15.1.13

A voz límpida e direta do cantoneiro põe o escriba na "linha"

O escriba oficial local do relvismo continua a sua cruzada contra os socialistas, de cá e de lá, procurando provar entre meias verdades e meias inverdades que a causa das nossas dificuldades advém da promoção da igualdade de oportunidades, da justiça social redistributiva e de uma vida em liberdade, apanágio histórico daqueles que se afirmam como socialistas.

Um bem identificado comentador habitual, fez recentemente um excelente comentário o qual, mesmo sem conhecimento completo dos pormenores, se entende o contexto e a diferença de visão do mundo que hoje, cada vez mais está em causa:


DE: Cantoneiro da Borda da Estrada



Em primeiro lugar, retira lá essa do "Estão-te a ir ao bolso?". Nunca na minha vida pautei as minhas opiniões ou posicionamentos políticos pelos meus interesses económicos pessoais.Mesmo quando fui operário em Tomar durante 8 anos. Não sei o que é isso. Até hoje. O meu estilo de vida e gastos são os mesmos que sempre fiz durante toda a minha vida, adquiridos, não por chulagem ou amiguismo de tipo algum, nunca mamei nas tetas do Estado um cabrão de um tostão e recusei, até, depois de vir da guerra colonial, um emprego numa repartição de finanças em Tomar, que me foi oferecido de bandeja por ação do saudoso Manuel da Silva Guimarães. Foi sempre uma opção minha, daí que tenha constituído para mim um enorme problema psicológico quando pensei reformar-se, sabendo que ia ficar dependente de um Estado português dominado por interesses e elites inimigas do povo português, como se pode ver agora.

 


Querias que eu te acusasse de estares a auferir uma reforma que não obedeceu à mesma fórmula que a minha, e que andei a pagar durante 46 anos, "cá fora"? Não vou por esse caminho. Seria injusto. 




Não venhas para mim com essa lenga-lenga, porque eu sou capaz de comer merda a vergar-me a qualquer sacana, de que o nosso País está cheio. Não venhas para mim com essa conversa relvista. Com essa não. Até porque sei o que custa manter esta posição e, por isso, compreendo perfeitamente o quanto andam acagaçados os funcionários públicos - e com razão. 




Não conheço ninguém nem na minha família paternal nem na maternal que seja servidor do Estado, que trabalhe no Estado ou mame à custa dele. Tenho três filhos e trabalham no privado e nunca pedi a ninguém um emprego para eles no Estado (nem cá fora, já agora), nem nunca me passou pela cabeça fazê-lo enquanto fui militante partidário num partido da área chanada de governação. Pára lá, então, com isso. Se usas muitas vezes essa arma com outros no debate político, peço-te para não a usares comigo, porque sei o que custa trabalhar afastado das tetas da Vaca Nacional.

 


Em segundo lugar, não fui fundador do MRPP, fui, sim, fundador do PCTP/MRPP. O MRPP foi um movimento nascido antes de Abril 74 e não tive a honra de estar no seu nascimento.

 


Em terceiro lugar, e para terminar, a crise económica nacional e internacional não é culpa de Sócrates, sabe-lo bem, tu e todos os que se vêem agora a contas com a sua consciência. E de terem, cada um à sua maneira, burlado indecorosamente o povo português, indo na onda de camarilhas e bandos da pior malandragem que pisa solo pátrio, e que deviam responder pelo golpe que deram e em que participaram, ultrajando um País de 860 anos, onde os poderosos e elites da merda sempre imploraram pela interferência estrangeira para defenderem os seus interesses: 1383-1385, imploraram por Castela; 40 anos após a abertura da Rota do Cabo, estávamos em bancarrota; mais 40 anos e voltaram a bandear-se para Castela (1580); enriquecidos com ouro e pimenta no séc. XVIII fujiram, no início séc. seguinte, atrás do João VI para o Brasil, abandonando o povo às tropas e governação estrangeiras; 1974, dividiram-se entre dois imperialismos, o soviético e o americano; 2009/2011 clamaram pela intervenção externa; nos dias correntes pedem diretivas ao capitalismo financeiro internacional sobre como governar Portugal, ou seja, defender os seus interesses.

 


Não sou -nunca fui!-desse campo. E nunca serei. 

 


É por tudo isto que tenho uma admiração extraordinãria pelo primeiro governante em Portugal que ousou enfrentar a canalha que trai consecutivamente a nossa pátria, humilha o nosso povo, semnpre no regaço de forças poderosas estrangeiras. 

 


És muito forte com os fracos, mas amanças perante os poderosos, mesmo que sejam uma escória, como é o caso presente.