhos de desempenho, quando as pessoas e as máquinas inteligentes cooperam, pois as pessoas são necessárias para treinar as máquinas, interpretar os seus resultados e garantir a sua utilização ética e responsável.

A solução de uso final desta IA v.2 deve, por isso, estar centrada para obter mais flexibilidade ou velocidade operacional, melhor tomada de decisões ou aumento na personalização dos produtos e serviços.


27.12.22

Alexandra Reis: quantos mais há como ela na nossa administração pública (direta, indireta e participada pelo Estado)?

A pergunta de hoje é: quantas mais horas a trabalhadora top, que recebeu uma indemnização legal de meio milhão de euros, de uma empresa pública falida - de forma absolutamente legal, vai continuar a orientar o Tesouro nacional?

Quem em seu perfeito juízo deixa de ganhar 17.000€/mês, quatro meses depois é nomeada para ganhar 7600€/mês na NAV - outra empresa pública e decorridos outros tantos meses daí sai para o Governo para ganhar uns míseros 5000€/mês??? [os valores são ilíquidos e estão disponíveis on-line para consulta]
Mais: para aqueles que acham que os Governantes ganham balúrdios, olhem para os cargos que esta trabalhadora Top exerceu, por nomeação, por escolha, em empresas públicas, direta ou indiretamente participadas e questionem-se - como eu faço há mais de 20 anos, o porquê desta elitezinha gozar à nossa custa, sem escrutinio…
Até irem para o Governo, claro…

Quantos milhares estão como ela, com o dinheiro dos nossos impostos a ganharem salários acima do Presidente da República - que é o mais alta magistrado da Pátria e que devia ser aquele a quem os Portugueses mais deviam pagar para os servir?


Nota adicional:

É um problema de gestão pública - não de qualquer questão idiológica, uma vez que a maioria da "elite" que circula entre os diferentes "cargos" e "nomeações" pouco tem de ideológica - nem sequer qualquer ligação ao PS, sendo que na sua maioria são meros "liberais" que gincham mais do que os apoiantes do quarto pastorinho de Fátima, como Costa definiu (e bem) há uma semana. 

A questão é mais funda e tem que ver, com a vergonha que há décadas observo de gente com alguma formação superior (sim, é a base), mas apenas porque são filhos, enteados, ou afilhados, amantes, amigos e amigas de alguém com nome, são convidados, promovidos dentro das empresas públicas, direções-gerais, num verdadeiro "rodízio", quase que diria, "orgia" de gastos à custa dos contribuintes e, no mais, sem qualquer escrutínio. 

Ganham TODOS acima de 5000€/iliquidos por mês, com salários acima de TODOS os autarcas deste País e de quase todos os membros do Governo e deputados. 

Uma vergonha. São uma verdadeira "máfia", sem controlo, que se dão ao luxo de se dizerem "gestores" públicos, mas onde parece que o princípio liberal do "saca-para-nós" é o grande desafio... Está na altura de acabar com isto, e o começo é voltar a colocar o teto de remunerações no salário do Presidente da República, sem extras, nem alcavalas. 

Quem quer estar no serviço público está, quem não quer que vá "criar riqueza" para o privado, sem benesses exageradas à custa do contribuinte e sem escrutínio democrático. 

Que raio. Que miserável vergonha!


E é isto que é publicamente divulgado sobre a senhora engenheira...

Alexandra Reis

Secretária de Estado do Tesouro

Período de governação: 2022-12-02 até à data atual

Biografia

Alexandra Reis nasceu em Leiria, em 1974.

É Licenciada em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro.

Fez o Executive Master in Business Administration (eMBA) pelo IESE-AESE Business School.

Fez o Programa Avançado em Negociação e Influência pela Stanford Graduate School of Business.

Fez o Programa Avançado em Gestão para Executivos em Telecomunicações e Tecnologias Informação (PAGETTI) pela Católica Lisbon School of Business and Economics.

Foi presidente do Conselho de Administração da Navegação Aérea de Portugal - NAV Portugal, E. P. E., de julho a dezembro de 2022.

