30.9.18

Portugal precisa de (muitos) refugiados

Para o álbum: a emigração cria riqueza e a extrema direita é, além de socialmente estúpida, absolutamente burra, sob o ponto de vista económico...


Diário de Notícias, de hoje [30/9/2018]



A norte de Aveiro, gente que fugiu da Venezuela está a encher fábricas, escolas e casas - e a revelar-se o novo motor económico da região. Enquanto o país olhava para a Madeira, acontecia um outro fenómeno no centro do país.


Ricardo J. Rodrigues
30 Setembro 2018 — 06:21



Crispim Rodrigues anda numa roda-viva. Todos os dias o seu telefone toca com notícia de que há mais gente a chegar no avião de Caracas. Na maioria dos casos, trazem uma mão à frente, outra atrás, mais uma mala com a vida que conseguiram encaixotar na fuga. "Que venham cá, então", anuncia para o outro lado da linha. "Um dia, dois no máximo. É esse em média o tempo que demoro a arranjar-lhes emprego."

Em teoria, Crispim é o responsável de relações exteriores da SEMA, uma associação que reúne três mil empresas de cinco concelhos do norte do distrito de Aveiro: Albergaria-a-Velha, Estarreja, Ovar, Murtosa e Sever do Vouga. Mas, desde que arrancou 2018, tornou-se uma espécie de salva-vidas para os que desaguam numa terra estranha. "Desde janeiro já arranjei trabalho a pelo menos 300 pessoas. Todos os dias chegam mais e ainda bem. Precisamos deles como de pão para a boca."


Crispim Rodrigues diz que a melhor maneira de apagar a dor de ter de fugir de um país é construir outro.

© Rui Oliveira / Global Imagens


Nos últimos meses, o regresso de portugueses emigrados na Venezuela e lusodescendentes tem crescido exponencialmente. "Quantificar um número rigoroso é complexo, a grande maioria tem passaporte português e não é sujeita a controlo à entrada", admite o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As estimativas apontam para quatro mil pessoas na Madeira e 1500 no continente, mas o governo sabe que esses números pecam por escassez. "Só os registos de saúde madeirense contam já seis mil nomes. No continente, sabemos que há cada vez mais gente a fixar-se, sobretudo no distrito de Aveiro." A Estarreja, garante a câmara, chegaram neste ano 500 pessoas. Mas também aqui as contas são por baixo: desde o início do verão, o ritmo das chegadas tem triplicado.

Diamantino Sabina, presidente do município, não podia estar mais satisfeito: o retorno dos emigrantes está a ter um impacto tremendo na economia local, garante. "Chegam com uma enorme vontade de trabalhar e colmatam as necessidades de mão-de-obra do município. Além disso, como estão a fixar-se, potenciam a recuperação das casas desabitadas nas freguesias, e até as novas construções. Tudo isto está a mexer muito com a nossa terra."

Na Madeira, onde há o dobro dos regressos, não acontece o que se vê aqui. "Claro que também há muita gente competente no Funchal, mas nas ilhas vive-se muito do turismo, enquanto este é o coração industrial do país", diz José Valente, presidente da SEMA. "Ao longo dos anos de crise, a juventude emigrou e deixou-nos com um sério problema de falta de mão-de-obra, ao ponto de termos empresas que não se desenvolviam mais por falta de trabalhadores. Estes venezuelanos e luso-venezuelanos vêm fazer os trabalhos que os portugueses não querem. São um balão de oxigénio extraordinário para o motor industrial português. Estão a resolver uma falha."

Crispim ouve e concorda, ele anda a salvar vidas e essas vidas andam a salvar a sua terra. Tem 67 anos, foi aos 5 para Caracas e regressou passados 40. Nunca perdeu o sotaque. "Fui camarada do Hugo Chávez no exército", afiança, "fiz juramento de bandeira e amo tanto a Venezuela como Portugal." À porta da sua casa há um mastro onde todos os dias hasteia as bandeiras dos dois países.

