18.5.18

Porque razão mantemos o Parque de Campismo fechado?

Uma das mais mirabolantes estórias em Tomar é a do encerramento do Parque de Campismo, pela segunda vez, desde a sua abertura nos anos 60 do século XX, agora desde dezembro de 2016. Até quando?

O argumento apresentado pelos serviços e sufragado pela presidente Anabela Freitas e vice-presidente Hugo Cristóvão, foi o de que ele não estaria em conformidade com o respetivo plano de pormenor. 
Ora, tal argumento é absolutamente falso, pois nenhum Plano de Pormenor altera a manutenção do uso do solo aquando da sua aprovação, apenas afetando o uso do solo para atividades futuras. 
Ou seja, previsto um jardim público para o espaço hoje ocupado pelo Parque de Campismo Municipal, só se fosse pretendido afetar este espaço a outra qualquer utilização, fazer novas construções no atual Parque, ou qualquer operação urbanística que colidisse com o determinado com o Plano de Pormenor, estaria proibida.

A decisão de encerrar o Parque de Campismo Municipal de Tomar, o qual tinha receitas superiores a 60.000€/ano, transformando-o provisoriamente num Parque de Estacionamento (gratuito) para Autocaravanas (!), mais não foi do que uma atitude de facilitismo, face a algumas melhorias de serviços e da garantia do funcionamento da receção / guarda, que exigia "uma dor de cabeça" permanente aos serviços municipais de Turismo, do qual dependia, o qual a braços com a falta de recursos humanos, há anos que geria com dificuldade o espaço.

Facilitismo, o qual contraria de forma absolutamente incrível, a posição oficial do mesmo PS, que liderado em 2008 pelo atual vice-presidente Hugo Cristóvão, aquando de uma passagem como vereador substituto, apresentou a seguinte declaração para a Ata da Reunião de Câmara.



Parque de Campismo

Declaração para acta

Face à proposta em discussão carece dizer o seguinte:
1- Pressupondo esta Câmara como entidade de boa fé, deveria ser discutido em primeiro lugar, o abaixo-assinado relativo a este mesmo assunto e entregue em reunião pública de câmara de 26 de Fevereiro do corrente, pois tal aconteceu antes desta proposta agora em análise. Não é seguramente a primeira vez que a câmara assim se comporta, mas sobre este tema, é conveniente relembrar a posição do PS.
2- O PS sempre foi contra o encerramento do parque, cujas motivações gritantemente estranhas, nunca foram devidamente explicadas aparentando ser fruto duma simples teimosia.
3- Para esse problema que como outros, ela mesma criou, com o encerramento injustificado do parque, a perca de receitas para a autarquia e para o comércio, a imagem negativa do concelho com reflexos no turismo, e toda a trapalhada em que este processo tem estado envolto, o PS apresentou em 2005 uma proposta de resolução alternativa, que pudesse estar em funcionamento a tempo da Festa dos tabuleiros de 2007.
4- Essa proposta consistia no aproveitamento de um de dois terrenos públicos para aí instalar um novo parque de campismo: a quinta de Marmelais de utilização camarária, ou o terreno municipal na Machuca.
5- A câmara aprovou a construção de um novo parque de campismo no terreno da Machuca, com esse mesmo requisito essencial: o de vir a estar em funcionamento a tempo da Festa dos Tabuleiros de 2007.
6- Nada foi feito, ou sequer intentado, deixou de existir parque e tudo o que representava, não foi construído nenhum outro, e nem o parque de cidade anunciado para o local do antigo viu a luz, e pelo meio mantiveram-se funcionários a guardar coisa nenhuma. Tal só nos permite concluir que tudo não passou de má-fé. Não deve ser essa a filosofia das entidades públicas, muito menos duma autarquia, mas na última década esse foi o estilo: Teimosia, autismo, má-fé.
7- Agora, quer-se acreditar que esse estilo tenha passado, por isso, e por sabermos ser esse o sentimento da generalidade dos tomarenses, voto favoravelmente esta proposta. Que saiba também esta Câmara escutar esse sentir daqueles que a elegeram e em nome de quem governam.
8- Que se tenha também em atenção que como em quase tudo é fácil destruir mas difícil a construção. Não vai ser tão fácil voltar a ter o parque de campismo de referência como fácil foi acabar com ele. Será preciso visão e vontade, num planeamento e promoção turística do concelho como em rigor nunca foi feito, e a capacidade de dotar esse parque da qualidade que hoje se exige e que só essa permite dar frutos.

Tomar, a 25 de Março de 2008, O Vereador
(Hugo Cristóvão)
Hugo Cristóvão e Anabela Freitas, em 2008


Mais comentários, para quê?
Por estas e por outras é que os cidadãos não acreditam - neste caso com razão, na palavra de certos políticos.

Tomar, merece isto?