Foi membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da TAP, SGPS, TAP, S. A., e da Portugalia,  Presidente do Conselho de Administração da Cateringpor - Catering de Portugal, S.A., membro não executivo do Conselho de Administração da UCS - Cuidados Integrados de Saúde, S.A., de outubro de 2020 a fevereiro de 2022

Foi chief procurement and real estate officer da TAP Air Portugal, entre setembro de 2017 e setembro de 2020.

Foi procurement director para a Europa da NetJets, entre fevereiro de 2016 e setembro de 2017.

Foi diretora de compras do Grupo REN, entre julho de 2010 e fevereiro de 2016.

Foi responsável por Desenvolvimento de Negócio e Fusões & Aquisições Manager na PT Investimentos Internacionais, entre outubro 2007 e julho 2010.

Foi procurement manager na PT Compras, entre setembro 2002 e outubro 2007.

Foi technical account manager na Alcatel Portugal e Lucent Technologies, entre janeiro 1998 e setembro 2002.

Foi senior teaching fellow na AESE Business School.

Foi professora convidada da Porto Business School de 2015 a 2018.


Fonte: consultada às 8h33 de 27/12/2022, em https://www.portugal.gov.pt/pt/gc23/area-de-governo/financas/secretarios-de-estado?i=tesouro

19.12.22

IA - Inteligência Artificial, o desafio atual que vai mudar os negócios (e a vida de todos)

Notas críticas, com base no artigo orignal de Davenport, Thomas H e Ronanki, Rajeev, originalmente publicado em jan-fev/2018, Reimpressão R1801H (2021), HBR 10 artigos essenciais, Inteligência Artificial, Análise de dados e a Nova Era das Máquinas, Editora Atual



As tecnologias cognitivas estão cada vez mais a ser usadas para resolver problemas de negócios, mas muitos projetos de Inteligência Artificial (IA) mais ambiciosos encontram contratempos ou falham.

Assim as empresas devem adotar uma lógica incremental, em vez de transformadora, focando-se em aumentar e não em substituir as capacidades humanas.

Pelo que para obter o máximos da IA, em empresas devem perceber que tecnologias executam que tipo de tarefas, criar um portefólio que dê prioridade aos projetos com base nas necessidades de negócio e desenvolver planos para os alargar a toda a empresa.

Do estudo efetuado pelos autores mencionados os projetos de IA (cognitivos) distribuiam-se (em 2017), pela "Robótica e automação cognitiva" (47%), a "perceção cognitiva" (37%) e o "envolvimento cognitivo" (16%).

As tarefas mais reconhecidamente usadas, na Robótica e automação cognitiva, temos:

- a transferência de dados de emails e de sistemas de call center para sistemas de registo;

- aceder a multiplos sistemas para atualizar registos, nomeadamente de cartões de crédito/débito perdidos;

- extrair informações a partir de vários tipos de documentos, em sistemas de faturação;

- extrair disposições normativas e/ou legais de documentos usando "processamentod e linguagem natural".

Mais de metade dos executivos, por estes investigadores inquiridos, apresentaram como principal benefício da IA "melhorar as características, funções e desempenho dos nossos produtos" (51%). As três grandes vantagens apontadas de seguida, estvam centradas em 36% "Libertar os funcionários para serem mais criativos, automatizando tarefas" e em "Otimizar as operações de negócio internas", bem como em 35% "Tomar melhores decisões". De todas as 9 opções colocadas à disposição, apenas 22% (a última posição), apontava para "Reduzir o número de funcionários por maio da automação".

Os autores concluem assim qeu "à medida que a tecnologia melhora, os projetos de automação robótica levarão provavelmente a algumas perdas d emprego no futuro, particularmente na indústria offshore de subcontratação de processos empresariais."

"Se podemos subccotratar uma tarefa, podemos provavelmente automatizá-la", referem! 


Por outro lado, na perceção cognitiva, fornecida pelo machine learning (aprendizagem-máquina), ganham destque as tarefas de:

- antever a intenção de compra do cliente, a partir do padrão de pesquisa on-line;

- identificar em tempo real fraudes no crédito e/ou resgate de seguros;

- identificar problemas de segurança/qualidade em fabrico industrial;

- automatizar a segmentação personalizada de anúncios digitais;

- fornecer uma modelagem atuarial (matemática aplicacional) mais precisa (setor dos seguros/militar).