Pertence à geração dos que partiram sem nada e é ver a história a repetir-se no sentido contrário que o faz passar horas a distribuir empregos, tratar de certidões, inscrever os que chegam no SEF, no consulado, no centro de saúde. Há amigos que lhe dizem que ele é o rio que se desviou do centro de Estarreja: mais cedo ou mais tarde, os caminhos dos que chegam acabam todos por desaguar nele. Encolhe os ombros, tem outra teoria. "Sou só o homem do meio. Estou entre as pessoas que começam a vida de novo e uma cidade que está a nascer outra vez."
Venezuelíssimo trabalho

Snack-Bar Kanayma. Café Venezuela. Caracas Grill. Edifício Maracay. Confeitaria Miranda. Charcutaria Bolívar. Quem percorre hoje as ruas de Estarreja encontra constantemente as marcas de uma fuga antiga. Nas décadas de 1950 e 1960, milhares de habitantes saíram desta região para a Venezuela. Se neste lado do Atlântico sobrava fome e ditadura, do outro havia a promessa de um novíssimo eldorado.

Estes estabelecimentos são dos primeiros que partiram, e depois, com os bolsos cheios, quiseram voltar. Os que agora regressam são os seus filhos, netos, às vezes bisnetos. Em regra não trazem grande coisa consigo além da amargura de uma saída forçada.

Vítor está a aprender a chamar-se Santos, porque até aqui sempre foi de los Santos. Aos 58 anos, a vida começou do início. A sua história é a de toda a gente, pais que emigraram para fugir do campo, ele com oportunidade de estudar e compor a vida. Fez-se designer gráfico, tinha uma empresa com quatro funcionários. "Vendi tudo há um ano, convencido de que daria para trazer a minha mulher e os meus filhos comigo. Mas tudo o que tínhamos só valia uma passagem de avião." Então veio ele, que já tinha passaporte português, tentar refazer a vida e ganhar dinheiro para puxar a família para Portugal. Chegou há três meses.

No dia em que chegou encontrou emprego na Prozinco, um dos maiores empregadores do concelho. Estarreja acolhe um dos maiores parques industriais do país - petroquímicas, fábricas de transformação, indústria de plásticos e farmacêutica. Esta empresa em particular tem 600 funcionários e trabalha em duas áreas essenciais, que exporta para todo o mundo: metalomecânica e recuperação de bilhas de gás.

Manuel Matos, dono da empresa, já deu emprego a uma vintena de luso-venezuelanos desde que o ano começou. "Mais viessem. Temos uma necessidade tremenda de mão-de-obra, sobretudo especializada. Estes trabalhadores têm um nível de educação superior à média e, mesmo quando esta não é esta a sua área, aprendem-na com facilidade."

Manuel Matos, dono da Prozinco, já deu emprego a uma vintena de luso-venezuelanos desde que o ano começou. "Mais viessem.""

© Rui Oliveira / Global Imagens


Vítor ouve-o e agradece a oportunidade, se não fosse aquele emprego, conseguia lá mandar dinheiro à família. Fá-lo pelo mercado negro, como todos, depositando dinheiro em contas de quem tem euros e bolívares - quase ninguém.

"Estás a viver onde?", pergunta o filho do dono, Paulo. "Numa pensão aqui a dois quilómetros, venho a pé. Mas sabe, estou muito agradecido por esta vida. Não tenha pena de mim, patrão, a minha família está viva e agora pode comer." Naquele momento, numa fábrica onde o trabalho é duro e os homens de ferro, toda a gente dá por si a agarrar as lágrimas. Paulo Matos limpa o rosto e atira: "Tenho ali uma bicicleta que ninguém usa. Leva-a tu, anda."
"A Venezuela foi o meu sonho, Portugal a minha salvação"

Manuel Augusto, Judith e Manel na sua casa em Salreu. "A Venezuela foi o meu sonho, Portugal a minha salvação."

© Rui Oliveira / Global Imagens


A meia dúzia de quilómetros fica Salreu, que os habitantes locais gostam de dizer que é a terra mais venezuelana de Portugal e normalmente utilizam este argumento: o Funchal pode ter mais gente em quantidade mas, aqui, casa sim casa não é albergue latino. É também o lugar onde nasceu Manuel Augusto, 55, que aos 17 emigrou para a Venezuela e voltou no final do ano passado.

Trouxe consigo a mulher, Judith, e os dois filhos - João Manuel, 27, que já saiu de casa para viver com a namorada, e Manuel Augusto, 11, aluno exemplar. A mãe era professora de espanhol, o pai era dono de uma padaria. Agora ela trabalha com idosos na Santa Casa e ele é padeiro. "Nos últimos meses já não trabalhava porque tinha medo dos assaltos quando ia para a escola", diz ela. "Além disso, tínhamos de passar horas nas filas de racionamento se queríamos comida. A vida estava a tornar-se insuportável."

