26.12.11

Porque entendo que deveriam existir eleições antecipadas em Tomar

Pode ser ouvido na Rádio Hertz (FM92/98 ou http://radiohertz.pt), as razões porque entendo que poderiam e deveriam existir eleições antecipadas em Tomar.

Não é a primeira vez que o faço. Mas entendo que o assunto deve começar a ser falado de uma forma mais oficial: Tomar anda à deriva e não quero ser visto como conivente com essa situação. Aliás, acho mesmo que são cada vez mais os Tomarenses, socialistas, sociais-democratas, populares, bloquistas, comunistas e independentes a concordarem com tal facto.
Eu por mim, é já amanhã que partimos para a clarificação, que só a democracia proporciona.
Ou será que Carlos Carrão por um lado ou Pedro Marques por outro têm medo de ir a eleições, ao fim de 14 anos de responsabilidades que cada um tem neste estado a que chegámos?

Eis o resumo, constante na Radio Hertz, das minhas declarações ao Noticiário das 19H00, desta Segunda-feira, dia 26 de Dezembro:

TOMAR - Luis Ferreira desafia Independentes para eleições antecipadas... e lança farpas ao PSD

Luís Ferreira não reconhece legitimidade ética para que Carlos Carrão possa ser, nesta altura, presidente da Câmara Municipal de Tomar. O vereador do Partido Socialista, que recentemente abdicou do estatuto de tempo inteiro e do comando da Protecção Civil, vincou a preferência no cenário de eleições antecipadas, baseando esta opinião pelo facto do município «andar ao Deus dará». Em declarações prestadas à Hertz, Luís Ferreira não acredita que os Independentes pudessem "ajudar" o PS a provocar a perda de quórum no executivo pois, afirma, Pedro Marques «fez um esforço brutal para chegar a vereador e ainda não o rentabilizou politicamente». O socialista explicou as razões que o levam a apostar em eleições antecipadas:

«Um município que não tem orçamento para 2012, que não tem a revisão orçamental que lhe permita colocar no orçamento o pagamento, unilateralmente decidido, de 6,5 milhões à ParqT, um município que não sabe quem é o presidente e qual a legitimidade que tem o presidente actualmente em exercício, é um município ao "Deus dará". Quando uma barca está sem timoneiro, sem rumo e sem qualquer orientação, então é melhor recolher ao porto e fazer obras para que possa, de novo, sair para o mar. É isto que defendo há bastante tempo. Um cenário de eleições iria ajudar a clarificar a situação política em Tomar. Ninguém pensa que esta situação se poderá manter durante dois anos. O concelho está como está e se se mantiver esta situação por mais dois anos, então é o descalabro completo. Estou certo que, dentro de mais algumas semanas, muitos serão os tomarenses que vão concordar com aquilo que tenho dito e escrito. Não sei se esta opinião é consensual, ou não, dentro do Partido Socialista, até porque estamos a falar de algo que ainda não foi abordado. Não é o PS que pode provocar eleições. Há possibilidade de haver eleições antecipadas para a Câmara Municipal por duas vias: numa, todos os elementos da lista do PSD tinham que se demitir e, com isso, provocar eleições, a exemplo do que aconteceu há alguns anos em Lisboa; a outra possibilidade teria a ver com todos os eleitos das listas do PS e dos Independentes fazerem o mesmo. Não estou a ver que Pedro Marques e alguns nomes da sua lista, por alguma vez, quisessem abandonar os lugares que têm. Estou certo que, da parte do Partido Socialista, se essa questão fosse colocada, estou certo que a esmagadora maioria dos membros do partido acabaria por considerar essa como a melhor solução para o concelho de Tomar». O cenário de eleições antecipadas não encontra consenso dentro do próprio Partido Socialista, mas Luís Ferreira disse à Hertz que se Pedro Marques mudasse de opinião e se demitisse, então do lado do PS por certo de haveria lugar para posição idêntica: «Foi feito um esforço gigantesco da parte de Pedro Marques para conseguir a sua eleição para vereador em 2009. Julgo que não estará disponível a prescindir desse esforço brutal porque ainda não passou tempo para rentabilizá-lo do ponto de vista político. É esta a minha convicção. Mas se ele mudasse de opinião e se o grupo dele tivesse essa nobreza política, estou certo que todo o concelho ganharia com isso. Estou certo que o Partido Socialista estaria na mesma linha para colaborar para um criar um cenário de eleições antecipadas, que seria altamente benéfico para o concelho». Como é do domínio público, Carlos Carrão é, agora, o presidente da Câmara Municipal de Tomar, em substituição de Corvelo de Sousa, que pediu suspensão do mandato. Luís Ferreira diz que o actual líder da autarquia tem legitimidade legal para desempenhar as funções... mas não tem a «legitimidade ética»: «Carlos Carrão tem a legitimidade legal mas não tem a legitimidade ética para o exercício das funções. O PSD tem ganho as eleições em Tomar de forma consecutiva mas, no espaço de quatro anos, é o terceiro presidente que nos apresenta. O PSD está, literalmente, a brincar com o concelho. Não se pode confiar na palavra do PSD. Apresenta um candidato a eleições mas passado pouco tempo já dizem que o candidato vai embora, depois já nem sabem se vai embora... Isto parece brincadeira do tempo dos Jotas. O concelho merecia mais respeito por parte de quem tem ganho as eleições. Não me parece que haja grande legitimidade na actual liderança da Câmara... Quais são as garantias de que, dentro de dois meses, vamos continuar com este presidente? Ou que daqui a algum tempo vai voltar o anterior? Já chegámos ao nível zero da credibilidade política. Está na altura do PSD ganhar um pouco de juízo».