Assim, as aplicações de perceção cognitiva são normalmente usadas para melhorar o desempenho em tarefas que apenas as máquina spodem fazer.


Os chatboots de processamento de linguagem natural, reflexo do envolvimento cognitivo, são usados especialmente em tarefas:

- atendiemnto 24/24 7/7 ao cliente (palavras-passe, apoio técnico básico e/ou mediamente especializado);

- websites inetrnos para suporte em TI e RH;

- sistemas de recomendação de produtos a fornecedores;

- sistemas de recomendação de tratamentos de saúde.

Temos assim que o maior enfoque aqui está em usar a stecnologias de envolvimento cognitivo mais para interagir com os funcionários, do que com os clientes. É a imaturidade ainda das tecnoclogias que leva as empresas a adotarem uma postura conservadora, com base na observação dos autores (em 2017). Destaque aind apara que as aplicações de envolvimento cognitivo não parecem estar a ameaçar significativamente empregos na assistência ao cliente ou nas vendas, sendo que algumas organizações estão a apostar em entregar as  comunicações de rotina às máquinas e, conforme as empresas vão ficando mais familiarizadas com as ferramentas cognitivas, vão experimentando projetos combinando estas três categorias (Robótica e automação cognitiva, perceção cognitiva e envolvimento cognitivo, paa colher todos os benefícios da IA.

As dúvidas da integração da IA nas empresas, bem como a sua aceitação por parte do grande público podem passar por um modelo de implementção em quatro fases:

- Primeiro: compreender as tecnologias e o alcance das tarefas a que cada uma melhor responde, bem como escolher os Recursos Humanos adequados para as manusear e otimizar;

- Segundo: apostar em vários projetos, incrementais, com diferentes players, devidamente priorizados encadeados ou não, que promovam a clara identificação das oportunidades (estrangulamentos, desafios de escalabilidadee  capacidades a colocar em cima da mesa), que determinem os casos de utilização que gerarão valor, bem como em linha com tal selecionar a tecnologia adequada a cada caso se necessário;

- Terceiro: apostar no lançamento de projetos-piloto, em validação de conceito (proof-of-concept); 

- Quarto: pouco a pouco ir escalando para toda a empresa, aproveitando para reestruturar os processos de negócio, no bom ensinamento do ciclo da qualidade global, tendo especial atenção nos desafios substanciais na gestão da mudança.


Os autores chaman-nos à atenção para o facto de por meio da aplicação da IA, os setores que utilziam massivamente informação (em fluxo ou repositório), como sejam o marketing, a saúde, os serviços financeiros, a formação e os serviços de suporte em linha, podem tornar-se mais valiosos e menos dispendiosos para a socieadde. Tarefas enfadonhas serão automatizadas, executadas por máquinas, libertando os trabalhadores humanos para serem mais produtivos e criativos.

As questões trabalhistas, como o fator de que se "perderão" empregos, estão sempre em cima d amesa, cada vez que falamos de TI, mas o que sabemos até agora é que os sistemas cognitivos executam tarefas, não executam funções inteiras e sabemos que a maioria das tarefas cognitivas realizadas atualmente aumenta a atividade humana, executa uma tarefa restrita dentrod e um contexto muito mais amplo ou faz um trabalho que não era sequer feito (por pessoas,...), como o tratamento dos grandes dados (e dos metadados).

Este desafio - da IA, no curso da empresa (mas também da sociedade), "com um planeamento e desenvolvimento corretos, a tecnologia cognitiva pode inaugurar uma era dourada de produtividade, de satisfação no trabalho e de prosperidade", segundo os autores é um facto que se tornará indiscutível, como o foi o impulso da motorização dos veículos de tração animal, há mais de um século atrás, digo eu...


15.12.22

TORNADO 12 ANOS DEPOIS - factos e curiosidades

 (Artigo de opinião, )

Perto das 14H30 do dia 7 de dezembro de 2010, a cidade de Tomar viria a ser atingida pelo Tornado mais extenso em área – 54Km e em largura – até 350m, que alguma vez atingiu Portugal.