Manuel ainda estranha o pão, que aqui é feito sem manteiga nos tabuleiros. "Mas há pão, e eu lá já não o conseguia produzir porque deixámos de ter acesso a farinha." Ao longo dos últimos cinco anos, foram minguando o conforto. "Tínhamos uma fazenda em Santa Teresa, com 200 hectares e criação de gado. Primeiro vendemos os animais, depois a terra, no fim já só tínhamos uma parcela da casa. Foi quando decidimos sair."

Vieram para casa dos pais dele, para onde também tinham vindo parar primos que andavam emigrados, eram dez almas numa vivenda com dois quartos. Lá arranjaram retiro próprio num edifício há muito desabitado, dizem que hoje já não sobram casas por alugar na aldeia. "Tudo o que aqui vê - móveis, eletromésticos, até a cama - foi-nos oferecido pelas pessoas da aldeia", e Judith comove-se com a generosidade. "Sinto que nos querem cá, dizem sempre que nos querem cá, e eu às vezes até me sinto mal por ter tantas saudades de casa."

Manuel ouve a mulher e baixa o rosto, também ele tem saudades daquele calor todo. É por isso que naquela casa se cumpre todos os dias uma viagem a um país que, diz ele, já não existe. "Eu trabalho de noite, a minha mulher de dia, o miúdo está na escola. Só temos a hora de jantar para voltarmos à nossa Venezuela, e é isso que fazemos todos os dias. Aquele país que foi o meu sonho. A Venezuela foi isso, foi o meu sonho. E Portugal, pronto, foi a minha salvação." Judith olha para o marido e dá-lhe um beijo na testa. Depois, pega no tacho e traz o guisado para a mesa. Estão tristes. E estão felizes.
Como se fosse em casa

Sexta-feira é dia de arepas na Pastelaria Avenida, estabelecimento de Salreu que é ponto de encontro da comunidade luso-venezuelana. O café tem uma bandeira do país por cima do balcão, cerveja Polar dentro do frigorífico e sotaque caribenho nas mesas. Há dois meses começaram a fazer ali as tradicionais sanduíches venezuelanas, e hoje servem mais de 50 por dia, além de empanadas e tequeños, queijo enrolado em massa.

Arepa é servida na pastelaria Avenida todas as sextas. "Pelo menos em Portugal há farinha."

© Rui Oliveira / Global Imagens


Fátima Tavares, dona do estabelecimento, replica quando se lhe pergunta se são iguais às de Caracas: "Sabe o que me dizem todos os que aqui estão a chegar? Que pelo menos em Portugal há farinha para fazer arepas."

O verão trouxe uma leva de gente dos trópicos e isso nota-se no comércio local. O Supermercado Couto, no centro de Estarreja, é hoje um ponto de peregrinação para quem mata no estômago as saudades da Venezuela. "Eu há já uns anos que introduzi aqui estes produtos. Agora que a procura aumentou o meu problema é arranjar quem me abasteça as necessidades", diz António Couto, dono da casa desde 1985.

É homem daquela geração que emigrou e voltou para montar negócio. "No início não havia onde arranjar nada venezuelano, mas de há dez anos para cá conseguimos importar muita coisa, sobretudo via Colômbia. As restrições do Chávez, primeiro, e do Maduro, depois, criam muitas dificuldades em irmos diretos à fonte."

Nada vende mais ali do que a harina arena, farinha de milho com que se cozinham as arepas. Mas também há folhas de bananeira congeladas para quem quiser fazer a hallaca, um refrigerante chamado maltín e uns canudos de chocolate chamados pirulín. Aqui não se vendem bananas, vendem-se plátanos. Não há rum, há ron. E se o rum tiver escrito no rótulo que se chama Pampero, no expositor está identificado como caballito frenado, que é como toda a gente o conhece na Venezuela.

Os portugueses da Venezuela costumam dizer que a vida económica da comunidade do país se dividia em duas categorias. Os madeirenses tornaram-se sobretudo donos de minimercados, supermercados e hipermercados. Às gentes do continente estava reservado o negócio da padaria. E elas florescem hoje na região, acrescentando cachitos à montra de salgados e florestas negras à dos doces.

