16.11.12

A verdade sobre o Mercado Municipal

Artigo de opinião, publicado no Jornal"O Cidade de Tomar"


Muito se tem escrito e dito sobre o Mercado Municipal de Tomar, ou melhor, sobre a vergonha em que se transformou a sua gestão e manutenção. É exemplar do que tem sido uma determinada forma de olhar a Cidade, de olhar o Concelho e de prospetivar o nosso futuro colectivo.

A história, triste, é até de uma simplicidade atroz: Há cerca de 10 anos, aproveitando a janela de oportunidade aberta pelo Governo de António Guterres, com o Programa Polis, a Câmara de então, que é a mesma de hoje, viu na zona do Mercado a hipótese de aí criar um mirífico Fórum, de volumetria totalmente desproporcionada. Envolveria 20.000m2 de áreas comerciais, 5 andares e a sua altura excedia o atual Centro de Emprego.

Claro que tudo isto seria bonito se Tomar fosse Aveiro, com quase 100.000 habitantes a 15 minutos de distância, ou estivesse numa qualquer área metropolitana. Nunca até hoje apareceu qualquer grupo na área dos centros comerciais, que quisesse ou pudesse viabilizar tal disparate. Tem sido assim em quase tudo o que esta maioria que nos (des)governa há 15 anos faz: o que toca, em vez de luzir, perde brilho! E assim foi com o nosso Mercado.

Certo, certo, é que desde essa altura o objectivo para o Mercado estava traçado: era para abater!  E foi isso que foi executado: por desleixo, má fé na recusa de propostas da oposição para a requalificação do Mercado e falta de competência no acesso a financiamentos do QREN.

Nunca mais quaisquer obras, dignas desse nome, foram realizadas no Mercado Municipal, tirando a famigerada rede de separação entre o mercado da roupa e o mercado dos frescos, após a intervenção na outra margem do Rio, o qual hoje est+a num estado lastimável.

Logo em 2005, aquando da apresentação do orçamento para 2006, o então vereador socialista Carlos Silva apresentou uma proposta de alteração ao mesmo, colocando uma verba para uma INTERVENÇÃO DE EMERGÊNCIA no Mercado. Resultado: recusado pela maioria.

No sentido da defesa do Mercado, no inquérito público realizado para aprovação do Plano de Pormenor (PP) do Flecheiro e Mercado, o PS promoveu uma subscrição individual entregue no POLIS, subscrita por mais de 1.100 cidadãos. Resultado: recusados os argumentos apresentados, o PP Flecheiro e Mercado lá foi aprovado na Assembleia Municipal, apenas com os votos da maioria.

Posteriormente em 2008, seriam os independentes a insistir com tal correcção de caminho, o qual também foi recusado. E de obras nada. A degradação continuou!

Na campanha eleitoral de 2009, todas as forças políticas assumiram que o Mercado não podia continuar nas condições, do século passado, incapazes de mantê-lo em funcionamento durante muito tempo, o que viria acontecer menos de um ano depois. Todos assumiam assim, que o Mercado não servia de forma digna a população do Concelho e fazendo perigar algumas dezenas de negócios familiares, numa cidade cada vez mais carente de comércio local.

Em Fevereiro de 2010, após alguma discussão, foi aprovada por UNANIMIDADE uma intervenção de emergência no Mercado, a tal que o PS havia proposto em 2005 e que havia ser recusada. Haviam sido PERDIDOS mais de 4 anos!

E o que foi feito? Muito pouco. De tal forma, que no início de Julho de 2010, a ASAE viria encerrar provisoriamente o Mercado, com um auto com imensas incorrecções detectadas e mais tarde, viria mesmo selar o Mercado, em virtude de não haver da parte da Câmara qualquer visível interesse de as resolver.

De emergência, a Câmara reuniu e mais uma vez por UNANIMIDADE, viria a decidir que deveriam ser realizadas as estimativas ou para uma intervenção de correcção ou para outra solução provisória, bem como iniciar um projecto para um novo Mercado.

Sem qualquer apresentação de estimativas à reunião de Câmara, unilateralmente o presidente e o vice-presidente PSD decidiram avançar para a célebre TENDA, que aí está desde então, gastando centenas de milhar de euros.

A proposta dos vereadores do PS, então com outros pelouros atribuídos, em briefing de preparação de reunião de Câmara, foi a de que a prioridade deveria ser dada para a resolução imediata das incorrecções detectadas pela ASAE, em diálogo com esta, para que o Mercado ficasse encerrado o menos tempo possível. Houve inclusivamente uma visita realizada pelo vereador do urbanismo, em conjunto com o presidente de então, mas foi apenas para enganar, mentindo sobre a real intenção: FECHAR o MERCADO MUNICIPAL! E o PSD conseguiu-o, através da ASAE, mas conseguiu-o, mesmo sem arranjar investidor para construir o tal mirífico Fórum! É obra!

Após isto é o que se sabe: passaram dois anos, dois verões, milhares de euros perdidos de receitas, para o Município, para os Comerciantes e para os cidadãos.

Perdeu-se a oportunidade, proposta pelos vereadores do PS, durante 2010 e 2011, para que quase 3 milhões de euros, alocados a nível de financiamento QREN ao outro lado do Rio (Flecheiro), fosse parte dele reprogramado para o projecto e construção de um novo Mercado.

Em conclusão: Hoje, nem Mercado renovado, nem projeto para um novo Mercado, nem financiamento para que tal possa acontecer, nem serviço decente à população do Concelho. Na passada Quinta-feira, a Câmara decidiu novamente, por UNANIMIDADE, que quer saber o que já devia ter sabido há dois anos: os custos de uma intervenção de emergência!? Só podem estar a brincar com os Tomarenses, certo?
Para que saiba, em Coruche (PS), terra do Touro e da Cortiça, em menos tempo fez-se projecto, obteve-se financiamento, fez-se a obra de total renovação do antigo Mercado Municipal e a 5 de Outubro de 2012, foi reaberto.