Quem como eu teve de lidar com as consequências de tal fenómeno extremo, apesar de comum em Portugal – com uma média de 6,5 tornados por ano no decurso da primeira década deste século (LEITÃO, 2017), não esquece quer as circunstâncias da reposição da normalidade da vida das populações, que demorou quase uma semana, quer as debilidades dos sistemas – de proteção civil e políticos, de liderem com tal.

Foi uma situação que nenhum responsável político de Proteção Civil Municipal, quererá ter de lidar no futuro, pois honestamente não há sistemas de proteção civil preparados para tais eventualidades, totalmente imprevisíveis.

A dimensão do fenómeno que atingiu Tomar, com ventos que terão oscilado entre os 254-300 Km/h, que se propagou a uma velocidade de mais de 78 km/h no solo e com uma velocidade de sucção na vertical dentro do cone de quase 29 Km/h, tornava impossível qualquer ser humano resistir ou fugir quando diretamente apanhado por ele. Felizmente não houve uma única vítima mortal.

Este Tornado, tendo sido o maior em extensão, foi “apenas” o segundo maior de sempre em velocidade da rajada, uma vez que o Tornado de Alcanena de dois anos antes (9 de abril de 2008), havia atingido velocidades entre os 300-342 Km/h e uma sucção na vertical dentro do cone (de apenas 100 metros de diâmetro) de 46 Km/h, mas apenas havia percorrido uma extensão de cerca de 20 km.

 

Presidente e vereadores de então envolvidos, em reunião de coordenação e gestão do Plano Municipal de Emergência

Como todos estamos lembrados a mais significativa extensão de danos e consequências humanas – felizmente apenas de feridos (43 no total, dos quais 36 no nosso Concelho, sendo 19 crianças), deu-se no Jardim de Infância João de Deus da Rua de Leiria, na Ponte da Vala, no Carrascal, Pesqueira, Venda Nova, Casal Novo e Ganados.

Estimámos na altura que tínhamos tido no Concelho mais de 9 milhões€ de prejuízos, dos quais mais de 1 milhão em infraestruturas públicas. Mais de 200 operacionais de todo o Distrito de Santarém ocorreram à emergência, tendo sido ativado o Plano Municipal de Emergência então existente e declarado o ESTADO de ALERTA VERMELHO, logo às 15H00, o qual se manteve durante 45 horas, até ao meio dia de dia 9/12, altura em que se considerou que a grande emergência havia passado, com a reposição mínima das condições de vida das populações afetadas. Mesmo assim durante, mais 4 dias, até ao meio dia de 13/12, manteve-se um alerta AZUL – o qual hoje se chamaria de VERDE, pois as operações de limpeza e apoio às populações prosseguiram.

Assim os primeiros dois dias foram os mais críticos, mas durante uma inteira semana, não houve mãos a medir e logo na manhã do dia seguinte afluíram a Tomar inúmeros voluntários, do Concelho e fora dele, que colaboraram com os serviços municipais de proteção civil e as juntas de freguesia no apoio direto às populações, na limpeza das dezenas de casas destelhadas e em parte destruídas. Foi montado durante esses dias, em permanência para todos os operacionais, uma “cantina” na então Estalagem de Santa Iria, no Mouchão.

Se a resposta dos cidadãos foi significativa, a resposta do Governo foi também rápida, uma vez que todos os prejuízos públicos foram cobertos pelo fundo de emergência municipal, de imediato ativado e, bem assim, logo no dia útil seguinte as principais companhias de seguros já estavam a receber os seus segurados no Hotel dos Templários para rápido acordo indemnizatório dos carros e casas danificados ou perdidos.

Foi apenas necessário proceder ao realojamento de uma família, durante duas noites e o empenho dos bombeiros quer no apoio direto às primeiras populações afetadas – especialmente as mais vulneráveis – da Ponte da Vala, Carrascal e Pesqueira, foi exemplar e permitiu levantar as necessidades emergentes. Igualmente notável foi o esforço de limpeza das vias e o levantamento prévio das casas afetadas pelos respetivos serviços de higiene urbana e de obras municipais, que com rapidez permitiu desativar quer o ESTADO de ALERTA VERMELHO em menos de 48 horas, quer em pouco mais de uma semana ter uma estimativa concreta dos prejuízos.