"Às vezes sinto que esta terra começa a tornar-se um território misto, metade Venezuela, metade Portugal", diz Crispim Rodrigues, o angariador de empregos da comunidade. "E isso é muito bonito, é uma lição de que as coisas não precisam de ser branco ou preto, uma coisa ou outra." Para um minuto para pensar enquanto ajeita o bigode. "Sabe como é que se mata a dor de ter de fugir de um país?" - e deixa o silêncio cimentar a solenidade da sua teoria. "Construindo outro."

Miúdo regresso graúdo

Aula de apoio aos novos alunos vindos da Venezuela. Todos os dias chegam novas crianças à escola de Estarreja.

© Rui Oliveira / Global Imagens


Hoje, na secundária de Estarreja, é dia da primeira aula de Português - língua não materna. Todos os miúdos sabiam de antemão que ali estaria a imprensa, e todos pediram autorização aos pais para dar cara e voz às suas questões. Num universo de 2877 alunos inscritos, 26 já foram encaminhados para aqui. São venezuelanos. "Mas sabemos que são mais, porque ainda falta despistar muita gente. E há os adultos, também abrimos uma turma à noite," diz Etelvina Soares, a professora.

Aquela aula não é só uma aula. No quadro todos escreveram aquilo de que sentiam mais falta, e se Jorge tinha saudades da praia de los Roques, Andrea ainda não sabia lidar com a falta que o seu amigo Simón lhe faz. Elizabeth sente falta do calor da sua gente, Fabíola da Laedy, o café onde se encontrava com os amigos.

Quando chegaram, o diretor da escola, Jorge Ventura, deu-lhes as boas vindas e disse-lhes que tinham direitos iguais a toda a gente. "Mas temos de ter muito cuidado para que não se fechem num gueto", diz a professora Etelvina, que pela primeira vez este ano vai ter de desenvolver um programa para misturar toda a gente. Mas é quando falam dos pais que se desfazem. "O meu pai era cirurgião, agora está numa fábrica", conta Andrea. Todos contam histórias idênticas. Numa fuga de infância, é preciso crescer depressa.

24.9.18

As decisões judiciais que nos obrigam a pensar

Se fosse um qualquer político a tomar decisão, irresponsável, como a que estes dois juizes - uma juíza e um juiz, tomaram, não faltaria.


É por estas e por outras que precisamos, rapidamente, de começar a eleger e a poder afastar, das nossas comarcas e relações, juizes e magistrados judiciais, responsabilizando-os pelas aberrações que todos os dias decidem, em nosso nome.

O poder reside no povo e a justiça tem de estar ao alcance desse poder e não, como até hoje, regular-se a si própria.


Até esse dia, continuamos a ter uma democracia imperfeita.

Aqueles que entendem que APENAS os eleitos pelo povo são responsáveis por algum descrédito dos sistemas políticos, desenganem-se: também o poder judicial, à margem de qualquer controlo popular, está a colocar em causa o respeito dos cidadãos, quer pelo Estado de direito, quer por arrastamento, na própria democracia.

Ou pomos rapidamente mão nisto ou, os Trump's, os Putin's, as Le Pen's, os Venturas ou Bolsonaros deste mundo, vão continuar a parecer e a desenvolver-se como cogumelos. 

A esquerda tem de deixar de ser conservadoramente imobilista e revolucionar o sistema judicial, para que ele funcione, prenda os criminosos e atue com mão forte. O Estado TEM DE SE DAR AO RESPEITO, pois só assim a democracia sobreviverá!

Deixemos, à esquerda, de ser anémonas e defender o indefensável!

©Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de agosto.
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PUBLICO.PT
Vítima foi violada por dois homens quando estava desmaiada. Relação do Porto entendeu que os criminosos não devem ser condenados a uma pena de prisão efectiva.

18.9.18

Judoca da Gualdim Pais é campeã europeia de judo

A Patrícia Sampaio prova, mais uma vez, que é possível a partir de uma cidade do interior detetar valores e desenvolver aprendizagens, as quais podem guindar atletas e estudantes, ao mais alto nível mundial.

Parabéns!

