7.11.13

Perceber as opções em democracia

Nem sempre é fácil os atores políticos se aperceberem em tempo útil das mudanças das sociedades.
Hoje, mais do que nunca, o alheamento entre o discurso político e a realidade toma formas de despudor e de total ausência de critério que, para a maioria esmagadora dos cidadãos, ser ou exercer funções políticas equivale, quase, a ser um habitante de Marte em visita à Terra.

A linguagem é hermética. As "graças" proferidas, verdadeiras pérolas da excentricidade dialética e linguística e, mesmo aqueles que tentam falar claro, com verdade e realismo, são vistos "inter pares", como perigosos "estrangeirados". E a generalidade da população lá vai seguindo a sua vida, ou melhor, aquilo a vida que este Governo de lunáticos tem permitido, completamente indiferente ao discurso político e às tricas permanentes entre o seus atores.

Facilmente a grande maioria da população se permite a afirmar que "eles são todos iguais", não sendo instigada a cuidar de ver melhor. Sim eles parecem todos iguais, especialmente aqueles que se preocupam com demasia do que os chamados "líderes de opinião" deles pensa, afirma ou escreve. Quem pela imprensa vive, pela imprensa morre. Vidé José Sócrates e Francisco Louçã, fenómenos de intervenção pública mediática, pelos media apadrinhada e que subindo ao limite que cada um podia obter, rapidamente se esfumaram pela espuma dos dias, isto apesar da indiscutivel qualidade dialética e política de cada um deles.

Em Tomar vivemos hoje o tempo dos comunicados, num retorno a um passado de há 30 anos, numa sociedade empobrecida e esclerosada por laivos de uma moral censória, depois de uma atendente campanha que priveligiou, por parte dos vencedores, a ida direta ao eleitor anónimo, que lê o que quer e escolhe quem quer, sem intermediários e por parte dos vencidos o convencimento da fraqueza do contendor, o que se demonstrou fatal.

Governar é decidir e, em todas as autarquias de Tomar, isso acontece todos os dias, em prol do melhor que cada pode e sabe para os fregueses ou para os munícipes. Em todas? Não! Que na junta urbana os restos do PPD local mantêm-se a secreta esperança de vingar a sua recente morte. Debalde.
Enquanto se trabalha arduamente por recuperar a credibilidade depois de mais de uma década de convencimento de que o caminho apontado era o correto, alguns preferem o comunicado como arma de inverdade para afastar ainda mais o povo das eleições. Sabemos bem que para uns poucos isso seria muito útil: manterem-se, eternamente, em situações de conforto. Pois é humano e compreensível. Mas para a esmagadora de uma silenciosa maioria de tomarenses, os desentendimentos e os desarranjos entre políticos, mais não são do que jogos florais, que afastam os eleitores das urnas.

Sim, porque é por fim nas urnas que tudo termina. Literal e simbolicamente falando. Ou começa...