Seis dias depois, a nível de reposição da necessária normalidade da vida no Concelho – âmbito de atuação da proteção civil, tudo estava terminado. Mas as grandes “lutas” ainda estavam para vir, pois desde a criação e grupos ad-hoc de recolha de donativos, desenquadrados do Plano de Emergência – onde era a Cruz Vermelha a responsável pela criação e gestão de conta exclusiva para o efeito, até à tentativa de passar a responsabilidade de compensações de índole privada para o Governo da altura e de desvalorização do papel, então relevante tido quer pela Governadora Civil do Distrito, quer pela Deputada residente em Tomar, por óbvia inveja mesquinha de razão partidária, houve de tudo. Mas isso será razão de abordagem noutra ocasião.

Como curiosidades interessantes temos que a primeira casa a ser afetada no Concelho de Tomar, na Murteira (na freguesia da Madalena) era propriedade da atual Presidente da Junta de Freguesia – Luisa Henriques. Entre as dezenas de voluntários que então foram ajudar a limpar lixo e telhas para as casas, especialmente dos agregados mais debilitados da Ponte da Vala, Carrascal e Pesqueira, contavam-se a então deputada e hoje Presidente da Câmara de Tomar – Anabela Freitas e o atual vice-presidente Hugo Cristóvão (conforme foto então publicada no Boletim oficial da Proteção Civil (nº4/12-2011).

A Governadora Civil de então, que foi crucial para a tramitação mais rápida dos apoios operacionais e depois financeiros para o Município, foi a última na função – os Governos Civis viriam a ser extintos menos de um ano depois pelo Governo PSD/CDS de Passos Coelho e chamava-se Sónia Sanfona, hoje Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça. Como última curiosidade, a conta oficial de receção de donativos, titulada pela Cruz Vermelha, nunca viria a ser utilizada pelas duas presidências do PSD – Corvelo de Sousa e Carlos Carrão e só já em 2015, a presidência da Câmara, soube da continuidade da existência de alguns milhares de euros aí disponíveis.

Hoje já existe um novo Plano Municipal de Emergência (2018/2020) e, talvez se de novo o Concelho fosse fustigado, as aprendizagens entretanto tidas pela população, mas especialmente pelos atores políticos locais, bem como a consciencialização de que a proteção civil é uma rede colaborativa entre diferentes níveis, que de forma genérica cumpriram bem a sua missão, evitaria que se voltasse a assistir a um presidente de junta de então aos gritos num canal de TV (rodeado de bombeiros de diversos pontos do Distrito), afirmando que “ainda não tinha visto a proteção civil…”. Então, como agora, uma carroça vazia fazia e faz sempre um enorme ruído, mas não deixa de ir vazia…

Luis Ferreira – Vereador da Proteção Civil (2010-11)

 

 

Leitão, Paula 2017. Relatório DivMV 05/2017 – Tornados reportados em Portugal 2001 a 2010. IPMA, disponível em https://www.ipma.pt/resources.www/docs/publicacoes.site/2017_PLeitao_tornados_2001-2010.pdf

Fotos retirados do Boletim da Proteção Civil de Tomar (DEZ2011), disponível em https://protegetomar.files.wordpress.com/2011/12/boletim-protegetomar-4.pdf

3.12.22

PSD em Tomar: parados no tempo!

 *Artigo de opinião no Jornal "O Templário" - disponível em (https://otemplario.pt/sociedade/opiniao/psd-parados-no-tempo/)

O último dia de novembro observou, como é hábito, a realização de mais uma reunião ordinária da Assembleia Municipal, onde desta feita entre os mais variados assuntos se discutia a aprovação – que se viria a realizar, para a desagregação das freguesias da Serra e da Junceira. Deu-se o caso de, por mero acaso, ter ouvido parte da intervenção do ex-vereador Tenreiro (PSD), a propósito deste assunto, acusando o PS – pasme-se, de ter sido o responsável pela extinção destas freguesias, ora propostas de serem desagregadas, numa completa subversão da verdade e do mais elementar bom senso. Percebe-se agora, passada esta década, as razões pelas quais a liderança de Tenreiro no PSD sempre esteve votada ao mais completo fracasso, pois quem nasce para lagartixa nunca chegará a jacaré, como habitualmente outro conhecido articulista local peneja.