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12.9.18

As opções de hoje que vão complicar a vida na Cidade de Tomar no futuro

O Estudo de inserção de percurso ciclável – Estudo de Tráfego, produzido em Abril 2017, pela empresa TransiTec, dispõe na sua introdução que


"No âmbito do desenvolvimento e melhoria das condições de deslocação da mobilidade ativa, numa visão de mobilidade sustentável para a população de Tomar, principalmente através do uso da bicicleta, foi solicitado pela Câmara Municipal de Tomar um estudo de inserção de um percurso ciclável fundamentado, acompanhado de uma análise dos impactos na rede de transportes no troço em estudo.

Os objetivos gerais definidos pela Câmara Municipal de Tomar prendem-se necessariamente com os seguintes aspetos:

 Melhoria das condições de segurança do utilizador da bicicleta;

 Redistribuir o espaço público urbano entre os diferentes utentes, automobilistas, ciclistas e peões, criando um sistema viário eficiente, equitativo e respeitador do meio ambiente.

O perímetro de estudo, representado na figura seguinte, situa-se entre a Praceta Dr. Raúl António Lopes e a Av. Dr. Aurélio Ribeiro, até ao acesso ao IPT - Instituto Politécnico de Tomar




A fim de dar resposta aos objetivos definidos pelo Município de Tomar foi necessário aferir os seguintes aspetos:

 Definir a hierarquia viária funcional da envolvente ao perímetro de estudo;

 Apurar volumes de tráfego no troço a intervir, nos períodos de ponta da manhã e da tarde para, assim, estimar o tráfego médio diário;

 Identificar os principais problemas detetados no troço em estudo;

 Definir a tipologia de percurso ciclável, em função das variáveis volume de tráfego/velocidades admitidas, tais como via banalizada, faixa ciclável e pista ciclável;

 Redefinir os perfis viários, por forma a criar condições que suscitem a redução de velocidades dos automobilistas;

 Verificar a possibilidade de reperfilamento da Av. Dr. Aurélio Ribeiro de duas (2) vias por sentido para uma (1) via por sentido;

 Propor a geometria adequada para o início/fim das faixas/pistas cicláveis, assim como, nos diversos atravessamentos de interseções;

 Identificar a estratégia de alternativa aos lugares de estacionamento suprimidos no âmbito da requalificação do troço em estudo.






O sistema viário da cidade de Tomar encontra-se bem definido hierarquicamente, sendo possível perceber a tipologia de via e a respetiva função. No entanto, o mesmo apresenta alguma descontinuidade no que diz respeito ao número de faixas de rodagem, em particular na Av. Dr. Aurélio Ribeiro, parte integrante do perímetro de estudo."


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 NESTE ASPECTO, CONVÉM RESSALTAR UMA DAS CONCLUSÕES DO ESTUDO
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"4.2. - Perfis tipo e velocidades de circulação recomendados


No que diz respeito ao troço em estudo e à tipologia de percurso ciclável, recomendam-se os perfis tipo com as seguintes características:

Praceta Dr. Aurélio Ribeiro e Rua Coronel Garcês Teixeira
 velocidade máxima de circulação de 30 km/h;
 faixa ciclável unidirecional com 1,5 metros de largura;
 via de circulação automóvel com 3 metros de largura, por
sentido;
 faixa de segurança de 0,8 metros entre a faixa ciclável e o
estacionamento (quando existente).

Av. Dr. Aurélio Ribeiro
 velocidade máxima de circulação de 50 km/h, com recomendação a 30 km/h a partir da rotunda do IPT;
 pista ciclável bidirecional com 2,5 metros de largura;
 via de circulação automóvel com 3,5 metros de largura, por sentido;
 separação da pista ciclável e da via de circulação automóvel com uma faixa pintada no pavimento e introdução de pilaretes (tendo em consideração a redução de custos de implementação).

No entanto, salienta-se que o Município de Tomar-TomarHabita decidiu optar pela adoção do conceito de pista ciclável para todo o eixo em estudo, isto é:
 Pista ciclável bidirecional, com 2,5 metros de largura, no lado sul da rua Coronel Garcês Teixeira;
 Pista ciclável unidirecional, com 1,5 metros de largura, na Av. Dr. Aurélio Ribeiro.


A pista ciclável é interrompida entre a interseção com a rua Gregório Lopes e a rua Carlos Maria Pereira devido ao espaço insuficiente para acolher uma espaço dedicado para os veículos motorizados, as bicicletas e os peões. 
Esta opção foi igualmente validada pelo Município de Tomar-TomarHabita."



