31.1.19

Ser servente em Espanha é igual a ser Enfermeiro em Portugal em 2019, mas não o era em 2015

É CASO PARA REFLETIRMOS

Sabia que um Enfermeiro em Portugal, sem turnos ou noites, ganhava em 2015, apenas 964€ limpos e que em 2019 ganha 999€, tendo aumentado 3,6% o seu rendimento?

E que em Espanha um qualquer servente - o nível mais baixo de todas as remunerações (exceptuando os aprendizes em formação), ganhava em 2015, apenas 740€ limpos e em 2019 ganha 996€ limpos, tendo aumentado 34,6% o seu rendimento?

Convém saber também que a taxa de inflação acumulada em Portugal neste período (2015-2019), foi de 3,6%, anulando TODOS os ganhos dos enfermeiros - ou a qualquer trabalhador que ganhe ilíquidos 1201€/mês em Portugal.


Em Espanha, no mesmo período, foi de 4,3% a taxa de inflação acumulada, o que reduz para 30,3% os ganhos dos serventes em Espanha (em 4 anos), ou a qualquer trabalhador que ganhe o salário mínimo nacional espanhol.

Geringoncices...

Notas: 
1. Esta análise é válida para qualquer trabalhador português com um ordenado ilíquido de 1201€ - quer em 2015, quer em 2019, considerados 22 dias de trabalho útil mensal e subsídio de refeição da função pública, 4,27€ em 2015 e 4,77€ em 2019, mas que não desconte para a ADSE;

2. Em Espanha o salário mínimo para indiferenciados (serventes), subiu dos 648,60€ de 2019, para os 900€ em 2019, num aumento ilíquido de 38,8%;

3. Em Espanha um trabalhador com contrato desconta para a segurança social um total de 6,4% e em Portugal, como bem sabemos, 11%;

4. Em Portugal um trabalhador com um salário ilíquido de 1201€, em 2015 retinha de IRS 15,5% e em 2019 retem 14,6%, sendo que a taxa a aplicar em Espanha sobre o salário mínimo é, tal como em Portugal 0%.

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Esta analise da evolução salarial de um emprego especializado em Portugal - por exemplo um Enfermeiro, com remuneração ilíquida de 1201€/mês e um servente de profissão não especializada em Espanha, com remuneração mínima garantida por lei, exatamente no mesmo período - de 2015 a 2019, durante a vigência da geringonça em Portugal. 

A comparação com Espanha é aquela que maior relevância estatística tem no nosso contexto, uma vez que além de ser o único Estado europeu com o qual temos fronteira física, é o nosso maior parceiro comercial e económico, com o qual temos em média 30% das nossa interações. 

Mais nenhum País tem um peso tão elevado. Logo, é o mais relevante. 

O que a estatística e a sua análise demonstra, mais do que o discurso governamental, é que a reposição salarial tão apregoada não só não se deu - POIS TODA a melhoria - 3,6% foi comida pela inflação, como se deu em valor muito superior aqui ao lado - 30%, djá descontada a inflação. 

Ou seja, foi por fenómenos exógenos que se travou a degradação observada entre 2011 e 2015 - os anos da Troika, e não por qualquer sucesso de políticas internas. 

Infelizmente, e escrevo-o com mágoa como socialista, passámos anos de muita conversa e pouca eficácia desenvolvimentista e, o pouco que melhoramos, foi à conta da melhoria da economia global europeia. 

A grande questão que se colocará para os próximos anos é a de como será quando o vento deixar de soprar?

Estamos votados a continuar a empobrecer, sempre, face aos nossos principais parceiros Europeus, neste caso com os Espanhóis?

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