Cartaz da camapnha autárquica de 2009

Em abono da verdade, convém relembrar que em Setembro de 2011 o Governo PSD-CDS, argumentando que o acordo com a troika o exigia, avança com um "Livro Verde para a Reforma Administrativa", que propunha as regras para a "agregação" de Freguesias - leia-se "extinção" de Freguesias. Em Março de 2012, o PS de Tomar clarifica a sua posição sobre esta "pretensa" Reforma Administrativa, (disponível em http://pstomar.blogspot.com/2012/03/ps-nao-aceita-extincao-de-freguesias-no.html), afirmando-se aí que "Recusamos a extinção de freguesias no concelho de Tomar e tudo faremos para que o governo PSD e CDS oiça os nossos autarcas e a população de Tomar através das assembleias de freguesia", como legítimas representantes das populações.

Em abril de 2012, após profunda polémica, a lei viria a ser publicada, contendo um estratagema típico de quem é incapaz de assumir as suas responsabilidades, com um prazo de 90 dias, que se esgotou a 28 de Agosto de 2012, para que as Assembleias Municipais, caso o desejassem, se pronunciarem sobre a "agregação de Freguesias", sendo que no caso do Concelho de Tomar, o mínimo de freguesias rurais a serem agregadas (extintas) - em 14, poderiam passar de oito para apenas seis. Quanto às urbanas, a Lei levava de imediato á extinção de Santa Maria dos Olivais e S.João Batista. O PSD local, em Junho de 2012, solicitou ao PS uma reunião para discutir o assunto, que se realizou e que teve como resultado uma posição oficial do PS, (disponível em http://pstomar.blogspot.pt/2012/06/o-psd-tem-de-ter-coragem-de-dizer-quais.html), de onde ressalta a única questão relevante e que é a conclusão de hoje: “O PSD, autor da Lei, governando o Concelho e metade das suas Freguesias, tem de assumir QUAIS AS FREGUESIAS QUE QUER EXTINGUIR NO CONCELHO DE TOMAR”. O que nunca fez, nem há dez anos, nem hoje. A extinção de dez freguesias do Concelho de Tomar – Além da Ribeira, Pedreira, Alviobeira, Casais, Beselga, Madalena, Junceira, Serra, Santa Maria e S.João - viria a ser formalizada por lei de 16/1/2013.

A leviana acusação do então líder do PSD, dez anos passados, ao pretender subverter a realidade da autoria da lei – do governo PSD/CDS de 2011/12, tentando passar para o PS o ónus de uma decisão unilateral então tomada, ao arrepio de qualquer formulado desejo de agregação de freguesias, é mais do que um verdadeiro disparate, uma patranha eivada da mais básica má-fé.

No atual contexto, de uma lei que em boa hora veio dar às freguesias o direito que há uma década a direita negou às populações, bastaria ao PSD ter-se congratulado com a livre escolha das populações da Serra e da Junceira. Apesar de todas as dificuldades, estas populações manifestaram o desejo de continuar separados o desenvolvimento do trabalho nestes quase dez anos realizado – com o empenhado apoio da atual Câmara PS, após décadas de gestão de direita (PSD e CDS), que levaram a que esta zona do Concelho de Tomar, estivesse com os mais baixos índices de caminhos e estradas transitáveis, e de apoio ao associativismo local e outros serviços de interesse das populações.

Atuais e futuros dirigentes do PSD de Tomar


O PSD, responsável pelo subdesenvolvimento histórico da zona, há uma década promoveu deliberadamente a extinção dessas duas – e de mais outras oito freguesias do Concelho, ao vir hoje com este inconcebível argumentário, mais não demonstra que estar a viver num passado, que pelo caminho tomado, NUNCA os levará a um futuro de poder em Tomar. A Junceira e a Serra agradecem e o restante Concelho também. Quem vive no passado, fica irremediavelmente nele preso, sendo irrelevante para o futuro. O PSD local trilha para 2025, o mesmo caminho que o levou à perda do poder em 2013. Temos pena!

 

Luis Ferreira – Vereador eleito pelo PS no mandato 2009/13