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COMENTÁRIO
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A. A importância dos estudos, todos e quaisquer que sejam, está nos pressupostos de quem encomenda - neste caso o Município de Tomar e não, como erradamente é uso escrever-se, a Câmara Municipal, essa que apenas é o órgão executivo, quinzenalmente reunido e composto pelo Presidente e Vereadores.

Assim, não podia estar mais de acordo com os 2 pressupostos identificados neste estudo, ou seja 
 Melhoria das condições de segurança do utilizador da bicicleta;


 Redistribuir o espaço público urbano entre os diferentes utentes, automobilistas, ciclistas e peões, criando um sistema viário eficiente, equitativo e respeitador do meio ambiente.

Acresce, no entanto, a ausência de outros dois pressupostos essenciais para que este estudo pudesse ter plena e objetiva consequência na globalidade da vida urbana de Tomar, que é:

 Garantir a interligação entre os diferentes modos de utilização urbana, numa lógica global e estruturada, na e entre a cidade, os seus principais pólos de estacionamento, transportes e origem/destino da mobilidade;

 Melhoria da qualidade de vida dos residentes e viventes da cidade (numa extensão aos outros residentes do concelho e turistas).


B. Neste contexto convém olhar para a primeira dúvida levantada no estudo e respondida no capítulo 4.2 - aqui ressaltado, pela opção técnica tomada pelo Município, relativamente à passagem de duas faixas de rodagem na Avenida Aurélio Ribeiro, entre as proximidades do Instituto Politécnico de Tomar e a Rotunda do MacDonalds, para apenas uma.


Esta opção, validada seguramente pelo poder político atual, conhecida que é a sua incapacidade para olhar um pouco para além do capô do carro, ou mesmo de discutir as opções técnicas, sem cuidar de pensar estrategicamente, tem nos seus maiores aspetos negativos os seguintes:

1. Destrói um acesso rápido e eficaz à zona central da "cidade nova", sem cuidar de avaliar / analisar / propor, parques dissuasores / estacionamento, como aliás já havia sido refletivo, no contetxo da preparação dos Planos de Contingência das Festas dos Tabuleiros de 2011 e 2015, pela Proteção Civil Municipal, experiência que poderia ser reavalida. 

Uma cidade deve, na minha humilde opinião, ter circulação preferencial para pessoas e modos suaves, no seu interior, mas não pode deixar de ter "corredores" de acesso rápido a posições centrais, que possam funcionar como "nós" de distribuição. Deve-se melhorar, sem complicar demasiado a vida. Esta opção estando à disposição dos planeadores políticos, exigiria destes uma capacidade, que cinco anos de gestão já demonstraram não existir.

Aliás, atente-se a esta contagem de tráfego, realizada neste mesmo estudo:




2. Ao não se optar por construir uma pista ciclável autónoma das faixas de rodagem existentes, optando pelas necessárias expropriações, especialmente na envolvente à Rotunda do MacDonalds, que se constituiu como um verdadeiro funil de tráfego - de veículos, pedonal e ciclável e, bem assim, tirar partido de todo este eixo urbano de penetração "larga" na cidade, os decisores políticos optam pelo mais barato, mais pequeno e menos eficaz a médio/longo prazo. Gente de vistas curtas que não aprende que se deve mudar, apenas, o que não está bem, evitando estragar o que funciona...

É aliás impressionante, como as opções técnicas de dificultação da acessibilidade às cidades, que determinada escola técnica vem amiúde propondo para os nossos núcleos urbanos, correspondem a uma opção ideológica - não sufragada pelo povo, da cidade virada sobre ela própria, criando obstáculos permanentes, intervindo em partes, com consequências globais, só visíveis vários anos depois. Tarde demais.

Estão neste enquadramento a proposta de redução da largura das faixas de rodagem na Avenida Nuno Alvares Pereira (na entrada sul da cidade), com a construção - pasme-se, de duas pistas cicláveis, uma de cada lado.

Mas não se pensa sequer em colocar uma pista ciclável junto ao rio, dando continuidade à já existente e construída no contexto Polis, ou interligando esta com as aqui propostas até à Alameda 1 de Março, com uma natural extensão entre a projetada por este estudo e a zona escolar - Santa Maria do Olival, Jácome Ratton, Santa Iria/Centro de Formação, criando um corredor viável de ligação ao rio, num atravessamento - preferencialmente em madeira, a construir na zona de S.Lourenço / Padrão.

