21.8.12

100 dias de Holland em França

@Lusa - 20/8/2012
 
O PS defende que a eleição de François Hollande como presidente francês "mudou por completo a direção da política europeia", trazendo um "reequilíbrio".

Em declarações à agência Lusa, o secretário nacional do PS para as relações internacionais, João Ribeiro, faz balanço dos primeiros 100 dias de mandato do presidente da França, François Hollande, que se assinalam na quinta-feira.

"Há um facto incontornável, a Europa de hoje é diferente da de há 100 dias atrás, mesmo que seja ainda insuficiente já há mudanças significativas, como por exemplo o plano de 120 mil milhões de investimento para a Europa através do Banco Europeu de Investimento, uma ideia de Hollande, ou o último Conselho Europeu, que já materializou muitas das suas propostas", afirma o dirigente socialista João Ribeiro.
No entendimento de João Ribeiro, Hollande contribuiu "com uma visão mais equilibrada" para a Europa, que "já não é a direção única e exclusiva" da austeridade "que a senhora Merkel e o primeiro-ministro português queriam", mas que traz as "políticas do crescimento económico a par das políticas de disciplina orçamental".
"Com o predomínio das políticas de direita e conservadoras com que temos lidado nos últimos quatro anos será com certeza difícil que em 100 dias se consiga inverter tudo, mas os primeiros sinais são muito positivos e felizmente Portugal beneficiará dessa mudança em França, quer o primeiro-ministro português queira ou não", vaticina.
No entanto, se "os 100 dias da presidência de François Hollande tiveram o grande mérito de mudar por completo a direção da política europeia", João Ribeiro reconhece que "não houve uma concretização completa da agenda" dos socialistas europeus e que é preciso "continuar um caminho de insistência" em propostas como os 'eurobonds', os 'projectbonds' ou o reforço do papel do Banco Central Europeu.
O dirigente do PS considera que estes 100 dias de governação de Hollande permitiram acabar com "dois mitos": A França continua a ter a confiança dos mercados ao "emprestar, tal como a Alemanha, a juros negativos" e no segundo trimestre estancou a contração económica.
"Apesar de serem apenas 100 dias, esta começa a ser a marca de uma presidência, o início dos mandatos marca sempre as presidências e há vários ecos em França, quer à esquerda, quer à direita, que dizem que a caracterização do François Hollande como um homem normal parece também conduzir a um exercício do poder de uma forma demasiado apagada", acrescenta.

 
Exemplos do que foi implementado nestes primeiros meses de governação socialista em França:
 
- Suprimiu 100% dos carros oficiais e mandou que fossem leiloados; os rendimentos destinam-se ao Fundo da Previdência e destina-se a ser distribuido pelas regiões com maior número de centros urbanos com os suburbios mais ruinosos.

- Tornou a enviar um documento (doze linhas) para todos os órgãos estaduais que dependem do governo central em que comunicou a abolição do "carro da empresa" provocativa e desafiadora, quase a insultar os altos funcionários, com frases como "se um executivo que ganha 650.000€/ano, não se pode dar ao luxo de comprar um bom carro com o seu rendimento do trabalho, significa que é muito ambicioso, é estúpido, ou desonesto. A nação não precisa de nenhuma dessas três figuras " .
Fora os Peugeot e os Citroen. 345 milhões de euros foram salvos imediatamente e transferidos para criar (a abrir em 15 ago 2012) 175 institutos de pesquisa científica avançada de alta tecnologia,
assumindo o emprego de 2560 desempregados jovens cientistas "para aumentar a competitividade e produtividade da nação."

- Aboliu o conceito de paraíso fiscal (definido "socialmente imoral") e emitiu um decreto presidencial que cria uma taxa de emergência de aumento de 75% em impostos para todas as famílias, líquidas, que ganham mais de 5 milhões de euros/ano. Com esse dinheiro (mantendo assim o pacto fiscal) sem afetar um euro do orçamento, contratou 59.870 diplomados desempregados , dos quais 6.900 a partir de 1 de julho de 2012, e depois outros 12.500 em 01 de setembro, como professores na educação pública.

- Privou a Igreja de subsídios estatais no valor de 2,3 milhões de euros que financiavam exclusivas escolas privadas, e pôs em marcha (com esse dinheiro) um plano para a construção de 4.500 creches e
3.700 escolas primárias, a partir dum plano de recuperação para o investimento em infra-estrutura nacional.

- Estabeleceu um "bónus-cultura" presidencial, um mecanismo que permite a qualquer pessoa pagar zero de impostos se se estabelece como uma cooperativa e abrir uma livraria independente contratando, pelo menos, dois licenciados desempregados a partir da lista de desempregados, a fim de economizar dinheiro dos gastos públicos e contribuir para uma contribuição mínima para o emprego e o relançamento de novas posições sociais.

- Aboliu todos os subsídios do governo para revistas, fundações e editoras, substituindo-os por comissões de "empreendedores estatiais" que financiam acções de actividades culturais com base na apresentação de planos de negócios relativos a estratégias de marketing avançados.

- Lançou um processo muito complexo que dá aos bancos uma escolha (sem impostos): Quem porporcione empréstimos bonificados às empresas francesas que produzem bens recebe benefícios fiscais, quem oferece instrumentos financeiros paga uma taxa adicional: é pegar ou sair.

- Reduzido em 25% o salário de todos os funcionários do governo, 32% de todos os deputados e 40% de todos os altos funcionários públicos que ganham mais de € 800.000 por ano. Com essa quantidade (cerca de 4milhões) criou um fundo que dá garantias de bem-estar para "mães solteiras" em difíceis condições financeiras que garantam um salário mensal por um período de cinco anos, até que a criança vai à escola primária e três anos se a criança é mais velha. Tudo isso sem alterar o equilíbrio do orçamento.

Resultado: Olhem que SURPRESA !!!

O spread comparado com os títulos alemães caiu, por magia.

A inflação não aumentou.

A competitividade da produtividade nacional aumentou no mês de junho, pela primeira vez em três anos.
 
HÁ OU NÃO UM OUTRO CAMINHO?