Olhar global, agir local. Pensar global, projetar local. 
Olhar e ver, é o que se exige aos políticos, pois estas opções - visivelmente erradas de hoje, poderão ter enormes consequências no futuro.

Esta é, sempre foi, a minha forma de olhar para a cidade, como sede e motor de desenvolvimento do Concelho. 
Tomar aguenta há mais de oito séculos as intervenções do seus Mestres construtores, mas sobreviverá bem a estes últimos Aprendizes?

Tomar merece isto?


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Complemento: situação do estacionamento



Nota: Imagens constantes do Do Estudo de inserção de percurso ciclável – Estudo de Tráfego / Abril 2017 (TransiTec 24/4/2017)

6.9.18

Temos de obrigar os Juízes a prestarem contas ao povo


Ele há realmente juízes que deveriam ter ficado, apenas a arrumar livros no acervo da Biblioteca da Faculdade de Direito. Não pela pouca importância que tal trabalho revista, mas apenas porque assim o seu saber deturpado, não prejudicaria a vida da sociedade e a da jovem cidadã em causa.

Vergonhoso.
Que exemplo às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens deu esta senhora juíza? Que retrocesso ela “autoriza” ao administrar a justiça desta forma, totalmente deturpada e ínvia?
Não será hora de nós, os cidadãos, passarmos a avaliar e a escolher os nossos juízes, como fazemos com os nossos administradores públicos (autarcas e governantes)?


PUBLICO.PT
Rapariga de 15 anos frequentava o 7º ano. Juíza concede que jovens de hoje sigam “caminhos diversos e igualmente recompensadores que não simplesmente a frequência da escolaridade até à maioridade”



É uma convicção que venho alicerçando desde há alguns anos e, se bem me conheço, ela irá naturalmente evoluir, à medida que vou estudando melhor o assunto: a necessidade de elegermos os Juízes e demais magistrados judiciais.

Os exemplos começam a ser em demasia: uma administração da justiça, seja na investigação, seja nas decisões judiciais que atentam contra as leis, a constituição, o bem senso e muitas vezes a própria pedagogia cidadã.

Decreta-se a prisão preventiva por dá cá aquela palha, prendendo-se para investigar, mesmo antes de se fazer "trabalho de casa" feito. Antes do 25 de abril, naquele estado de direito "estranho", onde até polícia política existia, a prisão preventiva era no máximo de seis meses. Em democracia é o que sabemos...

É raro o processo, com alguma relevância, ou pública ou financeira (para as partes), que não tenha "cirúrgicas" fugas de informação. Era como se numa apreciação de um processo sigiloso de um investidor imobiliário, alguém dentro da Câmara fosse a correr contar a todos os eventuais competidores, os trâmites da operação em estudo...

Aquilo que se passa é uma verdadeira rebaldaria. O estado da Justiça em Portugal, o amadorismo com que muitas atuações, do Ministério Público e decisões judiciais, são tomadas relevam para a estranha sensação que há um poder intangível por parte do povo.

Ora, o modelo de uma democracia plena precisa, isso sim, de cidadãos com plenos direitos e iguais deveres, sendo que estes senhores que "administram" a justiça, não fazem leis, nem as podem interpretar a seu bel prazer, apenas e só aplicá-las, com amplas garantias para os cidadãos e com responsabilização pelo que fazem. Mas alguém já viu um Magistrado do Ministério Público a ser responsabilizado pelos milhões que gasta em determinadas investigações, envolvendo peritos, forças policiais e todo um sem fim de recursos - não passiveis de serem recusados, ou já alguém viu um Juiz ser destituído de determinadas funções por decisões aberrantes tomadas, em violação grosseira com a lei, o bem sendo ou a respeitabilidade do sistema?

Como eu venho escrevendo, a democracia está incompleta, até ao dia em que possamos eleger os nossos juízes e magistrados judiciais. nesse dia eles perceberão que o que fazem, como os demais administradores da coisa pública já sabem, tem sempre consequências. 

Está na altura de acabar com um Estado dentro do Estado, que se auto-governa e vive na (quase) total impunidade.

Juízes eleitos pelo povo: JÁ!

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